12out2011
Os acontecimentos mostram que a Humanidade está se unificando, unindo seus opostos
A HUMANIDADE, O PSICÓLOGO E A ESPERANÇA
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A psicologia de Jung nos ensina bastante sobre o desenvolvimento psíquico do indivíduo, mas também pode ser um bom instrumento para entendermos melhor a Humanidade. Pela ótica da psicologia junguiana, é possível encarar com certo otimismo o atual momento de medo e incerteza que vive o mundo, apesar do fanatismo religioso, do terrorismo e da xenofobia. Ou melhor: justamente por causa disso.
Em determinado momento do desenvolvimento psíquico, o indivíduo descobre certos aspectos de si mesmo que antes eram inconscientes, mas agora o desagradam. É um conflito de identidade, alimentado pela recusa de aceitar a si próprio e não reconhecer a própria totalidade. Muitas pessoas não vencem o conflito interior e seguem divididas, enganando-se e brigando consigo mesmas, e a perpetuação dessa desunião interna destrói relações e traz insucessos, doenças e até incidentes fatais. A saída para o conflito é integrar os novos conteúdos à consciência, unindo os opostos e aumentando a percepção do que se é. É esse autoconhecimento que conduz à maturidade e traz harmonia ao ser.
No caso da Humanidade, não é nada harmonioso seu momento atual: as culturas se misturam cada vez mais e as diferenças incomodam a todos. Cada lado tem suas razões e seguirá lutando por elas. Até quando? Até o ponto em que a Humanidade, como um todo, reconhecer e integrar suas próprias diferenças, aumentando a compreensão do que ela é. Dessa forma, o que antes era feio, errado e ameaçador, passa a ser visto como pertencente à cultura humana.
Para superar sua crise, assim como qualquer um de nós, a Humanidade precisaria tornar-se mais transparente para si mesma. E é justamente o que acontece agora. Graças ao intenso entrelaçamento das culturas e ao fortalecimento da democracia, a Humanidade tem hoje um grau inédito de autoconhecimento, e isso impede que ela minta para si própria como antes fazia. Num mundo cada vez mais interconectado, essa transparência nos faz perder o medo daquilo que antes nos ameaçava do canto escuro da nossa própria ignorância sobre quem somos. A Humanidade torna-se, a cada dia, uma humana unidade.
Tornar-se uno… Eis um processo doloroso. Mas cada um de nós já passou por isso: na infância, a psique é uma massa inconsciente que aos poucos agrupa seus próprios conteúdos dispersos e forma o ego, a noção de eu. Depois de criado, a esse eu caberá a tarefa de continuar organizando-se vida afora sempre que novos elementos inconscientes surgirem à consciência. Na psicologia junguiana, isso se chama processo de individuação, que significa tornar-se um “in-divíduo”, ou seja, uma totalidade autoconsciente e não dividida.
É aqui onde mora o motivo para otimismo: os acontecimentos mostram que a Humanidade está se unificando, unindo seus opostos. Sua noção de eu está se ampliando. Sim, há focos de resistência, como a xenofobia, o ódio religioso e os preconceitos raciais e sexuais, mas isso faz parte do processo. O multiculturalismo e um novo senso de cidadania, a cidadania global, cada vez mais se impõem frente a percepções limitadas sobre quem somos.
Se a Humanidade de hoje fosse a uma consulta, seu psicólogo seguiria junto com ela pelas dores da crise, sim, mas por dentro sorriria esperançoso. Como certamente Jung faria.
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Ricardo Kelmer 2011 – blogdokelmer.com
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01- Rapaz, desde os incidentes de 2001 venho escrevendo sobre, particularmente sobre o fim do patriarcado (as torres gêmeas simbolizarem o falo ocidental do homem capitalista), a reviravolta nos conceitos e valores sociais e a quebra econômica (acompanhada de descrédito religioso). Pelo tarô, estamos caminhando em direção ao arcano 05 (Papa) e provavelmente teremos um ano recheado de conflitos religiosos e conturbadas crises morais. Um bom ano para a ciência, mas um ano de aprofundamento espiritual. Jung diria, se estivesse vivo, que estamos vivendo um tempo de confrontação com a sombra, de questionamento do self e de inversão de posição do animus com a anima. Certamente, um tempo de (re)descobertas, amigo Ricardo Kelmer! 🙂 Giancarlo Kind Schmid, Rio de Janeiro-RJ – out2011
02- Brigadão pelo presente do belo texto, companheiro!!! Jung é PEÇA FUNDAMENTAL na minha formação e na minha espiritualidade. Muito grato! 😉 Rógeres Bessoni, Recife-PE – out2011
03- Muito bom acordar de manhã e ler esse texto otimista sobre a aproximação entre os indivíduos e entre nós mesmos e que irá refletir em um mundo melhor, ou pelo menos mais tolerante. Muito bom mesmo! Beatriz Nousiainen, Fortaleza-CE – out2011
04- Que belo texto!!!!!!adorei! Silmara Oliveira, São Paulo-SP – out2011
05- Li seu texto ‘a humanidade, o psicólogo e a esperança’ e achei muito interessante!!! faço psicologia, então me agradou muito!! vou sempre ficar acompanhando!! Sáfia Maia, Fortaleza-CE – out2011
06- Vou compartilhar, porque compartilho!!!! Adorei!!!!! Adeli Timbó, Fortaleza-CE – out2011
07- Maravilha Kelmer, all we need is love !!!! Ivan Martins, Fortaleza-CE – out2011
Interessante essa visão conflituosa do processo de individuação da humanidade. Partindo da ideia junguiana, que tão bem você coloca, pela lógica, então, como bem mostra aqueles jogos chineses das caixinhas, o macro é o primeiro nível, e é bem provável mesmo que agora estejamos vivendo, como comunidade, algo semelhante ao processo de individuação. E se sobrar ao menos uma minúscula caixinha no final, quem sabe seja o protótipo da nova Arca de Noé. Abraço Kelmer!
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> Bela visão, Felipe. Lembrei agora de Matrix. Quando Neo se liberta e torna-se O Predestinado, ele no início acha que pode libertar a todos. Doce engano… A verdadeira libertação, ou como se prefira, a salvação, é individual e ocorre de dentro pra fora.
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Gostei demais do “in-divíduo”. Não conhecia. No livro “Auto-engano”, Gianetti (sim, o economista) faz um traçado do auto-engano da humanidade e do in-divíduo até os primórdios da civilização ocidental. Em In-human, o filósofo francês Lyotard nos apresenta uma visão mais sombria sobre o assunto. Mas, prefiro essa postura sua mais contemporânea e otimista. Como disse o hacker, Pedro Markun (filho do Paulo Markun), parafraseando: são os hackers que mudam o sistema. O sistema por si, apenas se protege. Vamos pra frente que atrás vem gente! Aquele Abraço
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> Podiscrer, Téo. O sistema se protege mas, no íntimo, sabe que precisa evoluir para não apodrecer. E ele só evolui se for atacado.
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O sistema se fecha quando é atacado e assume disfarces infiltrados no conceito de comunidade. Por exemplo, a Espanha não existe. Ela é um conjunto de Comunidades Autônomas (Catalunha, Galícia, Basca, Valenciana, Alicantina, Malagenha, etc..). E como cada comunidade tende a buscar uma identidade “una”, vemos o mal do ultranacionalismo como um vírus infiltrado. A Europa não assumiu a Turquia, e ela se fortaleceu. Os EUA nunca assumiram o quintal da América Latina, e ela se fortalece como uma comunidade ainda maior com identidades “variadas”. Acho que é daí que vem o exemplo otimista de futuro, enquanto os vírus se multiplicam até no sentido literal da palavra. Aquele Abraço!
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Maravilhoso e, como tudo o que você escreve, com um conteúdo muito abrangente e enriquecedor! É sempre um grande prazer ler os seus textos! Parabéns!
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> E é um prazer ser lido por leitorinhas como você. Obrigado!
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É isso!
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Hi nice reading your poost
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