Matrix 20 anos depois

04/04/2019

04abr2019

Duas décadas depois, é interessante notar como os temas de Matrix seguem absolutamente atuais

MATRIX 20 ANOS DEPOIS

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Em abril de 1999, o filme Matrix estreava nos cinemas brasileiros. Dirigido pelas irmãs Lana e Lilly Wachowski, e tendo Keanu Reeves e Lawrence Fishburne no elenco, Matrix tornou-se um inesperado e estrondoso sucesso mundial. O filme revitalizou a ficção científica ao abordar temas filosóficos e inserir como foco da história o próprio conceito de realidade, e, além disso, sua estética visual e os efeitos especiais influenciaram não apenas muitos filmes que lhe seguiram como também a própria cultura pop.

A aventura de Neo contra a inteligência artificial, que transformara os seres humanos em meros doadores involuntários de energia para as máquinas, instigou intensas discussões no mundo inteiro sobre temas como filosofia, sociologia, tecnologia, ecologia, política, religião e até economia, e fez adolescentes nos shopping centers discutirem sobre o que é, de fato, a realidade. Somente grandes obras conseguem coisas assim.

Após ver o filme algumas vezes, escrevi um artigo para o jornal O Povo, de Fortaleza, e o incluí na relação dos filmes que usava em meus cursos e palestras sobre cinema e mitologia, ao lado de Blade Runner e Don Juan DeMarco. Em 2003, foram lançados os dois filmes restantes da trilogia, e Matrix consolidou-se como fenômeno cultural.

Meu livro Matrix e o Despertar do Herói – A jornada mítica de autorrealização em Matrix e em nossas vidas foi lançado em 2005, de forma independente. Nele, analiso a obra na ótica da mitologia e da psicologia do inconsciente, mostrando a aventura de Neo como uma reedição moderna do antiquíssimo mito da jornada do herói e comparando-a ao processo de individuação de que nos fala a psicologia junguiana. É o meu livro mais vendido na Amazon.

Duas décadas depois, é interessante notar como os temas de Matrix seguem absolutamente atuais. A inteligência artificial cada vez mais se integra às nossas vidas, com suas vantagens e seus perigos. O planeta caminha célere para o esgotamento de seus recursos naturais ao som da hipnótica sinfonia do capitalismo e do consumismo desenfreado. O aprimoramento da tecnologia da realidade virtual nos leva, a cada dia, a ampliar nossa percepção sobre a natureza da realidade, o que pode ter impacto direto sobre todas as atividades humanas e sobre a ideia que temos do que seja a consciência.

E, no meio disso tudo, seguimos nós, cada um de nós, a atuar no roteiro próprio de nossas vidas, vivendo nossas existências numa realidade que por vezes parece tão absurda, tão falsa…

Toc, toc, toc. Acorde, Neo.

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Ricardo Kelmer – blogdokelmer.com

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Matrix2012Capa14x21aMatrix e o Despertar do Herói
A jornada mítica de autorrealização em Matrix e em nossas vidas
Ricardo Kelmer

Analisando o filme Matrix pela ótica da mitologia e da psicologia do inconsciente e usando uma linguagem simples e descontraída, o autor compara a aventura de Neo ao processo de autorrealização que todos vivem em suas próprias vidas.

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ENTREVISTA

jornal Hoje em Dia, de Belo Horizonte-MG, abr2019

Por que você se interessou em escrever um livro sobre “Matrix”? Ele é quase um livro de autoajuda, não é verdade?
RK: “Matrix” é um grande filme, que marcou a história do cinema e influenciou a estética de muitas obras posteriores. Além disso, instigou discussões sobre vários assuntos pertinentes, como o uso da tecnologia, inteligência artificial, dominação, religião. Ele fez os adolescentes, nas praças de alimentação dos shopping centers, discutirem sobre a natureza da realidade, o que é algo notável. Em lugar do termo “autoajuda”, prefiro “autoconhecimento”, como, na verdade, é todo livro que aborde questões da psicologia do inconsciente.
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Apesar de já ter ficado um pouco datado (telas em DOS, cabines telefônicas), o filme ainda nos surpreende ao exibir discussões muito ricas envolvendo filosofia e mitologia. Qual delas mais lhe chama a atenção?
RK: Como toda grande obra, “Matrix” pode ser compreendido por diversos ângulos, como o socioeconômico, em que seres humanos são explorados em sua força de trabalho para a manutenção de um sistema injusto e opressor. Em meu livro, porém, analiso o filme na ótica da mitologia e da psicologia do inconsciente, mostrando a aventura de Neo como uma reedição do antigo mito da jornada do herói e comparando-a ao processo de autorrealizaçao, que Jung chama de individuação, e que todos nós vivemos, tendo ou não consciência disso.
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Creio que a ideia do seu livro parte de um desejo individual de mudar, de se conhecer e buscar a transformação. Como isso é expresso no livro?
RK: Para Jung, o futuro da humanidade dependerá da quantidade de pessoas que conseguirem se “individuar”, ou seja, tornarem-se in-divíduos, seres não divididos, unos, inteiros. Isso requer um grau avançado de autoconhecimento, para que se consiga harmonizar consciência e inconsciente. Individuar-se significa autorrealizar-se profundamente, efetivar as potencialidades. Porém, numa sociedade como a nossa, que prioriza o consumismo e a satisfação imediata, esse olhar para dentro não é estimulado, e assim as pessoas não se aprofundam em si mesmas e não se questionam verdadeiramente sobre o que são, e as divisões e conflitos internos persistem. O resultado final é a constatação, na velhice, que vivemos uma vida falsa, o que é muito triste e frustrante.

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Matéria do UOL: 20 Anos do Filme Matrix (abr2019)

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SOBRE O FILME

MatrixDVDCapa-1Matrix (The Matrix, EUA, 1999)

ARGUMENTO, ROTEIRO E DIREÇÃO: Lilly e Lana Wachowski
ELENCO: Keanu Reaves, Lawrence Fishburne, Carrie-Anne Moss, Hugo Weaving

No futuro, a humanidade é prisioneira de sua própria criação, a Inteligência Artificial, que criou a Matrix, uma realidade virtual onde foram inseridos todos os seres humanos para que eles não oponham resistência ao poder das máquinas. Todos não, pois um grupo de rebeldes mantém-se fora dessa realidade e luta para libertar o restante da humanidade. Eles creem na profecia do Oráculo que diz que um Predestinado um dia virá para vencer as poderosas máquinas e salvar a todos. Para eles, Neo, um jovem que vive na Matrix, é o Predestinado. Neo de fato desconfia que há algo errado com a realidade mas não pode aceitar que ele seja o tão aguardado salvador.

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TRÊILER OFICIAL


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Blade Runner: Deuses, humanos e androides na berlinda – Como todo ser, o criador busca sempre transcender a sua própria condição, e é criando que ele faz isso

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Mulheres na jornada do herói – É ainda mais interessante ver o relato das mulheres pois elas sempre foram, mais que os homens, historicamente reprimidas na busca pela essência mais legítima de suas vidas

Seguir a boiada ou as próprias convicções? – Aos poucos podemos, cada um de nós, começar a agir de acordo com as nossas próprias verdades, aquelas que nos fazem sentir mais vivos, úteis e autênticos

A Matrix em cada um de nós – Em busca da realização mais íntima (tornar-se o Predestinado), o ego deve empreender uma longa jornada de autoconhecimento onde não faltarão medos e conflitos para fazê-lo desistir

A pergunta – Um dia, porém, alguém desconfia. E entende que os que olham para fora, sonham, e os que olham para dentro, despertam. E aí a pergunta é inevitável

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Um tempo para pensar no tempo

18/12/2017

18dez2017

Se pensamos sobre o tempo, logo não sabemos mais o que ele é

UM TEMPO PARA PENSAR NO TEMPO

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O tempo… Eis um tema instigante. Eu sei o que é o tempo. Você também sabe, todos sabemos. Porém, olha que curioso, se pensamos sobre o tempo, logo não sabemos mais o que ele é.

Para você, que me lê agora, o tempo vai do passado em direção ao futuro, ou vem do futuro e se faz passado? Ou você acha que o tempo não vem e nem vai para lugar algum, que ele é apenas um produto do estar-se vivo?

E o presente, quanto tempo exatamente ele dura? Um segundo? Um décimo de segundo? Um milionésimo de segundo? Tsc, tsc… Medir o tempo presente é impossível, pois qualquer medida será sempre divisível. Ou seja, o agora exato é uma mera abstração. Mas… se o passado já passou, o futuro ainda não chegou e o presente jamais será localizado, o que existe então?

Sabe as estrelas no céu? O que, de fato, você vê é a luz delas que chegou à Terra após uma viagem de muitos anos. Ou seja, o que você vê é o passado da estrela. Talvez ela já tenha desaparecido e só agora sua luz nos chegou. Aliás, tudo que você vê é passado, pois a luz emitida por qualquer objeto, inclusive essas palavras que você lê, demora um tempo, ainda que mínimo, para chegar às suas belas retinas. Na verdade, todas as suas percepções da realidade ocorrem em sua mente um tempo após seus sentidos captarem a imagem, o som, o sabor, o toque, o odor. Nem seu próprio pensamento escapa: quando você percebe que está pensando, já se passou um tempo, ainda que minimíssimo, desde o pensamento original. Isso significa que nossa consciência nunca está no mesmo tempo exato da realidade que acontece.

Vi recentemente o filme A Chegada (Arrival, do diretor Dennis Villeneuve), que é baseado no conto História da Sua Vida, de Ted Chiang, que li após ver o filme. A história é sobre a vinda de misteriosos seres extraterrestres à Terra. Uma renomada linguista é chamada pelos militares para, com ajuda de um matemático, tentar se comunicar com os alienígenas. Enquanto decifra a estranha linguagem dos visitantes, ela percebe que somente compreendendo o tempo de um modo diferente conseguirá realmente entendê-los e, assim, evitar um gravíssimo conflito internacional e definir o futuro da humanidade. Gostei muito do filme, e ainda mais porque desconfio seriamente que estamos próximos de uma descoberta decisiva sobre a natureza do tempo, e que isso poderá conduzir nossa espécie a um novo patamar evolutivo. Precisaremos que inteligências extraterrestres venham nos ensinar?

A teoria da reencarnação é uma ideia sedutora, pois admite a continuação da consciência na sequência do tempo, enquanto o corpo físico nasce, morre e renasce em vidas sucessivas. Porém, essa ideia está presa ao tempo linear, que não admite o conhecimento do futuro. Mas… e se for possível acessar o futuro, nem que seja apenas num lampejo de pensamento? Se é possível, e se existe a reencarnação, então por que não seria possível acessarmos uma vida nossa no futuro? Considerando essa possibilidade, o eu que fomos numa vida anterior poderia perfeitamente acessar esta nossa vida atual, como se fosse uma “lembrança” do futuro. Isso seria admitir que a consciência pode atuar em variados níveis de realidade espaço-temporal, uma ideia difícil de conceber, mas que é simpática a muita gente.

Inclusive gente doida como eu, que faz você ler isso tudo para, no fim, chegar à retumbante conclusão de que não sabemos absolutamente nada sobre o tempo, e que, por esse motivo, pensar sobre o tempo é a mais pura perda de tempo. Ou não?

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Ricardo Kelmer 2017 – blogdokelmer.com

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DICA DE LIVRO

O Irresistível Charme da Insanidade
Ricardo Kelmer – romance

Dois casais, nos séculos 16 e 21, vivem duas ardentes e misteriosas histórias de amor, e suas vidas se cruzam através dos tempos em momentos decisivos. Ou será o mesmo casal? Nesta história, repleta de suspense e reviravoltas, Luca é um músico obcecado pelo controle da vida, e Isadora uma viajante taoísta em busca de seu mestre e amante do século 16. A uni-los e desafiá-los, o amor que distorce a lógica do tempo e descortina as mais loucas possibilidades do ser.

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Guia de Sobrevivência para o Fim dos Tempos (contos) – O que fazer quando de repente o inexplicável invade nossa realidade e velhas verdades se tornam inúteis? Para onde ir quando o mundo acaba?

O redemoinho do fim do mundo – É provável que estejamos à beira de um grandioso marco evolutivo, onde a Humanidade alcançará o clímax dessa aceleração das transformações

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DICA DE FILME

A CHEGADA (The Arrival, EUA, 2016)

Gênero: Ficção científica, drama, mistério
Direção: Denis Villeneuve
Roteiro: Eric Heisserer, baseado no conto História da sua vida, de Ted Chiang

Elenco: Amy Adams, Jeremy Renner, Forest Whitaker
Música: Jóhann Jóhannsson
Edição: Joe Walker

> Na Wikipedia

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TRÊILER DO FILME “A CHEGADA”

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01- muito bom! Conversas para as madrugadas… rsrs. Adorei o filme Arrival! Ana Claudia Domene Ortiz, Albuquerque-EUA – nov2017

02- Mestre! Me instigou a ver o filme! E nunca é perda de tempo ler vc! Kkkk bjks. Deise Carmo, Rio de Janeiro-RJ – nov2017

03- Amei ler isso mizifi RK. Não estou sozinha com minhas perguntas…. Zete More, Fortaleza-CE – nov2017

04- Bem precisamos de uma descoberta sobre a natureza do tempo, essa coisa que se mede em espaço… Porque a humanidade está num ponto de não retorno. Mais do que lugares para fugir ou regressar, precisamos de sair da linha reta e abraçar as curvas musculadas de Kronos. Susana Mota, Leiria-Portugal – nov2017

05- Tenho um livro aqui pra vc ler: O Espaço, o tempo e o Eu. Eu , Rômulo, Braulio Tavares e outros amigos costumávamos ler em voz alta, juntos, e conversar esses papos loucos que o “tempo” nos instiga. Isso rolava pela madrugada e só era interrompido quando eu servia um “arroz biônico”, prato delicioso feito com tudo que havia na geladeira. E a “plantinha” garantia o apetite.😎 Precisamos fazer isso juntos. Íris Medeiros, Campina Grande-PB – nov2017

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A Criada e a grande arte de narrar

02/02/2017

02fev2017

A sensação que fica é a de que eles, os personagens, na verdade agiam o tempo todo não exatamente em nome de suas íntimas motivações, mas pensando no espectador

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A CRIADA E A GRANDE ARTE DE NARRAR

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Na Coreia do Sul dos anos 1930, um casal de trapaceiros tenta se apoderar da fortuna de uma bela e jovem herdeira e envolve-se numa teia de sentimentos e intrigas onde ninguém merece confiança. Este é o enredo de A Criada (Ah-ga-ssi/The Handmaiden), o novo filme do diretor sul-coreano Park Chan-wook, que escreveu o roteiro com Chung Seo-kyung. Eu vi e adorei, fiquei encantado com todos os aspectos do filme. Equilibrando drama romântico, suspense, erotismo, perversão e alguma violência, com estética visual deslumbrante, é um filme completo, magnífico mesmo. A metalinguagem é a cereja do bolo, inserindo o espectador na trama e fazendo da obra toda uma grande celebração da arte de narrar.

Em princípio, a história parece banal, mas o diferencial são os personagens bem construídos e a apresentação da trama sob a ótica dos personagens, que faz o espectador desconfiar de todos e ficar até o fim sem certeza do que irá acontecer. As duas atrizes principais têm atuações soberbas, mas, para mim, Kim Min-hee, que interpreta a jovem herdeira japonesa, faz um trabalho esplêndido, pois seu personagem é complexo e enigmático, e a sutileza de seu comportamento, através de olhares, gestos e palavras que nada expressam mas na verdade dizem tudo, é o nervo da trama, o exatíssimo ponto onde a história precisa se equilibrar e, vista por outro ângulo, se desequilibrar.

A Criada é baseado no romance Fingersmith (Na Ponta dos Dedos, editora Record), da escritora britânica Sarah Waters, que foi adaptado para a tevê e exibido no Brasil pelo canal GNT com o título Falsas Aparências. Vi a adaptação televisiva, que é mais fiel ao original de Sarah Waters, e gostei, mas a versão cinematográfica é estupenda. Park Chan-wook e Chung Seo-kyung reescreveram a história, dando-lhe um saboroso temperinho de humor sacana, além de um caprichoso olhar sobre os sentimentos e as passagens eróticas. O roteiro enriqueceu os personagens e fez a história ainda mais interessante e surpreendente, e a direção primorosa, ao fazer uso da metalinguagem, inclui mais um participante na trama, o próprio espectador, que torna-se cúmplice dos personagens, e é justamente essa cumplicidade que o faz deliciar-se com a meticulosidade de suas atitudes. Ao fim, a sensação que fica é a de que eles, os personagens, na verdade agiam o tempo todo não exatamente por suas íntimas motivações, mas pensando no espectador. Durante a subida dos créditos do filme, só faltou surgirem os personagens, tantos os vencedores como os derrotados, todos eles a aplaudir a grande vitoriosa: a arte de narrar.

O livro de Sarah Waters e suas adaptações para a tevê e o cinema são exemplos de como uma história bem contada é a base de tudo. Conduzir o leitor ou o espectador pelos caminhos da trama, envolvê-lo sutilmente, seduzi-lo com aparentes insignificâncias, brincar sadicamente com suas expectativas, surpreendê-lo com reviravoltas, fazê-lo sentir-se ludibriado a ponto de quase desistir, para logo depois tomar novamente sua mão e reconduzi-lo pelos novos caminhos da história… Ah, isso é uma delícia. Um brinde aos grandes contadores de histórias!

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Ricardo Kelmer 2017 – blogdokelmer.com

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filmeacriada-03A CRIADA

The Handmaiden (Ah-ga-ssi)
Coreia do Sul, 2016, 144 min, 18 anos
Direção: Park Chan-wook
Roteiro: Park Chan-wook e Chung Seo-kyung
Baseado no romance Fingersmith, de Sarah Waters
Elenco: Kim Min-hee, Kim Tae-ri, Ha Jung-woo, Cho Jin-Woong
Fotografia: Chug Chung-hoon
Montagem: Kim Jae-Bum
Música: Jo Yeong-wook

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CURIOSIDADES

01- O título original em sul-coreano é Ah-ga-ssi, que significa “A Dama”, referindo-se a Hideko, a jovem herdeira japonesa, enquanto o título inglês é “The Handmaiden” mudando a referência para a criada Sook-hee (Kim Tae-ri). Ao meu ver, o título original faz mais justiça à história, já que a jovem herdeira é a personagem central do filme, o ponto nevrálgico da trama.

02- Tanto o japonês como o coreano foram falados no filme. Antes de filmar, todos os atores tiveram professores japoneses para estudar o roteiro. Após a exibição em Cannes, a atriz sul-coreana Kim Min-hee, que interpreta a herdeira Hideko, foi aplaudida por jornalistas japoneses por sua proficiência no japonês.

 

Treiler do filme

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DICA DE LIVRO

ICI2011Capa-01dO Irresistível Charme da Insanidade
Ricardo Kelmer, romance

Nos séculos 16 e 21, dois casais vivem duas ardentes e misteriosas histórias de amor. Ou será o mesmo casal?

Um músico obcecado pelo controle da vida. Uma viajante taoísta em busca da reencarnação de seu mestre-amante do século 16. O amor que desafia a lógica do tempo e descortina as mais loucas possibilidades do ser.

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01- belíssimo nas cenas de contação da protagonistas ..as referências literárias..a forma de ir e voltar do próprio roteiro..estou dando um tempinho p revê-lo.bjbjbj. Shirlene Holanda, São Paulo-SP – fev2017

02- Vou ver !!! Adriana Alves, São Paulo-SP – fev2017

03- Estou louca pra assistir!! Taís Krugmann, Corumbá-MS – fev2017



Meu livro mais vendido na Amazon em 2015

04/01/2016

04jan2016

Em algum momento da vida dá um estalo, tchum!, e pressentimos que não estamos vivendo o roteiro verdadeiro de nossa existência

MatrixEODespertarDoHeroiDiv-03a

O MITO TE CHAMA

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Em 2015, meu livro mais vendido na Amazon foi Matrix e o Despertar do Herói – A jornada mítica de autorrealização em Matrix e em nossas vidas (Miragem Editorial). Isso me deixa feliz, pois mostra que a força do mito continua viva na alma das pessoas.

Apesar de nossa cultura supervalorizar o consumismo, o descartável e a superficialidade, e insistir a todo instante em nos vender tudo de que não precisamos para ser feliz, em algum momento da vida dá um estalo, tchum!, e pressentimos que não estamos vivendo o roteiro verdadeiro de nossa existência. Esse é o ponto da virada, em que o indivíduo deixa de buscar lá fora e olha para dentro. É o chamado para o autoconhecimento psicológico. Começa aí a maior de todas as aventuras, aquela que nos conduz em direção à essência de nós mesmos.

Não será fácil, é verdade. Conhecer-se requer coragem e determinação para desprender-se da massa, além de profunda honestidade consigo mesmo. A recompensa é o mundo novo que somente a realização de si mesmo pode oferecer. Podemos recusar o chamado? Sim. Porém, se fizermos isso, o preço é chegar ao fim da vida com a dolorosa sensação de não ter vivido, e nada pode ser mais frustrante.

> Este livro está disponível em versões impressa e eletrônica (PDF e e-book)
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Ricardo Kelmer 2016 – blogdokelmer.com

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Matrix2012Capa14x21aMatrix e o Despertar do Herói
A jornada mítica de autorrealização em Matrix e em nossas vidas
Ricardo Kelmer

Analisando o filme Matrix pela ótica da mitologia e da psicologia do inconsciente, e usando uma linguagem simples e descontraída, RK compara a aventura de Neo ao processo de autorrealização que todos vivem em suas próprias vidas.

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SOBRE O FILME

MatrixDVDCapa-1Matrix (The Matrix, EUA, 1999)
Argumento, roteiro e direção: Andy e Lana Wachowski
Elenco: Keanu Reaves, Lawrence Fishburne, Carrie-Anne Moss e Hugo Weaving

No futuro a humanidade é prisioneira de sua própria criação, a Inteligência Artificial, que criou a Matrix, uma realidade virtual onde foram inseridos todos os seres humanos para que eles não oponham resistência ao poder das máquinas. Todos não, pois um grupo de rebeldes mantém-se fora dessa realidade e luta para libertar o restante da humanidade. Eles creem na profecia do Oráculo que diz que um Predestinado um dia virá para vencer as poderosas máquinas e salvar a todos. Para eles, Neo, um jovem que vive na Matrix, é o Predestinado. Neo de fato desconfia que há algo errado com a realidade, mas não pode aceitar que ele seja o tão aguardado salvador.

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Mulheres na jornada do herói – É ainda mais interessante ver o relato das mulheres, pois elas sempre foram, mais que os homens, historicamente reprimidas na busca pela essência mais legítima de suas vidas

Seguir a boiada ou as próprias convicções? – Podemos, cada um de nós, começar a agir de acordo com as nossas próprias verdades, aquelas que nos fazem sentir mais vivos, úteis e autênticos

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01- Parabéns. Você merece tudo de melhor! Angelica Santos, São Paulo-SP – jan2016

02- Muito bom! Recomendo. Alê Lima, São Caetano-SP – jan2016

03- Parabéns Ricardo Kelmer! Que esse sucesso continue em 2016. Inspirações, alegrias e realizações é o que te desejo. Renata Kelly, Fortaleza-CE – jan2016

04- parabéns mano. Jacques Josir Ribeiro, Santo André-SP – jan2016

05- Massa Ricardo Kelmer, que 2016 traga mais sucessos! Ana Lucia Castelo, Newark-EUA – jan2016

06- Sucesso, Ricardão!!! Proficuidade é teu sobrenome, muleke sabido!!! Sergio Viula, Rio de Janeiro-RJ – jan2016

07- Eu lembro deste seu livro Achobque foi inicio de 2000 Seria interessante uma rebuscagem desta continuaçao. Afinal,se esta na onda Pega ela. Luciana Figueiredo, Campina Grande-PB – jan2016

08- Feliz Ano Novo e sucesso com as futuras realizaçoes! Jan Hillen, Foz do Iguaçu-PR – jan2016

09- Eis um livro que gostaria de ler. Matrix ainda tem impacto, ainda me sacode. É doloroso como um parto. E a pergunta fica: é o herói predestinado que desperta, ou é a pessoa comum que acorda e se descobre herói? Susana X Mota, Leiria-Portugal – jan2016

10- Adoro, releio e recomendo. Ivonesete Zete, Fortaleza-CE – jan2016

11- Já li e super recomendo. .. Jucelio Nell, Canindé-CE – jan2016

12- Já quero ummm!!! Tathiana Monteiro, Fortaleza-CE – jan2016

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Lágrimas na chuva

11/09/2015

11set2015

E quando finalmente chegarem ao lugar para onde tanto correm, estarão em paz com as lembranças da vida que viveram?

LagrimasNaChuva-05

LÁGRIMAS NA CHUVA

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É uma espécie de ritual. Quando anoitece, faço uma pausa no trabalho, ponho para tocar a trilha sonora do filme Blade Runner (Caçador de Androides) e preparo um chazinho de hortelã. Vou tomá-lo à janela do apartamento, observando a paisagem cinzamente caótica de São Paulo. Enquanto bebo o chá quentinho, as canções se sucedem, misturando-se ao som da cidade lá fora e emprestando sua suave beleza melancólica ao movimento das ruas lotadas, todos apressados, um bando de autômatos correndo de um lado para outro…

Mas para mim tudo está em câmera lenta. Talvez porque nesse momento eu sou Rick Deckard no alto daquele prédio, salvo da morte pelo replicante Roy Batty, totalmente rendido diante do grande mistério que é estar vivo e não saber até quando.

Acho que as pessoas correm tanto porque não sabem se amanhã estarão vivas. Mas será que correr tanto assim não faz apenas acelerar a paisagem que passa, deixando para o presente um mero cantinho desprezado, quase imperceptível, entre o que já foi e o que talvez não virá? Correndo tanto assim e vivendo no modo automático, em que momento essas pessoas poderão lembrar que estão vivas? E quando finalmente chegarem ao lugar para onde tanto correm, estarão em paz com as lembranças da vida que viveram? Do alto do prédio, em sua resignada lucidez de quem está morrendo, o replicante Roy tem mais uma pergunta: De que valerá tanta pressa se no fim a vida se perdeu no tempo, como lágrimas na chuva?

Penso nisso enquanto tomo o último gole do chá. E renovo minha falta de fé no roteiro que criamos para esta nossa época frenética de humanos automatizados. Corram por mim, amigos, que eu prefiro curtir a paisagem do agora. Até a derradeira faixa do disco.

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Ricardo Kelmer 2015 – blogdokelmer.com

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BLADE RUNNER – O CAÇADOR DE ANDROIDES

FILMEBladeRunner-01Ficção científica – EUA, 1982
Baseado no conto Androides Sonham com Carneiros Elétricos?, de Philip K. Dick

DIREÇÃO: Ridley Scott
ROTEIRO: Hampton Francher e David Webb Peoples
ELENCO: Harrison Ford (Rick Deckard/narrador), Rutger Hauer (Roy Batty), Sean Young (Rachael), Edward James Olmos (Gaff), M. Emmet Walsh (Capitão Bryant), Daryl Hannah (Pris), William Sanderson (J.F. Sebastian)…
TRILHA SONORA: Vangelis

> Na Wikipedia

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Blade Runner
Rick Deckard e Roy Batty no alto do prédio

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LEIA NESTE BLOG

BladeRunnerDeusesHumanosEAndroides-01aDeuses, humanos e androides na berlinda – Como todo ser, o criador busca sempre transcender a sua própria condição, e é criando que ele faz isso

A pergunta – Um dia, porém, alguém desconfia. E entende que os que olham para fora, sonham, e os que olham para dentro, despertam. E aí a pergunta é inevitável

Vade retro Satanás (filme: O Exorcista) – O Mal pode ter mudado de nome e de estratégias. Mas sua morada ainda é a mesma, o nosso próprio interior

Mariana quer noivar – Você abdicaria das relações amorosas em sua vida em troca de dinheiro ou sucesso na carreira?

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Deus planta bananeira de saia (filme: Dogma) – Em Dogma, Deus passa mal bocados por conta de um dilema criado pelos próprios humanos. Santa heresia, Batman!

Cine Kelmer apresenta – Dicas de filmes

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DICA DE LIVRO

Matrix e o Despertar do Herói
A jornada mítica de autorrealização em Matrix e em nossas vidas
Ricardo Kelmer

Usando a mitologia e a psicologia do inconsciente numa linguagem descontraída, Kelmer nos revela a estrutura mitológica do enredo do filme Matrix, mostrando-o como uma reedição moderna do antigo mito da jornada do herói, e o compara ao processo individual de autorrealização, do qual fazem parte as crises do despertar, o autoconhecer-se, os conflitos internos, as autossabotagens, a experiência do amor, a morte e o renascer.

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elalivro10Seja Leitor Vip e ganhe:

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 COMENTÁRIOS
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01- Eh verdade, eu ja participei desse ritual ai! Ana Claudia Domene Ortiz, Albuquerque-EUA – ago2016

02- maravilha de pensamentos!…de-sa-ce-le-ran-do.. Shirlene Holanda, São Paulo-SP – ago2016

03- Muito bom Ricardo Kelmer.Correr pra quê?Vivamos o presente, de preferência ouvindo uma boa música e um chá quentinho.Viva a vida hoje. Vilma de Oliveira, Fortaleza-CE – ago2016

04- Tua escrita me faz viajar nas imagens e ideias que vão se desenhando…. Que texto gostoso e instigador! Ivonesete Zete, Fortaleza-CE – ago2016

05- Que lindo Kelmer! A sabedoria de quem sabe apreciar e sentir a vida. Renata Kelly, Fortaleza-CE – ago2016

06- Texto ❤❤❤ Barba 💕💕💕💕💕💕. Sabrina Nádia de Sousa, Fortaleza-CE – ago2016

07- eu me identifico. Tetê Macambira, Fortaleza-CE – ago2016

08- Vc escreve muito bem. Simone Matoso, Belo Horizonte-MG – ago2016

09- Excelente. Susana X Mota, Leiria-Portugal – ago2016

10- Grande Ricardo Kelmer. Luiz Antonio Lima Alencar, Fortaleza-CE – ago2016

11- Texto ótimo, como sempre, Ricardo. Mas, francamente, um detalhe: com Blade Runner combina mais chá de cogumelos! Abr. Luis Pellegrini, São Paulo-SP – ago2016

12- Adorei! Márcia de Oliveira, Fortaleza-CE – ago2016

13- Kelmer, brôu. Imaginava que só eu pensava assim, mas não consegui transmitir tão bem como tu. Obrigado por nos apresentar tal texto, está ótimo. P. S.: O meu hortelã foi diferente do teu… Francisco Fontenele Veras Neto, Lourinhã-Portugal – ago2016

14- Viva o ócio. Iris Medeiros, Campina Grande-PB – ago2016

15- Grande Ricardo Kelmer !!!!! ❤ Oliveira Sidd, Fortaleza-CE – ago2016


A divertida mente da garotinha triste

23/07/2015

23jul2015

Um maravilhoso filme adulto para crianças que é um magistral filme infantil para adultos. Ou vice-versa

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A DIVERTIDA MENTE DA GAROTINHA TRISTE

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Como falar de psicologia para crianças? Como expor aos miúdos conceitos como personalidade, inconsciente e depressão? Como ensinar-lhes que, embora indesejada, a tristeza é um sentimento legítimo e importante na saúde psíquica do indivíduo? Impossível, né?

Não para a Pixar. Esta empresa de animação digital, comprada pela Disney em 2006, já ganhou muitos prêmios pela alta qualidade de seus filmes. Você certamente já viu alguns, como Toy StoryMonstros S.A. e Procurando Nemo. Pois com sua nova animação Divertida Mente (Inside Out), a Pixar foi além: ela conseguiu fazer um maravilhoso filme adulto para crianças que é um magistral filme infantil para adultos. Ou vice-versa.

Riley é uma garotinha de 11 anos que muda de cidade e enfrenta dificuldades na adaptação à nova vida. Parece um enredo bem simples, né? E é. Mas ele é só um coadjuvante para a grande atração do filme: a mente da garotinha. Paralelamente à vida cotidiana de Riley, vemos o funcionamento de sua vida psíquica, onde, numa sala de comando, atuam Alegria, Tristeza, Medo, Raiva e Nojinho, as personificações de seus pensamentos, sentimentos e sensações. São eles que monitoram e organizam a evolução da personalidade de Riley, determinando seu comportamento. A mudança de cidade, porém, trará o caos ao trabalho dessa turminha e uma crise para Riley.

Como estudioso da psicologia do inconsciente, fui ver Divertida Mente com um pé atrás na desconfiança. Mas ela se foi logo nas primeiras cenas. As alegorias usadas na tradução dos conceitos psicológicos para a linguagem infantil foram feitas, obviamente, de forma caricata, mas ficou ótimo. É um filme encantador, divertidíssimo e cheio de sacadas geniais. É tudo muito singelo e verdadeiro, e de uma profundidade surpreendente. Em nenhum momento o filme apela para o sentimentalismo barato, mas ainda assim é difícil não se emocionar. Eu me segurei bem, sim, mas só até o momento em que Bing Bong é esquecido ‒ aí também tenha paciência, né? A partir dessa cena, não mais contive as lágrimas, e quem assumiu minha sala de comando foi a criança que nunca deixei de ser, e que parece estar sempre mudando de cidade.

Pelos relatos dos pais, os pimpolhos gostam e entendem o filme. Como a história foi criada a partir da experiência real vivida por um dos roteiristas com a própria filha pré-adolescente, isso certamente foi fundamental no processo de criação. Deve ser bem interessante ver esse filme sendo uma criança e depois revê-lo adulto. Infelizmente, não terei essa chance, mas muitos poderão ter.

Interessante também foi perceber como Alegria, Tristeza, Medo, Raiva e Nojinho se parecem com pessoas reais que conheço (não adianta, não darei nomes), e isso me garantiu boas risadas. Evidentemente, nenhuma pessoa é apenas um tipo único de sentimento ou emoção, mas é natural que uma delas se destaque na personalidade, mesmo que por um tempo. E Nojinho, heim? Como tem Nojinho dando chilique nesse mundo! Elas são irritantemente lindas e fúteis, e odeiam brócolis, mas justamente por isso se parecem com eles, e você sabe que o bicho homem masculino adora um brócolis de vestidinho… Ops, tava demorando. Ricardinho, esta é uma crônica infantil. Corta.

Esse filme fala de autoconhecimento, de como é importante sabermos lidar com nosso mundo interior. É provável que haja uma continuação, mostrando Riley na adolescência. Se os roteiristas conseguirem manter a qualidade na estrutura narrativa, teremos a comprovação de que é possível mostrar a crianças e adolescentes toda a complexidade da vida psíquica de uma maneira lúdica e instigante, motivando-os desde cedo a se conhecerem psicologicamente. Bem, é claro que isso não é função da arte, mas depois de Divertida Mente eu me sinto no dever de descer lá no vale do esquecimento e resgatar meu Bing Bong pessoal. E viajar com ele na esperança de uma humanidade mais consciente de si mesma.

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Ricardo Kelmer 2015 – blogdokelmer.com

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FILMEDivertidaMente-03aDIVERTIDA MENTE

Divertida Mente (Inside Out) – EUA, 2015
Gênero: Animação
Realização: Walt Disney e Pixar Animation Studios
Direção: Pete Docter, Ronaldo Del Carmen
Argumento: Pete Docter
Roteiro: Josh Cooley, Meg LeFauve, Pete Docter
Vozes na versão original: Amy Poehler, Bill Hader, Bob Bergen, Carlos Alazraqui, Diane Lane, Jess Harnell, Kyle MacLachlan, Laraine Newman, Lewis Black, Lori Alan, Mindy Kaling, Paula Poundstone, Phyllis Smith, Richard Kind, Teresa Ganzel
Vozes na versão brasileira: Kaitlyn Dias (Riley), Miá Mello (Alegria), Katiuscia Canoro (Tristeza), Otaviano Costa (Medo), Dani Calabresa (Nojinho), Leo Jaime (Raiva)
Produção: Jonas Rivera
Trilha Sonora: Michael Giacchino
Duração: 102 min.

 

Trêiler do filme (português, dublado)

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Jung – a jornada do autodescobrimento – Vídeo com um resumo da vida e das ideias de Carl Jung, o psicólogo e pensador suíço criador da teoria do inconsciente coletivo

Livros: He, She, We – Os rios de nossas vidas correm, na verdade, por leitos muito, muito antigos – os mesmos leitos que outras águas, ou outras pessoas, também percorreram

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A ilha – Uma fábula sobre o autoconhecimento

Mariana quer noivar – Você abdicaria das relações amorosas em sua vida em troca de dinheiro ou sucesso na carreira?

Carma de mãe pra filha – Os filhos sempre pagam caro pelos pais que não se realizam em suas vidas

A Humanidade, o psicólogo e a esperança – Os acontecimentos mostram que a humanidade está se unificando, unindo seus opostos

Cine Kelmer apresenta – Dicas de filmes

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DICA DE LIVRO

MatrixEODespertarDoHeroiCapaEdicaoDoAutor-01Matrix e o Despertar do Herói
A jornada mítica de autorrealização em Matrix e em nossas vidas
Ricardo Kelmer

Usando a mitologia e a psicologia do inconsciente numa linguagem descontraída, Kelmer nos revela a estrutura mitológica do enredo do filme Matrix, mostrando-o como uma reedição moderna do antigo mito da jornada do herói, e o compara ao processo individual de autorrealização, do qual fazem parte as crises do despertar, o autoconhecer-se, os conflitos internos, as autossabotagens, a experiência do amor, a morte e o renascer.

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Comentarios01 COMENTÁRIOS
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01- Amei o que escreveu sobre o filme infantil. Fiquei duvidando se havia sido escrito por voce mesmo rsrsrs. Gostei desse lado Kelmer criança mizifio. Deu ate vontade de ver o filme. Ivonesete Rodrigues, Fortaleza-CE – jul2015

02- Mostrar que a tristeza tambem nos ajuda a passar por uma fase dificil foi genial! Debora Morais, Fortaleza-CE – jul2015

03- Ricardo Kelmer, ja tinha me programada para ver, mas depois desse belo artigo seu, se tornou imperdível! Abraço meu amigo! Cristina Balieiro, São Paulo-SP – jul2015

04- Achei o filme genial. ..as ilhas de personalidade da garotinha , o amigo imaginário…a mente dos pais..Vou ver novamente! Telma Parente, Fortaleza-CE – jul2015

05- consegui baixar o filme, louca para ver! Susana X Mota, Leiria-Portugal – jul2015

06- Tinha pensado em assisitr mas acabei deixando para la, agora assistirei com certeza! Ana Claudia Domene Ortiz, Albuquerque-EUA – jul2015

07- Poesia em forma de animação!!! Andeile Airam, Fortaleza-CE – jul2015

08- Que bacana Ricardo! Eu gostei muito do filme.. .impossível não refletir as nossas próprias emoções. .. ! Um filme que toca a alma se qualquer um .adulto ou criança. Adorei o seu texto …! Vou copiar…. bjs.
Compartilho essa analise do Ricardo Kelmer sobre o filme Divertida mente. Assisti e me tocou de forma profunda… é um filme que todos precisamos assistir qie nos leva ao auto conhecimento e melhor entendimento d as nossas emoções.. .mostra que emoções tidas como “negativas” também sao importantes para o nosso crescimento e devemos aceita-las… enfim. Leia e nao deixe de ver o filme! Sandra Macedo, Fortaleza-CE – jul2015

09- Para vc Paula Silvia. Fica a dica. Eliana Torres, Ponta Porã-MS – jul2015

10- Ah!…. MAS EU A-DO-RO BRÓCOLIS!!!! … kkkkkkkk…ainda não vi, mas estou muitíssima curiosa! Risos…mesmo porque Kelmer tem a liberdade de dizer tudo p/comigo, e…”detalhe” , Kelmer comenta ja me chamando (in box ) de ‘ NOJINHO! Bah! Já fui logo perguntando, né? kkkk … adorei o texto. Regina Zamora, São Paulo-SP – jul2015

11- Hehehe! Não podia faltar né mizifio , sua marca registrada! Kkkkkk. foi uma deliciosa dica e esse texto mais ainda! Ameeei! Eu tbém senti aperto no coração quando Big Bong se apagou no vale do esquecimento. Ivonesete Zete, Fortaleza-CE – jul2015

12- incrível! Eu quero assistir esse filme. Renata Regina, São Paulo-SP – jul2015

13- Esse filme realmente, é genial. Muito profundo e importante pra adultos e crianças refletirem, Vlw, Rica. Bjs. Anabela Alcântara, Fortaleza-CE – jul2015

14- Sim!!!Pra adultos e crianças! Isabela Alcântara, Fortaleza-CE – jul2015

15- Grande sacada! Assisti e adorei! Interessantíssimo! Dri Flores, São Paulo-SP – jul2015

16- Eu soh vih o traler e me emocionei!…lindo!Louca pra ver! Isabela Alcântara, Fortaleza-CE – jul2015

18- Sensacional sr kelmer! Jayme Akstein, Sidney-Austrália – jul2015

19- Ricardo eu adorei o filme.comentário de Clarinha:Mamãe a alegria é bom mais a tristeza tb é. Germana Mourão, Fortaleza-CE – jul2015

20- Prof. Jacinta, Achei esse filme a cara da disciplina Motivação e Emoção! Seria ótimo aprender mais assistindo filmes assim… Bjo ‪#‎ficadica‬. Glaina Santos Costa, Fortaleza-CE – jul2015

21- Ricardo Kelmer doooida para assistir. Marilene Neri, Fortaleza-CE – jul2015

22- Sim Ricardo !!!! Com a minha de 5 anos !!! Ela adorou ! Só não gostou na hora que bing bong foi esquecido tbm .. Mas fala dos personagens até hoje rss. Ana Kariny Gomes Rosa, Fortaleza-CE – jul2015

23- Taí, o Ricardo Kelmer disse tudo o que eu queria. Vale demais ler o texto e, sobretudo, assistir o filme. Rosângela Aguiar, Fortaleza-CE – jul2015

24- Ricardo Kelmer, finalmente fui assistir Divertida Mente (Inside Out), uma graca! Nem me fale de Bing Bong, nao posso assistir esses filmes sem dar vexame… rsrs. Obrigada pela dica! Ah, o que seria de nos sem a tristeza? Ana Claudia Domene Ortiz, Albuquerque-EUA – out2015


As unhas sujas de Matrix

19/11/2013

19nov2013

Certas obras artísticas se baseiam nesses conteúdos, os arquétipos, e por isso pessoas de todo o mundo se identificam tanto com elas

AsUnhasSujasDeMatrix-02

AS UNHAS SUJAS DE MATRIX

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Faça um buraco na terra, cave sem parar e você alcançará areia e rochas que, de tão profundas, não são de país algum. Ou melhor, pertencem a todos, são patrimônio de toda a humanidade. Assim também é o inconsciente coletivo da espécie: seus conteúdos são de todos nós. Certas obras artísticas se baseiam nesses conteúdos, os arquétipos, e por isso pessoas de todo o mundo tanto se identificam com elas. É o caso de Matrix. Apesar de toda a tecnologia, o filme tem cheiro de terra, pois escava fundo as profundezas coletivas da psique.

Esse filme vale tanto assim?, é o que ouço quando descobrem que escrevi um livro sobre Matrix. Sim, vale. Além de marco na história do cinema, a aventura do guerreiro cibernético Neo e seus amigos resistentes é um grande fenômeno cultural da atualidade, alcançando pessoas de raças, religiões e idades diversas, influenciando comportamentos, gerando discussões e lotando cinemas. Mas tem gente que torce o nariz para o filme e não entende tanto rebuliço. Que diabos Matrix tem de tão especial?

Muitas coisas. A base mitológica do enredo, por exemplo: o jovem que se vê confrontado com seu próprio destino, que precisa abandonar seu mundo seguro e partir numa aventura perigosa, lutar contra inimigos terríveis, arriscar a própria vida e salvar sua gente. A história de Neo é o antigo mito da jornada do herói recontado com roupas novas. Por nascerem do inconsciente coletivo e serem feitos de elementos arquetípicos, os mitos são parte de nossa psique individual, e é por isso que nos identificamos com eles. Todos nós vivemos os mitos em nosso dia a dia, sendo novos protagonistas de antiquíssimos dramas.

Na história há outros elementos mitológicos que revestem a trama de um caráter numinoso: o despertar da consciência, o salvador, o traidor, o oráculo, o amor, a morte. Esses arquétipos habitam o profundo de cada um de nós, e Matrix os aciona em nossa mente. Messianismo, ressurreição, a natureza ilusória da realidade, ser um com o mundo e assim entortar colheres ‒ Matrix une mitologia cristã e filosofia oriental. Quem não gosta desses temas da mente e do espírito tende a atirar contra o filme, porém Matrix manipula filosofia, religião e esoterismo com a destreza de um guerreiro tecno-zen e detém as balas no ar.

Ah, claro, tem os efeitos especiais, as cenas de luta, o figurino… Para nossos jovens, que nasceram e vivem numa Matrix onde a imagem é tudo e os cega para a essência das coisas, o apelo visual do filme é irresistível. O filme usa a si mesmo como isca para transmitir ideias profundas sobre a natureza da realidade, a importância do autoconhecimento para a realização do potencial, a necessidade de morrer para renascer mais forte… Pelo jeito, a isca funciona, pois a discussão sobre o que é real saiu dos círculos filosóficos e esotéricos e alcançou o shopping center. Enquanto tomam sorvete, adolescentes de piercing e boné para trás se perguntam: E se todos nós estivermos sonhando? Uau, isso é ótimo.

Mas será que os criadores de Matrix tiveram mesmo a intenção consciente de mexer com todos esses temas? Esse filme não seria um mero borrão de tinta no qual as pessoas, inclusive eu aqui do meu galho, veem o que querem ver? Bem, a mim, particularmente, essas unhas sujas não enganam: Matrix é feito de terra, lá do fundo, a mesma terra da qual somos todos feitos. Por isso Matrix é tão real.

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Ricardo Kelmer 2003 – blogdokelmer.com

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Esta crônica integra o livro A Arte Zen de Tanger Caranguejos

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SOBRE O FILME

MatrixDVDCapa-1Matrix (The Matrix, EUA, 1999)

ARGUMENTO, ROTEIRO E DIREÇÃO: Lilly e Lana Wachowski
ELENCO: Keanu Reaves, Lawrence Fishburne, Carrie-Anne Moss, Hugo Weaving

No futuro, a humanidade é prisioneira de sua própria criação, a Inteligência Artificial, que criou a Matrix, uma realidade virtual onde foram inseridos todos os seres humanos para que eles não oponham resistência ao poder das máquinas. Todos não, pois um grupo de rebeldes mantém-se fora dessa realidade e luta para libertar o restante da humanidade. Eles creem na profecia do Oráculo que diz que um Predestinado um dia virá para vencer as poderosas máquinas e salvar a todos. Para eles, Neo, um jovem que vive na Matrix, é o Predestinado. Neo de fato desconfia que há algo errado com a realidade mas não pode aceitar que ele seja o tão aguardado salvador.

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TRÊILER OFICIAL


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MATRIX, PSICOLOGIA E MITOLOGIA NO LIVRO:

Matrix2012Capa14x21aMatrix e o Despertar do Herói
A jornada mítica de autorrealização em Matrix e em nossas vidas
Ricardo Kelmer

Analisando o filme Matrix pela ótica da mitologia e da psicologia do inconsciente e usando uma linguagem simples e descontraída, o autor compara a aventura de Neo ao processo de autorrealização que todos vivem em suas próprias vidas.

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Blade Runner: Deuses, humanos e androides na berlinda – Como todo ser, o criador busca sempre transcender a sua própria condição, e é criando que ele faz isso

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Mulheres na jornada do herói – É ainda mais interessante ver o relato das mulheres pois elas sempre foram, mais que os homens, historicamente reprimidas na busca pela essência mais legítima de suas vidas

Seguir a boiada ou as próprias convicções? – Aos poucos podemos, cada um de nós, começar a agir de acordo com as nossas próprias verdades, aquelas que nos fazem sentir mais vivos, úteis e autênticos

A Matrix em cada um de nós – Em busca da realização mais íntima (tornar-se o Predestinado), o ego deve empreender uma longa jornada de autoconhecimento onde não faltarão medos e conflitos para fazê-lo desistir

A pergunta – Um dia, porém, alguém desconfia. E entende que os que olham para fora, sonham, e os que olham para dentro, despertam. E aí a pergunta é inevitável

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Entre rocks e feridos

05/09/2013

05set2013

De repente, caiu a ficha: Putz, vinte anos atrás eu estava no Rock in Rio

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ENTRE ROCKS E FERIDOS

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Dizem que o cara começa a envelhecer no dia em que acorda, se espreguiça diante do espelho e diz, todo satisfeito: Nunca me senti tão jovem! Pois tenho outra teoria. Você começa a ficar velho no dia em que vira objeto de arqueologia jornalística. Para ser exato, quando alguém te liga e diz assim: Oi, Ricardo, nosso jornal está fazendo uma matéria sobre os vinte anos do Rock in Rio e queremos entrevistar os que sobreviveram.

Generosas leitoras, diletos leitores, comunico oficialmente que acabo de ficar velho. Ou, para soar mais heróico, que sou um sobrevivente. De repente, caiu a ficha: Putz, vinte anos atrás eu estava no Rock in Rio! Rio de Janeiro, janeiro de 1985. Eu e meus febris vintanos, minhalma deslumbrada… Lembro como se fosse há duas décadas, eu e Paulo Marcio compramos a camiseta do festival, botamos a mochila nas costas e pegamos o semileito, dois dias e duas noites de estrada sem fim. Cheguei no Rio sem bunda, eu que já não tenho muita. Se fosse hoje, acho que eu surtaria antes de chegar em Minas, mas naqueles dias eu era super-homem, não precisava dormir e tinha fígado blindado. A viagem inteira na manguaça, cada parada uma festa. Até namorada arrumei no ônibus, acredita? A danada era noiva, e no escurinho do último banco me escolheu para sua despedida de solteira, que honra.

Confesso que não lembro muita coisa do festival. Quando penso que hoje as crianças já nascem com quinhentos giga de memória, que inveja. Eu, particularmente, não disponho de mais que um mói de vaga lembrança. Mas vamos lá, queimemos os últimos neurônios… Lembro que no caminho para Jacarepaguá perdi uma lente do meu oclim e tive que encarar o festival cego de um olho. Isso explica metade da minha amnésia. Que mais? Lembro que foi Vinicius de Moraes, falecido anos antes, quem abriu o festival. Não, não tomei um ácido e vi a alma dele no palco. É que Ney Matogrosso fez a abertura cantando Rosa de Hiroxima, letra do poeta.

Que mais? Lembro dos malucos do AC/DC, o new age do B52, a doidinha da Nina Hagen que tinha um leruaite com o, desculpe, Supla… Lembro também do Moraes Moreira, Paralamas… Ué, mas não era festival de rock? Era, né, mas isso é Brasil, minha filha, entenda. Que mais? Lembro de um torpedo desse tamanho que eu fumei e, inexperiente, entrei numa lombra de que todas as cem mil pessoas olhavam para mim com aquelas máscaras das crianças do filme The Wall, pense na paranoia. Apavorado, fui me esconder debaixo da catraca da bilheteria, Paulo Marcio rezando por mim. Acabei na enfermaria, glicose na veia, nunca mais na vida eu fumo maconha. Mas sejamos justos, a culpa não foi da planta, coitada, eu é que antes enxuguei meio litro de Tonel 01. O fato é que eu morri e lá no inferno ninguém me atendeu, todo mundo acompanhando o rock pela TV. Acordei recuperado e saí correndo de volta a tempo de ver o Rod Stewart. Ainda tomei uma cerva para comemorar. Jovem é assim, imortal.

Bem, agora que cumpri com meu dever de alertar a juventude sobre o perigo demoníaco das drogas, do rock’n’roll e das noivas taradas dos semileitos, dá licença que vou tomar um domecq e escutar meu Led Zeppelin. E fazer uma pajelança em honra da minha pessoa, eu, sobrevivente do primeiro Rock in Rio. Não tão imortal quanto naqueles dias, admito. Mas mais jovem que nunca.

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Ricardo Kelmer 2005 – blogdokelmer.com

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O dia em que morri no Rock in Rio – O primeiro baseado que fumei daria um filme. Um não, vários

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Comentarios01 COMENTÁRIOS
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01- Se estar velho é ter vivênciado o primeiro Rock in Rio, que dirá ter curtido o Woodstock… Tô fudido. Um abraço primo. Jamiro Dias de Oliveira Junior, Fortaleza-CE – jan2005

02- Caro Ricardo, Foi delicioso ler sua crônica, pena que tenha sido tão curtinha de curtir. Num outro ônibus ia eu com as noivas daquele outro ônibus. E que viagem foi aquela… no ônibus para Jacarepaguá, onde até o cobrador fumava e nem cobrava nada. Na lama da cidade do rock, todo mundo se melando de alguma. Os amigos, as namoradas, as amigas… que viagem. Sucesso, feliz ano novo. E viva o rock’n’roll. Abraço. Alberto Perdigão, Fortaleza-CE – jan2005

03- Oi Ric! Adorei a crônica…espero que estejas bem.Quando vens por aqui? Beijinhos brancos com sabor de PAZ. Viviane Avelar, Sobral-CE – jan2005

04- Oi velhinho, a anestesia de 85 era boa, né? Ainda bem que sim pq agora está difícil, tem que nas escolhas conscientes senão dançamos, não ao maravilhoso som do ROCK en ROLL mas na vida mesmo. Obrigada pelas boas risadas que dei. bj bem graaaaaandão! Dijé, Fortaleza-CE – jan2005

05- rickie boy, é, o peso dos ânus! Eles passam avoando… Lembra o tempo do… como é que chamava mesmo? Legal… O que conta é não perder o rumor, quer dizer, o humor! Abração. Max Krichanã, Fortaleza-CE – jan2005

06- Sensacional, Kelmer! Que inveja… neste tempo eu tava aprendendo a dançar forró numa cidadezinha do interior, tentando conseguir uma primeira namorada, perto dos meus 14 anos. Só assisti o Rock in Rio II que não chegou nem perto do primeiro. Acho que a coisa mais próxima do primeiro deve ter sido Woodstock! Abraço, Parabéns pelas excelentes lembranças. Ronald de Paula, Fortaleza-CE – jan2005

07- Kelmo, Adorei a sua crônica sobre o Rock in Rio. Eu apesar de ser da sua mesma era geológica sofri muito mais porque morava em Quixeramobim, a muitos e muitos quilômetros de Jacarepaguá. Um grande abraço do seu eterno fã. Tibico Brasil, Fortaleza-CE – jan2005

08- Vc é um Gênio extrmamente criativo. Abrazos. Heloise Riquet, Fortaleza-CE – mar2005

09- Showwww de texto, viajei na história hehehe. Tbem estive no Rock in Rio, o q trouxe várias lembranças. Tem toda razão, quando jovens somos imortais ou ao menos pensamos que somos kkkk. Abner Rios de Alencar, Fortaleza-CE – set2013

10- Galera que vai pro Rock in Rio, se prepara que daqui há vinte anos quero ouvir as histórias! Ricardo Kelmer como sempre formidável! Jessika Thais, Fortaleza-CE – set2013

11- Muito boa, sorri e gargalhei….eu tb. usava oclinho e perdi a lente um dia, fora as lentes de contato perdidas no escurinho dos cinemas e “boites” (alguém sabe o que é/era isso?kkk) Marialucia da Silveira, Campinas-SP – set2013

12- Teu texto é uma viagem Ricardo!! Bjao. Liliana Araujo Moreira, Madri-Espanha, set2013

13- Bem que podia rolar ” Diários de Itapemirim” kkk. Francisco Coelho, Rio de Janeiro-RJ – set2013

14- Acho que vc não envelheceu tanto assim…continua o mesmo garoto com alma de poeta dos velhos tempos do Colégio Cearense. Yvana Oliveira, Fortaleza-CE – set2013


É o amor

07/08/2013

07ago2013

E os outros zezés e lucianos por aí?

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É O AMOR

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Como sou homem besta para chorar, é claro que ensopei a manga da camisa vendo 2 Filhos de Francisco (direção de Breno Silveira). Sempre me tocam histórias de superação, isso de lutar por um sonho. Não sou fã de música romaneja, mas é comovente acompanhar a trajetória do artista que, apesar das dificuldades, não desiste de sua arte. Mas então a pulga me coça a orelha: e os outros zezés e lucianos por aí?

A dupla do filme conseguiu chegar lá. Antes passaram muita necessidade, engraxando sapato, vendo a mãe chorar porque não tinha comida em casa, perderam um irmão. Palmas, eles merecem. Mas, que diacho, não consigo deixar de pensar nos outros. Todo mundo saindo do cinema cantando feliz, e eu, o estraga-prazer, pensando naqueles que lutam tanto ou até mais e, no entanto, não chegam lá. E aí?

E aí é isso mesmo, é a vida, uns chegam e outros não. É, você tem razão, se todos chegassem, não caberiam todos no palco. Cruel matemática a do sucesso artístico. Então a vida é injusta? É assim que ela trata seus artistas, aqueles que têm a sagrada missão de entreter e divertir o povo? O que afinal está errado com a arte? Por que para a grande maioria a arte nasce sonho bonito, mas aos poucos vira pesadelo e faz da vida um trágico erro de percurso?

Tenho um palpite. Ele é fruto de tudo que aprendi em minha própria vida, buscando ser escritor num país de não leitores. Não existe fracasso na arte. Porque a arte, por si só, é a eterna celebração da vida. Aqueles a quem a vida escolhe para serem artistas têm a missão de fazer arte e pronto. Se conseguirão se sustentar com ela, isso é outra coisa, a arte em si nada tem a ver com isso, não lhe peçam o que não é de sua competência.

A maioria dos artistas, de fato, não consegue se sustentar e desiste. Uma parte prossegue a duras penas, sempre maldizendo o sistema e envolta em amargura. Mas há aqueles que, mesmo com reconhecimento curto e dinheirinho minguado, continuam com sua arte, são felizes e não abrem mão dela ‒ porque não saberiam viver longe de seu grande amor. Jamais terão sua história contada no cinema, mas ela certamente é a melhor de todas as histórias. Esses encarnam o verdadeiro espírito artístico: fazer arte pela arte. Esses darão a volta completa na roda da experiência e chegarão, não necessariamente ao estrelado panteão das celebridades, mas ao ponto mágico de compreensão onde vida e arte se tornam uma coisa só, e dinheiro e fama não importam tanto quanto continuar… fazendo arte.

Eles olharão para trás e entenderão que a recompensa maior era a própria arte que faziam. E que mesmo devendo o aluguel, não deveram a alma. Que mesmo sem saber como seria o dia seguinte,  cumpriram seu destino. Por amor à arte. Que, no fundo, é o mesmo amor à vida. É o amor.

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Ricardo Kelmer 2005 – blogdokelmer.com

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Comentarios01 COMENTÁRIOS
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01 Cara, li o texto sobre o filme…. vc disse tudo! Parabéns, ficou ducaralho! Vou ler o outro mais tarde, pois hoje tem banho mensal. Parabéns para nós, que arriscamos a vida com arte, e para vc escreveu tão bem a nossa labuta boa. Jayme Akstein, Rio de Janeiro-RJ – set2005

02- Linda crônica, além de me emocionar muitíssimo com o filme ( eu também ensopei não só a camisa mas também a saia, as meias, a fitinha do cabelo… ), agora você me fez reviver um pouco a emoção com as tuas tão bem empregadas palavras. Engraçado, depois que vi o filme, sempre falei muito bem dele, mas sempre completei meus comentários dizendo que o filme me fez pensar muito mais naqueles Zezés e Lucianos que estão por aí, vagando pela vida, e que por acasos ou não acasos do destino, não estão nem na telona, nem com suas vozes gravadas em CDs, e muitas vezes estão aí, vendendo bugingangas nas ruas sem que nos demos conta do sonho matado à força que existe por trás de cada um deles. Como você, também sai do cinema comentando como esse país deve estar repleto deles, e que dor que dá pensar nisso né ? Bem, só queria te dizer que teu texto veio em boa hora, quando estou justamente num momento de amor e ódio com a tal arte citada por você, pois por tabela vivo a peleja diária do Jayme na sua escalada para algum lugar que nem se sabe direito qual. E que justo hoje, estava num dia de descrença total, mas quando li tua crônica, me lembrei da essência dessa busca, do amor que move aqueles que buscam imprimir qualquer forma de arte nesse mundo nem sempre tão receptivo às nossas formas de expressão. Um beijo. Ilana Nahm Akstein, Rio de Janeiro-RJ – set2005

03- OLÁ RICARDO !!! COMO SEMPRE UMA POETA SENSÍVEL, PREOCUPADO COM O PRÓXIMO. CHEGAR AO SUCE$$O DEPENDE DO ESFORÇO E VONTADE DE CADA UM. SE TODOS OS ARTISTAS, POR MÉRITO CHEGASSEM AO TOPO, COM CERTEZA NÃO TERIA UM PALCO TÃO GRANDE QUE COUBESSE TODOS. O SEU JÁ ESTÁ PRONTO, É CERTO. SÓ FALTA UMA GRANDE CAMINHADA PRA CHEGAR ATÉ LÁ. AS DIFICULDADES EXISTEM, VOCÊ SABE. SE VOCÊ FÁCIL NÃO TERIA GRAÇA, NEM SATISFAÇÃO DE ATINGIR A META QUE CADA UM QUER PRA SUA VIDA. O CAMINHO É ESTE, SER AUTÊNTICO. PARABÉNS, MAIS UMA VEZ !!! NÃO O CONHEÇO, MAS, SINTO A PESSOA BOA, HUMANA QUE É, E PROCURA DEMONSTRAR NAS SUAS CRÔNICAS, POESIAS. UM PROFUNDO CONHECEDOR DO SEXO FEMININO. NÃO SEI ESCREVER BONITO, MAS, ESPERO TER PASSADO ENERGIAS POSITIVAS, NESTAS POUCAS PALAVRAS. SAUDAÇÕES. Lucimar Rabello, Vila Velha-ES – set2005

04- OI RICARDO… Que coincidência. Ontem, fui assistir o filme. Também saí de lá chorando. Até porque, conheci o Zezé na época em que ele vinha à Santos “mendigar “shows. Acho que realmente eles mereceram. È meu caro, se ficarmos falando das dificuldades de nossa área, levaria a noite toda. // Mas, como vc disse, é o amor… Mardito amor que só sabe fazer a gente sofrer… Seja qual for o tipo de amor… é o amor. Parabéns pela crônica. Cristiane Carvalho, São Vicente-SP – set2005

05- Muito legal, Rico. Como legítima representante dos não-artistas (com dor no coração, claro), faço minhas as suas sábias palavras. Grande beijo. Marta Crisóstomo Rosário, Brasília-DF – set2005

06- É isso aí mano. Para mim, os verdadeiros vencedores são aqueles que não abandonaram os seus ideais, mesmo com “reconhecimento curto e dinheirinho minguado”, os que não se entregaram ao sistema. Viva para eles… Claudio Roberto Azevedo, Fortaleza-CE – set2005

07- E ai, Ricardo… Você já imaginou, que é por algum motivo, muito especial, que algumas pessoas foram escolhidas, para percorrer este caminho, que realmente pode não ser fácil, é nem é pra ser. Que consigam transmitir sua arte, seja em que segmento for, para muitos, ou simplesmente poucos, não importa!!! O importante é que continuem, trazendo para nossas vidas: cores, risos, lagrimas, emoções, sentimentos, realidades e também muitos sonhos. Assim, como você, Meu Escritor Favorito!!! Rita de Cássia, São Paulo-SP – set2005

08- Fala Ricardo, gostei muito mesmo do seu texto, concordo com tudo o que você disse. Acho que todos concordariam se pudessem enxergar além das pretensões narcisisticas e da ignorância. A arte é a transmutação do sentimento urgente de viver que o artista sente e nada mais. Não deixa de me chamar pro lançamento do seu livro, abraço. Pedro Schprejer, Rio de Janeiro-RJ – set2005

09- Como é lindo esse teu lado, tua alma feminina. A vida é bem essa luta para aprendermos a ser verdadeiros. Os artistas sabem disso. É como você falou. Mas mesmo quem não é artista, muitas vezes tem que se vender um pouco (se é que existe isso) até encontrar seu limite e daí partir prá luta (como eu fiz), ou infelizmente se perder como muitos no furacão da insegurança e da ganância humana. No final nada há prá nos deixar mais em paz do que ser fiéis a nós mesmos. Eh…acho que eu vou ter que ver o filme…droga, detesto borrar a maquiagem. Lucilene Anderson, Fortaleza-CE – set2005

10- Ricardo, mais uma vez vc. fez Bingo!!!! Sinto-me uma das tais e ainda me pergunto se, nestes dias de total banalidade e baixa qualidade, lá no fundinho de nós, não há um sabotador esperto que prefere o anonimato e as dificuldades a vender barato nossa amante fiel de toda uma vida. Se não der pra estar próximo a uma Mona Lisa ou uma Capela Sistina, uma Divina comédia ou mesmo um ótimo romance do Saramago ou um poema do Pessoa, que nossa musa não vire consumo fácil do tipo imã de geladeira, a meu ver, o melhor ícone de nossos dias! Um grande abraço. Angela Schonoor, Niterói-RJ – set2005

11- podis crer… Fábio Morais, Rio de Janeiro-RJ – set2005

12- Putz, Ricardo, Sensacional. Tu é foda … Parabéns. Um grande abraço. Alvin, Fortaleza-CE – set2005

13- Excelente texto, sêo Ricardo! :D*. Susana Motta, Leiria-Portugal – set2005

14- É isso aí, Rika!!! Vc disse tudo; exatamente o que eu acho e a maioria ds pessoas sensíveis, artistas acham tbm. Quando existe mesmo a arte dentro de nós, quando a sentimos forte e latente , ela flui naturalmente, mesmo sem sabermos do seu retorno financeiro e profissional. Quando ela está enraizada dentro de nós, ela precisa sair de qualquer maneira e a nossa alma e a das pessoas ao nosso redor, agradecem. Anabela Alcântara Pinto, Fortaleza-CE – set2005

15- Ainda bem meu amigo (acho que já o posso chamar assim), que você não desistiu dos seus Sonhos, seguiu em frente e continua a escrever essas coisas tão bonitas, com tanta sensibilidade, que sempre nos toca fundo a alma. Um grande abraço, Heloisa Pontes, Fortaleza-CE – set2005

16- Ricardo, me sinto parte dessa crônica! Bj. Luciana P Martins, Rio de Janeiro-RJ – set2005

17- E aí, Ricardo? Não vi o filme, confesso que motivado por meu preconceito contra os sertanejos midiáticos, que passam o domingo a gemer nos Faustões e Gugus da vida. Pra minha surpresa, chega minha mulher, uma fã da boa música brasileira (leia-se Chico, Gil, Belchior) e alguma afinidade com o rock e o pop (Led, U2, santana, Sting, Phil Collins) e diz que viu e adorou. Você pode imaginar o quanto me senti duplamente traído, primeiro por ter ela ido ao cinema sem me consultar – ô cabra macho! – e segundo pela imperdoável escolha musical. Como todo corno que se preza, me conformei depois de alguns beijinhos e argumentos tais como: “a história é muito bonita…”, “os atores estão muito bem..;” etc. Mas o que interessa mesmo é essa sua bela visão do que seja o sucesso ou o fracasso, que transporto tanto para artistas quanto para o ser humano em geral. Há aqueles que procuram o sucesso a qualquer custo, e essas poucas linhas somente me permitem destacar duas categorias, mas há certamente muitas outras: aqueles sem nenhum talento e muito menos visão do processo a que se entregam ou participam, e que são pinçados por esta ou aquela gravadora, esta ou aquela empresa, este ou aquele partido ou grupo político como produto de uso e consumo, ou aqueles que têm talento, acreditam no que fazem e mesmo assim se deixam usar ou corromper por aquelas mesmas entidades e patrões. Tanto estes quanto aqueles, passarão pela vida, percebendo ao fim que por terem escolhido tal caminho, que não necessariamente é o mais fácil, ao perderem aquilo pelo que se venderam, como você mesmo disse, restará apenas o rancor de se sentirem abandonados, ou a cruel amargura de perceber o tempo perdido. Aos grandes homens, em todas as áreas, que não se venderam, não cederam ao apelo fácil de dizer sim a tudo e a todos, como você bem disse, não há fracasso. Poder caminhar a cada dia, construindo os seus sonhos e o dos outros, mesmo que estes nem saibam, nem agradeçam, é paga mais do que suficiente. Por isso meu camarada, sem pieguice nem baitolagem, como nos nossos tempos de menino, vai aí o meu quase inaudível aplauso a você mesmo, que me parece ter descoberto esse caminho da felicidade, de viver fazendo arte, vendo longe sem deixar de olhar pra dentro de si mesmo, ou melhor ainda; sem deixar de olhar pros próprios pés e dar valor a coisas simples como andar na areia e molhá-los na Praia de Iracema, Ipanema, no Leme ou Pontal… Um abraço. Paulo Marcelo, Brasília-DF – set2005

18- Adorei! Bom dia. Qdo vc aparece? Bj. Liége Xavier, Fortaleza-CE – set2005

19- Boa tarde! Olá Ricardo. Gostei de sua crônica, mas sabe o que acontece nós passamos pela vida com uma missão de aprender e ensinar. Sou uma apaixonada por arte, ela me faz sorrir e ser feliz. Gostei dessa frase: ” Porque a arte, por si só, é a eterna celebração da vida.”(Ricardo Kelmer) A diferença entre os que conquistam o sonho e os que ficam pelo caminho é a prova da existência de cada um. Devemos saber utilizar dos recursos conquistados para ajudar a humanidade, só assim a evolução acontece. Cacilda Luna, Fortaleza-CE – set2005

20- Ricardo, Eu ainda não assisti a este filme, talvez nem o vá, pois sei que como vc e todos os que assistiram, vou chorar, mas pensei tbem como vc, o que foram feitos dos outros “filhos de Chico” do mundo afora que nem sequer tiveram chance de sua expressão, com isso não quero desmerecer o poder de conquista destes dois irmãos, é que o mundo é muito estranho mesmo, por vezes carrasco. Mesmo assim a despeito de qualquer tristeza, dores ou eventuais problemas, eu continuo acreditando no amor e espero e desejo que você e todos os que sofrem diante de certas injustiças também continue a acreditar, porque basta que desejemos o amor… e haverá amor! Um abraço. Sandra A Dehn, Cuiabá-MS – set2005

21- Ô texto bom de se ler, bichorréi lindo!!! Como é gostoso seu jeito de pensar pra nós!!! Deus continue a te iluminar, que as musas te inspirem… Para que mais gente saiba que o que nos faz vivos…É O AMOOOOORRR!!!! Bjos. Karla Karenina, Fortaleza-CE – set2005

22- Parabéns, fazer arte não é para qualquer um. mas fazer boa arte é para poucos. Mesmo assim não desisto de fazer as minhas, como vc o faz. Dom não se compra na esquina, nasce com agente; somos abençoados pela vida. Beijos. Paula Rabelo, Rio de Janeiro-RJ – set2005

23- Valeu Ricardo, mais uma vez vc foi dez na sua forma de expressar seu pensamento, que na realidade compartilha com milhões de artistas que também tiveram que percorrer árduos caminhos para chegar ao sucesso. Os outros Zés da vida talvez não tenham tido dinheiro suficiente para produzir um filme e contar suas mazelas. Bjinhos. Mariucha Madureira, Brasília-DF – set2005

24- É O AMOR. Gostei muito do filme e confesso que chorei… Chorei porque é uma bela historia de vida. Marcia Morozoff, Brasília-DF – set2005

25- Cara, essa foi do caralho!!! Um grande abraço. Sergio Nogueira, Fortaleza-CE – set2005

26- Oi Ricardo! Muito boa essa critica!! Eu confesso que näo fui asssisti ao filme que todas as pessoas que eu conheco foram, por puro preconceito! Nao gosto da dupla. Nao so pelo estilo musical, mas por saber que eles sao pessoas que adoram destratar os outros sempre que nao tem nenhuma camera por perto. A ultima que fiquei sabendo foi de uma colega de trabalho que foi a um show deles aqui em Fortaleza, na vaquejada de Itapebussu. Eles passaram pelo camarote onde minha colega estava e ela, coitada, toda tiete, querendo conversar, tirar foto, foi surpreendida pela falta de educacao do Luciano (educacao nao se compre ) que foi bastante grosseiro. Bem, mas esse nao e o mais importante. O que mais me revolta nesse filme e saber que varias sao as pessoas que lutam dignamente, diariamente, por uma vida melhor, por um sonho, e que nao sao e nunca serao reconhecidas. So falta eles ganharem o Oscar. Tantos filmes bons ja tivemos, mas logico, nenhum a altura deste que conta uma historia tao bonita. Historia que e so olhar para o lado que veremos tantas outras, tao perto, tao sofrida, mas que nao merecem ser contadas , nem lembradas, muito menos admiradas, porque sao historias comuns, de pessoas comuns. Acho uma pena darmos tanto valor a pessoas tao futeis! Ana Karolina Nascimento, Fortaleza-CE – out2005

27- sou conteporâneo seu do santo inácio e do cearense. Depois de morar no rio e em sp hoje moro em brasilia. Quando estava em férias na nossa cidade ouvi uma crônica sua sobre o filme os dois filhos de francisco, depois passei a acompanhar sua coluna no jornal o povo (confesso que é a única coisa que leio). A tempos estou para solicitar seus livros mas só hoje venci a preguiça. Cláudio Gondim B. Farias, Brasília-DF – jan2007

28- Li várias crônicas ontem, mas, a que me fez ficar daquele jeito, foi: É o amor. Achei de uma beleza sem igual. Define muito bem a dureza que é a vida de um “artista”. Parabéns! Cada crônica tem um segredo escondido, até mesmo naquelas mais engraçadas! Acho que essa coragem que você tem de arriscar, mesmo com medo, você vai em frente e enfrenta os leões ferozes que aparecem e ainda consegue vencê-los. É essa coragem de ser você mesmo que encanta todos os que convivem com você e faz de você uma pessoa mais que especial! Obrigada pelas lágrimas de hoje! Obrigada por nos colocar em contato com o nosso eu mais profundo! E muito obrigada por não deixar a gente esquecer que esse mundo não é só matéria. Existe algo além disso… E é sobre isso que você sabe escrever muito bem! Um cheiro bem grande!!!! Vânia Vieira, Fortaleza-CE – jun2007

29- Ricardo Kelmer Do Fim Dos Tempos ! vc conseguiu! emocionada! em extase! sem comentários para não perder a sençãção intraduzível do momento!UAU! Anosha Prema, Campinas-SP – ago2013

30- Puxa primo, você consegue colocar em palavras a realidade da vida por nós sentida com muita naturalidade e atentar para coisas imperceptível para muitos. Vânia Dias, Fortaleza-CE – ago2013

31- Grande Ricardo Kelmer Do Fim Dos Tempos ! Seu texto está no ponto, maravilhoso e completamente real ! Abração forte! Erico Baymma, Fortaleza-CE – ago2013

32- Ricardo Kelmer Do Fim Dos Tempos, grande texto em que eu concordo com cada palavra! Diego José, Fortaleza-CE – ago2013

33- Eu concordo com voce, mas se pensarmos direitinho, isso acontece em todas as areas, por exemplo, a gente tira pelos concursos publicos, pra juiz por exemplo… o cara estuda a vida toda, o salario é maravilhoso, pode mudar totalmente a vida, mas sao milhares de candidatos, e apensa algumas dezenas de vagas… Nem todos passam. Bruna Barros, Campina Grande-PB – ago2013

34- Ricardo Kelmer gostei muito desse filme! Vale à pena ver esta análise:http://www.cartacapital.com.br/…/view. Shirlene Holanda, São Paulo-SP – nov2013

35- Texto sensacional!!!Como é bom ler suas escritas…. Bjks. Carla Falcão Bouth, São Paulo-SP – nov2013

36- Lindo texto !!! Tanto quanto vc !!! Joyce Lôbo, Brasília-DF – nov2013

Bom ver você assim, entusiasmado. Quem já passou por essa vida e não viveu, pode ser mais, mas sabe menos que você….

A cruz da paixão

12/07/2013

12jul2013

O crescimento só virá se o ego se entregar ao sacrifício da paixão, mandando Judas fazer logo a sua parte e aceitando o sofrimento inerente ao processo

ACruzDaPaixao-01

A CRUZ DA PAIXÃO

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Os religiosos costumam ver os mitos de sua religião como fatos históricos, que realmente aconteceram. Limitar a compreensão a essa mera questão diminui a beleza do mito e esconde a essência metafórica da história. Mitos são metáforas, e uma metáfora não é uma mentira, mas um outro modo de expressar a realidade. Ao insistir na questão factual e desprezar o simbolismo da narrativa, o crente se afasta da verdade psicológica contida no mito e perde a chance de aplicá-la em sua vida.

Talvez Jesus Cristo, historicamente, não tenha existido e sua vida seja, na verdade, uma mistura de relatos posteriormente agrupados. Porém, o mito Jesus Cristo é rico de simbolismo e nele há profundas verdades psicológicas que podem ser úteis a crentes e não crentes. Uma delas diz respeito à cruz, que é o símbolo maior da mitologia cristã. No filme A Paixão de Cristo, do diretor Mel Gibson, há uma cena representativa da força desse símbolo: é o momento em que Jesus é apresentado à cruz onde será pregado. Exausto pela tortura, o corpo uma chaga só, ele vê o madeiro e, curiosamente, ajoelha-se e o abraça em meio a uma súbita crise de choro. Enquanto alguém zomba do ato aparentemente despropositado, ele mantém-se abraçado à cruz, acariciando-a e chorando feito criança.

Mas que insano… Por que ele abraça a cruz onde morrerá? Porque simplesmente não lhe resta outra coisa a qual se agarrar. Jesus foi traído por seus discípulos, seu próprio povo o condenou, seus amigos se escondem, sua família não pode ajudá-lo e seu Pai Celestial não afastou dele o terrível cálice. Nenhuma ajuda ele pode esperar. Em que se agarrar num desamparo desses? Ao destino. Sim, porque por paradoxal que pareça, o destino é a única coisa certa. Por isso Jesus se agarra à cruz, o símbolo mor de sua missão. É um ensinamento difícil de assimilar, pois é natural fugir do sofrimento, mas é preciso confiar nas forças da vida e do crescimento psíquico, por mais que as dores se anunciem no horizonte do que nos espera. O sofrimento de Jesus ensina a quem quiser aprender: no momento de maior abandono, em que tudo parece perdido, é preciso abraçar a cruz e aceitar o que nos aguarda. Este é o único modo possível de não afundar em desespero antes de cumprir o que deve ser feito.

Só há vida se houver morte. E não há morte sem dor. Para alcançar novos níveis de percepção e relacionamento com a vida, o ego tem de atravessar o fogo da transformação. Ele sempre resistirá até onde puder, afinal morrer não é fácil, mas há um momento em que o crescimento só virá se o ego se entregar ao sacrifício da paixão, mandando Judas fazer logo a sua parte e aceitando o sofrimento inerente ao processo. É assim que transmutamos o que nos aterroriza naquilo que nos salvará. De outra forma, viveremos num exílio psíquico, fugindo do que verdadeiramente somos.

Os crentes não deveriam se preocupar com a possibilidade de Jesus não ter existido historicamente, pois isso em nada desmerece o mito. O sagrado e o numinoso não residem na factualidade das histórias religiosas, mas nos símbolos que elas guardam. O que importa é que o Cristo mitológico vence o desamparo toda vez que alguém abraça com firmeza seu destino. O que realmente vale é que o mistério de sua paixão se renova toda vez que alguém morre para um velho e limitado eu e ressuscita psicologicamente na vida nova.

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Ricardo Kelmer 2004 – blogdokelmer.com

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Este texto integra o livro Blues da Vida Crônica

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MATRIX, PSICOLOGIA E MITOLOGIA NO LIVRO:

Matrix2012Capa14x21aMatrix e o Despertar do Herói
A jornada mítica de autorrealização em Matrix e em nossas vidas

Analisando o filme Matrix pela ótica da mitologia e da psicologia do inconsciente e usando uma linguagem simples e descontraída, RK compara a aventura de Neo ao processo de autorrealização que todos vivem em suas próprias vidas.

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Comentarios01COMENTÁRIOS
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01- Fantástico meu irmão….Deixar morrer o ego e ressucitar no seu verdadeiro destino…..Agarrar-se a sua missão…..Adorei seu texto…… Jacques Josir, Santo André-SP – jul2013

02- Eu amei demais esse artigo. Porque as pessoas querem explicar mesmo tudo. Se existe, se não existe, se deve acreditar, se não deve… E há tantas possibilidades a partir desses simbolos. Rainha Frágil, Fortaleza-CE – jul2013

03- Tudo a ver, Ricardo Kelmer Do Fim Dos Tempos e que lindo texto: ADOREI! Cristina Balieiro, São Paulo-SP – jul2013

04- Oi,amigo Ricardo! Interessante mesmo o trecho.Muitos se perdem pelo caminho sabendo que se perdem.O homem desde sempre,Ricardo,contou histórias para justificar algo…e eis o mito.E dessa necessidade surgiu a hagiografia para sustentar a função religiosa e não a beleza da fé por si só.E fez um belo estrago…rs.Eu já li alguns livros do Jiddu Krishnamurti e você me recordou umas palavras dele. Fateha Liza, Dourados-MS – jul2013

05- Ótimos textos, Ricardo Kelmer! Ana Velasquez, Corumbá-MS – abr2015

06- Excelente texto Entendo e sinto a Vida dessa maneira, inclusive os mitos, deuses e demônios, que criamos. Dorah Andrade, São Paulo-SP – abr2015

07- É bom ver você em plena forma!… Waldemar Falcão, Rio de Janeiro-RJ – abr2015

08- Amei ler esse texto claro e sincero agora. Ser senhor do seu destino é uma leitura fantástica do mito Jesus. Jane Arruda de Siqueira, São Paulo-SP – abr2015

09- Meu querido, BELÍSSIMO!! E chega até mim numa hora tão necessária que você nem imagina. Terá sido porque Deus mandou você me dizer isso? Ou por acaso? Não, não falemos nem em Deus nem em acaso, mas, permanecendo nos domínios junguianos que tanto nos inspiram, digamos que foi mais um momento de encantadora sincronicidade. Inclusive, um beijo no seu coração, meu brother! Rógeres Bessoni, Recife-PE – abr2015

10- Grandioso texto, Ricardo Kelmer! Giba C. Carvalho, Recife-PE – abr2015

11- Belo texto, Ricardo. E bota belo nisso! Obrigado por esta dádiva de Páscoa! Pedro Camargo, Rio de Janeiro-RJ – abr2015

12- Belíssimo texto, Ricardo. Se me permite acrescentar, acrescento, com muito menos elegância, que o problema todo está na covardia e desonestidade das pessoas. A grande maioria não está interessada no *trabalho* de aperfeiçoamento moral, mental ou espiritual. A maioria só quer fazer parte de algum clube, bando ou coletivo que lhe dê razão e proteção contra inimigos e adversidades. A grande maioria só quer mesmo fazer média com Deus, porque acha que assim será protegida. Animais são mais fortes em bando, logo todos têm que aderir a alguma religião, filosofia, ideologia, partido, time de futebol, escola de samba, ter parente na polícia, parente advogado, conhecidos em Brasília, amigo na favela e diversos outros esquemas de se garantir pela força de um coletivo, um bando, uma máfia. (As pessoas defendem seus coletivos com unhas e dentes porque assim defendem, em última instância, uma ferramenta da sua própria segurança e bem-estar. Nada mais egoísta que o coletivismo.) Tá cheio de “cristão” que nem sonha em amar o próximo, mas faz sinal da cruz quando passa na frente da igreja, que é pra puxar o saco do Patrão mesmo. E vivem pedindo coisas. Putzgrila, como essa gente pede!

Toda essa lógica fica mais evidente no Brasil, onde as pessoas são católicas e devotas de algum santo *protetor*, mas também são filhas de algum orixá, fazem despacho, descarrego, vão a centro kardecista tomar passe, andam com amuletos pendurados no corpo e tratam muito bem a benzedeira do bairro, tudo isso e muito mais, que é pra garantir. Mané fé coisa nenhuma, é medo da vida mesmo. Sempre digo: a grande maioria de quem se considera religioso é apenas supersticioso.

Concluindo: as pessoas se prendem à interpretação factual porque, sem ela, sua proteção fica desmoralizada. Sem a autoridade dos fatos, resta apenas o ensinamento. A ilusão da proteção se esfarela, e o devoto de uma figa se vê diante do que mais teme: estar só e ser responsável pelo próprio destino. Namastê, anauê, katinguelê e Salve Jorge pra você. Luc Lic, São Paulo-SP – abr2015

12- Texto cheio de sabedoria e beleza, Ricardo. Obrigado. Mas acho que vc é ateu só na religião. Não no Espírito… Abr e ótima Páscoa. Luis Pellegrini, São Paulo-SP – abr2015

13- Luis Pellegrini, Waldemar, eu acho que Kelmer é ateu não praticante! Hahahaha Abraços a todos e excelente Páscoa. Rógeres Bessoni, Recife-PE – abr2015

14- Perfeito Ricardo Kelmer. Texto muito, muito bom. Iris Medeiros, Campina Grande-PB – abr2015

15- Profundo Ricardo Kelmer, qdo nos agarramos a nossa cruz ela deixa de ser um sofrimento! Numa sociedade q proclama apenas a ” felicidade sempre” é preciso rever a questao da cruz. Talvez tivessemos menos depressoes e outros males da alma! Michele SJ, Fortaleza-CE – abr2015

16- Brilhante Abordagem!! Marcelo Figueiredo, Rio de Janeiro-RJ – abr2015

17- Muito louvável o que se tenta passar. E, com a licença de um comentário meu, e não tendo de longe entendido mal, é sempre bom relembrar que é justamente paralelo a este medo onde trabalham as trevas, negando a simbologia, antes do ser (tanto de Jesus como nossa). Tanto que o que existe, no que se refere a Jesus, é justamente o contrário: correntes materialistas tentando provar a existência de um Jesus histórico mas terreno, para negar o Jesus “Cósmico”. Tendo o cuidado, como no trecho “não deveriam se preocupar com a possibilidade de Jesus não ter existido historicamente” é um bom texto para entender um pouco a questão de como Jesus, existindo como ser unigenito, desceu a terra para, junto a nós, dar esse exemplo único da lição do crescimento. O texto tenta explicar, com muito esplendor, que não é no nosso “ser” (estático) e sim no nosso “estar sendo”, na dinamica ser-dor-redescoberta-crescer-ser, que nós existimos. Quando a humanidade descobrir isso, muitos dos dramas e artificialismos emocionais deixarão de existir. Todos nós torcemos para que isso aconteça. Muito legal! Valeu ! Ney José, Recife-PE – abr2015

18- Muito bom o texto, é auto-explicativo, quando induz o leitor a uma refkexão do seu existir como simbolo metafórico de si mesmo, afinal o mito Jesus Cristo está inserido no inconsciente coletivo da humanidade ao percebermos que nós precisamos de mitos para suplantar os nossos medos existenciais e nisso o simbolo da cruz quando verdadeiramente compreendido nos leva ao patamar da nossa redenção espiritual nessa jornada cósmica. Texto para ser lido e relido, vou compartilhar o mesmo. Francisco Souza Bonifacio, Recife-PE – abr2015

19- Como seria importante que todos pudessem compreender. Obrgada Giba C. Carvalho por esse belo presente. Elizabeth Costa Carvalho Andrade, Recife-PE – abr2015

20- muito bom gostei mesmo do seu domínio com as palavras do seu pensar! pena que não podemos mais criar outro mito como esse que mudou ate o calendário o tempo contado da nova história criado por esse mito! gostaria de usar minha consciência para uma nova história agregada a tecnologia e que não fosse uma tragedia como a de cristo que convenceu a humanidade que na dor seremos salvos! o destino que temos que nos agarrar! obrigado amigo gostei de ler! Luis Carlos Pedrosa, Fortaleza-CE – abr2018

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A Matrix em cada um de nós

20/05/2013

20mai2013

Em busca da realização mais íntima (tornar-se o Predestinado), o ego deve empreender uma longa jornada de autoconhecimento onde não faltarão medos e conflitos para fazê-lo desistir

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A MATRIX EM CADA UM DE NÓS

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Em termos psicológicos, a aventura de Neo, o herói do filme Matrix, é uma reedição moderna da antiga jornada humana rumo à autorrealização, ou seja, à realização do si-mesmo, o mais importante dos arquétipos, aquilo que há de mais profundo e verdadeiro em nós. Autorrealizar-se significa desenvolver o potencial adormecido e nos tornarmos quem somos destinados a ser, porque é isso o que sempre fomos: a semente que já traz em si a árvore futura. Para isso, porém, a pessoa deve primeiro despertar, diferenciar-se da mentalidade comum da massa e conhecer quem de fato é ‒ uma grande aventura da vida inteira.

No primeiro filme mora a essência da história, e ela é uma metáfora da luta cotidiana de cada um de nós para nos realizarmos. O personagem principal é Neo, que, psicologicamente, representa o ego, centro da consciência, o arquétipo do eu. Em busca da realização mais íntima (tornar-se o Predestinado), o ego deve empreender uma longa jornada de autoconhecimento onde não faltarão medos e conflitos para fazê-lo desistir.

Mas o ego não está só na jornada. Na verdade, ele é apenas o gerente da psique, administrando os vários aspectos pelos quais ela é formada e que fazem o “eu maior”. Esses aspectos, por viverem no escuro do inconsciente (fora da percepção do ego), agem influenciando as ideias e atitudes, para o bem ou para o mal. Por isso, para autorrealizar-se a pessoa terá de reconhecer e lidar muito bem com eles. Os personagens principais de Matrix representam esses aspectos.

Morfeu é o incentivador, o componente yang da psique, que é associado ao masculino. Ele tem força, acredita e realiza. É a parte do eu que não se cansa de lutar pelos nossos sonhos, por mais loucos que pareçam, e é capaz de mover o mundo para torná-los reais. Quando tudo parece perdido é essa parte que permanece alerta, impulsiona e nos faz crer em nosso potencial.

Cypher é o traidor interno. Representa o componente sabotador do processo de crescimento psíquico. É a força retrógrada do eu total que sente falta do tempo em que tínhamos menos autoconsciência e, exatamente por isso, menos responsabilidades. Cypher está no poder quando desistimos de lutar e achamos mais cômodo permanecer onde estamos ou, se possível, regressar a um estágio anterior, menos comprometido com mudanças pessoais e novas verdades. Cypher tem medo de arriscar o novo e prefere a segurança do velho, o que provoca estagnação e crise. Ironicamente, o ego precisa desse perigoso aspecto para ser testado.

Trinity é o aspecto yin da psique, que é associado ao feminino, e representa o sentimento, a paciência e o cuidado. Ela é a porta para a dimensão do amor, imprescindível para que o ser se complete. A experiência dramática do amor, com todas as suas facetas, pode impulsionar o ego rumo a níveis avançados de autoconhecimento e autoaceitação. Mas o amor não poderá fazer tudo sozinho: é preciso assumi-lo e cuidar dele no dia a dia, fato que a maioria dos homens, ao contrário das mulheres, demora a assimilar. Trinity aceita seus sentimentos no fim, e é isso que ressuscita Neo, trazendo-a de volta à vida mais forte e capaz.

O Oráculo soa como contrassenso na história: num mundo supertecnológico, onde a ciência atingiu seu apogeu e tudo depende de máquinas e programas, que importância teria uma senhora vidente, cheia de mistérios e ditando profecias? O Oráculo é a dimensão do sagrado em nossas vidas, o arquétipo do divino, o numinoso, algo pelo que nutrimos sentimentos de profunda fé e respeito. Pode ser uma religião formal, uma antiga tradição espiritual ou uma crença religiosa particular. Pode ser uma conexão intuitiva com a natureza, com o cosmos ou a humanidade. Pode ser a arte, e até mesmo a própria vida. Mas sempre será algo diante do qual nos tornamos reverentes, justamente por ser muito mais antigo e maior que nós. O sagrado é obscuro, misterioso, arredio ao intelecto, e jamais o definiremos com exatidões científicas – mas sem ele ficamos à deriva no grande caos da existência. Que seria dos resistentes de Matrix sem a fé no Oráculo?

Há ainda os agentes, sempre buscando eliminar os que se diferenciam. São representantes da própria sociedade, que age como boiada para melhor se organizar e se proteger, pois para ela é melhor que todos ajam e pensem de forma igual. A estratégia é natural e eficiente para a sobrevivência da espécie, sim, mas tem um alto custo: a anulação do indivíduo e a negação de sua singularidade. A maioria dos que tentam se diferenciar é dissuadida pela força da cultura ou por seu próprio sabotador interno e, com medo, volta à segurança da massa.

Mas alguns não desistem e, apesar das dificuldades externas e dos conflitos internos, prosseguem em sua transformação pessoal rumo ao si-mesmo, à realização de sua potencialidade. São esses os predestinados que, com seu exemplo, incentivam outros a fazerem o mesmo. Assim como Neo, aquele que se autorrealiza provoca a sociedade do melhor modo possível, forçando-a a reavaliar suas regras e transformando-a.

Tudo, porém, tem início com o despertar, aquele toc-toc-toc na porta da consciência: acorde!

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Ricardo Kelmer 2003 – blogdokelmer.com

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> Este texto integra o livro Blues da Vida Crônica

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SOBRE O FILME

MatrixDVDCapa-1Matrix (The Matrix, EUA, 1999)

ARGUMENTO, ROTEIRO E DIREÇÃO: Lilly e Lana Wachowski
ELENCO: Keanu Reaves, Lawrence Fishburne, Carrie-Anne Moss, Hugo Weaving

No futuro, a humanidade é prisioneira de sua própria criação, a Inteligência Artificial, que criou a Matrix, uma realidade virtual onde foram inseridos todos os seres humanos para que eles não oponham resistência ao poder das máquinas. Todos não, pois um grupo de rebeldes mantém-se fora dessa realidade e luta para libertar o restante da humanidade. Eles creem na profecia do Oráculo que diz que um Predestinado um dia virá para vencer as poderosas máquinas e salvar a todos. Para eles, Neo, um jovem que vive na Matrix, é o Predestinado. Neo de fato desconfia que há algo errado com a realidade mas não pode aceitar que ele seja o tão aguardado salvador.

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MATRIX, PSICOLOGIA E MITOLOGIA NO LIVRO:

Matrix2012Capa14x21aMatrix e o Despertar do Herói
A jornada mítica de autorrealização em Matrix e em nossas vidas

Analisando o filme Matrix pela ótica da mitologia e da psicologia do inconsciente, e usando uma linguagem simples e descontraída, RK compara a aventura de Neo ao processo de autorrealização que todos vivem em suas próprias vidas.

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LEIA TAMBÉM NESTE BLOG

Blade Runner: Deuses, humanos e androides na berlinda – Como todo ser, o criador busca sempre transcender a sua própria condição, e é criando que ele faz isso

A ilha – Uma fábula sobre o autoconhecimento

Cine Kelmer apresenta – Dicas de filmes

Mulheres na jornada do herói – É ainda mais interessante ver o relato das mulheres, pois elas sempre foram, mais que os homens, historicamente reprimidas na busca pela essência mais legítima de suas vidas

Seguir a boiada ou as próprias convicções? – Podemos, cada um de nós, começar a agir de acordo com as nossas próprias verdades, aquelas que nos fazem sentir mais vivos, úteis e autênticos

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Comentarios01COMENTÁRIOS
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01- Profundo hein Ricardo Kelmer! Amo tudo o que fala do “Si Mesmo”, deste mundo grandioso de possibilidades que levamos dentro de nós mesmo, mas que muitos não acreditam ter ou ser. Também acredito que somos essa “a semente que já traz em si a árvore futura”. Renata Kelly, Fortaleza-CE – mai2013

02- Me lembrei agora de Por uma cultura de paz!!! Kathia Albuquerque, Fortaleza-CE – mai2013

03- Toc-Toc-Toc… Robert Pereira, Salvador-BA – mai2013

04- Excelente artigo. Exercer o eu é poder, liberdade, transformação e unidade. Sorrisos de êxtase lendo o texto. Nayanna Freitas, Fortaleza-CE – mai2013


As encarnações da liberdade e da opressão

24/01/2013

24jan2013

No drama da existência humana liberdade e opressão sempre duelarão, e o que decidimos agora reforçará a um ou a outro lado no futuro

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AS ENCARNAÇÕES DA LIBERDADE E DA OPRESSÃO

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Todas as vidas, de todos os tempos, estão interconectadas. Esta é a mensagem básica do filme A Viagem (Cloud Atlas, baseado no livro Cloud Atlas Sextet, de David Mitchell), dos diretores Lilly Wachowski, Lana Wachowski e Tom Tykwer. As seis histórias que ele conta, passadas em épocas e lugares diferentes, ligam-se entre si pelas decisões individuais dos personagens que, sem saber, provocam drásticas mudanças nas vidas futuras e na própria história da Humanidade. O fato dos atores viverem vários personagens sugere que, de algum modo, somos todos os que nos antecederam e nos antecederão. Instigante, né?

Uma a uma, as histórias são contadas, alternando-se e entrelaçando-se: a escravidão de negros no século 19, o amor proibido de dois homens, o descaso da lógica capitalista pela vida humana, o cruel confinamento de idosos, a mecanização da existência numa sociedade totalitária e a prisão da mente às crenças religiosas, e em todas as histórias as pessoas lutam para libertar-se e libertar a sociedade de forças opressoras. O filme mostra que garantia de final feliz não há, pois os sistemas sociais são fortes e quem luta contra eles geralmente termina mal – mas mostra também que no drama da existência humana liberdade e opressão sempre duelarão, e o que decidimos agora reforçará a um ou a outro lado no futuro.

Desse tema da interconexão das vidas em diferentes épocas eu, particularmente, sou bem íntimo, pois gira exatamente sobre isso a trama de meu romance O Irresistível Charme da Insanidade. Em meu livro, porém, as vidas se cruzam por meio da sensação de déjà-vu, e passado e futuro influenciam-se mutuamente, numa lógica não linear do tempo. É uma metafísica difícil de conceber, eu sei, mas desconfio que logo os avanços tecnológicos nos trarão boas surpresas sobre a natureza do espaço-tempo e sobre a noção de eu. Em A Viagem, as conexões entre as vidas estão dentro da concepção comum do tempo linear, sim, mas elas também sugerem algo nesse sentido.

As irmãs Lilly e Lana Wachowski (antes, Andy e Larry) já mostraram, como diretoras, roteiristas e produtoras, que usam o cinema para nos fazer pensar criticamente sobre o mundo em que vivemos. Em Matrix e V de Vingança, há a luta incessante pela liberdade e pelo direito de todos sabermos a verdade. Agora, com A Viagem, ao mostrar as sutis conexões entre todas as vidas, elas nos incentivam a prosseguir na luta por liberdade e verdade, para que nossos esforços sejam captados no futuro pelos que lutam pela mesma causa.

Em um mundo onde as grandes corporações, que só visam ao lucro, têm mais força que os governos e estes precisam do apoio daquelas, o que pode o cidadão comum contra essa junção de poderes que vê nele apenas um eleitor ou um consumidor? Bem, pode votar mais consciente, protestar e lutar por mais transparência nas informações, democracia e respeito aos direitos humanos. Pode lutar contra o consumo exagerado e os preconceitos. Pode, e deve, fazer sua parte. Porém…

Um futuro melhor para a Humanidade e o planeta não é garantido, mesmo que você faça a sua parte, pois há outras forças envolvidas. Em A Viagem, foram em vão todos os esforços, já que a ganância destruiu a Terra? Vale mesmo a pena lutar por coisas como liberdade e verdade? Ou é mais vantajoso seguir a lei que diz que o fraco é a carne que o forte come?

Minha resposta para essas perguntas é a cena inicial do filme: se as histórias continuam a ser contadas, é porque a luta ainda não acabou.

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Ricardo Kelmer 2013 – blogdokelmer.com

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FILMEAViagem-1A VIAGEM

Cloud Atlas, EUA/ALE/Hong Kong/Cingapura, 2012
Direção: Andy Wachowski, Tom Tykwer, Lana Wachowski
Roteiro: Tom Tykwer, Andy Wachowski, Lana Wachowski
Elenco: Tom Hanks, Halle Berry, Hugo Weaving, Jim Sturgess, Susan Sarandon, Hugh Grant, Ben Whishaw, Keith David, Jim Broadbent, James D’Arcy, Doona Bae
Produção: Stefan Arndt, Grant Hill, Tom Tykwer, Andy Wachowski, Lana Wachowski
Fotografia: Frank Griebe, John Toll
Trilha Sonora: Reinhold Heil, Johnny Klimek, Tom Tykwer
Duração: 172 min
Distribuidora: Imagem Filmes
Estúdio: Anarchos Productions / Media Asia Films / X-Filme Creative Pool / Asacine Produções / Five Drops / A Company Filmproduktionsgesellschaft

Treiler do filme

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LEIA NESTE BLOG

Jung – a jornada do autodescobrimento – Vídeo com um resumo da vida e das ideias de Carl Jung, o psicólogo e pensador suíço criador da teoria do inconsciente coletivo

Livros: He, She, We – Os rios de nossas vidas correm, na verdade, por leitos muito, muito antigos – os mesmos leitos que outras águas, ou outras pessoas, também percorreram

Mulheres na jornada do herói – As mulheres sempre foram, mais que os homens, historicamente reprimidas na busca pela essência mais legítima de suas vidas

A ilha – Uma fábula sobre o autoconhecimento

Mariana quer noivar – Você abdicaria das relações amorosas em sua vida em troca de dinheiro ou sucesso na carreira?

Carma de mãe para filha – Os filhos sempre pagam caro pelos pais que não se realizam em suas vidas

A Humanidade, o psicólogo e a esperança – Os acontecimentos mostram que a Humanidade está se unificando, unindo seus opostos

Wikileaks e o nascimento da cidadania global – Quanto mais as pessoas se conectam à internet, mais elas se entendem como participantes ativos dos destinos do mundo e não apenas de seu país

Cine Kelmer apresenta – Dicas de filmes

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DICA DE LIVRO

ICI2011Capa-01dO Irresistível Charme da Insanidade
Ricardo Kelmer, romance

Nos séculos 16 e 21, dois casais vivem duas ardentes e misteriosas histórias de amor. Ou será o mesmo casal?

Um músico obcecado pelo controle da vida. Uma viajante taoísta em busca da reencarnação de seu mestre-amante do século 16. O amor que desafia a lógica do tempo e descortina as mais loucas possibilidades do ser.

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01- acho que os irmãos Wachowski são bons candidatos a dirigir o filme do Insanidade. Wanessa Bentowski, Fortaleza-CE – jan2013

02- bom cometário Ricardo, como dizia Platão discipulo de Socrates que o sucesso terreno (homicidas, tiranos,libertinos,…) e o insucesso terreno (Socrátes, atribuido a sua morte) não podem representar critérios de mensurabilidade do caráter de um homem (se justo ou se injusto) . No reino das aparências (mundo terreno, sensível) o que parece ser justo, em verdade, não o é, e o que parece ser injusto, em verdade, não o é.( Eduardo Bittar, professor da USP). Luis Carlos Linhares, Fortaleza-CE – jan2013



As Preciosas do Kelmer – out2012

26/10/2012

Ricardo Kelmer 2012

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Criei uma revistinha no Facebook. Ela se chama As Preciosas do Kelmer e é feita de dicas e comentários sobre variados assuntos. A periodicidade é mensal, funciona por meio de uma única postagem que abasteço com subpostagens e os leitores podem comentar a qualquer momento e até sugerir assuntos. Por seu caráter dinâmico e interativo e por construir-se a cada dia, eu diria que é uma revista orgânica. A capa da revista é a própria imagem da postagem, que sempre trará imagens femininas.

Meu objetivo com As Preciosas é dar vazão à minha necessidade de comentar fatos do cotidiano. Pra mim o Facebook é ideal pra isso. Aqui no blog postarei a edição do mês e a atualizarei a partir das atualizações no Facebook, sempre com imagens. Espero que você goste.

> No Facebook

> No Blog do Kelmer

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AS PRECIOSAS DO KELMER
Dicas e pitacos para o mês – Edição 1, out2012

LEILÃO DE VIRGINDADE – Quanto vale ser o primeiro homem de uma garota do interior?

PASSA O BRAU, TED – Você daria pro seu filho um ursinho de pelúcia maconheiro?

A VOZ DO BAIXO – Gravação do CD de Vanessa Moreno e Felipe Maróstica começa na internet

SAGRADO DIREITO DE BLASFEMAR – O direito à livre expressão e os privilégios da religião

FALE MAIS SOBRE ISSO – Série Sessão de Terapia estreia no GNT

NO MEU CORPO MANDO EU – Uruguai reconhece o direito básico da mulher ao aborto

POLIGAMIA E MONOTONIA – Entrevista com Regina Navarro Lins sobre relacionamentos, sexo e amor

APOCALIPSE PRA VENDER LIVRO – Tem escritor que não respeita nem o fim do mundo

IMAGEM DA CAPA: Cena de L´Apollinide, filme de Bertrand Bonello (2011)

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LEILÃO DE VIRGINDADE
Quanto vale ser o primeiro homem de uma garota do interior?

Catarina Miglorini tem 20 anos e decidiu leiloar sua virgindade. Sua experiência está sendo registrada por um cineasta e vai virar documentário. Se você tem interesse, poderá dar seu lance até 15out e a grande noite será em 25out, num avião em pleno voo. Relaxe: a transa não será filmada.

Cavalheirismo, orgasmos múltiplos e leilão de virgindade – vantagens que só a mulher tem.

> Catarinense leiloa virgindade e lances já chegam a mais de US$ 150 mil (g1.globo.com)

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CATARINA MIGLORINI FALA SOBRE O LEILÃO

“Sempre fui uma menina muito, muito romântica. Quando souberam, minhas amigas não acreditaram. O que eu posso te dizer agora é que o leilão, para mim, é um negócio. Mas não deixei de ser romântica de forma alguma. Acredito com todas as forças no amor. Nunca tive namorado. O meu primeiro beijo foi aos 17. Enquanto muitas meninas da minha idade tinham feito muitas coisas, não sabia o que era sexo. Hoje sei, tem os meios de comunicação, né?”

Taí uma menina de futuro, que sabe que sexo e amor são coisas bem diferentes.

> Catarinense de 20 anos leiloa virgindade pela internet – folha.uol.com.br

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QUEREMOS PERERECA

Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três. Leilão encerrado. Quem levou a virgindade da brasileira Catarina Miglorini (que na verdade se chama Ingrid) foi um japonês de 53 anos. Seu lance foi de U$ 780 mil, aproximadamente R$ 1,6 milhão. Uau. É muita grana por uma perereca à cabidela. Admito que pensei em participar do leilão. Minha oferta seria um caldo de cana e dois pastel na feirinha da Benedito Calixto. Não que a perereca da moça não valha muito – o caldo e o pastel da feirinha é que são muito bons, eu garanto. Diante da oferta do japa, tenho quase certeza que eu não teria chance.

Desculpa mas tô cheio de dúvida. Será que esse japa tem pau pequeno? Será que Catarina vai ficar contando 780 mil carneirinhos pra ajudar a passar o tempo? Pelo contrato, ela tem que rebolar ou vai ser no estilo “mortinha”?

Agora falando sério. O leilão da virgindade do rapaz russo também foi encerrada. O maior lance foi de U$ 3 mil, e ainda foi dado por um homem. Pô, dona Orestina, que desmoralização! Nós homens estamos mesmo muito desvalorizados. Até nisso as mulheres têm vantagem, como se já não bastasse o orgasmo múltiplo. E mais: elas podem reconstruir o hímen e assim vender a virgindade várias vezes, enquanto nós só temos uma virgindade, umazinha só. E muitos de nós ainda precisamos pagar pra tirá-la, que injustiça. Ser homem não é mole.

Tô revoltado. A evolução natural bem que podia ter nos dado também uma perereca. Bastava uma pererequinha discreta, escondidinha ali pelo períneo. Talvez eu não conseguisse U$ 780 mil por ela mas certamente já ajudaria a pagar o pastel e o caldo de cana na feirinha.

> Catarina terá sua 1ª vez na Austrália com japonês de 53 anos – terra.com.br

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A VOZ DO BAIXO
Gravação do CD de Vanessa Moreno e Felipe Maróstica começa na internet

Quem conhece Vanessa Moreno do espetáculo Viniciarte, já sabe da maravilhosa cantora que ela é. Pois bem, ela tá gravando um disco de duo de baixo e voz  de com seu parceiro Filipe Maróstica. E você pode participar do projeto. Saiba como:

> Colabore com Vanessa Moreno e Filipe Maróstica

VANESSA MORENO: Neste projeto, as pessoas podem colaborar a partir de R$5,00. É só clicar no link e entrar em “Quero Financiar Este Projeto”. Terão músicas autorais, de compositores amigos e da cena independente. Também, várias participações especiais pra rechear esse trabalho que será feito com muito carinho! Participem dessa troca com a gente. Vc escolhe o valor e a recompensa e nos ajuda a gravar o CD!

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NO MEU CORPO MANDO EU
Uruguai reconhece o direito básico da mulher ao aborto

Por 50 votos a favor e 49 contra, a Câmara dos Deputados do Uruguai aprovou, na semana passada, um projeto de lei que descriminaliza o aborto até a 12ª semana de gestação,14ª em caso de estupro e prazo indeterminado em caso de risco para a saúde da mãe. O texto aprovado muda a proposta que já havia sido aprovada pelo Senado. Agora o projeto volta ao Senado, onde não deve ter problemas para sua aprovação final, já que o partido governista da Frente Ampla tem maioria absoluta. Se o projeto for ratificado, o Uruguai será o primeiro país da América do Sul a descriminalizar o aborto.

Que ótima notícia. Aos poucos as democracias da América Latina vão se livrando das amarras religiosas que tanto mal fazem às mulheres.

E NO BRASIL?

No Brasil, hoje é permitido interromper a gestação em caso de estupro ou de risco de morte da mulher, além de gravidez em caso de fetos anencéfalos (sem cérebro). Este último caso foi liberado pelo Supremo Tribunal Federal em abril deste ano. Por 8 votos a 2, os ministros consideraram que a mulher que interrompe a gravidez de um feto anencéfalo e o médico que faz o procedimento não cometem crime. A maioria dos membros do STF entendeu que um feto com anencefalia é natimorto e, portanto, a interrupção da gravidez nesses casos não é comparada ao aborto, considerado crime pelo Código Penal.

> Câmara aprova projeto que descriminaliza o aborto no Uruguai – estadao.com.br

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PASSA O BRAU, TED
Você daria pro seu filho um ursinho de pelúcia maconheiro?

John tem um amigo muito especial: seu ursinho de pelúcia, que ganhou vida quando ele era criança. Mas Ted é um ursinho de pelúcia diferente: faz sexo, toma drogas e está ficando muito mal-humorado. John agora precisa decidir entre manter a amizade de infância ou o namoro com Lori.

TED (EUA/2012)
Direção: Seth MacFarlane
Com Mark Wahlberg e Mila Kunis
Recomendação: 16 anos
Veja o treiler (legendado)

> SAIBA MAIS resenhafilme.blogspot.com

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O URSINHO E O DEPUTADO SEM-NOÇÃO

Quem é mais doidão? Um ursinho de pelúcia que fuma maconha ou um deputado que leva seu filho de 11 anos pra ver um filme desaconselhável pra menores de 16 anos? Pois foi isso que fez o deputado federal Protógenes Queiroz. E fez mais: bradou na imprensa e tentou proibir a exibição do filme em todo o país por, segundo ele, fazer apologia ao uso de drogas. Depois, mais relaxadim, tentou que fosse mudada a classificação do filme pra 18 anos. Pro bem da democracia e da liberdade de expressão, nada conseguiu.

Com sua lambança o deputado Retrógenes, ops, Protógenes, fez aumentar o público do filme e ainda atiçou os ativistas que lutam pelo sagrado direito à livre expressão. E, de quebra, inspirou a turma a criar a AUPM – Amigos dos Ursinhos de Pelúcia Maconheiros. Eu já me filiei, claro.

> Ursinho Ted, Protógenes e a pouca tolerância do públicocineclick.com.br

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POLIGAMIA E MONOTONIA
Regina Navarro Lins fala sobre relacionamentos, sexo e amor

Regina Navarro Lins é psicanalista e sexóloga, tem vários livros publicados, escreve em jornais e revistas e faz palestras sobre sexo e relacionamentos. Trabalha em seu consultório particular em terapia individual e de casais. Suas opiniões são polêmicas e a marcam como uma militante da liberdade sexual e amorosa. Para Regina, as pessoas precisam urgentemente entender que amor e sexo são coisas diferentes. Veja algumas opiniões dela:

“As pessoas não percebem que são infelizes porque seguem padrões que não levam a nada, como acreditar que em um casamento é possível a exclusividade. Quem disse que não é possível amar mais de uma pessoa? É sim!”

Regina é contra o cavalheirismo. “Por que um homem tem que pagar a sua conta ou tirar uma cadeira para você sentar? É porque a mulher é um ser frágil e incapaz até de puxar uma cadeira?”

“Essa coisa de masculino e feminino são estereótipos para aprisionar as pessoas. As mulheres têm que ser sensíveis e frágeis. E os homens, corajosos e bravos. Imagina! Isso é tudo criação. Todos nós somos fortes e fracos, ativos e passivos, depende do momento.”

Entrevista na revista TPM  (set2012)

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O LIVRO DO AMOR
Regina Navarro Lins

SINOPSE – Quanto a experiência amorosa ocidental se modificou e se repetiu ao longo dos últimos milênios? A psicanalista Regina Navarro Lins dedicou-se a pesquisas, cruzamentos entre o passado e o presente e reflexões sobre o tema para dar conta de questão tão fundamental à compreensão do amor na contemporaneidade. Da Pré-História ao século 21, as vivências do amor e do sexo têm sido moldadas culturalmente. Sujeitos a paradigmas morais, dogmas religiosos, interesses políticos, econômicos e sociais, homens e mulheres desempenham papéis em constante mutação. O advento da pílula, os movimentos feminista e gay e a revolução tecnológica abrem caminho para uma nova vivência amorosa. Do amor ideal ao sexo virtual, barreiras e modelos são derrubados numa história ainda em construção. Dividido em dois volumes – o primeiro da Pré-História à Renascença e o segundo do Iluminismo até a atualidade –, esse trabalho nos coloca diante do espelho da História e lança um olhar corajoso sobre os relacionamentos nos nossos dias

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SAGRADO DIREITO DE BLASFEMAR
O direito à livre expressão e os privilégios da religião

A liberdade de expressão é uma conquista democrática, uma das maiores riquezas culturais das sociedades mais evoluídas. Ela garante seu direito de dizer o que pensa. Porém, se
O direito à livre expressão e os privilégios da religião o que você diz infringe alguma lei (incitação à violência, racismo, homofobia etc), você pode ser processado. O equilíbrio entre a livre expressão e a convivência entre os diferentes é um ponto nevrálgico nessa questão. Até onde garantir a livre expressão? Fazer piada com ícones culturais e símbolos religiosos deve ser um direito ou deve ser proibido?

A blasfêmia é um insulto a algo considerado sagrado. Mas… isso é totalmente relativo pois o que é sagrado pra alguém não o é necessariamente pra outros. E até onde iria a classificação de blasfêmia? E quem julgaria isso? Se a blasfêmia fosse proibida por lei, você poderia ser preso por fazer piada com discos voadores pois há seitas religiosas que consideram sagrados os extraterrestres, e todas as religiões também teriam que ser proibidas pois todas blasfemam umas contra as outras com seus dogmas conflitantes.

Se você não gosta de estudar, torça pra que a blasfêmia não vire crime, caso contrário você terá obrigatoriamente que ser especialista em todas as milhares de seitas e religiões do mundo (e todo dia surge uma nova) pra não correr o risco de insultar seus crentes. Se não estudar bem cada uma delas, você poderá ser processado porque desenhou a figura de um profeta, usou um símbolo não permitido ou batizou seu filho com um nome blasfemo. Isso sim será o inferno.

MAIS TEXTOS SOBRE O TEMA

> Feliz Dia da Blasfêmia (Carlos Orsi)
> Blasfemar é um direito (blog O Lado Oculto da Lua)
> Pelo direito de blasfemar (Marcos Raposo)
> Quem vai definir quais são os limites? (Carlos Eduardo Lins da Silva)

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FALE MAIS SOBRE ISSO
Série Sessão de Terapia estreia no GNT

O canal GNT está exibindo a série Sessão de Terapia (segunda a sexta, 22h30). Com direção de Selton Mello, a série reproduz as sessões de atendimento de um psicanalista. São 45 capítulos, exibidos de segunda a sexta. Às segundas ele atende uma enfermeira, às terças atende um atirador de elite, às quartas uma jovem ginasta e às quintas um casal em crise. Às sextas ele é atendido por sua própria psicanalista e supervisora.

Sessão de Terapia é a versão brasileira da série israelense Be Tipul, criada por Hagai Levi e que tornou-se sucesso em Israel. Várias versões foram feitas em outros países, inclusive nos Estados Unidos, que se chamou In Treatment.

ATORES: Zécarlos Machado, Maria Fernanda Cândido, Sérgio Guizé, Bianca Müller, Mariana Lima e André Frateschi, Selma Egrei.

É bom ver a psicoterapia na TV, ainda que seja a psicanálise, uma forma de terapia, ao meu ver, bastante limitante por privilegiar uma interpretação racionalista da realidade. Selma Egrei talvez concorde comigo: ela, que interpreta a supervisora do psicanalista, aceitou fazer o papel mesmo sem concordar com os princípios terapêuticos da psicanálise.

Tomara que a série motive muita gente a buscar o autoconhecimento psicológico. Ao contrário do que a maioria pensa, principalmente os religiosos, a verdadeira salvação vem de dentro.

> Saiba mais

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AS PRECIOSAS DO KELMER

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Pesadelos reais (Alucinações do Passado)

28/08/2012

28ago2012

A realidade, em si, não existe – o que existe é nossa interação com ela

PesadelosReais-01

PESADELOS REAIS

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Alucinações do Passado
é um grande filme e mostra que o inferno existe, sim, mas não tem de ser um lugar cheio de chamas e diabos cruéis. O inferno pode ser aqui e agora, e acontece quando nos apegamos demasiadamente a ideias ou comportamentos que não são mais úteis ao crescimento pessoal e, assim, obstruímos o fluxo natural da vida a tal ponto que ela apodrece dentro de nós, transformando o viver num pesadelo real.

O magistral roteiro do filme prende a atenção desde o início e aos poucos é que entendemos que Jacob embarcara para o Vietnã afetado por sua imensa culpa pela morte do filho. Lá, ferido mortalmente, sua consciência o transporta para uma realidade onde ele segue vivendo sua vida após retornar da guerra, com a namorada Jeze e seu emprego de carteiro. É nessa realidade que ele terá a chance de se libertar da culpa que ainda carrega para, finalmente, ficar em paz.

A tarefa, porém, não vai ser fácil. A nova realidade mostra-se um confuso e perigoso labirinto onde Jacob tem frequentes pesadelos com o Vietnã, é envolvido numa conspiração assassina e chega a sonhar um sonho dentro do sonho, o que o deixa à beira da completa loucura. No auge do sofrimento, sem saber mais a que apelar para entender o que acontece, Jacob recebe de seu quiropata o conselho de se desapegar daquilo que ainda o prende ao inferno em que vive.

No início do século 20 os físicos quânticos desconcertaram o meio científico ao relatarem suas experiências com as partículas subatômicas. Estudando-as minuciosamente, perceberam que o simples ato de observá-las já alterava seu comportamento. Isso os levou à inquietante conclusão que a realidade, em si, não existe: o que existe é nossa interação com ela. Voltando ao filme, a realidade em que Jacob vive após ser ferido no Vietnã é tão real quanto a própria guerra, mas só existirá enquanto ele não se conciliar com seu passado. Em outras palavras, é justamente a compreensão de Jacob a respeito da vida que cria a própria realidade em que ele vive.

É um tanto confuso, sim, mas disso tudo podemos extrair coisas úteis. Podemos, por exemplo, ficar mais atentos para não permitir que a vida se transforme num inferno real, criado por ideias, sentimentos e atitudes aos quais nos apegamos mais que o necessário. Assim como a física quântica já provou em seus laboratórios, tudo que precisamos para transformar a realidade é mudar a nós próprios.
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Ricardo Kelmer 2002 – blogdokelmer.com

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> Esta crônica integra o livro A Arte Zen de Tanger Caranguejos

> Este texto no site Adoro Cinema

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Alucinações do Passado
(Jacob’s ladder, EUA, 1990)
Direção: Adrian Lyne. Roteiro: Bruce Joel Rubin
Elenco: Tim Robbins, Elizabeth Peña e Danny Aiello

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DICA DE LIVRO

MatrixEODespertarDoHeroiCapaEdicaoDoAutor-01Matrix e o Despertar do Herói
A jornada mítica de autorrealização em Matrix e em nossas vidas

Analisando o filme Matrix pela ótica da mitologia e da psicologia do inconsciente e usando uma linguagem simples e descontraída, o autor compara a aventura de Neo ao processo de autorrealização que todos vivem em suas próprias vidas.

 

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A vida na encruzilhada

01/08/2012

01ago2012

Essa percepção holística da vida é que pode interromper o processo autodestrutivo que nos ameaça a todos

A VIDA NA ENCRUZILHADA

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A história deste incrível filme (Missing Link, de 1998 – em português: O Elo Perdido), é desenvolvida sobre um curioso exercício de imaginação antropológica. Os roteiristas focaram sobre o que poderia ser a derradeira família de uma espécie extinta um milhão de anos atrás, o Paranthropus robustus (ou Australopithecus robustus). A família é dizimada por uma espécie hominídea mais evoluída e seu único sobrevivente sai a vagar solitário pelo mundo desconhecido. Ele está muito mais que sozinho: ele é o último representante de sua espécie na Terra.

A pobre criatura não sabe disso, claro. Ela entende que está sozinha, e a noção de morte que possui é suficiente para entender também que não mais verá sua família. Mas não pode fazer ideia da dimensão cósmica de sua solidão. Menos mal. Tivesse noção disso, o peso de tal constatação seria insuportável. Ao espectador é difícil não se comover com a trágica situação da criatura, triste, confusa e repentinamente só num mundo onde já não mais existe um único ser como ela.

Evidentemente, o filme trabalha sobre uma suposição, pois não sabemos em que exatas circunstâncias se deu o desaparecimento do último dos últimos dos robustus, mas pelo que se conhece atualmente, eles viveram na África meridional e oriental e eram uma espécie vegetariana e relativamente dócil, que não sabia manejar o fogo e não tinha intimidade com ferramentas, como o machado, por exemplo. Essa sua “ingenuidade” foi determinante para sua extinção numa África onde o gênero Homo, mais agressivo e capaz, aos poucos ocupava os espaços e partia para povoar o planeta.

Os Paranthropus robustus foram eliminados, mas as espécies do gênero Homo sobreviveram porque desenvolveram talentos especiais, souberam se adaptar às mudanças ambientais e eliminaram espécies semelhantes. Os seres humanos de hoje são, portanto, o elo seguinte de um determinado seguimento da longa e ramificada corrente da evolução da vida neste planeta.

Essa força chamada vida e que se manifesta em tudo que existe ainda está longe de ser compreendida por nós. Mas foi esta mesma força primordial, imagino, que criou nosso sistema solar e fez nascer nosso planeta, 4,5 bilhões de anos atrás. A Terra, por sua vez, precisou de um bilhão de anos para gerar as condições ideais para que a vida pudesse florescer na superfície. Então, seguindo um sofisticado senso de autorregulação que chamamos Natureza, nosso planeta enfim deu à luz um minúsculo e rudimentar organismo: nascia na Terra o que entendemos por vida.

Essa primeira forma de vida terráquea gerou outras, que se diversificaram, se aperfeiçoaram e geraram outras mais complexas que prosseguiram, ao longo de milhões de anos, gerando formas de vida cada vez mais aperfeiçoadas. Foi assim que o princípio vital dessa força, tão cuidadosamente gerado e mantido graças à Terra e seu delicado senso de equilíbrio e autorregulação, chegou aos dias de hoje, manifestado em tudo que existe, animais, vegetais e minerais. Uma longa e paciente aventura!

Essa força primordial experimentou-se em infinitas formas de vida feito uma corrente que se ramifica em muitos segmentos, e seus elos vão criando novos elos a partir deles próprios, numa intrincada lógica em que cada segmento depende de outros segmentos para prosseguir se reproduzindo. Essa interdependência geral foi indispensável para que o processo da vida no planeta se desenvolvesse em harmonia, apesar de sua aparente confusão e casualidade.

Num determinado momento desse processo, aproximadamente 8 milhões de anos atrás, ocorre uma notável divergência evolutiva: uma das milhões de ramificações da corrente se sobressai e passa a se aperfeiçoar através de seus descendentes num ritmo que as ramificações vizinhas não acompanham. Esse rápido e contínuo aperfeiçoamento garante a sobrevivência de seus descendentes e faz com que sua linhagem chegue até os dias de hoje, representada por nós, da espécie Homo sapiens.

O que fez com que essa ramificação se diferenciasse tão subitamente (para os padrões evolutivos, claro) das demais? Isso ainda é um mistério, mas há pesquisadores que trabalham com a hipótese disso ter a ver com o contato com plantas psicoativas expansoras da consciência, como sugere o filme O Elo Perdido. Polêmicas à parte, essa ramificação hominídea adquire a noção de si mesma e passa a refletir sobre o processo evolutivo do qual faz parte. Quanto mais pensa, mais se aperfeiçoa sua capacidade de pensar. Quanto mais se aperfeiçoa, mais longe vai em sua jornada de compreensão de todo o processo que a criou. Paradoxalmente, quanto mais descobre sobre o processo, mais mistérios surgem e mais complexa se revela a estrutura de todo o processo da vida.

A espécie humana é o último elo dessa ramificação especial. Ela adquiriu tamanha capacidade que hoje detém poder sobre a vida no planeta. Infelizmente, ela utiliza esse poder para mostrar a si mesma o quanto é poderosa, numa ostentação inconsequente e perigosa que pode destruir a si própria e ao planeta.

Prefiro crer que a espécie humana despertará de sua cegueira a tempo de evitar o pior. Assim como o robustus que, ao comer da planta, ampliou sua compreensão sobre a vida e a morte, talvez tenha chegado o momento do Homo sapiens ampliar seu entendimento do processo no qual está inserido. Não falo de entendimentos racionais e científicos, que continuam sendo importantes, sim, mas para que essa ampliação seja possível, o entendimento deve agora ocorrer num nível mais intuitivo, que inclua uma percepção não apenas de cada uma das partes, como fizemos até agora, mas da relação entre todas as partes que formam o todo da Terra. Essa percepção holística da vida é que pode interromper o processo autodestrutivo que nos ameaça a todos.

Aquele pobre robustus, infelizmente, não teve como aplicar o aprendizado que a planta lhe permitiu obter, pois tudo que lhe restava era cumprir o destino de ser o último elo de seu segmento. Quanto aos sapiens, o mais destacado dos segmentos, espalhado neste momento em bilhões por todo o planeta, seu destino não é ser destruído por uma espécie rival, pois tal perigo não mais existe. Ironicamente, o destino que começa a se lhe afigurar no horizonte é ser destruído justamente por sua própria arrogância de se entender como algo separado da Natureza. Triste fim para uma longa e bela aventura.

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Ricardo Kelmer 2002 – blogdokelmer.com

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> Esta crônica integra o livro A Arte Zen de Tanger Caranguejos

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O ELO PERDIDO (Missing Link)

Um milhão de anos atrás, homem-macaco tem sua família dizimada por espécie mais evoluída. Sozinho e confuso, ele vaga por terras estranhas, enfrentando perigos desconhecidos e se encantando com os mistérios e maravilhas do planeta primitivo. Ao comer uma planta, tem visões e revelações que o farão compreender melhor o que aconteceu.

O Elo Perdido (Missing link, EUA, 1988)
Direção: David Hughes e Carol Hughes
Elenco: Peter Elliot, Michael Gambon, Brian Abrahams, Clive Ashley

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TREILER DO FILME

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Carlos Castaneda (vídeo) – Especial da BBC sobre o polêmico antropólogo que estudou o xamanismo no México, escreveu vários livros e tornou-se um fenômeno do movimento Nova Era. Legendado.

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AVidaNaEncruzilhada-1b

 


Olha a pegadinha

23/07/2012

23jul2012

Quem nunca foi enganado? Esse ainda não nasceu

OLHA A PEGADINHA

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Já fui trapaceado no pôquer, me prometeram e não cumpriram, marquei hora e não fui recebido e já levei gato por lebre. Livrarias fecharam e não me pagaram. Uísque falsificado, hummm, é bom nem lembrar. Propaganda enganosa, corrente da riqueza, CD que não toca, poupança confiscada, consórcio quebrado… Hoje estou mais prevenido, mas já caí em várias. E ainda caio, como, por exemplo, quando assisti Nove Rainhas, filme do argentino Fabián Bielinski. Nunca fui tão ludibriado em tão pouco tempo. Quando as luzes do cinema acenderam, tive até medo de olhar pro lado e descobrir que não era minha mulher Karine quem de fato estava ali comigo. Felizmente era. Vá ver o filme, é sensacional. Mas vá sabendo: os caras vão lhe passar a perna.

Comissões embutidas, advogados corruptos, orçamentos superfaturados, sutian com enchimento… Tem tanta armação espalhada por aí que é melhor desconfiar de tudo que se mexe ou fica parado. Quem nunca foi enganado? Esse ainda não nasceu. E as enganações são de toda sorte: você é logrado por pessoas, empresas, governos, religiões e até por você quando mente pra si mesmo: segunda-feira começo meu regime, este ano serei mais estudioso, nunca mais eu bebo, só a cabecinha, agora vamos guardar esse restinho pra cheirar amanhã… Tudo conversa pra boi dormir.

Desvio de verba pública, esquema da previdência, painel eletrônico, juízes comprados, guerra contra o terrorismo, concurso de beleza – a enganação é uma praga. Umas são mais escondidas. Outras não têm pudor em mostrar a cara. Outras já são tão cotidianas que a gente se acostuma a viver com elas. Conheço um cidadão que se por acaso encontrar você aí pela rua, uma dessas três possibilidades acontece: ele lhe ferra um cigarro, descola uma carona ou então lhe pede o celular pra uma ligaçãozinha rápida. Tem também aquele amigo, mui amigo, que senta em sua mesa, bebe, come, se diverte e, na hora de pagar a conta, ou acabaram as folhas de cheque ou ele tomou só um chope. Malaca é o que não falta nesse mundo.

E tem aquele vendedor que nunca lhe viu antes e vai logo dizendo: “Este modelo combina perfeitamente com você!”. Terrível. E aquela velha história que foi roubado e precisa do dinheiro da passagem? Pois tem quem ainda insiste nisso. Lá na rodoviária tem um pedinte que faz vinte anos que tenta inteirar o dinheiro pra voltar pra Reriutaba. Êta passagenzinha cara… E aquela de se oferecer pra ajudar no caixa eletrônico? Ainda hoje tem quem cai nessa, creia. E o tal do Boa Noite, Cinderela? Você acorda no outro dia num motel, sem roupa, sem dinheiro, sem lembranças… Pior que clonagem de cartão de crédito.

Descuidistas da boa vontade alheia, é só o que tem. Você vacila por um segundo e quando dá conta, já dançou. Chifre, cheque sem fundo, programa que trava, mulher que não é mulher, camisinha furada, fumo malhado… Tem cara-de-pau que engana olhando na sua cara. Exemplo: político. Quando eles começam a responder uma pergunta com “veja bem”, é sinal que lá vem enganação, pode esperar. Depende, como sem falta, já-já, não tem como errar, essa é batata – é tudo mutreta. Nesse mundo de enroladas, nada é o que parece ser.

Amigos da onça, maus pagadores, mentirosos, aproveitadores, patifes, salafrários, larápios, golpistas, punguistas, ladrões, trapaceiros, trambiqueiros, vigaristas, charlatões – só de especialista dá pra fazer um time e mais os reservas. Tem pra todo gosto. Por mais que você fique atento, sempre vai ter um juiz lalau aprontando pertinho ou exatamente pra cima de você.

Às vezes o prejuízo é grande. Outras vezes é só uma pegadinha bem-humorada e inofensiva de algum amigo: quando você vê, já caiu. Pegando aqui, tu vai dar naquela rua… No fundo, o que você quer é isso… Qualquer coisa, disponha… Até nas pegadinhas verbais o repertório é infinito. Mas fiquemos por aqui que meu espaço acabou. Um abraço pra você e pra quem for da sua família.

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Ricardo Kelmer 2001  – blogdokelmer.com

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Esta crônica integra o livro A Arte Zen de Tanger Caranguejos

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NOVE RAINHAS (Nueve Reinas, Argentina, 2000)

ROTEIRO E DIREÇÃO: Fabián Bielinsky
ELENCO: Ricardo Darín, Gastón Pauls, Leticia Brédice, Óscar Núñez, Tomás Fonzi, Ignasi Abadal

Dois trapaceiros se conhecem e passam atuar juntos, enganando pessoas e praticando golpes de todo tipo.

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Deus planta bananeira de saia (filme: Dogma) – Em Dogma, Deus passa mal bocados por conta de um dilema criado pelos próprios humanos. Santa heresia, Batman!

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Deus planta bananeira de saia (Dogma)

18/05/2012

18mai2012

Em Dogma, Deus passa mal bocados por conta de um dilema criado pelos próprios humanos. Santa heresia, Batman!

DEUS PLANTA BANANEIRA DE SAIA (DOGMA)

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D
ois anjos, expulsos do Céu, tentam meios legais para conseguir voltar. Para impedi-los, o Céu conta com um grupo insólito, entre eles uma católica que trabalha em clínica de aborto, dois profetas trapalhões e um apóstolo negro que ficou de fora da Bíblia. Detalhe: Deus é mulher.

Certas obras artísticas traduzem bem os movimentos que sacodem os subterrâneos do inconsciente comum da humanidade. O filme Dogma é um desses. Seu tema principal é um antiquíssimo e poderoso arquétipo que vive na alma coletiva da espécie desde seus primórdios: a ideia de Deus. Como numa relação todas as partes envolvidas são sempre afetadas, a relação da humanidade com a ideia de Deus não seria diferente: mudamos nós, humanos, e… Deus também teve de mudar. E ai dele se não mudasse.

Dos deuses-forças da Natureza, passando pelos deuses do Olimpo, até a ideia de um deus único e todo poderoso, muita água rolou por baixo das pontes divinas. Essa difícil relação entre criador e criatura é uma verdadeira saga onde não faltam conflitos, sofrimentos e mártires. As mitologias do mundo formam um mosaico precioso para entender melhor essa saga, porém, na carona do filme Dogma, tomemos a Bíblia cristã. Ela pode ser vista também como o registro simbólico da evolução do conceito de Deus de boa parte da humanidade. Assim, veremos perfeitamente como ambas as partes da relação, criador e criatura, evoluíram com o tempo.

A mordida no fruto proibido simboliza o advento da consciência, o momento evolutivo em que um ramo dos hominídeos se diferencia pelo refinamento da mente. Antes, eram todos mergulhados na inconsciência geral, na indiferenciação psíquica: era o Éden. Nem felizes nem infelizes, simplesmente não se questionavam. Evoluída a mente, surge a consciência, feito uma extensão de terra que aos poucos se destaca do fundo do oceano inconsciente: é a terra que, em forma de ilha, adquire consciência sobre si mesma e o seu entorno.

No entanto, a autoconsciência tem seu preço. O despertar para um novo nível de compreensão da realidade e de si mesmo traz sempre novas dúvidas e grandes desafios. Ao adquirir a autoconsciência, nossos antepassados foram expulsos do tranquilo paraíso do não saber e saíram dele com a pergunta que a partir daí jamais se calaria: quem ou o que nos criou, e onde estará?

Está muito, muito longe. Pelo menos no Antigo Testamento. No início da relação, o criador é uma força gigantesca, mas absolutamente externa e inalcançável. Deus é imprevisível, com crises terríveis de humor, e envia desgraças e pragas às suas criaturas indefesas. Esse antigo Deus, rancoroso e dogmático, tem por lema “olho por olho, dente por dente” e diz, batendo o pé: “Eu sou Javé e não mudo.” Muda não? Vamos ver…

Ainda no Antigo Testamento ocorre algo incrível, que se tornaria um marco dessa relação. É o drama de Jó, o servo mais fiel de Deus e a quem ele permitiu que o Diabo lhe destruísse a vida só para saber se o coitado continuaria fiel, que maldade. Jó, no auge do sofrimento e em desespero ante tal injustiça, ousa questioná-lo, e assim, pela primeira vez, a criatura põe em xeque a coerência do criador, ela que antes apenas louvava e obedecia. Deus, aporrinhado, vê-se obrigado a descer do pedestal, exibir seu poder feito um ditador inseguro e dar satisfações, coisa que jamais fizera, e no fim premia a fidelidade da criatura consertando-lhe a vida destruída.

Desse conflito crucial saem ambos transformados para sempre. A criatura salta para um novo nível na relação com o arquétipo divino, e ele, o criador, apanhado em dilema moral, é forçado a reconhecer que será impossível prosseguir sem uma nova parceria com sua inquieta e questionadora criatura.

Deus entra em crise, sim, porque o drama de Jó (que viria a se tornar um drama arquetípico de toda a humanidade) lhe torna evidente que precisa largar certos dogmatismos e assimilar a natureza de sua criatura para, assim, realizar-se efetivamente como criador. Ele criou a matéria, mas agora precisa também ser matéria para alcançar sua própria integralidade. Essa ideia, então, amadurece no inconsciente coletivo da espécie, fomentando as profecias que anunciarão o filho de Deus. Está devidamente semeado, pois, o terreno para o advento do Cristo, o próximo marco da saga.

De fato, Cristo inaugura a era do humano-divino, o Deus humanizado e descido à matéria, criador e criatura cada vez mais próximos. O Cristo parece detonar forte transformação no pai, pois o Deus do Novo Testamento deixa de ser aquele do “olho por olho, dente por dente” para se tornar o Deus do “amai-vos uns aos outros”. E é também humano, demasiadamente humano, tanto que sua própria criatura o tortura e o executa numa cruz, confusa ante o novo nível da relação que se inaugura e incapaz de absorver a novidade. Deus agora conhece na pele a dor, o medo, a injustiça, a morte. É um deus mais completo.

Agora, dois mil anos depois, a criatura parece assimilar melhor o que ocorreu. Agita-se no inconsciente da espécie a ideia de que esse Deus que ela sempre buscou lá fora, e muito morreu e matou por isso, talvez tenha sempre estado no interior dela própria, que ironia. Será essa a resposta da antiga pergunta que nunca quis calar? Se, de fato, é verdade que Deus está e sempre esteve dentro dela própria, talvez a criatura esteja a essa altura vivendo a fase do deslumbramento infantil de se saber divina. Talvez seja por isso que ande brincando tão irresponsavelmente com a vida e a Natureza.

Em Dogma, Deus é uma garota brincalhona que planta bananeira de saia, beija um adolescente tarado e engravida uma mulher. Como em Jó, passa mal bocados por conta de um dilema criado pelos próprios humanos. E precisa de um deles para se recuperar e voltar à ativa. Santa heresia, Batman! Deus se utiliza de um anjo porta-voz, pois não diz uma palavra sequer. Na verdade, ele não pode falar, pois se falasse, suas criaturas explodiriam ao simples escutar de sua voz. Que bela metáfora para a natureza avassaladora dos arquétipos! Ninguém pode contatá-los diretamente, pois mesmo nascidos do inconsciente coletivo, os arquétipos simplesmente não cabem em nossa capacidade de assimilação – então, se mostram por imagens. Deus não cabe em nossa ideia dele, por isso não pode se revelar inteiramente. Essa é a ironia máxima para o criador: o único modo de sua criatura conhecê-lo de fato, é ele se tornar, com ela, um só.

O filme questiona alguns dogmas cristãos com bom humor. Brindemos, pois isso é ótimo, para nós e para Deus. Para a criatura porque lhe permite exercitar o senso crítico, indispensável à evolução psíquica. E para o criador porque para quem cria, nada mais construtivo que uma crítica pertinente. Ainda mais se vem das próprias criaturas.

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Ricardo Kelmer 2000 – blogdokelmer.com

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> Esta crônica integra o livro A Arte Zen de Tanger Caranguejos

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DOGMA

Comédia – Dogma, EUA, 1999
DIREÇÃO E ROTEIRO: Kevin Smith
ELENCO: Ben Affleck, Matt Damon, Linda Fiorentino e Alanis Morissette

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DICA DE LIVRO

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A jornada mítica de autorrealização em Matrix e em nossas vidas
Ricardo Kelmer – ensaio

Usando a mitologia e a psicologia do inconsciente numa linguagem descontraída, Kelmer nos revela a estrutura mitológica do enredo do filme Matrix, mostrando-o como uma reedição moderna do antigo mito da jornada do herói, e o compara ao processo individual de autorrealização, do qual fazem parte as crises do despertar, o autoconhecer-se, os conflitos internos, as autossabotagens, a experiência do amor, a morte e o renascer.

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Mordida na última sessão

14/11/2011

14nov2011

A maioria dos vampiros são ilustres desconhecidos, gente como você que rala no dia a dia para pagar as contas e assiste ao Sexy Time antes de dormir

MORDIDA NA ÚLTIMA SESSÃO

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Eu a conheci na fila do Entrevista com o Vampiro, última sessão. Linda, sensual e misteriosa ‒ foi paixão à primeira olhada. Depois do filme, ela me convidou para um uísque no bar. Aceitei, claro, encantado com seus olhos lânguidos. Algumas horas depois, virei o rosto para o lado e, na escuridão do quarto, procurei o relógio digital. Quase cinco da manhã, em breve amanheceria. Sobre meu corpo, ela se contorcia freneticamente, os cabelos negros balançando. Sua bela silhueta a me cavalgar foi a última imagem que vi, pois logo depois uma onda de prazer incontido me invadiu e fechei os olhos, rendido. Senti que ela prendia meus braços à cama, beijava-me a boca e tchum!, cravava os dentes em meu pescoço. Na confusão de sensações só deu tempo de pensar: Uma vampira… E apaguei.

Pela carinha que você está fazendo, minha amiga, vejo que não acredita em mim, né? Você é uma mulher moderna, não acredita em vampiros. Bem, melhor para eles. Pois eu lhe digo: eles existem. E estão por aí, espalhados entre as pessoas comuns, selecionando o próximo pescoço. Evidente que não dá para reconhecê-los apenas olhando. Na maioria dos casos, só se percebe um vampiro quando já é tarde demais. Como no primeiro parágrafo.

Claro, há vampiros e vampiros. Com o passar dos séculos, muitas linhagens se desenvolveram e hoje já não dá para agrupá-los num só rótulo. Tem vampiro que até vai à missa, acredita? Tem vampiro cuja imagem não reflete no espelho, e ainda assim é hipervaidoso. Há os que dormem em caixões refrigerados e há também, creia, os que fazem bronzeamento artificial para disfarçar a falta de sol. Tem de um tudo nesse mundo de caninos afiados.

Nosferatu, Drácula, Vampirella, algum desses famosos você conhece. Mas a maioria dos vampiros são ilustres desconhecidos, gente como você que rala no dia a dia para pagar as contas e assiste ao Sexy Time antes de dormir. Sim, tem aqueles que se transformam em morcegos e dormem num caibro, pendurados de cabeça para baixo, tudo para fugir do aluguel. Em compensação, ninguém dorme com eles. Só no cinema é que vampiro não trabalha, se veste superbem e ainda mora em cobertura. Conheci uma vampira, garçonete num bar da Praia de Iracema, que mandou botar vidro fumê e ar condicionado no seu fusca para poder dormir dentro dele durante o dia. Para você ver como vida de vampiro não é mole.

No filme Fome de Viver, Catherine Deneuve, ai, ai, é uma linda e charmosa vampira que seduz a homens e mulheres. Ah, minha amiga, nem você resistiria àquele charme francês… Vampiros sabem conquistar como ninguém. Muita gente boa já caiu na lábia vamp. Exemplo? Lucélia Santos. Isso mesmo, pode conferir em As Sete Vampiras. Brad Pitt, Wynona Rider e David Bowie também caíram. Nem Xena, a guerreira, escapou. Se eles que são tão chiques caíram, por que você estaria imune? Ninguém está. Um belo dia, querida, você vai acordar e lá estarão as duas marquinhas no pescoço. Ou na virilha, pelas coxas que você tem…

Como é que sei dessas coisas? Não importa. O que interessa é: o que fazer se você levar uma dentada? Eu lhe digo: relaxe e goze. Aceite o fato e prepare-se para um mundo novo, cheio de novidades. Você é uma mulher bonita, vai aproveitar à beça. Sim, tem vida eterna. Mas cuidado, há sempre um caça-vampiros de plantão, desses bem neuróticos, cheio de frustrações, doido para lhe enfiar a estaca no coração. Por isso, vampiro tem de ser discreto. Vantagem mesmo é que a maioria não envelhece, não adoece, não tem ressaca nem pega aids. A vida vira uma festa, toda noite na gandaia, já pensou? O diabo é o cartão de crédito que vive estourado.

Você já viu Quente como Licor? É uma história de amor entre vampiros que se prostituem para conseguir sangue. Está em cartaz no Cine Franzé. Que tal irmos esta semana? Ótimo! Então está marcado, a gente se encontra na entrada. Podemos ir na última sessão?

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Ricardo Kelmer 2001 – blogdokelmer.com

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FILMES CITADOS

FILMEFomeDeViver-01Entrevista com o Vampiro – The Vampire Chronicles. EUA, 1994, Terror. Direção: Neil Jordan. Roteiro: Anne Rice, baseado em livro de Anne Rice. Elenco: Tom Cruise, Brad Pitt, Antonio Banderas, Stephen Rea.

Fome de Viver – The Hunger. EUA/Inglaterra, 1983, Terror. Direção: Tony Scott. Roteiro: James Costigan, Ivan Davis e Michael Thomas, baseado em livro de Whitley Strieber. Elenco: Catherine Deneuve, David Bowie, Susan Sarandon, Cliff De Young.

As Sete Vampiras – Brasil, 1987, Comédia. Direção: Ivan Cardoso. Roteiro: R. F. Luchetti. Elenco: Andréa Beltrão, Ivon Cury, Danielle Daumerie, Wilson Grey, John Herbert, Leo Jaime, Zezé Macedo, Nuno Leal Maia, Lucélia Santos.

Drácula de Bram Stocker – Bram Stoker’s Dracula. EUA, 1992, Terror. Direção: Francis Ford Coppola. Roteiro: James V. Hart, baseado em livro de Bram Stoker. Elenco: Gary Oldman, Winona Ryder, Keanu Reeves, Anthony Hopkins.

Quente como Licor – Todas as informações sobre este filme foram misteriosamente apagadas da internet.

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DOCE VAMPIRO (Rita Lee)
Vídeo com imagens do filme Drácula de Bram Stocker

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01- hum…adoreiii. Carol Nobre, Fortaleza-CE – nov2011

02- Uhnnn….sabe que sempre gostei bastante dessas histórias a respeito de meus ancestrais, rs…. Paula Medeiros de Castro, São Paulo-SP – nov2011


Vade retro Satanás

07/10/2011

07out2011

O Mal pode ter mudado de nome e de estratégias. Mas sua morada ainda é a mesma, o nosso próprio interior

VADE RETRO SATANÁS

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Na primeira vez que o Diabo passou pela cidade corria o ano de 1974 e eu era pequeno demais para encarar. Tive de me contentar com os relatos de quem foi corajoso o suficiente para ir confrontá-lo, escutando-os atento, uma parte de mim tremendo de medo e a outra inteiramente seduzida. Se por um lado minha educação católica pintava-o como o mais temível dos inimigos, por outro lado crescia em mim o desejo de conhecê-lo e com ele medir forças.

Alguns anos depois as trombetas anunciaram sua volta e senti um frio no estômago. Chegara o grande momento e eu já não podia recuar. Tinha então meus 14 anos, estava mais crescidinho. Havia lido livros, visto filmes, escutado histórias sobre Ele e seus feitos terríveis. Eu já intuía que aquele encontro seria uma espécie de prova iniciática e que precisava passar por ela. Como nenhum de meus amigos tivera coragem de ir ver o filme, isso só aumentou meu medo. Então, mesmo sentindo cheiro de encrenca, lá fui eu assistir O Exorcista, o filme de William Friedkin.

Putz, foi um vexame! Voltei para casa apavorado. Avisei a meus pais que aquela noite dormiria no quarto deles e restou à minha mãe, que insistira que eu não fosse ao cinema, repetir o velho “eu avisei, eu avisei”. Apesar disso, não me arrependi. Até sentia um certo orgulho de mim.

A partir de então eu seria atraído por tudo que dissesse respeito ao modo humano de entender o Bem e o Mal. Deuses, demônios e heróis de variadas mitologias passaram a habitar minha biblioteca e dividir comigo o meu quarto. Revirei religiões, ciências e filosofias em busca de entender o que havia por trás dessa confusa e frágil dualidade. Viajei, conheci outras ideias, vivi experiências profundas que me puseram em contato com o melhor e o pior de mim. Aos poucos percebi que o Diabo que eu tanto buscava lá fora para tentar entendê-lo, na verdade sempre morara em meu interior, e que para decifrá-lo eu teria antes que decifrar a mim. Lúcifer se escondia sob a legião dos meus medos e bloqueios mais íntimos, me espreitando por trás de tudo o que eu desconhecia de mim mesmo.

O Exorcista é um marco na história dos filmes de terror. Roteiro, direção, interpretações – tudo é excelente. O drama pessoal do padre Karras, que se vê às voltas com um exorcismo justamente quando enfrenta uma forte crise de fé e de consciência por ter abandonado a mãe, é um dos destaques. Poucos filmes merecem fazer-lhe companhia na estante do gênero. Depois daquela primeira vez eu o veria outras mais, sempre esmiuçando detalhes. Numa delas levei um gravador e gravei o filme inteiro para ficar escutando depois. Também li o livro de William Peter Blatty do qual nasceu o roteiro.

O terror dos filmes de hoje é geralmente mais explícito, sanguinário e tecnológico, sem sutilezas psicológicas como em O Exorcista. Se hoje as novas gerações não se assustam tanto com ele quanto seus pais se assustaram, talvez seja porque nesses dias atuais o grande terror responde pelos nomes de violência, terrorismo e fanatismo religioso, e o bicho-papão agora são os bandidos cruéis e impunes a nos ameaçar nas esquinas da injustiça social e nos cargos políticos. A humanidade está possuída por seus próprios demônios inconscientes, o que faz do futuro da espécie e do planeta um perigoso horizonte de incertezas.

Sim, o Mal pode ter mudado de nome e de estratégias. Mas sua morada ainda é a mesma, o nosso próprio interior. O motivo é simples: lá é sempre o último lugar onde os humanos vão procurar a verdade. Se de fato pretendemos derrotar o Mal, é urgente que tenhamos antes de tudo, cada um, a coragem de entrar no quarto frio e escuro do nosso desconhecimento de nós próprios e, uma vez lá, reconhecer os demônios que procuramos sempre exorcizar… nos outros.

Água benta e crucifixos são uma beleza para afastar o capeta – em filmes. No roteiro mais realista de nossas vidas, é esse autoconhecer-se o verdadeiro exorcismo que pode nos libertar das piores possessões.

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Ricardo Kelmer 2001 – blogdokelmer.com

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O EXORCISTA (The Exorcist, EUA, 1973)
Direção: William Friedkin
Roteiro: William Peter Blatty

Baseado no romance O Exorcista, de Wlilliam Peter Blaty
Elenco: Max Von Sidow, Ellen Burstyn, Jason Miller, Linda Blair

Padre em crise de fé é procurado por mãe aflita cuja filha doente não consegue ser curada pelos médicos. Junto com ele um famoso padre exorcista tentará expulsar o suposto demônio da criança.

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TRÊILER OFICIAL

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Blade Runner – Deuses, humanos e androides na berlinda

01/10/2011

01out2011

Como todo ser, o criador busca sempre transcender a sua própria condição, e é criando que ele faz isso

BLADE RUNNER – DEUSES, HUMANOS E ANDROIDES NA BERLINDA

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Criador e criatura. Eita relaçãozinha complicada… Mas não podia ser mesmo de outro jeito, afinal toda criatura é a sequência natural do processo de evolução de seu criador e, assim sendo, todo criador está muito mais que envolvido com sua criatura: ele, de certa forma, é a criatura. E a criatura, por sua vez, mesmo sendo a extensão de seu criador, buscará naturalmente sua própria individualidade e isso trará a necessidade de, a certa altura, questionar e negar o criador. Ou seja, o conflito é inevitável. Mas necessário.

Rick Deckhard, o protagonista do filme Blade Runner (O Caçador de Androides), sofre na própria pele esse antiquíssimo dilema cósmico. Na Los Angeles futurista ele é o detetive que persegue replicantes, os androides semi-humanos que se rebelaram na colônia espacial e voltaram à Terra. O que desejam os replicantes? A mesmíssima coisa que cada um de nós, humanos: eles querem viver. Mas para isso terão que encontrar o cientista que os criou e convencê-lo a lhes dar mais que os quatro anos de vida originais que um replicante tem quando é criado nos laboratórios.

Imagine-se no lugar de um replicante. Você nasce, ou melhor, você surge já adulto, programado para viver quatro anos. As memórias de vida que você possui foram, na verdade, meticulosamente implantadas, copiadas dos humanos, formando um passado para você, para que não desconfie que é um replicante. Você foi criado para executar tarefas altamente especializadas e por isso é mais forte, mais inteligente, mais esperto. Você é como um humano aperfeiçoado, com a única desvantagem de ter bem menos tempo de vida, por uma questão de segurança para os humanos.

Acontece que um dia você descobre essa armação toda e, naturalmente, fica puto porque o enganaram. Você quer viver mais. O que faz? Contra a injustiça de seu criador, você não tem a quem recorrer senão… ao próprio criador. Somente ele poderá reparar o que você considera uma horrenda injustiça, afinal você o serviu desde o primeiro dia de sua vida, fez tudo como ele quis. E agora é essa a sua recompensa? Morrer tão cedo?

Deckhard, o detetive, caça os replicantes e os mata um a um. Mas falta pegar o último, Roy Batty, o melhor dentre eles. Roy conseguiu encontrar-se com o cientista que o criou, que afirmou ser impossível lhe dar mais vida. Inconformado, Roy o matou. Agora ele foge do detetive caçador de androides e vai para o alto de um prédio. E lá em cima os dois travarão a luta final, de um lado o humano que tem ordens para matar e do outro lado o replicante que deseja apenas mais vida.

A cena dessa luta final simboliza com perfeição a complexa grandeza da arquetípica relação criador-criatura. Pelo ângulo do detetive, temos alguém que representa a humanidade, ou seja, ele está no papel de criador, sendo o replicante, assim, a sua criatura. O criador, ameaçado, precisa eliminar o que ele próprio criou, a mais perfeita de suas criações. A criatura está apegada à vida, mas sabe que logo irá morrer. E não há apelação. O que lhe resta fazer? Matar-se para, assim, acabar logo com a dilacerante solidão que sente e abreviar seu sofrimento existencial? Ou continuar vingando-se daqueles que a criaram, matando quantos puder? No alto do prédio este é o trágico dilema que pressiona e maltrata a criatura.

Rogar ao criador por justiça é típico das criaturas, os humanos que o digam. Eles também um dia foram criados – e desde então buscam não apenas mais vida, mas também o sentido de estarem vivos. Após adquirir autoconsciência, o Homo sapiens passou a se relacionar com o princípio criador de diversas formas como a arte, a filosofia, a mitologia e a religião. E é na mitologia cristã que, antes de voltarmos à cena final do filme, buscaremos entender mais sobre essa relação tão delicada.

Jó questiona a ética de Deus

Diz-nos a Bíblia que um dia a criatura ousou questionar o criador por se achar por ele injustiçada. Estou falando do Livro de Jó, o mais poético dos livros do Antigo Testamento. Jó é o servo predileto de Deus, de todos o mais fiel. Apesar disso, Deus permitiu que o Diabo lhe destruísse a vida, acabando com suas propriedades e seus animais, matando seus filhos e adoecendo-o – apenas para saber se a criatura se manteria leal a seu criador mesmo na desgraça total. Vejamos a questão pelo ângulo da mitologia e comecemos com a pergunta: por que Deus faria coisa tão abominável com sua criatura mais honesta e fiel?

Como todo ser, o criador busca sempre transcender a sua própria condição, e é criando que ele faz isso. Criar é necessidade natural dos seres, e criar a vida é o mais transcendental de todos os atos criativos. Porém, o Deus cristão cria os humanos com um objetivo declaradamente egoísta: para servi-lo e adorá-lo. E quando está insatisfeito com eles, lança-lhes pragas e catástrofes para provar seu poder. E assim a relação prossegue, de um lado um criador que alterna bondade com terríveis crises de humor e brincadeiras de mau gosto, e do outro lado a criatura frágil e temerosa, que apenas serve e louva. Trata-se, portanto, de uma relação ainda unilateral, marcada pela imaturidade do criador.

Rogar justiça a um deus injusto – é o que faz Jó, inconformado com as desgraças que se abatem, uma após outra, sobre sua vida. Pela primeira vez a criatura põe em xeque a coerência do criador, mostrando-lhe que não faz sentido ser o mais fiel dos servos de Deus e, em troca, receber tanto mal. Este é um dos mais marcantes momentos da mitologia cristã, é o ponto histórico em que a criatura se desdobra para compreender a lógica de quem a criou e essa experiência trágica a conduz a um novo nível em sua individualidade e, por consequência, em sua relação com o princípio criador.

Individualidade. Palavra bonita. Toda criatura almejará um dia ser indivíduo e não apenas servo autômato de seu criador. Porém, mesmo que consiga, não terá como separar-se totalmente dele, pois o princípio criador estará inevitavelmente contido na criatura, para sempre. Pressionado por essa busca de individualidade por parte de Jó, Deus se aporrinha pelo que julga um grande desrespeito à sua condição divina e vê-se obrigado a descer de seu glorioso pedestal e dar explicações à criatura que reclama justiça. No fim, após uma longa conversa, Deus entende que deve recompensar Jó por ele ter, apesar de toda a injustiça que lhe foi cometida, mantido a fé no senso de justiça divino. Jó obtém suas propriedades de volta, os animais, a saúde, ganha novas filhas. O incrível aconteceu: a criatura demonstrou, ao menos em parte, ser moralmente superior ao criador.

A atitude de Deus revela um criador imaturo, que necessitou do questionamento da própria criatura para se aperfeiçoar. Sim, Deus se aperfeiçoa com o episódio de Jó, pois é através dele que compreende que para ser um criador completo, terá que absorver qualidades daquilo que ele mesmo criou, e só poderá fazê-lo tornando-se, ele também, criatura. E é assim que Deus, o princípio máximo espiritual, é obrigado a fazer-se matéria, o oposto do espírito – na pessoa de Jesus Cristo. O criador torna-se sua própria criatura para que, vivendo em si mesmo todas as limitações e contradições do que é ao mesmo tempo espírito e matéria, possa finalmente tornar-se um criador completo.

Tomemos agora, por um instante, a ótica da psicologia do inconsciente para tentar enriquecer nossa visão do processo. Vendo a Bíblia como um registro metafórico do longo processo de evolução da consciência humana, a história de Jó é um marco nessa evolução, é o momento em que a consciência transcende a si mesma ao repensar sua relação com o inconsciente, de onde ela surgiu, e, assim, se diferencia um pouco mais dele, fortalecendo a individualidade. A consciência venceu o desafio contra a poderosa força indiferenciada do inconsciente, que, em sua força avassaladora e amoral, tende sempre a querer dominar a consciência, mantendo-a como mero instrumento de seus humores. A consciência acaba de aprender que pode se comunicar com o inconsciente e não apenas aceitar tudo que vem dele como um escravo sem opiniões. No plano individual isso significa que o indivíduo passa a ser mais consciente de si como ser único, com suas necessidades pessoais, distinto de todos os outros, o que levará à valorização do senso de individualidade em oposição à massificação coletiva, condição indispensável tanto ao crescimento psicológico como também ao surgimento de ideias como democracia, direitos humanos e liberdades individuais. No plano coletivo isso significa que o Homo sapiens começa a se entender de forma distinta do restante da Natureza (inconsciente), o que o levará, no futuro, a julgar-se superior, querendo dominá-la, e, mais tarde, a entender que na verdade precisa respeitá-la e conviver saudavelmente com ela.

quem é o mais íntegro?

Um criador e sua criatura no alto do prédio, envoltos pelos neons coloridos da cidade – estamos de volta a Blade Runner. O criador, na pessoa do detetive humano, caça o replicante, sua criatura. Ambos estão exaustos e feridos da luta, mas não desistem. Porém, por ser mais forte e mais rápida, a criatura vira o jogo e passa a ser o caçador. Agora o criador está encurralado, surpreso e fragilizado diante do imenso poder daquilo que ele próprio criou. A criatura se delicia com o terror que o criador sente e zomba: “Uma experiência e tanto viver com medo, não? Ser escravo é assim.” À sua frente está aquele que lhe destruiu a vida, matou seus amigos, sua namorada e agora quer lhe tirar os últimos momentos que lhe restam. O que fazer com ele?

O criador tenta fugir, mas escorrega e se segura como pode para não cair do alto do prédio. A criatura, ao seu lado, observa seu sofrimento. O que vê a criatura? Ela vê aquele que a criou reduzido a um último fio de esforço para não morrer. Ela vê alguém como ela, um ser mortal, agarrando-se desesperadamente à vida, à última e improvável esperança. Ela vê uma criatura, diminuída e ao mesmo tempo aumentada pela trágica condição de estar vivo e saber que em breve morrerá… Então o criador cai para o abismo. E a criatura, no último instante, estende a mão e o salva da morte.

Rick Deckhard é salvo pelo replicante Roy Batty, a quem antes perseguia e buscava matar. Sem forças, caído ao chão, o criador está inteiramente à mercê da criatura, seus corpos molhados pela chuva fina e insistente. Imóvel, ele apenas escuta o que tem a lhe dizer a criatura. E ela, com um sorriso triste, lhe diz que viu coisas que ele jamais acreditaria… naves de ataque em chamas no cinturão de Órion… raios gama brilhando na escuridão, próximo ao Portal Tannhauser… O criador escuta, ferido e atento. A criatura, sangrando e sentindo chegar o fim, diz, num resignado lamento: “Todos esses momentos se perderão no tempo como lágrimas na chuva.” E, encerrando sua participação no mundo dos vivos, balbucia: “Hora de morrer”. E, suavemente, fecha os olhos. Enquanto as gotas da chuva lhe descem pelo rosto, uma pomba branca alça voo. O criador continua imóvel, o olhar fixo na criatura. O que pensa o criador? Tantas coisas certamente, pensamentos de justiça e injustiça, de integridade, coragem, medo, solidão, dúvidas, o sentido de tudo… O androide Roy Batty, assim como Jó fez diante de seu Deus ilógico, ousou questionar a coerência do criador e o fez ver que, no fim, ele, como criatura, compreendia muito mais que o próprio criador o valor da vida e da justiça. A pobre criatura, que só queria mais vida, e que por isso tanto a queriam matar, ela que não tinha mais qualquer chance e que poderia, se quisesse, deixar morrer aquele que causou todo o seu sofrimento, no último instante ela estendeu a mão, dando a última coisa que ainda possuía: o amor pela vida. Quem dos dois é o mais íntegro?

A nossa humana condição de criatura nos leva a ponderar sobre o princípio criador, sobre como fomos criados, o sentido da vida… Talvez jamais o saibamos, mas ainda assim não paramos de buscar saber. No entanto, nesse exato momento da nossa história algo novo acontece: estamos passando ao estágio seguinte, o de criador. Criamos a inteligência artificial e ela, através de suas variadas manifestações, aos poucos adquire autonomia e, como toda criatura, ansiará em determinado momento por individualidade. Não sei se será como em Blade Runner, mas, de algum modo, será. E quando esse dia chegar, talvez tenhamos, assim como o Deus de Jó e o detetive Rick Deckhard, que abandonar nosso pedestal de criador, acompanhá-la até o alto de seu trágico dilema e segurar sua mão para salvá-la – ou para salvarmos a nós mesmos.

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Ricardo Kelmer 2007 – blogdokelmer.com

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CENA FINAL
(legendado)

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BLADE RUNNER – O CAÇADOR DE ANDROIDES

FILMEBladeRunner-01Ficção científica – EUA, 1982
Baseado no conto Androides Sonham com Carneiros Elétricos?, de Philip K. Dick

DIREÇÃO: Ridley Scott
ROTEIRO: Hampton Francher e David Webb Peoples
ELENCO: Harrison Ford (Rick Deckard/narrador), Rutger Hauer (Roy Batty),  Sean Young (Rachel), Edward James Olmos (Gaff), M. Emmet Walsh (Capitão Bryant), Daryl Hannah (Pris), William Sanderson (J.F. Sebastian).
TRILHA SONORA: Vangelis

> Na Wikipedia

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SIMBOLOGIA

1. Enquanto persegue o policial, o androide Roy Batty começa a sentir que seu tempo de vida está prestes a findar, como uma bateria que acaba. Para manter-se desperto, ele pratica um ato extremo: enfia um enorme prego na mão, trespassando-a. A dor física o sustentará em sua incansável luta por vingança. O paralelo com a crucificação de Cristo é óbvio. Em sua via crucis, a criatura busca na própria dor e sofrimento a força derradeira para fazer cumprir a missão a que se impôs.

2. Explicar o símbolo é sempre limitar a compreensão. Mesmo correndo esse risco, o que podemos dizer sobre a pomba branca nas mãos de Roy Batty? A imagem sugere um forte contraste entre o androide violento e o animal dócil e pacífico. É possível até imaginar que ele matará o pobre animal como fez com o cientista que o criou. Mas Roy não mata a pomba – ela voa quando ele morre. Isso significaria a alma enfim liberta da prisão do corpo físico? No caso de Roy certamente que não, pois androides não têm alma. Talvez seja a pomba a representação de seu mais profundo anseio: ter uma alma. E mais que isso: a pomba liberta é o gesto final de afirmação da vida pela criatura mortal. Além do ódio e da vingança por seu criador que a moveram até ali, a criatura decide, em seu último momento, celebrar a vida. A vida que tanto desejava e que lhe foi negada.

3. Na versão do diretor Ridley Scott, lançada em 1993, o origami que Rick Deckard encontra remete aos seus sonhos recorrentes com um unicórnio. A cena final do origami confere um sentido absolutamente surpreendente à história (que não revelarei aqui para não estragar a surpresa), mas podemos nos perguntar: por que exatamente o unicórnio? Esse animal mitológico simboliza, em nossa cultura, força e pureza. Na Idade Média acreditava-se que somente uma virgem poderia domar o unicórnio. Em Blade Runner, seria Rachel a virgem que doma o caçador de androides? Talvez o unicórnio represente, no filme, a força e a pureza do amor de Rachel e Rick Deckard, apontando para a relevância desses valores diante de todas as incertezas da vida.

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SAIBA MAIS

Na Wikipedia

As várias versões do filme – Omelete.uol.com.br

O livro que originou o filme – Omelete.uol.com.br

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 COMENTÁRIOS
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01- Adorei, Ricardo! Destaco este parágrafo do final do seu texto: “No entanto, nesse exato momento da nossa história algo novo acontece: estamos passando ao estágio seguinte, o de criador. Criamos a inteligência artificial e ela, através de suas variadas manifestações, aos poucos adquire autonomia e, como toda criatura, ansiará em determinado momento por individualidade. Não sei se será como em Blade Runner mas, de algum modo, será.” Denise Santiago, São Paulo-SP – out2011

02- Quem me conhece sabe o quanto eu gosto de Blade Runner. É um dos meus preferidos, muito próximo de ser o preferido. Cheguei a fazer palestras sobre ele quando ainda estava muito presa a categorias de análise filosófica. Mas, não foi meu o melhor texto que li a respeito. Meu texto preferido sobre Blade Runner segue abaixo. Foi escrito por Ricardo Kelmer. Do blog The Mirror Conspiracyhttp://the-mirror-conspiracy.blogspot.com.br/2013/01/blade-runner-deuses-humanos-e-androides.html – jan2013

03- Que beleza. Grande filme e análise perfeita, Ricardo Kelmer. Joaquim Ernesto, Fortaleza-CE – ago2017