Cristina sem vergonha de ser feliz

16/08/2021

16ago2021

Alegre e festeira, autêntica e de personalidade forte, ela marcou o entretenimento de Fortaleza

Cristina Cabral 20210812 1

CRISTINA SEM VERGONHA DE SER FELIZ

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Cristina Cabral se foi. Vítima da doença de Parkinson, nos últimos anos isolara-se. Fomos muito amigos e trabalhamos juntos. Baiana arretada e formada em Jornalismo, Cristina morou em São Paulo e, após mudar para Fortaleza, trabalhou como produtora de eventos, tornando-se referência por seu profissionalismo.

Conheci-a em 1999, no inesquecível Luau da Opção (1999-2000) que ela organizava na barraca Opção Futuro, de Carlinhos Aragão, uma festa maravilhosa que chegava a reunir duas mil pessoas num clima alto astral de beira de praia. Também na barraca Opção Futuro, ela produziu aos sábados, no fim de tarde, inesquecíveis shows com Lily Alcalay (falecida em 2003) e Banda Marajazz.

Em 2002 e 2003, fizemos juntos a festa Lua Loka, na barraca Biruta. Em 2008, Cristina produziu na boate do Restaurante Docentes & Decentes (Varjota) algumas edições da festa 30 e Alguns Anos, com a banda Baby Dolls. Em 2009, criei um evento literário-musical chamado Letra de Bar, no Bar do Papai (rua Torres Câmara), tendo ela como produtora e Ricardo Black como entrevistador. Seu irmão mais novo, Paulinho, era DJ e morreu em 2001 num trágico acidente enquanto trabalhava, fato que a marcou profundamente.

Cristina era alegre e festeira, autêntica e de personalidade forte. Sabia receber muito bem as pessoas e era querida pelos músicos e DJs. Impossível resumir aqui tudo que ela proporcionou para o entretenimento de Fortaleza.

Viver e não ter a vergonha de ser feliz…, ela adorava essa música do Gonzaguinha, dizia que lembrava seu irmão querido. Cristina deixa três filhos e muita saudade em nós que tivemos a sorte de conviver com ela. Obrigado por tantos bons momentos, Cris.

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Ricardo Kelmer 2021 – blogdokelmer.com

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RK 200905 Cristina Ca, Black 1

Ricardo Black, Cristina Cabral e eu no evento Letra de Bar (Bar do Papai, Fortaleza-CE, 2009)

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LEIA NESTE BLOG

IntocaveisPutzBand1994-201aA celebração da putchéuris – A história fuleragem da Intocáveis Putz Band

A sociedade feladaputa de Geraldo Luz – Crítica social, literatura, filosofia, anarquismo, sacrilégios explícitos e sodomismos irreparáveis

Breg Brothers com fígado acebolado – Encher a cara, curtir dor de cotovelo e brindar a todas as vezes em que fomos cornos…

O brega não tem cura – Porque o senhor sabe, né, o brega sempre puxa uma dose, que puxa outra, que puxa a lembrança daquela ingrata, que puxa outra dose…

Odair José, primeiro e único – Se você, meu amigo, é desses que sentem atração por esse universo pré-FM, feito de bares de cortininha, radiola com discos arranhados e meninas vindas do interior… então escute Odair

Maluquice beleza – Já que a formiga só trabalha porque não sabe cantar, Raulzito pegou a linha 743 e foi ser cigarra

Paz e amor express – Durante cinco dias, o Festival Express cruzou a leste-oeste do verão canadense levando em seus vagões os ideais da união pela música, a esperança ainda viva de um mundo de paz e amor

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Contracenando com Franzé

10/02/2021

10fev2021

Ele sempre daquele jeitão bonachão dele, o humor fino e irônico, a risada gostosa. Seu amor pelo cinema era contagiante

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CONTRACENANDO COM FRANZÉ

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Conheci Franzé Santos em 1996. Ele era Relações Públicas do Shopping Aldeota e fizemos lá o lançamento do meu romance O Irresistível Charme da Insanidade, iniciando uma bela amizade. Em 2000, ele dirigia o Espaço Unibanco Dragão do Mar e acertamos parceria com a CABOCA (Confraria Cearense de Apoio às Boas Causas), que eu criara e que dava ingressos de cinema para as mulheres eleitas 10 Mais do Ano.

Durante anos, no meio da semana, era sagrado: lá estava eu no Espaço Unibanco, unzinho na cabeça, a saborear um dos filmes da programação que Franzé selecionava com louvável esmero, e ao fim papeávamos sobre o filme e a cena cultural da cidade, ele sempre naquele jeitão bonachão, o humor fino e irônico, a risada gostosa. Sua paixão pelo cinema era contagiante.

Franzé dirigiu o Cinema de Arte da Credimus nos anos 1980 e foi Diretor de Promoções do Sistema Verdes Mares, e nos últimos anos exerceu o cargo de Diretor do Museu da Fotografia de Fortaleza. Era um agitador cultural por natureza, culto e de alma nobre. Fortaleza deve muito a ele.

Em 2017, quando voltei à terra natal após 13 anos fora, foi Franzé quem me indicou um flat na Pinto Madeira, onde ele morava. Era um vizinho sempre generoso. Nesses dois anos de vizinhança, várias vezes me salvou, levando as comidinhas saborosas que preparava, com a repetida recomendação de devolver o prato, pois fora herdado de sua querida mãe, dona Mazé. Virávamos horas em bons papos sobre cinema e literatura, e ele fazia questão de adquirir meus novos livros, comentava meus textos… Quando fui a São Paulo, trouxe-lhe de presente os filmes La La Land, Manchester à Beira-mar e Moonlight, que ele solicitara, e incluí no pacote o sul-coreano A Criada, do diretor Park Chan-Wook, que ele adorou, especialmente a trilha sonora.

Em setembro de 2020, eu já morando em outro lugar, enviei-lhe meu novo livro, Viajando na Maionese Astral, e ele comentou: “O pouco que li, adorei, aliás, bem à sua maneira…” Foi nossa última conversa.

Sabe, Franzé, o mundo deu outra volta e virei novamente dono de bar. Você não chegou a conhecer, é o Simpatizo Amor de Bar, na Aldeota. Quando a situação melhorasse, eu te convidaria para ir conhecer, tomar umas comigo e falar dos agitos culturais. Mas façamos uma pequena mudança no roteiro. Esta semana irei lá, sentarei naquela mesinha do canto e brindaremos, eu e você, à vida, à arte e à amizade, e te agradecerei por tudo. Na mesa ao lado, alguém rirá de me ver falando sozinho e fazendo tim-tim com um outro copo invisível. Na sequência, a câmera abrirá o plano e mostrará o cajueiro do outro lado da rua, onde os pássaros se reúnem ao fim da tarde para gorjear as novidades. E os créditos subirão na tela.

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Ricardo Kelmer 2021 – blogdokelmer.com

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VIAJANDO NA MAIONESE ASTRAL
Memórias exóticas de um escritor sem a mínima vocação para salvar o mundo
Miragem Editorial, 2020

Enquanto relembra as pitorescas histórias de quando largou uma banda de rock para liderar um aloprado grupo esotérico e lançou-se como escritor com um livro espiritualista de sucesso (Quem Apagou a Luz? – Certas coisas que você deve saber sobre a morte para não dar vexame do lado de lá) que depois renegou, o autor fala, com bom humor, sobre sua suposta vida no século 14, carreira literária, amores, sexo, drogas ilegais, prostituição e crises existenciais, reflete sobre sua relação com o feminino, o xamanismo, a filosofia taoista e a psicologia junguiana e narra sua transformação de líder de jovens católicos em falso guru da nova era e, por fim, em ateu combatente do fanatismo religioso e militante antifascista.

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01- Muito triste com a morte do Franzé. Jane Soares Cruz Cabral, Fortaleza-CE – fev2021

02- Como você descreveu bem seu amigo, uma homenagem linda. Ligia Eloy, Lisboa-Portugal – fev2021

03- Linda homenagem! Ernesto Enrique Hernández, Rio de Janeiro-RJ – fev2021

04- Meus sentimentos. Celia Sporrer, Fortaleza-CE – fev2021

05- Conheci o Franzé numa campanha politica. Depois o encontrei varias vezes no Espaco Unibanco.Vez ou outra trocava um ideia com ele. Muito culto realmente. Tales Alexandre Lula Haddad, Fortaleza-CE – fev2021

06- Como ele gostava de compartilhar receitas e filmes. A cara dele.   muito bem escrito Ricardo. Nucia Costa Melo, Fortaleza-CE – fev2021

07- Um abraço pra tu. Veronica Guedes, Fortaleza-CE – fev2021

08- Estive com Franzé , deveras (o via sempre no Cine Dragão), duas vezes: uma para cumprimentá-lo e, na dura, sensibilizá-lo para uma exibição gratuita para os educando/as da EFA dom Efa Dom Fragoso que não conheciam uma sala de cinema, ele topou! A segunda vez foi no dia da exibição. Fiquei muito grato. Ivo Sousa, Fortaleza-CE – fev2021

09- O pouco que conheci do Franze Santos; desde a CREDIMUS, até o cinema do Dragão do Mar; sempre foi muito agradável e de informações preciosas pra mim. Bela descrição e homenagem que você faz Ricardo Kelmer; Luz e paz pra o Franze Santos. Fernando Piancó, Fortaleza-CE – fev2021

10- Meu amigo querido. Jane Azeredo, Fortaleza-CE – fev2021

11- Meus sentimentos. Soares Oliveira Soares Oliveira, Fortaleza-CE – fev2021

12- Que bonito, Kelmito. Sinta-se abraçado, que Sr.Franzé esteja em um bom lugar. Marta Pinheiro, Fortaleza-CE – fev2021

13- Lindo texto! Que bom deixar lembranças preciosas, que pena perder amigos dessa forma… Verônica Oliveira, Fortaleza-CE – fev2021

14- Fizemos trabalho juntos.. aprovou pelo SVM a.produção “Agosto dos homens” no Obá Obá do amigo Erivaldo Alves…sucesso total. É tanto q teve mais 2 edições. Dessa forma como vc o descreveu. Adil Chaves, Fortaleza-CE – fev2021

15- Sublime seu texto  Franze inesquecível. Andre Marinho, Fortaleza-CE – fev2021

16- Que lindo, Ricardo… Só você para fazer esta perda ter imagens. Selma Santiago, Fortaleza-CE – fev2021

17- Belo depoimento Jornalista. José Anderson Freire Sandes, Fortaleza-CE – fev2021

18- Que belezura. Ricardo Andrés Bessa, Fortaleza-CE – fev2021

19- Momento triste retratado num texto emocionante, que me remeteu ao percurso e à amizade de vcs ( mesmo sem conhecê- los). Kátia Lula da Silva, Fortaleza-CE – fev2021

20- Bela e justa homenagem. Walber Steffano, Fortaleza-CE – fev2021

21- Franze ,siga em paz!. Tete Vieira, Fortaleza-CE – fev2021

22- Franzé Presente! Uma destas figuras humanas que justificam sua passagem na Terra! Agora só não entendi porque iria esperar a pandemia passar para lhe convidar a tomar uns tragos, já que o bar está aberto e com muita frequência normal de pessoas que gostam de conversar, beber e ouvir uma boa música mesmo na Pandemia. Agora mesmo o bar continuando aberto em meio a um lockdown absurdo e sem qualquer base científica, Franzé não está mais entre nós para degustar uma breja gelada… Candido Alvarez, Fortaleza-CE – fev2021

23- Espaço Unibanco foi tocado por ele muito bem. O café da manhã de domingo muito legal. Saudades. Luiza Perdigão, Fortaleza-CE – fev2021

24- Gente , o Franze morreu? Eu não tô acreditando. Arrasado. Apesar dele virar Bolsominion no final, eu amava o Franze. Entrevista que fiz com ele em Canoa: https://youtu.be/0Bw4IQdgE7c Felipe Muniz Palhano Xavier, Fortaleza-CE – fev2021

25- Nunca esqueço das pré estreias glamourosas do cinema nacional no Espaço Unibanco, as fofocas com ele quando encontrava…papo bom demais, era verdadeiro , falava o q pensa. Franze foi um dos maiores produtores culturais de Fortaleza! Viva o Franze! um dos melhores papos de Fortaleza, super articulado, admirava ele muito. Eu tô chorando. Poxa Franze. Felipe Muniz Palhano Xavier, Fortaleza-CE – fev2021 

26- Franze tinha muita história pra contar. o cara teve cara a cara com Janis Joplin. Joanice Sampaio, Fortaleza-CE – fev2021

27- Quando moramos longe da terrinha há um bom tempo e alguém falece, algo volta no tempo, uma certa nostalgia, talvez pq um pouco de nós se vai também… Ana Cristina Baptista Teixeira, Porto Alegre-RS – fev2021

28- 😢 Silêda Franklin, Fortaleza-CE – fev2021

29- Fará falta e, sim, Fortaleza lhe deve uma cena muito inteligente com suas curadorias. Suzana Costa, Fortaleza-CE – fev2021


São Paulo 467 anos

25/01/2021

25jan2021

Quando vi, estávamos casadinhos. Foram onze anos de intensa convivência, na alegria e na tristeza

 

SÃO PAULO 467 ANOS

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Hoje é aniversário dela. Mas deixe-me voltar uns anos no tempo. Para dizer que antes, era o medo. Sim, eu a temia, mas nem tinha consciência disso. O medo arquetípico daquilo que pode nos libertar – hoje sei.

Até que, numa noite de outubro de 2006, um sonho veio me dizer “vá!”, e foi tão enfático que eu obedeci, mesmo sem saber como ela me receberia. O Louco das cartas do tarô, a se jogar no mundo, confiando nas asas de sua própria ingenuidade…

Quando vi, estávamos casadinhos. Foram onze anos de intensa convivência, na alegria e na tristeza, Planalto Paulista, Sumaré, Pinheiros, livros, teatro, saraus, amores e amizades… Aprendi a aceitá-la do jeitinho que ela é e ela me ensinou a mágica de ser, ao mesmo tempo, escritor, ator canastrão e muambeiro de eletrônicos da Santa Efigênia.

Sabe, ela me abriu as portas de um novo mundo e de um novo eu, e devo muitíssimo a ela. Sim, hoje é Fortaleza, essa loirinha desmiolada de sol, quem dorme e acorda comigo, mas nessas idas e vindas que a vida traz, nós três nos entendemos bem.

Feliz aniversário, São Paulo! 

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Ricardo Kelmer 2021 – blogdokelmer.com

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VIAJANDO NA MAIONESE ASTRAL
Memórias exóticas de um escritor sem a mínima vocação para salvar o mundo
Miragem Editorial, 2020

Enquanto relembra as pitorescas histórias de quando largou uma banda de rock para liderar um aloprado grupo esotérico e lançou-se como escritor com um livro espiritualista de sucesso (Quem Apagou a Luz? – Certas coisas que você deve saber sobre a morte para não dar vexame do lado de lá) que depois renegou, o autor fala, com bom humor, sobre sua suposta vida no século 14, carreira literária, amores, sexo, drogas ilegais, prostituição e crises existenciais, reflete sobre sua relação com o feminino, o xamanismo, a filosofia taoista e a psicologia junguiana e narra sua transformação de líder de jovens católicos em falso guru da nova era e, por fim, em ateu combatente do fanatismo religioso e militante antifascista.

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01- não esqueça dela. ela faz bem pra caramba. Shirlene Holanda, São Paulo-SP – jan2021

02- Suas andanças me são familiares menos Fortaleza que sonho conhecer. Fez bem! Malu Ferreira, São Paulo-SP – jan2021

03- Parabéns pelo maravilhoso texto. Clea Fragoso, Fortaleza-CE – jan2021

04- Também consegui me encantar com a “cidadivosa” quando a conheci! Tereza Cristina, Fortaleza-CE – jan2021

05- Lindo! Declaração de amor bem bonita. Também admiro São Paulo, um universo fascinante. Ligia Eloy, Lisboa-Portugal – jan2021

06- eu só fiquei 3 anos em Sampa e, depois, 15 no Rio de Janeiro. Foi no Rio que nasceu meu filho, o maior amor da minha vida. Mesmo assim, São Paulo foi e é a minha cidade do coração, com todos os perrengues que passei lá. Nutro um amor enorme por ela, tive acesso a tanta arte, tanto conhecimento, foram 3 anos muito bem vividos. Discordo de você se achar ator canastrão. Desde lá nos anos 80, quando você contava suas histórias, suas piadas, nas mesas dos bares, eu já achava que você tinha uma veia artística para os palcos. Lisieux Bevilaqua, Fortaleza-CE – jan2021

07- “Porém com todo defeito te carrego no meu peito… são, são paulo, quanta dor…” Arnaldo Afonso, São Paulo-SP – jan2021

08- Adorei, Kelmer!!!! Barbara Garcia, São Paulo-SP – jan2021

09- Lindo sem barba. Parabéns pelo lindo texto. Vilma de Oliveira, Fortaleza-CE – jan2021

10- Obrigada por homenagear minha cidade. Bj. Marcia Soares Fernandes, São Paulo-SP – jan2021

11- Aprecio ler seus livros. Maria Ines Ramalho, Fortaleza-CE – jan2021

12- Você é muito a cara de Sampa! Reny Diel, Porto Alegre-RS – jan2021

13- Kelmer, “esta bichinha” me pegou pelo coração e vivi 8 anos por lá. Ela é todo o mistério da vida com suas não-identidades, diversidades, generalidades, diferenças e tudo o que pode ser. Parabéns São Paulo. Tenho uma parte do meu coração com você! Érico Baymma, Fortaleza-CE – jan2021

14- que lindo!!! Olinda Evangelista, Florianópolis-SC – jan2021

15- Imensamente lindo! Somos brasilianos! Carlos Bonfim, Sobral-CE – jan2021

16- Maravilha esse texto! Amei. Lúcia Menezes, Rio de Janeiro-RJ – jan2021

17- Eu te admiro muito meu sobrinho com esse jeito meio confuso e inteligente , parabenizo por tudo que você merece . Seja sempre iluminado com os seus desejos extraordinários e fabulosos. Leonor Oliveira Moreira, Fortaleza-CE – jan2021

18- um grande abraço primo. Maria Célia Oliveira Garcia, Fortaleza-CE – jan2021

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Nasceu o Flor de Resistência 2

27/10/2020

27out2020

A flor resiste!

NASCEU O FLOR DE RESISTÊNCIA 2

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Nós, do coletivo Flor de Resistência, estamos muito felizes. O segundo livro do nosso projeto será lançado neste mês de outubro, em Fortaleza, primeiramente no Simpatizo Amor de Bar (Aldeota) e depois em outros espaços, sempre seguindo as orientações sanitárias relativas à pandemia de Covid-19.

Organizado por mim e Alan Mendonça, o livro, assim como no primeiro volume, traz textos, desenhos e fotos de diversos escritores e artistas reunidos sob os temas democracia, cidadania, direitos humanos, justiça social e ecologia/sustentabilidade. O projeto não tem fins lucrativos, e uma parte da tiragem é vendida (R$ 5) e a outra parte é distribuída entre a população que trabalha ou mora nas ruas. Este segundo volume conta com o apoio de Transforme Coworking e Feira Funerária Brasil.

PARTICIPANTES DESTE VOLUME
Alan Mendonça, Alana Girão de Alencar, Alberto Perdigão, Aluísio Martins Rodrigues, Alves de Aquino, Bruno Paulino, Carlos Nóbrega, Carlos Vazconcelos, Chico Araújo, Cleudene Aragão, Francélio Alencar, Jansen Viana, Kelsen Bravos, Laodicéia A. Weersma, Leite Jr., Léo de Oliveira, Levy Motta, Lidia Valesca, Luciano Dídimo, Magna Maricelle, Mailson Furtado, Marcos Oriá, Meire Viana, Pantico Monteiro, Ramos Cotôco, Renato Pessoa, Ricardo Kelmer e Roberta Laena.

PADRINHO DO PROJETO
Poeta Mário Gomes (1947-2014)

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SIMPATIZO AMOR DE BAR
Rua Sabino Pires, 6 – Aldeota – Fortaleza-CE

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Ricardo Kelmer 2020 – blogdokelmer.com

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APOIO

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Curso de Literatura Cearense

15/05/2020

15mai2020

Um patrimônio artístico-literário brasileiro que também é seu. Aproveite

CURSO DE LITERATURA CEARENSE

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O Ceará é um estado que traz a marca de grandes histórias, muitas delas fincadas na imaginação e em papel e, injustificadamente, ainda pouco conhecidas do público em geral.

Neste curso básico de extensão, com inscrições abertas a todo o país e certificação pela Universidade Federal do Ceará (UFC), você conhecerá um pouco mais sobre a literatura aqui produzida, desde o século XIX à contemporaneidade, através de alguns de seus autores(as), grupos/agremiações literárias e obras referenciais, em consonância com os estudos da Literatura Brasileira, por meio de fascículos, videoaulas, podcasts e webconferências, material complementar da Biblioteca Virtual, e muito mais.

Aproprie-se desse patrimônio artístico-literário brasileiro que também é seu.

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Ricardo Kelmer 2017 – blogdokelmer.com

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LEIA NESTE BLOG

Lugar de literatura é solta pela cidade – Com esses livretos, consigo que minha arte frequente as mesas dos bares, integrando-se à dinâmica boêmia da cidade e atraindo novos leitores

O dilema do escritor seboso – Certos escritores amadurecem cedo. Tenho inveja desses. Porque nunca viverão o constrangimento de não se reconhecerem em suas primeiras obras

O encontrão marcado – Fechei o livro, fui até a janela e olhei pro mundo lá fora. E disse baixinho, com a leveza que só as grandes revelações permitem: tenho que ser escritor

Pesadelos do além – O pior pesadelo para um escritor é ser psicografado. Ou melhor: ser mal psicografado

Meu fantasma predileto – Diziam que era a alma de alguém que fora escritor e que se aproveitava do ambiente literário de meu quarto para reviver antigos prazeres mundanos

Kelmer no Toma Lá Dá Cá – Aqueles aloprados moradores do condomínio Jambalaya descobriram meu livro maldito

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Mar de gente, mar de amar

11/02/2020

11fev2020

A música do Simpatizo Fácil no pré-carnaval 2020

MAR DE GENTE, MAR DE AMAR

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O carnaval chegou
Eu vou que vou me perder
Nesse mar de amor e alegria
Minha fantasia não tem opressão

Minha alma é da paixão
O meu corpo é da folia, meu bem
Pra censura eu digo não
Pro amor eu só digo vem

Vem, vem, vem, vem
É nesse mar de gente
Que a gente de repente vai se encontrar
Olha a onda do respeito
Cada um tem o seu jeito
Nesse lindo mar de amar

> composição de Calé Alencar e Ricardo Kelmer (2020)

 

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Ricardo Kelmer 2020 –
blogdokelmer.com

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> Simpatizo Fácil no Facebookfacebook.com/simpatizofacil

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.CLIPE DE MAR DE GENTE, MAR DE AMAR
Com Calé Alencar e Os Transacionais
Imagens/montagem: Levy Mota

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Diretoria do Simpatizo Fácil (Paulo Henrique Carvalho, Vaninha Vieira e Ricardo Kelmer)

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CLIPE DE NAÇÃO NORDESTE, CAPITAL FOLIA
Arranjos e interpretação: Os Transacionais. Imagens/montagem: Levy Mota

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NAÇÃO NORDESTE, CAPITAL FOLIA
Ao vivo, 12jan2019, no pré-carnaval do Simpatizo Fácil. Composição de Alan Morais e Ricardo Kelmer

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SIMPATIZO FÁCIL
Música do Simpatizo Fácil 2018
Voz: Liliany Sá. Arranjos: Fábio Amaral (Fortaleza, jan2018). Composição de Joaquim Ernesto e Ricardo Kelmer

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SIMPATIZO FÁCIL (ao vivo)
Banda Frevo Alucinação, no Floresta Brasil (Fortaleza, fev2018)

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LEIA NESTE BLOG

Resistindo com alegria – Ocupar os espaços da cidade é reconquistá-la para seus devidos donos: o povo

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01- Excelente… velho guerreiro Calé. Zezé Medeiros, Fortaleza-CE – fev2020

02- Muito massa, parabéns! Aulo Silvio Braz, Fortaleza-CE – fev2020

03- Parabéns meu amigo velho ou velho amigo. Muito boa a letra. Gostei muito. O que mais admiro é essa luta sua diaria pela cultura nesse pais tão rico e criativo, porém sem o minimo de reconhecimento à arte. Ainda mais agora com Bonzonazi no poder.Abraços, Boa sorte. Curta que ela é pra ser curtida. Leopoldo Felice Noschese, São Paulo-SP – fev2020

04- Dale Kilmito, ficou massa! André de Sena, Recife-PE – fev2020

05- gostei!!! Helga Lima, Rio de Janeiro-RJ – fev2020

06- ARRAZZZOOOUUU!!!!!! Rildete Ribeiro, Fortaleza-CE – fev2020

07- O melhor carnaval de Fortaleza….Parabéns aos organizadores: Vaninha, Kelmer e PH! A gente se diverte com segurança, musica de qualidade, gente bacana, comida top e bebida gelada. Alessandra Magna, Fortaleza-CE – fev2020

08- tá lindo!! Shirlene Holanda, Fortaleza-CE – fev2020

09- Pense num som arretado. Guto Bitu, Crato-CE – fev2020

10- 👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼 Ta lindoooo. Magah Costa, Fortaleza-CE – fev2020

11- Que massa! Super lindo! Renata Luz, Fortaleza-CE – fev2020

12- SENSACIONAL. Moacir Bedê, Fortaleza-CE – fev2020

13- Massa! ja tem quantas? uma por ano né? Alan Morais, Fortaleza-CE – fev2020

RK: O Simpatizo já tem 3 músicas. A de 2018 fiz com Joaquim Ernesto, a de 2019 contigo e de 2020 com Calé Alencar. Só parceirim arretado 🙂

14- Massa demais. Fernando Piancó, Fortaleza-CE – fev2020

15- Massa!!! Show mesmo! João Felipe Matias, Fortaleza-CE – fev2020

16- Vou compartilhar no Facebook. Célia Sporrer, Fortaleza-CE – fev2020 

17- Deixar aqui .. meus parabéns .. foi .. muito amigos presentes , a festa foi maravilhosa as bandas estavam um espetáculo ! Vcs arrasaram. Michelle Firmeza, Fortaleza-CE – fev2020

18- gostei!!! Helga Lima Carlos, Rio de Janeiro-RJ – fev2020


Amor de bar

15/01/2020

15jan2020

Uma homenagem aos bares que amamos

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AMOR DE BAR
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Putz… Depois de ler todas essas crônicas, a vontade que me deu foi de ir em cada um dos amados bares que João e Alexandre tão bem homenagearam e tomar uma em cada um deles.

Uma ou duas, né, que às vezes só uma não dá tempo de sentir o ambiente e de se deixar levar por tudo que ele evoca, e olhe que tem bar que evoca até o passado que não se tem. Uma ou duas dúzias, sim, porque tem bar que, já na primeira sentada, ele mexe de um jeito esquisito na peçoa umana bebedora, você já percebeu?, poizé, parece que a pessoa já esteve ali antes, ou dali nunca saiu.

Helano, Tocantins, Disney Lanches… Qual é o segredo dos bares que amamos? Taí uma questão que pode render infinitas saideiras. Tem bar que nos seduz pela cerveja inacreditavelmente sempre gelada, o que não é pouca coisa. Ou por aquela transcendental moela ao molho que nos faz salivar um litro só de passar em frente. Às vezes, o segredo é a distância: dobrou duas esquinas, chegou no bar, e voltou duas esquinas, já tá em casa, o que permite beber o que se gastaria com o uber. Às vezes é o atendimento, aquela presteza infalível, aquela captação silenciosa e imediata dos nossos mais puros desejos, um milagre que se reedita a cada ida ao bar: “Seo Papito, me traga…” “Aquela farofa de ovo com sardinha, tomate e a cebola bem fritinha, é pra já.” “Eita, como é que o senhor sabe?”.

Bares são como amantes possessivos: quando nos damos conta, não conseguimos deixá-los, por pior que seja a relação. Veja a história de Micaela. Ela bebia havia anos no mesmo bar, mas o trocou por outro que abrira no outro lado da rua. Uma noite, bebendo com as amigas em seu novo bar predileto, Micaela olhou para o antigo amor e, percebendo vazias as mesas, foi tomada de um sentimento de culpa avassalador. A partir daí, viu-se obrigada a beber nos dois bares, na mesma noite, num ritual que fazia rir as amigas, que ficavam no segundo bar, aguardando que ela tomasse uma no primeiro, sozinha no balcão, trágica penitente etílica.

O Roque Santeiro, no Mucuripe, era uma bodega que dona Orestina e seo Moacir montaram na parte da frente de sua casa e que abria às cinco da manhã. Durante 20 anos, frequentei o Roque, pra ressuscitar da noitada com um caldo quentinho e depois tomar a saideira, que se replicava em outras saideiras até o meio-dia, ao som de Odair José, Núbia Lafayette e Roberto Carlos. Pois bem. Sempre que eu começava um novo caso, ia com a garota no Roque só pra saber a opinião de dona Orestina. Quando a garota ia ao banheiro, ela vinha e me dava seu veredicto: “Onde foi que tu arrumou essa matraca, ô menina pra falar!”, ou “Coitada, ela acha que te fisgou só por causa daqueles peitões…” Como você pode ver, além de ser a segunda casa, às vezes é no bar que conhecemos nossa segunda mãe.

Longa vida aos bares que amamos!

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Ricardo Kelmer 2019 – blogdokelmer.com

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Esta crônica foi escrita para o posfácio do livro Saideiras (Radiadora, 2020), de Alexandre Greco e João Ernesto, um livro de crônicas afetivas sobre alguns bares de Fortaleza, com edição e prefácio de Alan Mendonça e ilustrações de Jadiel Lima.

O livro é um convite por outros olhares a esses lugares que, quando forjados na arquitetura do encontro, são parte dos quintais dos homens, um bailado de trégua com a vida.
Alexandre e João passeiam pela geografia etílica de Fortaleza com a afetividade própria aos múltiplos, aos corações subversivos dos vagabundos, que perambulam imensamente compromissados com o inútil… e expõem as sutilezas do essencial das horas anteriores à obediência ao sol.

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COMENTÁRIOS
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01- Muito bom, Ricardo Kelmer! Tayane Cristine, Campina Grande-PB – jan2014

02- Realmente um lugar pra ser feliz!!! Lucinha Simões, Fortaleza-CE – ago2014


30 anos de Badauê – Estamos vivos

26/05/2019

26mai2019

Foi tudo lindo, em sua poesia de estrela cadente a colorir o céu da nossa inebriada juventude

30 ANOS DE BADAUÊ – ESTAMOS VIVOS

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Badauê era o nome do bar. Arquitetura rústica de carnaúba e tijolo aparente, varanda em L, teto de palha, e ao redor as árvores e o chão de areia coberto de pedrinhas. Ficava na Praia de Iracema, rua dos Potiguaras, 134. Os sócios éramos eu, Nelsinho Machado e Paulo Marcio, o trio mosqueteiro no frescor dos seus vinte e poucos anos. Era o ano 1988 de uma Fortaleza ainda não tão amedrontada, e existiam nas proximidades Estoril, Cais Bar, La Tratoria, Pirata, Ponte para o Céu, Zanzibar, a Gruta da Praia do seo Zairton e mais um ou outro bar que não lembro agora.

O terreno, do tio do Nelsinho, só tinha árvores e muito mato e lixo. Limpamos tudo e construímos do zero, e em troca da benfeitoria fomos dispensados do aluguel. A cada mês, catávamos nossas singelas economias e subíamos mais um metro de parede, comprávamos uma privada, um fogão usado… Na folga do vigia, nós dormíamos lá, nos revezando. Pra ajudar nas finanças, compramos um refrigerador e no sábado enchíamos de cerveja e chamávamos os amigos pra ir beber lá, sentado no chão mesmo, tocando um blues no violão, rodinha de fumo, essas coisas boas da vida. Com o apurado, mais um metro de parede, um jogo de mesa e cadeiras, o aparelho de som…

Nove meses depois, julho de 1988, a inauguração, com show do Trio Guarani. A partir daí, foram noites e noites de bar lotado, shows inesquecíveis, as amizades brotando no tilintar dos copos, os amores borbulhando no fervor das possibilidades… No show da banda Os Necessários, era tanta gente que vendemos ingresso até pro galho da mangueira. Os garçons, quem eram no início? Eram elas, nossas deslumbrantes namoradas, e as danadas recebiam tanta gorjeta que até nos emprestavam dinheiro. Ao findar das longas noites, subíamos pro mezanino e lá dormíamos, exaustos de felicidade, sem consciência do brilho fugaz daqueles dias eternos.

Como o mezanino também servia pra resolver certas urgências que nos possuíam no meio da madrugada, as nossas e as dos chegados, apelidaram-no Badauê Love. E como a escada ficava encostada à parede externa, todo mundo via quem subia e quem descia de lá, e as almas bondosas até ajudavam as moças a chegar lá em cima, e embaixo o povo moleque aplaudindo o heroico esforço da necessitada. Era uma festa. E tinha a famosa lenda da caixa dágua, que ficava no mezanino: corria o boato de que fazíamos dela piscina, nós todos lá, degustando vinho com Pink Floyd, chafurdando na água com a qual eram lavados os copos. Não nego e nem confirmo. E se me pressionarem, conto os podres de todo mundo, viu?

Se ganhamos dinheiro? Dinheiro era o de menos naquela intensa celebração da vida sem hora pra acabar. Pra você ter uma ideia, várias vezes levamos os últimos clientes resistentes pra tomar café da manhã… onde? No Esplanada, um hotel 5 estrelas da Beira-mar, nós, os milionários moços lindos do Badauê, pagando tudo. Como que junta dinheiro assim?

O bar durou o piscar de olhos de dez meses. Fechamos por imaturidade na condução de nossas discordâncias e porque estava difícil conviver com a vizinhança. Melhor assim. Durasse mais tempo e não viveríamos pra contar a história. Mas foi tudo lindo, em sua poesia de estrela cadente a colorir o céu da nossa inebriada juventude. E agora, em 2018, comemoramos 30 anos de Badauê. Infelizmente, alguns amigos queridos que lá beberam e amaram já se foram. Mas nós sobrevivemos. Brindemos, a eles e a nós!

Você tem fotos, vídeos ou lembranças desse tempo? Divide com a gente, vai. Afinal, se o passado é a areia que já escorreu na ampulheta, é essa mesma areia que hoje faz o chão do que somos e nos dá a certeza de que, sim, nós vivemos, e vivemos deveras, e tudo valeu a pena.

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Ricardo Kelmer 2018 – blogdokelmer.com

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Com minha mana Luce, a caixa do Badauê, no Sobrevivi 2018 (Cantinho do Frango, Fortaleza, dez2018). Detalhe: à época, em 1988, ela era menor de idade e aceitou receber o pagamento em cerveja.

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Comentarios01 COMENTÁRIOS

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01- Kkkkkkkk massa. Moacir Bedê, nov2018 – Fortaleza-CE

02- Tempo bom!!!! Andei muito aí…….. Bom demais.!!! Ligia Castro Holanda, nov2018 – Fortaleza-CE

03- Ohs meninus bonitinhos estes três. Crisostomo Frota, nov2018 – Fortaleza-CE

04- Delícia de memórias. Shirlene Holanda, nov2018 – Fortaleza-CE

05- Muito massa! Alfredo Junior Franco, nov2018 – Fortaleza-CE

06- Eita. Claudia Baima, nov2018 – Fortaleza-CE

07- Que massa Kelmer. Herson Perdigão, nov2018 – Fortaleza-CE

08- bota mais fotos das antas. Raquel Duarte Taveira, nov2018 – Fortaleza-CE

09- Denise Gurgel, eu quero ir. Quem.sabe a gente não vê o príncipe? Valeria Esteves, nov2018 – Fortaleza-CE

10- Amo essas lembranças!!! Cecilia Clécia Dantas, nov2018 – Fortaleza-CE

11- Que massa. Que tempo bommmm. Anabela Alcântara, nov2018 – Fortaleza-CE

12- Coisa mais linda vc Kelmer. Iris Medeiros, nov2018 – Fortaleza-CE

13- Eiiiiita. Sandra Freire, nov2018 – Fortaleza-CE

14- Só lançamento. Bilica Leo, nov2018 – Fortaleza-CE

15- Eita! Faz um tempinho… Catarina Machado, nov2018 – Fortaleza-CE

16- O Crisostomo Frota começou a namorar a Dani no Badauê!! Joyna Sampaio, nov2018 – Fortaleza-CE

     17- foi não. Na época do Badauê eu estava sob outra administradora. Dani foi na Cachaçaria, do Chico e da Susi. Crisostomo Frota, nov2018 – Fortaleza-CE

     18- Tu ficava administrando a caixa d’água né?! ainda bem que o bar durou só 9 meses, senão tu ia morrer!! Joyna Sampaio, nov2018 – Fortaleza-CE

19- Didi, Mussum e Dedé. Bilica Leo, nov2018 – Fortaleza-CE

20- Você, mais uma vez, nos brindando com uma ótima narrativa sobre a boêmia da Fortaleza das doçuras… Rachel Oliveira Alves, nov2018 – Fortaleza-CE

21- Eitaaa, que massa!!! Maria Eugênia Brasil, nov2018 – Fortaleza-CE

22- Época show!!!saudadesss. Joana Darc Pedrosa, nov2018 – Fortaleza-CE  

23- Bar maravilhoso, trio gostosura e tempo inesquecível!!!! Joesa Gondim, nov2018 – Fortaleza-CE

24- Como eu queria!!! Reny Diel, nov2018 – Fortaleza-CE

25- Andre Soares Pontes, vc faz parte dessa história. Baixou muita garrafa de Teacher´s naquele balcão… RK, nov2018 – Fortaleza-CE

26- Eu sobrevivi. Marcia Sucupira Viana Barreto, nov2018 – Fortaleza-CE

27- Eu cohecí o Badauê. Tempo bom… Celia Sporrer, nov2018 – Fortaleza-CE

28- Meu povo, do que vcs mais lembram do Badauê? 
1- Pessoas   2- Músicas   3- Algum show   4- Um acontecimento especial   5- A fila dos banheiros   6- O Badauê Love   7- As garçonetes   8- Os donos   9- A caixa, que era minha irmã Luce
RK, nov2018 – Fortaleza-CE

     29- Do ambiente que era descontraído, fraterno, sensual… Carlos Marcos Augusto, nov2018 – Fortaleza-CE

30- A galera do Badauê era única!! Mas lembro, meio chapado, do Ricardo Kelmer colocando a música Blue Velvet, do filme Veludo Azul… Thomé Bayma Oestreicher, nov2018 – Boa Vista-RR

31- Queria estar aí… Claudia Baima, nov2018 – Fortaleza-CE

32- Não vou perder essa “festa memória”. Bons momentos vivo no badaue. Francisco Antonio Mota, nov2018 – Fortaleza-CE

33- Que linda lembrança! Ligia Eloy, nov2018 – Lisboa-Portugal

34- Vou pegar Welia Pinho Ferraro e vamos aí. Bjs. Míriam Costa Cearucha, nov2018 – Fortaleza-CE

35- que pena não vou estar em Fortaleza para esse memoriável encontro!!! Andrea Ramos Nogueira, nov2018 – Fortaleza-CE

36- Só gay!! Andre Soares Pontes, nov2018 – Fortaleza-CE

37- Q massa! Lembro q eu fazia Letras n UFC e morava n Benfica ….e combinei um dia c uma galerinha d B. Fátima (q frequentava o Cana Verde) ir ao barzinho badalado q tinha nome inspirado numa música q eu adorava(até hj)! Lembro nos apertarmos em um fusca n ida…mas voltar rindo muito c a metade d turma n corujão Circular – pois o dono d fusca – esticaria por lá ao encontro d amanhecer…Até hj não sei afirmar s meu primeiro porre foi n Zanzibar ou Badauê. Márcia Matos, nov2018 – Fortaleza-CE

38- posta aqui fotos do Badauê por favor! Paulo Alcântara, nov2018 – Fortaleza-CE

     39- Não tenho sequer uma foto, acredita? Por isso que peço pra quem tiver, que nos envie. RK, nov2018 – Fortaleza-CE

     40- caramba! Ficou tudo impresso na memória mesmo… vamos lá!! Paulo Alcântara, nov2018 – Fortaleza-CE

 41- Nosso amigo Ricardo Damito me disse que tem muitos negativos das fotos que fez desse tempo, e que há várias do Badauê. Mas falta coragem pra abrir as caixas e procurar. RK, nov2018 – Fortaleza-CE  

42- Saudades do Badauê! Carlos Marcos Augusto, nov2018 – Fortaleza-CE

43- Iapurinan Oliveira! Vanuzia Lessa! Albetiza Lacerda! Otávio Silveira! Mônica Paiva Barbosa Bezerra, nov2018 – Fortaleza-CE

44- Não lembro de quantas vezes eu e a Silvana Braga ajudamos a servir as mesas mas valia a pena pois o bar era muito astral e cheio de amigos inesquecíveis. Irei sem dúvida com a Miriam ok. Bjs Ricardo Kelmer. Welia Pinho Ferraro, nov2018 – Fortaleza-CE

45- Pra mim foi o melhor Bar da cidade. Luciene Resende, nov2018 – Fortaleza-CE

46- Saudades dessa época. Andrea Bezerra Zokvic, nov2018 – Windsor, Ontário-Canadá

47- Eu lembro quando chegava RK cantando a musica da Smurfet. La la lalala…. Berto Albuquerque, nov2018 – Fortaleza-CE

48- Que massa! Daniele Ellery, nov2018 – Fortaleza-CE

49- Adorava esse lugar…tempos bons. Fabiana Z Azeredo, nov2018 – Fortaleza-CE

50- Muita saudade ! Violeta Arrais, nov2018 – São Paulo-SP

51- Massa demais. Pedro Neto, nov2018 – Fortaleza-CE  

52- Só via muito era o Carlim Papai.pra mim ele era o dono kkkkk. Osmar Pimentel Jr., nov2018 – Fortaleza-CE

53- Tempo bom!!!! Luiza Menezes, nov2018 – Fortaleza-CE

54- Chico Gadelha, vc é parte disso tudo. RK, nov2018 – Fortaleza-CE  

55- Campeão!!! Celso Rocha, nov2018 – Fortaleza-CE

56- TAMOJUNTO!!! Francisco Barbosa, nov2018 – Fortaleza-CE

57- ô tempo bom! Érico Baymma, nov2018 – Fortaleza-CE

58- Era Maravilhoso, Lindo,Amava aquele Lugar,Inesquecível! Lucia Serra, nov2018 – Fortaleza-CE

59- É isso tudo mesmo Ricardo! Vc como sempre sabe usar as palavras como ninguém! Vivi muitas coisas com vocês e tudo foi e continua a ser muito especial. Amo vocês que são referências na minha vida. Vera Saboia, nov2018 – Fortaleza-CE

60- Bela história. Curti. Francisco Sérgio Sales Pinheiro, nov2018 – Fortaleza-CE

61- Muito bom! Não sabia que vc estava envolvido em mais esse circuito da velha PI. Minhas primeiras fugidas e investidas na noite circulei menina pelo Badauê… Karla Karan, nov2018 – Fortaleza-CE 

62- Que texto bacana !! Paola Brandão, nov2018 – Fortaleza-CE

63- Cláudio Pereira!!!!!! Porres e noites maravilhosa!!!!! Saudade grande demais…. Badaue, presente!!!! Cláudio Pereira, presente!!!! Ligia Castro Holanda, nov2018 – Fortaleza-CE

64- Sergio Rêdes, tu num tomou umas no Badauê, não? RK, nov2018 – Fortaleza-CE

     65- Devo ter tomado Ricardo. Não lembro com exatidão porque naquele tempo eu me movimentava por todos os lugares e as vezes não sabia aonde estava. Sergio Rêdes Rêdes, nov2018 – Fortaleza-CE

66- Lindo texto! Época da efervescência na noite de Fortaleza. Emoções de adolescência!!! Célio Veras, nov2018 – Fortaleza-CE

67- O sonho correndo solto e eu tocando rock com a banda amorocratas. Luiz Antonio Lima Alencar, nov2018 – Fortaleza-CE

68- Ceci Lieb e as nossas primeiras baladas… Isabella Furtado, nov2018 – Fortaleza-CE

69- Cara, que tempo bom demais! Foram só 10 meses??? Poxa.. minha vida boa era lá! E olhe que eu não fiz metade da farra que vcs fizeram! Coisa linda relembrar! Aparecida Silvino, nov2018 – Fortaleza-CE

70- escritor e empresarios vem sucedidos nov2021. Ivone Zete, nov2018 – Fortaleza-CE

71- Fui garçonete de lá. Quantas histórias pra contar! Era Belinha pra cá, Belinha pra lá e muita mesa abastecida com alegria e muito som. Lembro de uma gorjeta gorda que recebi (cheque) e que entreguei pro caixa. Até hoje não me repassaram. Kkkk Mas, tudo bem! Tudo vale a pena se a alma não é pequena. E viva a nossa juventude!!! Isabela Alvarenga Porto Lima, nov2021 – Florianópolis-SC

     72- Putz, estamos em falta com vc, Belinha. Aceita o pagamento em livro? RK, nov2021 – Fortaleza-CE

     73- Aceito a sua visita aqui em casa, em Floripa. Isabela Alvarenga Porto Lima, nov2021 – Florianópolis-SC, nov2021

     74- Convidou, eu vou! Em 2022, irei a SP e estico pelaí. RK, nov2021 – Fortaleza-CE

     75- Adorei!! Isabela Alvarenga Porto Lima, nov2021 – Fortaleza-CE

76- Frequentei muito e por conta desse bar decidi abrir o Bagdad Café na Rua Tabajaras.
Tempos de P.I. tranquila onde vi tantas barras do dia surgirem sem nenhuma preocupação com segurança. Hugo de Freitas, nov2021 – Fortaleza-CE

77- Ô foto comédia essa. Ivone Zete, nov2021 – Fortaleza-CE

78- Lembro. Iolandinha Pinheiro, nov2021 – Fortaleza-CE

79- Eu fui!!! Rosamélia Balreira, nov2021 – Fortaleza-CE

80- Meu primeiro beijo e começo de namoro com o Wilsinho foi lá. Já se vão 32 anos juntos. Anabela Alcântara, nov2021 – Fortaleza-CE

81- Muitas lembranças maravilhosas do Badauê. Isabel Cristina Fernandes, nov2021 – Fortaleza-CE

82- Tenho tantas aventuras ali…saudades! Ana Osmira Perdigão De Vasconcelos, nov2021 – Fortaleza-CE

83- Falei hoje sobre a alegria do Badauê. Conheci vocês e outros milhões de amigos. Depois fiquei Suspeito com Papai. Tempo Rei!!!! Fernando Camara, nov2021 – Fortaleza-CE

84- Boas saudades de um tempo bom demais. Ricardo Black II, nov2021 – Fortaleza-CE

85- Bons tempos. Celia Sporrer, nov2021 – Fortaleza-CE

86- Muitas lembranças deste lugar! Havia uma magia inexplicável! Marcos Severo, nov2021 – Fortaleza-CE

87- promete ser bom! Andre Rola, nov2021 – Fortaleza-CE

88- Fizemos a festa SOBREVIVI em 2018 e 2019. Depois, com a pandemia de covid, não fizemos em 2020. E agora, em 2021, acho que ainda não é o momento de voltarmos a fazer esta confraternização. Quem sabe em 2022. Saúde a todos! Cuidemo-nos, que a tempestade ainda não passou. RK, nov2021 – Fortaleza-CE

89- O tempo vai passar polo próprio tempo de saborear o tempo que nos levará há um novo tempo! Só saudade dos amigos que se eternizam pelo próprio TEMPO!!! SALVE! SALVE! RICARDO KELMER!!! Francisco Pio Napoleão Napoleão, nov2021 – Fortaleza-CE

90- Lembro demais do Badauê. Sobrevivi! Iracema Sales, nov2021 – Fortaleza-CE

91- Fortalezenses de verdade de plantão!! Não percam!! Queria estar ai porque twnho lembranças maravilhosas do Badaue! Ivna Ramos, Cambridge, Massachusetts-EUA – nov2018

92- Kalu Chaves estará pela terrinha? Vamos? Katia A. Lima? Eduardo Freire, nov2018 – Fortaleza-CE

93- Fazemos parte dessa história! Nós éramos necessários! Luis Carlos Sabadia; Moacir Bedê; Sérgio Roberto! Alexandre Barbalho, nov2019 – Fortaleza-CE

94- no passado, R Kelmo, era sósia do michael j fox do ‘de volta para o futuro’ rs. Henrique Baima, nov2021 – Fortaleza-CE

95- Lembro demais dos meus doces podres badauesisticos kkkkkkkk. Claudia Baima, nov2021 – Fortaleza-CE


Nação Nordeste, capital Folia

29/01/2019

29jan2019

Simpatizar é resistir! – A nova música do Simpatizo Fácil

NAÇÃO NORDESTE, CAPITAL FOLIA

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Aquele beijo que tu me deste

Fez do meu coração, alegria
Cabrocha, cabrita, cabra da peste
Ai, eu me acabo em poesia
Nação Nordeste, capital Folia

Eu sou da terra maravilha
Onde o sol brilha em cada ser
O amor só quer uma chuvinha pra nascer

Nordestino eu sou
Mesmo na dor, não esqueço de rir
Sou do Nordeste, sou mais aqui
Simpatizar é resistir

> composição de Ricardo Kelmer e Alan Morais (2018)

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Ricardo Kelmer 2019 –
blogdokelmer.com

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> Simpatizo Fácil no Facebookfacebook.com/simpatizofacil

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CLIPE DE NAÇÃO NORDESTE, CAPITAL FOLIA
Arranjos e interpretação: Os Transacionais. Imagens/montagem: Levy Mota
Estúdio Som do Mar, Fortaleza, jan2019

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NAÇÃO NORDESTE, CAPITAL FOLIA
Ao vivo, 12jan2019, no pré-carnaval do Simpatizo Fácil

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.No estúdio com Os Transacionais

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Os Transacionais no pré-carnaval do Simpatizo Fácil, jan2019

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Meu parceirim Alan Morais, coautor de “Nação Nordeste, capital Folia”

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Camisetas do Simpatizo Fácil 2019. Desenho: Elinaudo Barbosa

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Diretoria do Simpatizo Fácil
(Paulo Henrique Carvalho, Vânia Vieira e Ricardo Kelmer)

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SIMPATIZO FÁCIL
Música do Simpatizo Fácil 2018
Voz: Liliany Sá. Arranjos: Fábio Amaral (Fortaleza, jan2018)
Composição de Joaquim Ernesto e Ricardo Kelmer

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SIMPATIZO FÁCIL (ao vivo)
Banda Frevo Alucinação, no Floresta Brasil (Fortaleza, fev2018)

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Resistindo com alegria – Ocupar os espaços da cidade é reconquistá-la para seus devidos donos: o povo

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A Copa sem espírito

14/06/2018

14jun2018

Tá difícil entrar no clima da Copa no país do golpe

A COPA SEM ESPÍRITO

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A Copa do Mundo 2018 vai começar, e aqui, no Brasil do golpe, nadinha do espírito da Copa aparecer.

A seleção está jogando um bom futebol, mas o maremoto de lama da corruptíssima CBF respingam forte sobre a canarinha. E a camiseta verde e amarela, coitada, ficou tristemente associada às manifestações Fora Dilma e aos movimentos de direita, que fingiam protestar contra a corrupção mas só queriam mesmo tirar o PT do poder, ainda que a situação do país piorasse, como de fato piorou.

Para completar, esses craques-ostentação, milionários, cheios de pose e preocupados mais com o corte do cabelo do que com as nossas urgentes questões sociais, não nos representam nem cativam. Ô saudade do Sócrates!

Eu, pela primeira vez, estou desmotivado para torcer pela seleção. Espero que ela consiga me empolgar. Verei os jogos, sim, mas com minha camiseta É Goooooolllpppeee no Brasil!. E seria ótimo se nos estádios russos aparecessem manifestações da torcida brasileira a denunciar esse golpe nefasto que sangrou nossa democracia. Esse gol eu comemoraria. Com certa tristeza, mas comemoraria.

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Ricardo Kelmer 2018 –
blogdokelmer.com

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A CAMISETA OFICIAL DA COPA 2018

A camiseta É GOOOOOOLLLPPPEEE NO BRASIL!!!, que foi criada por mim em abr2017 e comercializada pelo bloco Simpatizo Fácil, de Fortaleza, ganhou projeção nacional e surgiram imitações de vários tipos. A frase É GOOOOOOLLLPPPEEE NO BRASIL!!! virou o grito oficial dos que denunciam o golpe que sangrou a democracia brasileira. Conheça sua história, as imitações e curiosidades:

> A camiseta da Copa e das Eleições 

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A camiseta da Copa e das Eleições

26/05/2018

26mai2018

Uma camiseta que une bom humor e denúncia política nos tempos de golpe

Camiseta Golpe no Brasil COMP Turma 4.jpg

A CAMISETA DA COPA E DAS ELEIÇÕES

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A ideia me veio no começo do ano: criar uma camiseta especial para a Copa do Mundo. Sim, pois eu não me sentiria à vontade em usar a camisa da seleção, com a logomarca da supercorrupta CBF, que se tornou símbolo dos paneleiros de direita em suas manifestações Fora Dilma.

Primeiramente, pensei numa assim: a camiseta amarela com foto do Maradona abraçado ao Lula, e os dizeres “Maradona es mejor que Pelé”. Sim, bem provocativa mesmo. Provavelmente, eu apanharia na primeira esquina.

Acabei optando por outra ideia: “É GOOOOOOLLLPPPEEE NO BRASIL!!!”, uma frase dividida em sete linhas, com o letreiro na estampa sugerindo, no início da leitura, um grito de comemoração de gol, mas que se transforma em um brado de denúncia política ‒ uma bem humorada pegadinha visual. Esta me pareceu melhor. Meus sócios no bloco Simpatizo Fácil concordaram em comercializá-la, aprimoramos o desenho original e começamos a divulgar. Alguns amigos sugeriram que, além da amarela e da azul, fizéssemos também na cor vermelha, porque a democracia também sangra. E assim foi.

O resultado é que a camiseta é um sucesso de público e de crítica (com exceção dos paneleiros, claro). As postagens na internet foram compartilhadas aos milhares e recebemos centenas de pedidos de vários estados do país, e até do exterior. Foram feitas imitações em várias cidades, inclusive em Fortaleza. Fico gratificado que minha ideia esteja sendo usada para divulgarmos esse golpe nefasto que assola nosso país. Aliás, apesar da camiseta ter sido criada para a Copa, ela poderá também ser útil nas Eleições.

Uma curiosidade. Do total de compradores da nossa camiseta, 73% são mulheres. Mesmo considerando que algumas tenham comprado para a família e amigos, o percentual é bastante significativo. Seriam elas mais conscientes que os homens da situação política de seu país? Ah, sabe aquela tal camiseta do Maradona? Nós fizemos também. Nela, o craque argentino, admirador declarado do presidente Lula, exibe uma camiseta com o rosto de Lula e os dizeres “Lula Livre”, e embaixo a frase “Maradona Es Mejor que Pelé”. Folclore futebolístico e ativismo político.

Caso você deseje conhecer e adquirir a camiseta É Golpe no Brasil!, a original, as vendas são feitas pela página do Simpatizo Fácil: facebook.com/simpatizofacil.

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Ricardo Kelmer 2018 –
blogdokelmer.com

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PRIMEIRAS POSTAGENS DA CAMISETA
para quem tiver dúvidas sobre a autoria da ideia
Facebook, 12.04.18

Camiseta Golpe no Brasil amarela e azul 01> na página do Simpatizo Fácil

> em meu perfil pessoal

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FALARAM POR AÍ

Blog do Jocélio – Jornal O Povo, 22.05.18

Folha de São Paulo – 17.06.18

Diário do Centro do Mundo – Na Copa, mulher de 86 anos dá entrevista com camiseta É Goooooolllpppeee! (17.06.18)

Diário do Centro do Mundo – “Sucesso de público e crítica”, diz cearense que criou a camiseta “É Gooooolllpppeee no Brasil!!!” (19.06.18)

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NOSSA CAMISETA NA RÚSSIA

Camiseta Golpe no Brasil COMP Ana May na Russia 01b
No domingo 17jun, na arena de Rostov, na Rússia, por ocasião do jogo Brasil x Suíça, a equipe de tevê da Fox Sports Brasil encontrou Ana May vestida com a camiseta É GOOOOOOLLLPPPEEE NO BRASIL!!!

Cearense de Fortaleza, Ana May Brasil tem 76 anos, é licenciada em Física pela UFRJ e bacharel em Direito pela UFC. Aposentada como Diretora de Secretaria da Justiça Federal do Ceará, publicou em 2013 o livro de contos Histórias de Antigamente. Em 2018, participou da coletânea Farol, com outros alunos do ateliê de narrativas da escritora Socorro Acioli. É uma danada, essa Ana May. Lembro que quando ela me comprou a camiseta, no início de maio, revelou, com um sorriso de menina traquinas, que iria com ela para a Rússia. Não é que foi mesmo!

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OLHA A CAMISETA PELAÍ!
(apenas a camiseta original)

Um grito de gol que se transforma em denúncia política. Esta camiseta, que já tem imitações em várias cidades brasileiras, caiu no gosto dos que não se sentem à vontade em usar a camiseta oficial da seleção, que virou símbolo das manifestações Fora Dilma e hoje é associada à corrupção da CBF.
OBS.: Quem quiser, pode copiar, mas solicitamos a gentileza da citação do bloco Simpatizo Fácil como criador da camiseta original.

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IMITAÇÕES DA CAMISETA
Todas são bem vindas. O importante é denunciar o golpe.

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ATÉ O PAPA FRANCISCO GOSTOU
desenho: Renato Aroeira

Camiseta Golpe no Brasil COMP Papa Francisco 01

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MARADONA ES MEJOR QUE PELÉ
E a primeira ideia virou camiseta mesmo…

Explorando com bom humor a folclórica rivalidade entre brasileiros e argentinos e uma velha polêmica do mundo futebolístico, ela traz na estampa a imagem do jogador argentino Maradona, que é declaradamente admirador do presidente Lula, a exibir uma camiseta com a imagem de Lula e os dizeres “Lula Livre”.
OBS.: Mais um lançamento do Simpatizo Fácil. Quem quiser, pode copiar, mas solicitamos a gentileza da citação do bloco Simpatizo Fácil como criador da camiseta original.

Camiseta Golpe no Brasil COMP Aline S Maradona 04

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Maradona Lula 01b

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Camiseta Livre Div 01
Mais um lançamento do Simpatizo Fácil. Quem quiser, pode copiar, mas solicitamos a gentileza da citação do bloco Simpatizo Fácil como criador da camiseta original.

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LEIA NESTE BLOG

Resistindo com arte e alegria – Ocupar os espaços da cidade é reconquistá-la para seus devidos donos: o povo

Sobre lutas, sonhos e a grande farsa – Para quem ainda não percebeu, é isso mesmo o que todos somos, meros atores no grande teatro da existência

Golpe de mestre à brasileira – O processo seria custoso e traumático, e provocaria séria desestabilização na democracia, mas melhor isso que suportar mais um governo de esquerda no Brasil

O socialista crucificado – Se esses cristãos vivessem naquela época, teriam batido panela contra o bandido Jesus e aplaudido sua crucificação

A foto repugnante e o sonho que não pode ser preso – A foto que resume a baixeza moral dos fascistas que querem a morte de Lula

O protesto da babá negra – Talvez ela saiba que quando um governo tem como objetivo a equidade social e a redistribuição da riqueza do país, automaticamente atrai o ódio das elites econômicas, que lutarão para manter seus privilégios

 

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Resistindo com arte e alegria

08/03/2018

08mar2018

Ocupar os espaços da cidade é reconquistá-la para seus devidos donos: o povo

RESISTINDO COM ARTE E ALEGRIA

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Quando voltei a morar em Fortaleza, em 2017, após 13 anos de perambulanças por rios e pauliceias, uni-me a alguns amigos escritores e amantes dos livros para realizar ações dentro da estratégia de inserir a literatura na agenda de entretenimento da cidade, ocupando praças, mercados e bares com eventos literários e aproximando autores e leitores. Entendemos que ocupar esses espaços com arte é um ato de resistência contra o abandono gerado pela violência, que nos faz órfãos de nossa própria cidade. Foi o que fizemos em 2017, e seguiremos fazendo em 2018.

Além dos planos literários, trouxe comigo a vontade de criar um bloco carnavalesco. Nos anos 80 e 90, eu organizava um bloquinho de pré-carnaval chamado Belas da Tarde, com homens vestidos de mulher a desfilar pela Beira-Mar num trenzinho, invadindo os hotéis a cantar os clássicos da Xuxa e aterrorizando os coitados dos turistas. Agora, porém, eu queria algo maior. Eu tinha o nome do bloco, Simpatizo Fácil, e a ideia de, com ele, oferecer não apenas entretenimento, mas fazer também política, erguendo bandeiras em defesa da arte, das liberdades, da democracia e das conquistas sociais.

No início de 2017, apresentei a ideia para minha amiga Vaninha, que gostou, mas, mulher multitudo que ela é, não teve tempo para mais um projeto. Então, deixei a ideia descansar. Em dezembro, falei com meu amigo Paulo Henrique e ele adorou. Começamos a trabalhar e Vaninha juntou-se a nós. Putz, só mesmo gente sem juízo se proporia a montar um bloco de carnaval, com festa de lançamento, eventos de pré-carnaval e carnaval, gravação da marchinha, camisetas, tudo em vinte dias. E com alta probabilidade de prejuízo financeiro. Pois foi o que fizemos. Viva os malucos!

Tendo como bar parceiro o Vilarejo 84, dos amigos Manuel e Emanuela, o Simpatizo Fácil faz sua festa no pré-carnaval aos sábados, numa ruazinha bucólica da Aldeota, a Clube Iracema, vizinho ao prédio da Receita Federal. Como o patrocínio que conseguimos banca apenas uma pequena parte dos custos (obrigado, Catuaba Selvagem e Syn Ice), precisamos vender muita birita e muitas camisetas. Sim, sabemos que muitos blocos nasceram, cresceram e morreram em pouco tempo, e às vezes, ironicamente, é o próprio sucesso do bloco que decreta o seu fim. De fato, não é fácil, mas estamos nessa porque curtimos o que fazemos, e porque amamos nossa cidade e não aceitamos perdê-la, nem para a violência e nem para a fraqueza do poder público.

Arte, literatura e alegria. Liberdade e democracia. Especialmente em tempos sombrios, acreditamos nisso. Precisamos acreditar.

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Ricardo Kelmer –
blogdokelmer.com

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> Simpatizo Fácil – facebook.com/simpatizofacil

PARCEIROS

Vilarejo 84, Aldeota – facebook.com/vilarejo84

Floresta Brasilfacebook.com/florestabrasilfortaleza

Boteco Vintage (Benfica)facebook.com/BotecoVintage

Cantinho do Frango, Aldeota (Cantinho Literário)
facebook.com/cantinhodofrango

Mercado Coletivo, no Mercado dos Pinhões, Centro (Anoitecer de Autógrafos)

FLLLEC – Fórum do Livro, Literatura, Leitura e Biblioteca
facebook.com/forumdeliteraturace

#catuabaselvagem #synice

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Ricardo Kelmer 2018 – blogdokelmer.com

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LEIA NESTE BLOG

Lugar de literatura é solta pela cidade – Com esses livretos, consigo que minha arte frequente as mesas dos bares, integrando-se à dinâmica boêmia da cidade e atraindo novos leitores

O dilema do escritor seboso – Certos escritores amadurecem cedo. Tenho inveja desses. Porque nunca viverão o constrangimento de não se reconhecerem em suas primeiras obras

O encontrão marcado – Fechei o livro, fui até a janela e olhei pro mundo lá fora. E disse baixinho, com a leveza que só as grandes revelações permitem: tenho que ser escritor

Pesadelos do além – O pior pesadelo para um escritor é ser psicografado. Ou melhor: ser mal psicografado

Meu fantasma predileto – Diziam que era a alma de alguém que fora escritor e que se aproveitava do ambiente literário de meu quarto para reviver antigos prazeres mundanos

Kelmer no Toma Lá Dá Cá – Aqueles aloprados moradores do condomínio Jambalaya descobriram meu livro maldito

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A Literatura e a reconquista da cidade

13/11/2017

13nov2017

Ocupar os espaços da cidade é reconquistá-la para seus devidos donos: o povo

A LITERATURA E A RECONQUISTA DA CIDADE

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A 1a edição da Fresta Literária aconteceu em Fortaleza no fim de semana de 22 e 23jul de 2017. Durante dois dias, na Praça dos Leões, no Centro, celebramos a Literatura num descontraído evento que reuniu escritores e amantes dos livros em mesas de debates e também na mesa do bar. Fiquei muito feliz em participar.

O mote foi A Palavra e a Cidade, mas falamos e bebemos outras coisas como mercado editorial, políticas públicas e resistência cultural. Organizado pelo Coletivo Alumiar e pela Revista Berro, a Fresta Literária mostrou-se uma refrescante brisa no mormaço das dificuldades do fazer literário no Ceará. Parabéns aos organizadores e participantes. Que venha a próxima.

Neste delicado momento de retrocesso democrático pelo qual passamos, de perda de direitos tão arduamente conquistados e da imposição de políticas que beneficiam aos barões do capital em vez do combate às desigualdades sociais, ocupar os espaços da cidade com arte não é uma forma de escapismo, mas, ao contrário, é o modo pelo qual artistas e escritores podem unir forças e, com a população, mostrar ao poder público que estamos atentos, e resistiremos aos dias temerosos.

Sim, há violência nas ruas. Ela nos mantém acuados por trás de muros, vidros escuros e cercas elétricas, e nos afasta da nossa própria cidade. Mas ela não é aleatória. Essa violência nasce de outra, a desigualdade social, que se alimenta do descaso dos governantes e parlamentares que ignoram as necessidades básicas da população, inclusive a cultura. Eles que, aliados ao cinismo da grande mídia, seguem impunes com seus macabros rituais de sacrifícios humanos em nome do insaciável deus Mercado.

Cidadania não é um direito, que nos darão de bom grado. É uma conquista diária. Ocupar os espaços da cidade é reconquistá-la para seus devidos donos: o povo.

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Ricardo Kelmer 2017 – blogdokelmer.com

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Página da Fresta Literária: facebook.com/LiterariaFresta

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Vídeo de divulgação da 1a edição da Fresta Literária
Praça dos Leões, Fortaleza-CE – jul2017
Trecho da crônica Inculta e Bela, Dengosa e Cruel

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Lugar de literatura é solta pela cidade – Com esses livretos, consigo que minha arte frequente as mesas dos bares, integrando-se à dinâmica boêmia da cidade e atraindo novos leitores

O dilema do escritor seboso – Certos escritores amadurecem cedo. Tenho inveja desses. Porque nunca viverão o constrangimento de não se reconhecerem em suas primeiras obras

O encontrão marcado – Fechei o livro, fui até a janela e olhei pro mundo lá fora. E disse baixinho, com a leveza que só as grandes revelações permitem: tenho que ser escritor

Pesadelos do além – O pior pesadelo para um escritor é ser psicografado. Ou melhor: ser mal psicografado

Meu fantasma predileto – Diziam que era a alma de alguém que fora escritor e que se aproveitava do ambiente literário de meu quarto para reviver antigos prazeres mundanos

Kelmer no Toma Lá Dá Cá – Aqueles aloprados moradores do condomínio Jambalaya descobriram meu livro maldito

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01- Que nada cara. Obrigado você por topar inaugurar essa Fresta! Primeira de muitas. Valeu. Alexandre Ferraz Greco, Fortaleza-CE – jul2017

02- Sara Síntique, Fortaleza-CE – jul2017

03- O jogo de amarelinha entre a FRESTA. José Anderson Freire Sandes, Juazeiro do Norte-CE – jul2017

04- Que maravilha! Mateu Duarte, Lavras da Mangabeira-CE – jul2017

05- Que boa ideia! Toma lá uma canção: https://www.letras.mus.br/sergio-godinho/498155. Susana X Mota, Leiria-Portugal – jul2017

06- emersoN bastoS (assinei!) Emerson Bastos, Fortaleza-CE – jul2017

07- Quando sair da UECE (no sábado) vou lá. Deixe (se possível) um microfone aberto. Jose Leite Netto, Fortaleza-CE – jul2017

08- texto maravilhoso.. atitude também.. sou seu fã, Ricardo Kelmer… abrsssss. Arnaldo Afonso, São Paulo-SP – jul2017

09- Musiquei um conto de José Roberto Torero sobre um analfabeto que copiava poemas para dar à namorada… lembrei disso tb.. abrs. Arnaldo Afonso, São Paulo-SP – jul2017

10- E o carteiro que plagiava Neruda “a poesia não é de quem a escreve mas de quem precisa dela”. Susana X Mota, Leiria-Portugal – jul2017

11- Susana X Mota E olha só, ainda há analfabetos… Não perguntaste porquê? Susana X Mota, Leiria-Portugal – jul2017

12- Bacana Mermão!!! Parabéns!! Marcondes Dourado, Gama-DF – jul2017

13- Maravilha, Ricardo! Ótima programação! 👏 👏 👏 👏 👏 👏 👏 👏 👏 Luciana Loreau, Nantes-França – jul2017

14- Grande texto, sobretudo iniciativa! Sucesso! Denis Akel, Fortaleza-CE – jul2017

15- Uooouuuuu. Tetê Macambira, Fortaleza-CE – jul2017

16- Espetacular essa programação! Heloise Riquet, Fortaleza-CE – jul2017

17- blz mano queria ser assim cara de pau que nem tu, poeta mundano mas sou muito comedido em minha arte, talvez porque não seja múltiplos que nem tu. Evaristo Filho Freitas, Fortaleza-CE – jul2017

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Lugar de literatura é solta pela cidade

20/07/2017

20jul2017

Com esses livretos, consigo que minha arte frequente as mesas dos bares, integrando-se à dinâmica boêmia da cidade e atraindo novos leitores

LUGAR DE LITERATURA É SOLTA PELA CIDADE

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De um ano para cá tenho vivido uma experiência bem interessante, que trouxe um novo sentido para a minha literatura e para a minha relação com a cidade onde vivo. Quero compartilhá-la com você nesta crônica.

Tenho uma dúzia de livros publicados, em impresso e eletrônico, que são vendidos em livrarias e sites. Mas isso não me satisfaz profissionalmente. É que eu gosto do contato direto com o público, e adoro misturar a literatura com outras expressões artísticas, como a música, o teatro e o cinema. Além disso, tenho um tesão danado nessa ideia de inserir a literatura nos espaços cotidianos da cidade. Livrarias e bibliotecas são importantes e devem ser valorizadas, sim, mas por que não levar a literatura aonde o povo está, realizando eventos literários em bares, em clubes, nas praças, na rua, na praia? É o que faço há alguns anos, em São Paulo e em Fortaleza, onde voltei a morar.

Nessa busca por uma relação mais íntima do meu trabalho com a cidade, decidi recentemente levar essa ideia mais adiante. Para isso, em 2016 e 2017, publiquei dois livretos de bolso, simples, com 48 páginas, grampeados. O primeiro foi Versos Safadinhos para Noites Românticas e Vice-versa, com 35 poemas sobre amor, paixão e desejo, e desenhos eróticos do artista húngaro Mihály Zichy, falecido em 1906. O segundo foi Trilha da Vida Loca – Contos do amor doído, que reúne seis contos baseados em sucessos românticos da chamada música brega, nos quais um drama amoroso beeeem sofrido segue a letra da música.

Eu poderia tê-los publicado por uma editora, como fiz com outros livros meus, mas preferi eu mesmo bancar os custos e ter o controle de tudo. Ou seja, são produções 100% independentes. Os livretos são vendidos apenas diretamente comigo, pessoalmente ou pela internet. Uma vantagem do formato bolso é que posso levá-los comigo a qualquer lugar, e sai baratim para o freguês, só cinco reais.

Pois bem. Com esses livretos, consigo que minha arte frequente as mesas dos bares, integrando-se à dinâmica boêmia da cidade e atraindo novos leitores. Tem sido uma experiência saborosa, que me faz sentir mais harmonizado com a cidade. A venda é importante, claro, principalmente porque ela viabiliza a segunda parte da experiência: os exemplares vendidos custeiam outros, que distribuo entre guardadores de carro, garis e vendedores ambulantes. Você já reparou? Essas pessoas estão sempre onde estamos, nos bares e espaços culturais, mas são invisíveis e não participam da nossa celebração da arte, e certamente jamais entraram ou entrarão numa livraria ou biblioteca. Distribuir meus livretos dessa forma foi um modo que encontrei de diminuir a distância social e de levar minha arte a outros públicos.

Você talvez pense que isso é dar pérolas aos porcos, que minha atitude é bela mas inútil. Pense melhor. Talvez, naquela noite, a poesia tenha sido companhia para alguém que é casado com a solidão das ruas. Talvez aquele ser invisível sinta prazer ao ler um conto, e depois queira ler outros. Uma noite dessas, ao sair de um bar, o guardador de carros me reconheceu e pediu outro livro, pois o seu ele dera para sua gata, que gostou muito. Ah, você quer um pra você, né?, perguntei. Ele, um tanto envergonhado, respondeu que não sabia ler, e depois emendou, malicioso: É pra outra gata acolá, ó.

Dei-lhe outro livro e fui embora rindo, satisfeito por ver que minha poesia ao menos anda favorecendo o nheco-nheco. Mas interessante mesmo era a bela ironia da coisa: um analfabeto que espalha literatura por aí pela cidade…

Eu sei que livros não mudam o mundo. Livros mudam pessoas. As pessoas é que mudam o mundo.

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Ricardo Kelmer 2017 – blogdokelmer.com

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Com garis, na 1a edição da Fresta Literária (Praça dos Leões, Centro, Fortaleza, jul2017)

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LIVROS

Versos Safadinhos para Noites Românticas e Vice-versa

Trilha da Vida Loca – Contos do amor doído

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O dilema do escritor seboso – Certos escritores amadurecem cedo. Tenho inveja desses. Porque nunca viverão o constrangimento de não se reconhecerem em suas primeiras obras

O encontrão marcado – Fechei o livro, fui até a janela e olhei pro mundo lá fora. E disse baixinho, com a leveza que só as grandes revelações permitem: tenho que ser escritor

Pesadelos do além – O pior pesadelo para um escritor é ser psicografado. Ou melhor: ser mal psicografado

Meu fantasma predileto – Diziam que era a alma de alguém que fora escritor e que se aproveitava do ambiente literário de meu quarto para reviver antigos prazeres mundanos

Kelmer no Toma Lá Dá Cá – Aqueles aloprados moradores do condomínio Jambalaya descobriram meu livro maldito

O escritor grávido – Será um lindo bebê, digo, um lindo livrinho, sobre o mais belo de todos os temas

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01- Que nada cara. Obrigado você por topar inaugurar essa Fresta! Primeira de muitas. Valeu. Alexandre Ferraz Greco, Fortaleza-CE – jul2017

02- Sara Síntique, Fortaleza-CE – jul2017

03- O jogo de amarelinha entre a FRESTA. José Anderson Freire Sandes, Juazeiro do Norte-CE – jul2017

04- Que maravilha! Mateu Duarte, Lavras da Mangabeira-CE – jul2017

05- Que boa ideia! Toma lá uma canção: https://www.letras.mus.br/sergio-godinho/498155. Susana X Mota, Leiria-Portugal – jul2017

06- emersoN bastoS (assinei!) Emerson Bastos, Fortaleza-CE – jul2017

07- Quando sair da UECE (no sábado) vou lá. Deixe (se possível) um microfone aberto. Jose Leite Netto, Fortaleza-CE – jul2017

08- texto maravilhoso.. atitude também.. sou seu fã, Ricardo Kelmer… abrsssss. Arnaldo Afonso, São Paulo-SP – jul2017

09- Musiquei um conto de José Roberto Torero sobre um analfabeto que copiava poemas para dar à namorada… lembrei disso tb.. abrs. Arnaldo Afonso, São Paulo-SP – jul2017

10- E o carteiro que plagiava Neruda “a poesia não é de quem a escreve mas de quem precisa dela”. Susana X Mota, Leiria-Portugal – jul2017

11- Susana X Mota E olha só, ainda há analfabetos… Não perguntaste porquê? Susana X Mota, Leiria-Portugal – jul2017

12- Bacana Mermão!!! Parabéns!! Marcondes Dourado, Gama-DF – jul2017

13- Maravilha, Ricardo! Ótima programação! 👏 👏 👏 👏 👏 👏 👏 👏 👏 Luciana Loreau, Nantes-França – jul2017

14- Grande texto, sobretudo iniciativa! Sucesso! Denis Akel, Fortaleza-CE – jul2017

15- Uooouuuuu. Tetê Macambira, Fortaleza-CE – jul2017

16- Espetacular essa programação! Heloise Riquet, Fortaleza-CE – jul2017

17- blz mano queria ser assim cara de pau que nem tu, poeta mundano mas sou muito comedido em minha arte, talvez porque não seja múltiplos que nem tu. Evaristo Filho Freitas, Fortaleza-CE – jul2017

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Agendinha literária jul2017

29/06/2017

29jun2017

Lançamentos, shows, festa literária…

AGENDINHA LITERÁRIA JUL2017

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Eis que os ventos me levaram de volta a Fortaleza. Desde jan2017, voltei a morar em minha cidade natal. Questões pessoais e profissionais, que se juntaram e formaram a ventania. Até quando? Ah, aí são outros ventos. Quem sabe deles?

Segue a agendinha de julho. Sigo com minha filosofia de inserir a literatura na agenda de entretenimento da cidade. Em todos os eventos, estarei com todos os meus livros.

> 01jul, sábado, 22h – Quixeré-CE
Serrano Clube

Lançamento do livro Para Belchior com Amor, com apresentação de Eugênio Leandro, Sávio Leão e vários artistas no show Tributo a Belchior

> 14jul, sexta, 20h – Fortaleza-CE
Bar Serpentina (rua Heráclito Graça, 760 – Centro)
Lançamento do livro Trilha da Vida Loca + show com Lúcio Ricardo e Erickson Mendes interpretando os clássicos do brega e da dor de cotovelo
Couvert: R$ 6

> 16jul, domingo, 18h – Fortaleza-CE
Bar e Rest. Cantinho do Frango (rua Torres Câmara, 71 – Aldeota)
Lançamento do livro Trilha da Vida Loca + show com Lúcio Ricardo, Erickson Mendes (+ percussão) interpretando os clássicos do brega e da dor de cotovelo
Couvert: R$ 15

> 22 e 23jul, sábado e domingo à tarde – Fortaleza-CE
Fresta Literária (Praça dos Leões, Centro)
Mesa com Alan Mendonça, sessão de autógrafos, sarau
Grátis

> 29jul, sábado, 21h – Fortaleza-CE
Boteco Vintage (rua Padre Miguelino, 1159 – esq com Major Facundo – Benfica)
Lançamento do livro Trilha da Vida Loca + show com Lúcio Ricardo e Erickson Mendes interpretando os clássicos do brega e da dor de cotovelo
Couvert: R$ 8

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Ricardo Kelmer 2017 – blogdokelmer.com

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O dilema do escritor seboso – Certos escritores amadurecem cedo. Tenho inveja desses. Porque nunca viverão o constrangimento de não se reconhecerem em suas primeiras obras

O encontrão marcado – Fechei o livro, fui até a janela e olhei pro mundo lá fora. E disse baixinho, com a leveza que só as grandes revelações permitem: tenho que ser escritor

Pesadelos do além – O pior pesadelo para um escritor é ser psicografado. Ou melhor: ser mal psicografado

Meu fantasma predileto – Diziam que era a alma de alguém que fora escritor e que se aproveitava do ambiente literário de meu quarto para reviver antigos prazeres mundanos

Kelmer no Toma Lá Dá Cá – Aqueles aloprados moradores do condomínio Jambalaya descobriram meu livro maldito

O escritor grávido – Será um lindo bebê, digo, um lindo livrinho, sobre o mais belo de todos os temas

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Verdades escabrosas

18/06/2017

18jun2017

Onze histórias da minha vida véa desmantelada. Mas uma delas tem uma mentirinha…

VERDADES ESCABROSAS

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Em cada uma dessas histórias da minha vida véa desmantelada, a primeira parte é verdade, mas em uma delas o fim é mentira. Veja se você consegue descobrir onde está a mentira.

01- Na saída do motel, meu fusca enguiçou e eu pedi pra minha namorada descer e empurrar, afinal o amor é lindo. Ela e o segurança empurraram até o desgraçado pegar no tranco, e deixamos o motel com o fusca véi se peidando todo, um escândalo, parecia um tiroteio. Pense numa cena romântica. E o namoro ainda durou mais um ano.

02- Fui ao supermercado com minha mãe e após eu passar pela fila do caixa, a gerente me flagrou com um pacote de camisinhas que eu pretendia roubar, e me repreendeu na frente de todo mundo. Inclusive da minha mãe, que gentilmente pagou as camisinhas.

03- Pra escrever meus contos safadinhos, recebo ajuda das leitorinhas que me contam suas fantasias eróticas, e pra algumas delas, a grande fantasia é ser puta por uma noite. Algumas até me pediram ajuda pra realizar a fantasia, e eu, alma caridosa que sou, ajudei, sendo o cafetão. Aliás, tem uma que até hoje não pagou minha comissão. Mas num tô cobrando não, viu, gataloca, tá tranquilo.

04- Muito puto com minha vó, que não deixava a mim e meus irmãos sairmos pra brincar na rua, combinei com eles: Bora matar a vovó? Eles concordaram e nos armamos com pedaço de pau, rodo e vassoura. Mas minha vó percebeu a tempo, correu, trancou-se no quarto e ficou gritando: Vão simbora, seus menino malino!!! E nós, uma candura só: Vozinha, vem brincar com a gente, vem…

05- Saindo de uma consulta ao dentista, eu adolescente bobo de 12 anos, um cliente do dentista me ofereceu carona no carro dele e eu aceitei, e no caminho ele puxou do porta-luva um baralho erótico e me entregou, pra eu me entreter. Que cara gentil, né? Logo depois, eu lá viajando nas gatinhas peladas do baralho, o cara começou a me bulinar, descaradamente. Apavorado, abri a porta no meio da avenida, saltei e fui atropelado por uma bicicleta, e o meu estuprador nem me socorreu, otário.

06- Larguei a faculdade, vendi o fusca por uma micharia e fui morar em Manaus, trabalhando como vendedor de água de coco congelada. Uma noite fui conhecer uma sessão de Umbanda manauara e a cabocla Mariana baixou lá, engraçou-se comigo e explicou o babado: se eu noivasse com ela, ficaria rico rapidinho, mas o preço era que eu jamais poderia ter outra mulher além dela, pois ela sempre melaria a história. Topei não. Ser rico desse jeito sai muito caro.

07- A caixa dágua do Badauê, o bar na Praia de Iracema do qual fui sócio entre 1988 e 89, ficava no mezanino, e uma vez eu e meus sócios a usamos pra fazer um, digamos, relaxamento coletivo com as namoradas. Foi ótimo, deu pra relaxar que foi uma beleza. Como os copos do bar eram lavados com a água da caixa, no dia seguinte foram muitos os elogios ao novo sabor da caipirinha.

08- Uma noite, minha mãe me pegou fumando um baseado na rua e fechou a cara pra mim durante dias, sem querer conversa. Disposto a terminar logo com aquela situação chata, expliquei pra ela, pacientemente, que maconha era como álcool, que o importante era a pessoa manter uma relação saudável com a planta, que maconha não era nenhum demônio. Foi pior, muuuuito pior, porque até esse momento ela inocentemente pensava que naquela noite na rua eu estava fumando… cigarro.

09- Um dia, no colégio Santo Inácio, nos preparativos da primeira comunhão, um colega me contou que duas lindas coleguinhas nossas foram flagradas se agarrando sabe onde? Não. Na sacristia. Uaaaau… Fiquei dias e dias fascinado, só imaginando a cena, o que, obviamente, estragou pra sempre minha primeira comunhão e preparou meu passaporte pro Inferno. Pra ser franco, até hoje não esqueço essa história, e só vou morrer em paz depois que eu namorar uma colegial (ok, pode ser apenas fantasiada de colegial) na sacristia, enquanto o padre reza a missa, e nós dois lá mandando ver nos mistérios gozosos.

10- Num show da Intocáveis Putz Band, na Concha Acústica, tocamos Marinara com a revista Playboy num tripé de partitura montado bem na frente do palco, a revista arreganhada no poster central, pra todo mundo ver bem o talento da musa Marinara. Tinha um grupo de punks assistindo, e um deles subiu no palco, puxou a revista e voltou com ela pro grupo, o gaiato. Quando vi nossa Marinara voando de um lado pro outro na plateia, não pensei duas vezes: desci correndo, me meti no meios dos caras e briguei e briguei até pegar de volta a revista, enquanto a banda continuava a tocar. Então voltei vitorioso ao palco e repus a Marinara no tripé. Pra você ver como naquele tempo eu era imortal.

11- Na hora de pagar a conta do motel, percebi que estava sem a carteira. O gerente disse que eu poderia ir buscar desde que deixasse algo como garantia. A menina vai ficar, respondi. Ok, ele disse, mas deixe o estepe também. Pô, Ricardo, eu tô valendo menos que um estepe de fusca, putaquipariu, cara!, protestou a gatinha, que, por sinal, era de menor. O gerente explicou que muitos caras aplicavam aquele golpe e não voltavam, deixavam as meninas lá pra sempre. Felizmente a gatinha acreditou em minha honestidade, ficou lá como garantia e eu saí pra buscar a carteira. E voltei, viu?

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BASTIDORES DAS HISTÓRIAS

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01- Pra quem votou na história do fusca enguiçado no motel, sinto dizer que ela é… totalmente verdadeira. Não marcarei aqui a participante da história pra evitar constrangimentos. E por que eu fui tão vil e cruel, botando a namorada pra empurrar o carro? Por que não foi o contrário? Porque ela não sabia dirigir meu fusca, que era cheio de manhas e segredos. Era um fusca bege, chamado Lombriga, a álcool e com dupla carburação, vivia desregulando, um horror.
Mas ela empurrou muito bem, toda charmosa, viu? Ah, mulher nenhuma empurrava carro como ela… Nosso namoro durou dois anos, e ela é uma pessoa muito especial na minha vida, de quem sempre lembro com carinho.

02- A história 2 é isso mesmo, foi uma cena absolutamente ridícula, pela qual mãe nenhuma merece passar. Quanto a mim, comecei e terminei nesse dia as minhas aventuras como ladrão de camisinha.

03- Pra quem votou na história das leitorinhas com fantasia de ser puta por uma noite, afirmo que ela é… totalmente verdadeira. A leitorinha realmente ficou me devendo uma parte da comissão pelo meu trabalho de conseguir cliente pra ela realizar sua fantasia de ser puta. Aliás, quando ela leu esta postagem, entrou em contato querendo quitar o débito, mas expliquei que eu não tava cobrando, e que inclusive era até interessante essa situação, ela ficar devendo pro cafetão. 🙂

04- A história dos netinhos-monstros que queriam matar a vovó é um clássico de minha querida família Adams. É tudo verdade. O que não contei é que a coitada da minha vó, que se chamava Waltrudes, ficou a tarde inteira trancada no quarto, com medo de sair e ser assassinada a pauladas. À noitinha, meus pais chegaram, ela saiu do quarto e contou o que acontecera. Resultado: levamos uma surra de cinturão do meu pai, daquelas que o rabo fica ardendo por três dias, pra gente aprender a nunca mais querer matar a mãe dele.

05- A mentira está nesta história. Eu aproveitei que o carro parou no sinal vermelho, abri a porta e saí. Mas não fui atropelado por nenhuma bicicleta. Alcancei a calçada e fui para o ponto de ônibus, aliviado por ter escapado do tarado.

06- Susana Mota, minha amiga e leitorinha mimosa de Leiria-Portugal, acertou ao dizer que esta história refere-se ao conto O Presente de Mariana, do meu livro Guia de Sobrevivência para o Fim dos Tempos. Mas a história é toda verdadeira, e o conto é inspirado nela. Aliás, minha amiga Ana Karla Dubiela gosta desse conto. Pra quem quiser ler o conto: aqui.

07- Esta história da caixa dágua do Badauê é totalmente verdadeira. Só não marco os envolvidos aqui pra eles confirmarem porque eles podem se sentir pouco à vontade. Aliás, o Badauê foi um bar de muitas histórias ótimas. Aquele mezanino era uma loucura… A entrada era por uma janelinha no alto, no corredor dos banheiros, na parte lateral do bar. Pra chegar à janelinha, usávamos uma longa escada de madeira, que ficava encostada à parede, ao lado dos banheiros. No meio da noite, as namoradas subiam por ela, e nos esperavam no mezanino pra namorar um pouquinho. Acontece que às vezes elas tinham bebido bastante, e precisavam de ajuda pra subir pela escada, e o povo que tava na fila do banheiro ajudava, incentivando e empurrando as meninas escada acima, solidariedade total. Pense numa cena…

08- A história da maconha é outro clássico. Após descobrir que o filho do qual ela tinha tanto orgulho era doidão, minha mãe ficou meses sem falar comigo. Hoje ela tá mais relaxada quanto a isso. Aliás, do jeito que minha mãe costuma me surpreender, não duvido nada ela qualquer dia desses querer relaxar um pouquinho mais…

09- Pra quem votou na história das colegiais se pegando na sacristia, eu digo que ela é… totalmente verdadeira. Recentemente encontrei uma das garotas no Café Pagliuca e rimos bastante dessa história. Ela ficou surpresa, e disse que não sabia que tinha rolado esse boato. Não a marcarei aqui, mas se ela quiser se manifestar, vou adorar. Ah, e sobre a segunda parte da história, esqueci de dizer que se for o caso, eu mesmo compro a roupitcha de colegial na Via Libido Sex Shop, viu?

10- A história do show da Intocáveis Putz Band é totalmente verdadeira. Não sei onde eu tava com a cabeça quando fui brigar com um bando de punk por causa de uma mulher pelada de papel, mas naqueles dias juízo era uma coisa que não fazia parte da minha cabeça. Ainda bem, senão eu não teria essas histórias pra fazer você rir, né? Aliás, a Intocáveis Putz Band renderia um monte de histórias escabrosas. Uma vez cismamos de fazer um show com uma cama no palco, porque tínhamos esse estranho fetiche de fazer um show com todos deitados na cama. Conseguimos uma de madeira, na loja do Ângelo Baiano, e levamos pro local de show sabe como? No buggy do Martan. E era uma cama de casal, pesada pra caramba, com colchão e tudo. O show foi uma loucura, mas infelizmente os cabos dos instrumentos não chegaram até a cama, ô frustração…

11- Tudo é verdade nesta história. Felizmente a gatinha levou a coisa na esportiva. O que não contei é que voltei pro apartamento do meu amigo, onde tinha rolado a festa, procuramos minha carteira por todo lugar e não encontramos. Então voltei ao motel, resignado com o fato de que deixaria o pneu pra pagar a conta. Após parar o fusca na garagem, decidi fazer uma derradeira busca… e encontrei a carteira! Estava no buraco do toca-fita, e eu já havia procurado lá. Final feliz.

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Ricardo Kelmer 2017 – blogdokelmer.com

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Ser mulher não é pra qualquer um – É dada a saída, lá se vai o trenzinho. Num vagão, as Belas, abalando nos modelitos, no outro, as Madrinhas, abalando com o isopor e o estojinho de primeiro-socorro

A celebração da putchéuris – A história fuleragem da Intocáveis Putz Band

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O dia em que morri no Rock in Rio – O primeiro baseado que fumei daria um filme. Um não, vários

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Comentarios01 COMENTÁRIOS
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01- Oh Bichiiim carga torta, nãm !!!!! Emelynne Pontes, Fortaleza-CE – abr2017

02- Difícil pra mim todas são Verdade… Flavio Rangel, Fortaleza-CE – abr2017

03- Tá ruim hein. Sei lá acho que é a 12. Silvana Santiago, Fortaleza-CE – abr2017

04- Não contou a de Mundaú. Não contou a do trovão. Não a do doutrinamento da Lilian Ramos. Não contou…, não essa não era para contar mesmo… Alberto Perdigão, Fortaleza-CE – abr2017

05- Rapaz… Christiane Oliveira, Fortaleza-CE – abr2017

06- Eu sei que a 01 e a 03 são bem verdades, vc já me contou. rsrs. Samara Do Vale, Fortaleza-CE – abr2017

07- A 04 é mentira. Uma avó que cuida de uma cambada de menino maluvido, lá tem medo de cabo de vassoura! A minha até hoje, se deixar, bota os neto tudim para dormir com os couro quente. Amanda Caru, Fortaleza-CE – abr2017

08- Mano réi vindo de vóismicê tem nem uma mentira não ó ! Magna Mastroianni, Londrina-PR – abr2017

09- Vou na 4. Patrícia Ramos, Natal-RN – abr2017

10- A 06 é mentira. É do conto “o presente de Mariana”. Ela não pôde noivar contigo por ordens superiores… Susana X Mota, Leiria-Portugal – abr2017

11- mentirinha da 4..vc não faria essa malvadeza. Shirlene Holanda, São Paulo-SP – abr2017

12- Me acabando de rir sozinha 😂 😂 😂prefiro acreditar q a mentira está no final da 7. Bicho TSN. Mas duvido é nada… acho q tua avó não seria tão medrosa assim. Essa foto está escândalo!!! Kkkk adorei. Zete More, Fortaleza-CE – abr2017

13- Diante desse currículo de um bom menino #sqn …..Acho que a 11 é mentira , a menina deve tá esperando até hoje…..kkkkkk. Pode mandar meu livro. Bjs. Regia Alves, Fortaleza-CE – abr2017

14- A 2,4,6 e 8 sei, tenho certeza que são verdadeiras. As outras, conhecendo bem a peça, sei não, acho ateé que sejam verdadeiras. Pra ser sincera , acho que essa 9, não pode ser verdade.Sei que estudou no Santo Inácio, mas não acredito. Vilma de Oliveira, Braga-Portugal – abr2017

15- História 7. Flavia Albuquerque, Fortaleza-CE – abr2017

16- Todas maravilhosas… kkkkk… me diverti muito… não sei dizer . Vou na 4… Caroline de Alencar, Fortaleza-CE – abr2017

17- Morri! !!! Espero ansiosamente que nenhuma seja mentira. Kkkkk. Cícera Souza Vidal, Fortaleza-CE – abr2017

18- Sensacional. Isabella Cantal, Fortaleza-CE – abr2017

19- Tudo tao verossímil! Gostei demais!! Luis Carlos Trajano, Areia-PB – abr2017

20- mentiras sinceras me interessam… …. .abrssss…… Arnaldo Afonso, São Paulo-SP – abr2017

21- Só sei q foi assim… kk Pense numa vidinha kelmérica! Márcia Matos, Fortaleza-CE – abr2017

22- Acho que é a 10. Tereza Cristina, Fortaleza-CE – abr2017

23- Cada uma é melhor que a outra. Mas vou apostar em que vc e seus irmãos não pensaram em matar a vovozinha! Afinal, eu sou avó, e sofreria um infarto se meu neto pensasse nisso. 04! Maria Bulcão, Fortaleza-CE – abr2017

24- Todas as histórias são muito boas ó cara! Sei lá onde tá a mentira! Curti as histórias! rsrs. Mas aquela da vó é maldade demais! rs. Francisco Carlos Rodrigues, Fortaleza-CE – abr2017

25- Somente um escritor para narrar assim!! Adorei!! Acho que a mentira é a 4! Isa Magalhães, Fortaleza-CE – abr2017

26- Hahaha….amei e tá difícil saber qual a mentira….vou analisar rs. Marialucia da Silveira, Campinas-SP – abr2017

27- Kkkkkkkkkkkkk rapaz ow putaria ! Mas eu vou chutar! a 10 o final é falso: vc levou uma surra dos punk! Pedro Falcão, Fortaleza-CE – abr2017

28- Acho que a primeira é balela qdo conta q o namoro ainda durou 1 ano kkkk. Kathia Albuquerque, Itapipoca-CE – abr2017

29- Acho que há imperfeições em todas elas. Talvez todas sejam mentirosas. Aliás, verdade escabrosa (o título do post) para mim é mentira. A verdade é linda, maldade o que se faz com ela, hoje em dia. Antonio Martins, Maceió-AL – abr2017

30- A primeira, que namoro seu eh esse que durou mais de ano? Ana Claudia Domene Ortiz, Albuquerque-EUA – abr2017

31- Otimas histórias. Você não ia desperdiçar a oportunidade de contar suas aventuras maravilhosas. Então a unica estória com “e” é a 4. Beatriz Nousiainen, Fortaleza-CE – abr2017

32- História 1. Ana Karla Dubiela, Fortaleza-CE – abr2017

33- A cinco? Célia Fgf, Fortaleza-CE – abr2017

34- Kkkkkkk Ricardo Kelmer, morro de rir com tuas besteiras. Fabiana Z Azeredo, Fortaleza-CE – abr2017

35- Acho que a 5. Normalmente as pessoas que são “bulinadas” têm vergonha de contar e tentam esquecer. Mas é verdade que não se trata de uma pessoa banal.. Luciana Loreau, Nantes-França – abr2017

36- História 9. Kalline Alcântara, Fortaleza-CE – abr2017

37- Meu irmão querido te conheço desde 1980…inclusive dirigi o Fusca kkkkkkkkkkkkk. Ainda lembro que amassei o paralamas do Fusca no estacionamento do Center Um. Meu querido Dr Galvão falou: acidentes acontecem. Voce pode pagar parcelado..heheheh e eu paguei. Aprendi com ele! Jacques Josir Ribeiro, Santo André-SP – abr2017

38- Acredito que é verdade Tudo. Angela Belchior, Fortaleza-CE – abr2017

39- Kelmer tem quem te aguente não! Imaginando a surra q os monstrinhos levaram e tua mãe querendo relaxar mais 😱 Kkkkkkkkkkk. Zete More, Fortaleza-CE – abr2017

40- Boas histórias..mas a 4 não me parece coerente! Matar a vozinha? Num pode uma coisa dessas! Carlos Rogerio Vieira, Fortaleza-CE – abr2017

41- São todas tão geniais que tá difícil de adivinhar vou no sexto sentido. A número 5. Gó Strutzel, Fortaleza-CE – abr2017

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O homem que preferia Satanás

13/02/2017

13fev2017

Uma homenagem a Aloísio Sansão, com quem dividi cachaças, músicas e muitas risadas nas noites decadentes da Praia de Iracema

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O HOMEM QUE PREFERIA SATANÁS

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Peguei a vodca no balcão da Órbita, virei de uma golada e fui para o palco. Era o lançamento de meu livro de contos Guia de Sobrevivência para o Fim dos Tempos, maio de 2000. No caminho deixei a máquina com alguém e pedi que tirasse a foto daquele encontro especial. Então subi no palco, agradeci a presença do público e dei um abraço nele, que me dera a honra de se apresentar em meu lançamento, tocando umas músicas ao violão. Clic! A foto eu guardo comigo, um pequeno e singelo tesouro. É a prova de que nossos caminhos se cruzaram nessa vida loca.

Aloísio Sansão, o nome dele. Conhecemo-nos numa daquelas noites dengosas e decadentes da Praia de Iracema, durante um show da banda Matutaia. Eu sabia dele por causa de uma música sua que gerara polêmica com o Pirata Bar sobre direitos autorais. Depois li algo sobre ele numa pequena matéria do caderno cultural do jornal. E agora a Matutaia andava tocando duas músicas dele, Paranormal e Pecado da Vida. Naqueles primeiros dias do novo século a música eletrônica já imperava nas madrugadas de Fortaleza com seu tunts-tunts-tum, nos lembrando que o mundo estava diferente, estava todo modernizado… mas o bom e velho roquenrou seguia vivo. E muito bem representado nas músicas de Sansão.

Rápido como quem trepa em cajueiro para roubar caju para vender lá na feirinha, eu me encantei com Sansão. Descobri nele um cara simples, doce, o sorriso tímido. Ele era muito pobre e morava numa construção abandonada da Praia de Iracema. Trabalhava como pintor de parede, fazendo bicos. Mas seu grande trabalho era sua música, e nisso ele era muito rico. Eu adorava encontrá-lo pelas ruas, ele, seu velho violão e o fiel amigo Fofão, um cão grande e peludo que sempre o acompanhava. Eu sentava com ele na birosca e ouvia as histórias de sua vida incerta, suas aventuras por aí, a mulher que um dia o abandonou para seguir um caminhoneiro… Ele falou da vida e dos assuntos sociais. Reclamou da Amazônia e das igrejas universais. E disse que se Deus era desse jeito, ele preferia Satanás. Eu também, Sansão.

Nossos encontros se davam ali, nas ruas sujas e confusas da Praia de Iracema, entre patricinhas despudoradas e batidas policiais. Ele também percebia que tudo aquilo era um mundo de fantasia e ria de tanta loucura e de quanto tudo aquilo era natural, tão normal, tudo simplesmente genial. Nós dois descendo uma cachacinha, ele tocando suas músicas, todas incríveis, forró, brega, rock e até ópera. Em certos momentos me lembra Raul Seixas, outras vezes Elvis e em outras Odair José. Para no meio, conta como fez a música, ri das lembranças e volta a tocar. Peço mais uma dose para brindamos à sua arte. Depois comemos o velho cai-duro de carne moída e Sansão divide o seu com Fofão.

Relembro agora o quanto me agradeceu por tê-lo convidado para cantar no lançamento de meu livro. E como se desculpou por ter ficado nervoso e não ter cantado as músicas que eu mais gostava. Tá, eu desculpo, mas só se você tomar mais uma comigo. E lá vamos nós para o balcão, ele me contando da morena de sorriso agraciado que de longe viu seu passado e quis logo conquistá-lo. Sansão e suas histórias.

Chamei meu amigo Toinho Martan para conhecê-lo, e ele também se encantou. Nossa banda, a Intocáveis Putz Band, já não existia, e, ansiosos por voltar a compor e agitar, pensamos em ter Sansão como parceiro. Combinei com Sansão de levá-lo ao estúdio, registrar suas músicas maravilhosas. Mas ele nunca compareceu. E não apareceu mais nas noites da Praia de Iracema. Lamentei que não estivesse disposto, eu tinha tantos planos… A verdade, e eu só saberia depois, é que Sansão estava muito doente e passava dias internado. A Matutaia chegou a promover um show para ajudá-lo. Mas já era tarde.

Lamentavelmente parece que sua vasta produção se perdeu para sempre, com exceção de alguns registros, como os feitos pela Matutaia em seu CD Matutaia É Rock. Em certas noites, quando caminho pelas ruas da Praia de Iracema, tenho a sensação que as músicas de Sansão ainda estão por ali, esperando que o dono volte, do mesmo jeito que seu cão Fofão que, durante vários dias após sua morte foi visto circulando a praça, desnorteado e tristonho.

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Ricardo Kelmer 2007 – blogdokelmer.com

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rk2000orbitaaloisiosansao-01com Aloísio Sansão (Órbita Bar, Fortaleza, mai2000)

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Matutaia – Paranormal (2000)

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Matutaia – Pecado da Vida (2000)

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LEIA NESTE BLOG

OSonhoDoVerdadeiroEu-01O sonho do verdadeiro eu – Entretanto, algo me dizia que na pauliceia eu poderia viver minha vida mais verdadeira, era só insistir

O mundo real da arte – O momento em que a magia do teatro se revela paradoxalmente em toda sua plenitude, expondo tanto sua maquiagem quanto seu avesso

O último blues de Lily – A lua nascendo no mar e os blues na voz de uma Lily que se rebola e se rebela e não ouve ninguém chamar

A celebração da putchéuris (Intocáveis Putz Band) – A história fuleragem da Intocáveis Putz Band

Pelas coxias de Guaramiranga – Entre uma peça e outra sempre dá tempo de cruzar uns olhares, nativos e forasteiros, e exercitar o roteiro das abordagens

Crimes de paixão – Detetive investiga estranhos crimes envolvendo personagens típicos da boêmia Praia de Iracema e descobre que alguém pretende matar a noite

É o amor – E os outros zezés e lucianos por aí?

Mário Gomes, o poeta viralata – Era com suas errâncias quixotescas e os versos obscenos que o povo se encantava, ele lá, de paletó sem gravata, camarada e bonachão

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Bom ver você assim, entusiasmado. Quem já passou por essa vida e não viveu, pode ser mais, mas sabe menos que você….

Eu, minha paixão e meus casos

24/01/2017

24jan2017

A poligamia no futebol é algo comum, e até natural, pois vem do sentimento primevo de amor por esse esporte tão fascinante

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EU, MINHA PAIXÃO E MEUS CASOS

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Sabe, eu tenho uma grande paixão. É antiga e está sempre comigo, mesmo na distância, e ela é um sentido em minha vida. Mas como não sou monogâmico, tenho também dois casos, que não chegam a ser paixão, mas faço questão de mantê-los. Além disso, cultivo certas simpatias por aí nesse mundão. Não escondo nada de ninguém e assim vamos vivendo. Não, não são pessoas. Tô falando de futebol.

Ah, a paixão por um clube de futebol… Que coisa louca, isso. Dizem que é o único amor que não se troca por outro de jeito algum, nem sob tortura. Sim, há quem, quando criança, trocou de bandeira e nunca mais voltou, mas criança não conta.

Os monogâmicos futebolísticos não entendem situações como a minha, mas a poligamia no futebol é algo comum, e até natural, pois vem desse sentimento primevo de amor por esse esporte tão fascinante. Antes da popularização nacional da televisão, nos anos 1970, a imensa maioria torcia apenas pelo time de sua cidade ou de seu estado, e era feliz ou infeliz na exclusividade dessa paixão. Mas aí vieram as transmissões dos jogos dos grandes clubes do Sul e Sudeste, e mesmo para quem já tinha sua paixão, ficou difícil ficar alheio àquela sedução toda. Os adultos até que resistiram mais, porém boa parte das crianças e adolescentes, se não foram de todo fisgados pelos clubes mais ricos do país, ao menos assumiram o caso extraconjugal. Hoje, algo parecido ocorre em relação aos grandes clubes europeus.

Eu fui uma dessas crianças. Aos 10 anos, em 1974, me apaixonei perdidamente pelo azul, vermelho e branco do Fortaleza Esporte Clube, e a partir daí o mundo encantado do futebol se abriu para mim, trazendo um novo e gostoso sabor de viver. Nessa época, os campeonatos estaduais tinham mais importância que hoje, e para um menino como eu, que acompanhava pelo rádio em detalhes a todos os campeonatos do país, foi inevitável surgirem simpatias aqui e ali. Com as frequentes transmissões da tevê, gostei do Corinthians-SP e do Fluminense-RJ, e curtia seus títulos e lamentava suas derrotas, mas o envolvimento mantinha-se num nível superficial. Só o Fortaleza é que, de fato, me trazia as vibrantes e fortes emoções, que me fazia chorar de raiva e enlouquecer no indizível prazer de ser campeão.

E assim estamos nós quatro até hoje, na alegria e na tristeza. Não, não há traição, nem rola ciúme, pois todos entendemos que meu coração é do Leão do Pici, e que o maravilhamento transbordante pelo futebol me permite outros bem-quereres. Mas, e quando, num domingo qualquer, preciso optar por um dos outros dois? Aí eu me abstenho, melhor assim.

Você agora pode achar que eu seria mais feliz se ficasse apenas com um deles dois, pois são bem mais ricos e poderosos. Verdade, são mesmo. Mas, caso não tenha percebido, esta crônica é sobre paixão, e não sobre negociações. Sim, sei que na vida também há os amores interesseiros, sei bem. Mas no mundo encantado do futebol, a paixão por um clube é paixão pura de coração. Para o resto da vida.

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Ricardo Kelmer 2017 – blogdokelmer.com

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Aquelas camisas mp3 – Ouça e baixe a versão áudio da crônica, na interpretação do autor
Site oficial do Fortaleza Esporte Clube
Fortaleza Esporte Clube na Wikipedia

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FEC1974-02O time bicampeão de 1974, que me fez ser tricolor. O artilheiro do campeonato foi Beijoca, com 26 gols.

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O HINO O primeiro hino do Fortaleza foi composto em 1959, por José Jatahy. Em 1967 é composto o hino oficial pelo poeta Jackson de Carvalho, sendo sua gravação em outubro do mesmo ano, tendo como arranjador o maestro Manuel Ferreira e como intérprete o cantor Manoel Paiva. Em entrevista à revista Veja, o cantor e compositor Chico Buarque afirma que considera o hino do Fortaleza o segundo hino mais belo do futebol brasileiro, sendo o primeiro o do seu clube, o Fluminense.

Fortaleza, clube de glória e tradição
Fortaleza, quantas vezes campeão
Fortaleza, querido idolatrado
Estás sempre guardado
Dentro do meu coração.

Altivo, tua vida sempre foi um marco
Tua glória é lutar e vencer também
Salve o Tricolor de Aço
No campo, provaste mesmo que não tens rival
Tua turma valente é sensacional
Salve o Tricolor de aço

Soberbo, tua fibra representa um norte
Combativo, aguerrido, vibrante e forte
Sem demonstrar cansaço
Receba um sincero abraço da torcida tão leal
Meu Tricolor de Aço

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Hino do Fortaleza em nove versões
00m00 – Original 1967
02m40 – Lírica com Ayla Maria e Raimundo Arraes
04m59 – Fagner
08m44 – Reggae com banda Okolofé
12m10 – Voz e violão com Calé Alencar
14m22 – Forró com Neo Pi Neo
16m58 – Rock
20m09 – Oficial regravação 2002
22m35 – Em francês

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Hino oficial do Fortaleza Esporte Clube
Hino oficial (Fagner)
Hino oficial, versão lírica (Ayla Maria e Raimundo Arraes)
Hino oficial, versão forró (Neo Pi Neo)
Hino oficial, versão rock (Voz: Alexandre Carvalho. Instrumentos: André Carvalho)
Hino oficial em francês (Voz: Giselle Café)

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OImprovavel,OImpossivelEOInacreditavel-01aO improvável, o impossível e o inacreditável
Numa hora dessa, como ainda ter forças pra superar um rival que virou o jogo no fim com um jogador a menos, que já conseguiu o impossível?

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Fortaleza campeão cearense 2015

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Gol de Gabriel Pereira
Fortaleza 1×0 Ceará (22.01.17)

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LEIA NESTE BLOG

FutebolArtigoFeminino-01Futebol artigo feminino – Cá pra nós, já reparou como brasileira fica ainda mais linda em dia de jogo da seleção?

O menino e o feminino misterioso – Esse instante numinoso em que o Feminino Sagrado mostrou-se pra mim, sob a meia-luz de seu imenso mistério

Religião no esporte é gol contra – Se nada for feito, a religião invadirá os campos e quadras e o esporte virará uma cruzada entre os jogadores e seus deuses

Discutindo a Copa e a relação – Se você deseja minimizar os efeitos sobre sua relação, é bom saber algumas coisas sobre essa rival invencível

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Comentarios01COMENTÁRIOS
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01- Que beleza! Sou do tempo de ir ao Pici pra ver os treinos. Raul Meneleu Mascarenhas, Fortaleza-CE – jan2017

02- Fortaleaaaaaaaaaaaaaa. Vilma de Oliveira, Fortaleza-CE – jan2017

03- Lindo gooooool do nosso Leão Ricardo Kelmer, valeu! Eugênio Oliveira, Fortaleza-CE – jan2017

04- Vai safadão!!!!!! Michele SJ, Fortaleza-CE – jan2017

05- Olha a Caboquinha!!! Clícia Karine Marques, Fortaleza-CE – jan2017

06- Parabens pela vitória . Adorei a cronica. Marcia Soares Fernandes, São Paulo-SP – jan2017

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A marmota do ano

26/02/2015

26fev2015

O dia em que Fortaleza aplaudiu um artista que nunca existiu

AMarmotaDoAno-05

A MARMOTA DO ANO

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Oi, recebi teu recado. Tô no orelhão, fala rápido. O quê? Sério? Não, eu não acredito… Quer dizer que atualmente o maior sucesso aí em Fortaleza é um artista japonês que nunca existiu? Não, vocestão de sacanagem comigo. Heim? Os jornais fizeram matéria de capa? O quê?! Entrevistaram o japa?! Não, assim vocês não querem que eu volte…

Yuri Firmeza? É um artista daí? Não sei, acho que não conheço. Ah, foi ele quem inventou o artista japonês. Tá. E acertou com o Centro Cultural Dragão do Mar uma exposição no Museu de Arte Contemporânea? Como se fosse do japa? Putz… Comué, ele criou um passado pro japa? Criou fotos das obras do cara, inventou uma assessoria de imprensa, enviou informações pros jornais? Deu entrevista por e-mail como sendo o japa? Que louco… Tá, mas o que tinha na exposição? Cópias de mensagens de e-mail? Ah, tá, que Yuri trocou com um filósofo, exatamente sobre a ideia da farsa. Ahahah! Sensacional! Isso sim é que é molecagem contemporânea!

Mas por que ele fez isso? Chamar a atenção sobre o quê? A questão da arte, tá. E denunciar a negligência da imprensa com os artistas locais? Hummm, olhassó… Danado esse Yuri, heim? E o público, o que achou? A maioria se manifestou favorável ao artista moleque? Certo. Os leitores do jornal o quê? Ah, criticaram o pedantismo dos jornalistas. Ok. E os jornalistas? Ahn? Apedrejaram o artista? Comassim? Quer dizer que não reconheceram o próprio erro? O quê? O jornalista afirmou que tudo isso era medíocre e que o objetivo do artista foi arranhar a credibilidade e a boa reputação dos jornalistas? Entendi. Peraí que aqui tá passando um caminhão limpa-fossa.

Pronto, já passou. Heim? O jornalista disse que muitos idiotas vão entender a coisa como um alerta sobre a cobertura jornalística da cultura no Ceará? Vixe, e é pra entender o quê? Ops, volta a fitaí, ele disse “idiotas”? Não, ele não disse isso, não é possível. Bem, então muito prazer, eu sou um dos idiotas. Corajoso o jornalista, né? Chamar o artista de medíocre, vá lá, é a opinião dele, apesar de ter um cheirinho de ressentimento. Mas chamar seus próprios leitores de idiotas? Uau! Afinal, o que tá havendo com a minha querida imprensa alencarina? Devem ter botado alguma coisa na bebida desse povo, não é possível.

Como é mesmo o nome do japa? Souzousareta Geijutsuka? Diabo de nome é esse? Quer dizer o quê em japonês? Artista inventado? Não, tu já tá sacaneando. Mas peraí… Nenhum jornalista se deu ao trabalho de pesquisar se esse Zé Sareta existia mesmo? Não tem internet nas redações do Ceará não? Heim? Os jornalistas disseram que o Dragão do Mar perdeu a credibilidade? Pois pra mim, isso que o Dragão fez foi uma benfeitoria pública. É. Afinal, tudo isso serviu pra mostrar que o rei tá pelado e que o pinto do rei é pequeno. Sim, todo mundo sabia. Menos o rei.

O papo tá bom, mas os créditos tão acabando, vamo ter que encerrar. Mas antes manda um recado aí pra turma. Diz que eu voto nessa história pro acontecimento jornalístico de 2006. Claro. A marmota do ano. De uma lapada só fez a cidade inteira discutir arte, lógica de mercado, subserviência cultural ao que vem de fora, o papel da imprensa e sua credibilidade, a postura dos jornalistas… Ah, é, e também serviu pra mostrar como são idiotas os tais leitores do jornal. Eu principalmente, que leio todo dia.

Olhassó, esse Yuri devia fazer uma estátua. Dele não, do Zé Sareta. Isso, no Dragão do Mar. O Ceará não é a terra da molecagem? Não foi Fortaleza quem uma vez vaiou o sol na Praça do Ferreira? Então. Uma estátua do japa lendo jornal. Pra gente nunca mais esquecer do dia em que Fortaleza aplaudiu um artista que nunca existiu.

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Ricardo Kelmer 2006 – blogdokelmer.com

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> Esta crônica integra o livro Blues da Vida Crônica. A imagem que ilustra o texto é uma montagem feita a partir de trabalhos de Yuri Firmeza.

> A crônica A Marmota do Ano foi publicada em minha coluna Kelméricas, no site do jornal O Povo (Fortaleza), dez dias após a abertura da exposição de Yuri Firmeza. O texto a seguir, Quem Aprendeu, Aprendeu, foi publicado em meu site pessoal no mesmo ano, 2006. Minha defesa do artista e do Centro Cultural Dragão do Mar, junto às minhas críticas ao comportamento da imprensa, infelizmente não foram bem recebidas por alguns colegas jornalistas e me renderam antipatias. Fazer o quê?

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AMarmotaDoAno-05aQUEM APRENDEU, APRENDEU
Ricardo Kelmer, 2006

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Minha crônica A Marmota do Ano é um deboche, evidentemente, mas ela pretendeu também chamar a atenção para um fato que é tão absurdo que parece mentira, para que o leitor reflita sobre esse acontecimento riquíssimo de implicações artísticas, jornalísticas e sociais, e tire suas próprias conclusões.

É interessante notar que num primeiro momento, após a descoberta da farsa, o jornal O Povo, em seu editorial, chama o artista de “frustrado”, “recalcado” e “rancoroso” e a sua atitude de “mesquinha” e “irresponsável”. E chama de “deplorável” o comportamento do Centro Dragão do Mar por ser conivente com a proposta do artista. No único momento de mea culpa, o editorial do O Povo admite que não custava nada checar na internet informações sobre o artista japonês. Mea culpa? Hummm, nem tanto. Na verdade, era só um trampolim estilístico para a frase final que insinua que o Dragão não tem mais credibilidade.

Infelizmente, o editorial esqueceu de comentar que um dos objetivos da pegadinha era justamente denunciar a subserviência da mídia ao que vem de fora e seu descaso com os artistas locais. Mas, pensando bem, seria reforçar ainda mais o ridiculamente óbvio: a subserviência está estampada, em manchete, no espaço cedido ao forasteiro famoso… que jamais existiu. E quanto ao descaso, bem, se existia descaso, agora os artistas não têm mais do que reclamar. Ganharam até editorial!

Mas não sejamos injustos. Na última matéria, O Povo resume toda a marmota, informando corretamente, deixando o ressentimento de lado e atendo-se aos fatos. E no mesmo dia, no site, disponibiliza o fórum para que seus leitores se manifestem. E eles se manifestam: a imensa maioria aplaude o artista e critica duramente as atitudes do jornal e dos jornalistas, como se fosse um grito de inconformismo, guardado por muito tempo, contra a postura dos meios de comunicação e o pedantismo de seus profissionais. E, dez dias após o início do caso, o portal Noolhar, que é ligado ao jornal O Povo, publica minha crônica A Marmota do Ano, provando que, assim como o jornal, o site também entende o valor da multiplicidade de opiniões num veículo democrático. Ponto para o jornal e para o portal.

Há uma outra questão envolvida: a coragem do artista. Imagine se algum jornalista, antes de escrever sua matéria, resolve investigar algo sobre Souzousareta. Ou imagine se os planos de Yuri vazam por descuido ou delação de alguns dos envolvidos. A farsa fatalmente seria descoberta, os jornalistas se livrariam do ridículo e automaticamente o repassariam a Yuri Firmeza. O artista seria desmascarado e, certamente, criticado e ridicularizado pela imprensa e até por artistas. Talvez virasse persona non grata das redações (bem, talvez já o seja…). Seu esforço teria sido em vão. O público possivelmente não o apoiaria como agora faz. É, o artista foi muito corajoso. E assumiu um risco enorme, que quase ninguém ousaria assumir. Você assumiria?

Trabalho com comunicação e escrevo para jornais e sites. Como profissional da notícia, o episódio me deixou constrangido. Infelizmente estamos sujeitos a pegadinhas como essa. Mas, nesse caso, apoio o artista e o Centro Dragão do Mar. Eles foram muito úteis à sociedade e à imprensa. O que Yuri Firmeza fez, admitamos, foi genial, e, mesmo constrangendo a nós que fazemos jornalismo, nos ensinou coisas muito importantes. Quem aprendeu, aprendeu.

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AMarmotaDoAno-05a

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CRONOLOGIA DA MARMOTA

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09.01.06 – Desconstruindo a arte
(jornal O Povo-CE)

Chamada para a exposição de Souzousareta Geijutsuka

10.01.06 – Arte, natureza e tecnologia (jornal Diário do Nordeste-CE)
Entrevista com o artista japonês e imagens de suas obras

11.01.06 – Pegadinha contemporânea de artista cearense (jornal O Povo-CE)
Notícia da farsa. Informação apenas, sem paixões

11.01.06 – Arte e molecagem (jornal O Povo-CE)
O jornalista ataca e desmerece o artista e critica o museu

11.01.06 – Exposição factóide compromete Instituto Dragão do Mar (jornal Diário do Nordeste-CE)
Notícia da farsa. O jornal tenta descredibilizar o Centro Dragão do Mar

12.01.06 – Provocação infeliz (jornal O Povo-CE)
O editorial do jornal O Povo ataca o artista, critica o Dragão do Mar e faz um meia-mea-culpa

12.01.06 – A arte do absurdo (jornal O Povo-CE)
Resumo do fato. O jornal informa sem julgar

12.01.06 – A arte no jornalismo (jornal O Povo-CE)
A editoria do Vida & Arte se manifesta. Nem contra nem a favor

13.01.06 – Fórum do leitor (portal Noolhar-CE)
O site do jornal abre espaço para que os leitores se manifestem, e a grande maioria apoia o artista e critica o jornal. Ponto para o jornal

17.01.06 – A arte inventada (jornal O Estado de São Paulo-SP – site Observatório da Imprensa)
A notícia corre o mundo

20.01.06 – A marmota do ano (portal Noolhar)
O site do jornal O Povo publica a crônica de Ricardo Kelmer (em sua coluna Kelméricas), onde ele critica a posição do jornal e dos jornalistas e apoia o artista e o Dragão do Mar. Ponto para o jornal

23.01.06 – A cilada do artista invasor (jornal O Globo-RJ)
O jornal carioca publica matéria de capa e página inteira. Dá voz ao artista, ao diretor do museu mas não ouve os jornalistas envolvidos

Comentários dos leitores (site pessoal do escritor Ricardo Kelmer)
Leitores comentam. Comentários também de pessoas e instituições envolvidas, como Yuri Firmeza, Centro Dragão do Mar e o jornalista Felipe Araújo, do jornal O Povo

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AMarmotaDoAno-05a

REPRODUÇÃO DAS MATÉRIAS

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CAPÍTULO 1

O jornal anuncia a exposição

O jornal O Povo publica, em seu caderno cultural, uma chamada para a abertura da exposição de Souzousareta Geijutsuka no dia seguinte. Provavelmente, o repórter copiou as informações diretamente do material de divulgação distribuído pelo MAC – Museu de Arte Contemporânea, um recurso muito comum em redações de jornal, preenchendo o resto com algumas considerações próprias. Vale registrar que.
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MIDIAJornalOPovoLogo-01.
Reprodução – Jornal O Povo (CE), Vida & Arte
09.01.06 – Matéria sem assinatura

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DESCONSTRUINDO A ARTE

Imagine uma exposição onde as obras são flores e vegetais carbonizados e que isso representasse o equilíbrio entre a vida e a morte. Ficou difícil? Pode até ser, mas ousado como é o artista plástico japonês Souzousareta Geijutsuka, não se intimida como estranho. Tudo, alías, é bem moderno, ao olhos de sua arte. Usar e abusar da tecnologia e da ciência é sua marca, e transformar o que – nem de longe – parece arte, em arte, se tornou uma característica. Souzousareta chega a Fortaleza hoje, às 22h, para apresentar sua mais recente mostra intitulada Geijitsu Kakuu, que acontece dentro do projeto Artista Invasor, do Museu de Arte Comtemporânea do Ceará.

A exposição de Souzousareta busca a harmonia entre a natureza que nasce e morre, empregando equipamentos tecnológicos, para abordar a discussão em torno da fragilidade da vida e suas conseqüentes contradições. O artista conquistou fama mundo afora, exatamente por elencar assuntos tão distintos, como: arte, ciência e tecnologia em suas exposições. Souzousareta desenvolve pesquisas na Eletrônica e Telecomunicações, isso aliado aos conceitos de tempo real, simultaneidade, supressão de espaço e imaterialidade. O uso de objetos e tecnologias tão ousadas são influências da “desmaterialização” dos anos 60/70. “Esse fenômeno, com abandono do “objeto de arte” por muitos artistas, deu lugar a uma variedade e uma multiplicação de usos mediáticos”, explica.

De acordo com o artista, a arte eletrônica, apesar de não ter o reconhecimento e respeito dos historiadores de arte, é uma questão capital. “Freqüentemente contestada, seu endereçamento, entretanto, insere-se em nosso destino de participantes de uma época da história em que a tecnologia tornou-se parte de todos os atos da nossa vida. Acredito em sua importância humanizadora”. Seja como for, a arte de Souzousareta faz um paralelo entre o novo, o velho e o que está por vir. Ele desconstrói para, mais tarde, reconstruir de acordo com sua interpretação.

SERVIÇO: Artista Invasor – Souzousarta Geijutsuka apresenta a mostra Geijitsu Kakuu, a partir de 10 de janeiro, no Museu de Arte Contemporânea do Ceará, no CDMAC. Visitação de terça-feira a domingo, das 14h às 22h. Ingressos: R$ 2,00 (inteira) e R$ 1,00 (meia). Informações: 3488.8622.

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CAPÍTULO 2
A entrevista – Ô japonezinho pra falar…

O jornal Diário do Nordeste, além de divulgar a exposição, destaca um repórter para entrevistar o artista japonês. Como Souzousareta ainda não está em Fortaleza, a entrevista acontece por e-mail, com tradução de sua assessoria de imprensa (papel exercido no processo pela namorada de Yuri). Nas respostas do artista, podemos perceber várias pistas sobre a farsa. A matéria é ilustrada com imagens de suas obras, na verdade fotos simplórias feitas por Yuri, sendo uma de uma paisagem praiana, editada para parecer arte abstrata, e outra de um gato de rua, como se fosse cena de um videoarte.

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MIDIAJornalDiarioDoNordesteLogo-01.
Reprodução – Jornal Diário do Nordeste (CE), Caderno 3
12.01.06 – Matéria de Dawlton Moura

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SOUZOUSARETA
Arte, natureza e tecnologia

Espaço aberto para a arte eletrônica. O Museu de Arte Contemporânea, do Centro Dragão do Mar, abriga a partir de hoje, dentro do programa “Artista Invasor”, trabalhos do japonês Souzousareta Geijutsuka, reunidos na exposição ´Geijitsu Kakuu´. O olhar de um experimentador de linguagens atuais e novas tecnologias sobre fenômenos da natureza

Esta é a quarta vez em que Souzousareta, considerado um dos nomes mais importantes quanto à interface entre arte contemporânea, ciência e novas tecnologias, participa de eventos no Brasil. O sofisticado equilíbrio entre vida e morte na natureza é o fio temático de sua exposição “Geijitsu Kakuu”, em que flores e vegetais são revisitadas por meio de objetos carbonizados, em um convite a reflexões sensoriais sobre a fragilidade da vida.

Os trabalhos de Souzousareta, que entre outras cidades já expôs em Tóquio, Nova York, Berlim e São Paulo, incluem parcerias com cientistas e engenheiros, em pesquisas sobre eletrônica e telecomunicações. Entre os conceitos contemplados, estão os de operação em tempo real, simultaneidade, supressão do espaço e imaterialidade. A robótica é outra área explorada, em diálogo com esculturas e instalações ambientais. Ele também é responsável pelo desenvolvimento de uma nova técnica fotográfica, batizada “Shiitake”, que busca apreender fenômenos invisíveis ocorridos na atmosfera.

O pintor e escultor francês Marcel Duchamp (1887-1968) é citado por Souzousareta como uma de suas grandes influências, quanto à chamada “arte eletrônica”. Para o artista japonês, a arte eletrônica adquire uma importância fundamental, a partir do momento em que a tecnologia está presente em cada momento de nossas vidas – do mais banal, ao mais grandioso. Apesar disso, Souzousareta considera que as linguagens artísticas eletrônicas ainda são marginalizadas pela concepção mais tradicional de “história da arte”.

Em entrevista via e-mail ao Caderno 3, Souzousareta aborda esses e outros temas, criticando a acomodação do público e dos críticos, falando das influências que vem recebendo em sua descoberta do Brasil e apostando que a intensidade de uma proposta artística sempre será mais importante que os meios empregados para realizá-la. Confira:

Caderno 3 – Esta é a quarta vez que trabalhos seus são expostos em eventos no Brasil. Que importância esse contato com o País tem para o seu trabalho?

INFOGRAVURA DE Souzousareta, para quem “os historiadores da arte são iguais aos públicos: têm dificuldades de reagir ao que não entendem”

INFOGRAVURA DE Souzousareta, para quem “os historiadores da arte são iguais aos públicos: têm dificuldades de reagir ao que não entendem”

Souzousareta GeijutsukaAcabo de chegar ao País. Tenho aprendido muito sobre a cultura brasileiras em livros e vídeos aos quais tenho acesso no Japão. Inclusive, acabo de ler um livro e ver um filme fabulosos feitos no Brasil. “O povo brasileiro”, do (Darcy) Ribeiro, me parece ser esse o nome correto, e “Deus e o diabo na terra do sol”, do já conhecido Glauber Rocha. Até acredito que esses dois trabalhos me influenciaram de alguma maneira na preparação de minha exposição no Brasil. É claro que minha estadia aqui vai intensificar muito a influência dos elementos de brasilidade sobre o meu trabalho. Inclusive essa é uma constante em meu trabalho: a inclusão de elementos locais agenciados aos procedimentos eletrônicos.

Caderno 3 – Que resposta vem obtendo do público e das instituições de arte brasileiras?

SouzousaretaMuito pequena, como deve ser o caso da maioria dos artistas contemporâneos, pelo menos aqueles que ainda resistem a uma total subordinação dos procedimentos e problemas estéticos aos imperativos de cosumo. Não só no Brasil, mas me parece que em vários países desenvolvidos, as atividades da cultura precisam apresentar relevância mercadológica para encontrar linhas abertas de financiamento e incentivo. Acontece o mesmo com o público, sobretudo com a arte eletrônica. Precisamos estar o tempo todo brigando com nossa própria produção para não deixar que os clichês tomem conta de tudo. E é esse o problema, o público, em geral, adora clichês. Espero encontrar coisa diferente no Brasil.

Caderno 3 – Em que estágio o Brasil pode ser situado, dentro do contexto mundial da chamada ´arte tecnológica”?

SouzousaretaO Brasil ocupou um lugar de destaque no cenário artístico mundial durante os anos 60 e 70: Lígia Clark, Hélio Oiticica, Glauber Rocha, de que já falamos, e outros. Mas acho que esse foi um momento de vitalidade estética em quase todo o mundo. Também no Japão tivemos reações importantes aos valores da civilização moderna através da arte. Pnesemos em Nam June Paik, por exemplo. Não sei em que pé estão as artes plásticas brasileiras nesse momento, nem mesmo a arte eletrônica. Temos o privilégio de poder contar, no Japão, com um parque tecnológico bastante desenvolvido e aberto; não sei se esse é o caso do Brasil. A dificuldade de acesso de uma sociedade à tecnologia implicará em dificuldades para o florescimento de uma boa arte tecnológica. Mas o Brasil conta com tantas ferramentas expressivas, que não vai ter problemas.

Caderno 3 – Falando nisso, que definição de ´arte tecnológica” é possível? De que modo esse conceito – que, você cita, vem desde Marcel Duchamp – se aplica aos dias de hoje?

SouzousaretaPode ser definida como arte tecnológica toda operação estética que conta com suportes tecnológicos do tipo computadores, sintetizadores, softwares dos mais variados para produzir campo de percepção e sensação. Nesse sentido, é óbvio que o que interessa não são os suportes materiais, que podem ser extremamente desenvolvidos e potentes, mas os agenciamentos em que entram, que também têm que ser poderosos. O que continua valendo hoje na arte, como há três mil anos atrás, é a intensidade que passa pela obra, e não a obra como representação de alguma coisa.

Caderno 3 – Há ainda uma forte resistência do público a esse tipo de arte, em formas não-convencionais, ou já é mais fácil aproximar a arte eletrônica do público em geral?

SouzousaretaO público sempre resiste ao que não é convencional. Por isso a arte necessita tanto do marketing nos dias de hoje.

Caderno 3 – Você já declarou que os “historiadores de arte” ainda vêem com reservas a arte tecnológica. Há possibilidades de se reverter esse quadro? Em que prazo?

SouzousaretaNormalmente os historiadores da arte, assim como os historiadores da filosofia, são iguais aos públicos: têm dificuldades de reagir ao que não entendem.

Caderno 3 – Que diálogos são possíveis entre a arte eletrônica, que se vale das novas tecnologias, e as formas clássicas/convencionais de arte?

SouzousaretaTodas as conexões são possíveis, desde que o teu “problema próprio” necessite dessa ou daquela operação que pertence a um outro período da história da arte. Por exemplo, num certo momento, o encontro com as tradições milenares do Japão me foi necessário, como forma de explorar determinado problema a respeito do medo existente na cultura japonesa, e incrustado nos hábitos mais elementares. Foi só por isso que cruzei arte eletrônica com cultura milenar. Num outro projeto, essa referência à tradição não seria necessária.

Caderno 3 – Você falou da arte tecnológica como uma possibilidade de humanização, dentro de todo o universo tecnológico-informativo em que estamos cada vez mais imersos. Isso não vai de encontro ao velho receio de um “totalitarismo tecnológico”? De que modo a arte pode contribuir para “humanizar” a tecnologia?

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CENA DE VÍDEO do artista japonês Souzousareta Geijutsuka: “O que continua valendo na arte é a intensidade que passa pela obra”

SouzousaretaSe falei em humanização anteriormente, estava equivocado. O humanismo não tem nenhum problema de conviver com os piores tipos de atrocidades. Não é verdade que os direitos humanos criem algum tipo de constrangimento ao crescimento vertiginoso da pobreza e da angústia em parcelas importantes da população global. Humanismo e capitalismo selvagem fazem parte de uma mesma máquina. É preciso perguntar como a arte tecnológica, mas não só, pode mudar os usos que são feitos.

Caderno 3 – A arte tecnológica não correria também o perigo de se ater a limites do consumo (o mercado de novas tecnologias, produtos eletro-eletrônicos, computadores, sintetizadores, projetores)?

SouzousaretaSem dúvida!

Caderno 3 – Seria possível sintetizar o conceito e o objetivo da exposição “Geijitsu Kakuu”, que será mostrada aqui em Fortaleza? De que modo trabalha o contraste entre vida e morte, natureza e tecnologia?

SouzousaretaEssa exposição tem várias facetas, justamente para poder lidar com vários problemas. Tudo está integrado a um exercício do simulacro, cujo objetivo é retirar os hábitos de seu estado de evidência. Inclusive hábitos estéticos, do tipo “Por que gostamos de arte?”. É preciso ver a exposição. (DM)

SERVIÇO: “Geijitsu Kakuu”, exposição de Souzousareta Geijutsuka. Abertura hoje, no Museu de Arte Contemporânea, do Centro Dragão do Mar. De terça a domingo, das 14h às 22h. Ingressos: R$ 2,00 e R$ 1,00 (meia). Info.: 3488-8622.

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CAPÍTULO 3
O Povo anuncia a farsa

O jornal O Povo noticia a farsa, no mesmo caderno da chamada do dia anterior, num texto meramente informativo, sem considerações, nem paixões. O jornal, porém, refere-se ao trabalho de Yuri usando aspas: “trabalho artístico”. No mesmo dia, publica também contundente artigo do jornalista Felipe Araújo.
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Reprodução – Jornal O Povo (CE), Vida & Arte
11.01.06 – Matéria sem assinatura

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EXPOSIÇÃO
Pegadinha contemporânea de artista cearense

A exposição Geijitsu Kakuu, que conforme matérias divulgadas ontem na imprensa local – inclusive no Vida & Arte, do O POVO – seria aberta no Museu de Arte Contemporânea (MAC) do Centro Dragão do Mar, não existe. A mostra fictícia, que seria de autoria de um artista plástico japonês, é na verdade uma criação do artista contemporâneo cearense Yuri Firmeza.

Na semana passada, Firmeza – com a conivência do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura – divulgou para os jornais locais um press-release contendo informações sobre a suposta mostra e o currículo do artista japonês. Como parte de seu ”trabalho artístico”, Firmeza criou uma assessoria de imprensa também fictícia, que entrou em contato com as redações por telefone para reforçar a divulgação do material. Procurado, também na semana passada, pelo O POVO, em duas ocasiões, o Centro Dragão do Mar confirmou a realização da exposição no MAC.

Ontem, quando a farsa foi revelada para a imprensa, Yuri Firmeza explicou que a intenção da iniciativa foi ”pensar o que move o campo da arte, refletir o museu, a galeria, o jornal como meio de sedução”. Já o diretor do MAC, Ricardo Resende, afirmou não acreditar que o episódio fere a credibilidade do Centro Dragão do Mar. Segundo ele – que confirmou que a direção do Centro tinha ciência da divulgação das falsas informações – é papel do Museu dar condições para a criatividade dos artistas locais.

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CAPÍTULO 4
O jornalista não gostou da brincadeira

O jornalista Felipe Araújo, do jornal O Povo, ataca Yuri Firmeza, desmerece seu trabalho e critica o Centro Dragão do Mar. O artigo diz que são idiotas os leitores que concordam com o artista, em sua crítica à cobertura jornalística da cultura.
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Reprodução – Jornal O Povo (CE), seção Opinião
11.01.06 – Matéria de Felipe Araújo

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ARTIGO
Arte e molecagem

A recente molecagem do artista plástico Yuri Firmeza, que inventou o pseudônimo de Souzousareta Geijutsuka e divulgou para a imprensa local seu (dele, Souzousareta) brilhante currículo de exposições no exterior como forma de conseguir espaço na mídia, revelou alguns traços do espírito da arte contemporânea em Fortaleza. Com algumas caras exceções, uma arte pobre, recalcada e alienada, feita por moleques que confundem discurso (ou melhor, as facilidades conceituais de um discurso) com pichação; que acham que estão sendo corajosos quando não fazem mais do que espernear e gritar por uma mesadinha ou por uma berlinda oficial. Nelson Rodrigues é que estava certo: os idiotas perderam a modéstia.

Não há nenhuma novidade na invenção de pseudônimos como forma de afirmar determinados discursos artísticos. Yuri, aliás, tem todo o direito do mundo de fazer a brincadeira ou a provocação que quiser. Como ”artista contemporâneo”, sua provável falta de domínio sobre certos procedimentos criativos e o discurso esquálido naturalmente ampliam seu horizonte de atuação estética às raias da falsidade ideológica. O que estranha é o fato de a presidência do Dragão do Mar – principal centro cultural da Cidade – e a direção do Museu de Arte Contemporânea chancelarem uma irresponsabilidade desse tamanho.

A título de ”denúncia” sobre uma suposta negligência da imprensa com a produção local, Yuri tentou arranhar a credibilidade e a boa reputação de alguns profissionais. É fato que, demagogicamente, vai arregimentar a simpatia de uma classe artística boçal que (feitas as devidas exceções) projeta na imprensa a frustração de seu próprio fastio criativo. E é fato também que muitos idiotas vão entender esse gesto como um alerta oportuno sobre a cobertura jornalística da cultura em nosso Estado. A imprensa tem seus problemas e deve permanentemente questionar e ser questionada sobre sua responsabilidade com as artes e a cultura. Mas o que se viu nesse episódio foi apenas a face mais evidente da mediocridade.

O pecado dos jornalistas envolvidos no episódio talvez tenha sido o de acreditar na boa fé e no respeito que sempre pautou a relação entre as redações e o Dragão do Mar. E acreditar na reputação do Dragão como um centro que, através do MAC, quer promover exposições e discussões procedentes sobre a arte contemporânea. Não somente a credibilidade do Centro junto à imprensa, mas a própria credibilidade do Dragão junto à opinião pública estão gravemente arranhadas a partir de agora. Afinal, quem iria a uma exposição de Souzousareta sabendo que se trata de uma exposição de Yuri Firmeza?

FELIPE ARAÚJO é repórter especial do O POVO

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CAPÍTULO 5
O Diário do Nordeste anuncia a farsa

O jornal Diário do Nordeste noticia a farsa. O tom geral da matéria é de contenção, mas o texto tenta descredibilizar o Centro Dragão do Mar já a partir do título, sustenta que o episódio compromete sua credibilidade junto à imprensa e a sociedade e afirma ser bastante obscura a compreensão do trabalho de Yuri Firmeza. Ao contrário do jornal concorrente, o Diário do Nordeste não abordará mais o fato, limitando-se a esta pequena matéria. Agindo assim, o jornal perde ótima oportunidade de explorar um tema tão rico, ainda que tivesse de expor sua constrangedora participação no episódio.
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Reprodução – Jornal Diário do Nordeste (CE)
11.01.06 – Matéria sem assinatura

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GEIJITSU KAKUU
Exposição factóide compromete Instituto Dragão do Mar

Quem compareceu à abertura da exposição “Geijitsu Kakuu”, ontem, no Museu de Arte Contemporânea do Centro Dragão do Mar, se surpreendeu. Atribuída ao artista plástico japonês Souzousareta Geijutsuka a exposição não foi apresentada em nenhuma das salas da instituição. Também pudera: numa atitude inusitada, após a divulgação na mídia, a exposição não existia, isto porque seu autor simplesmente não existe.

Portanto, o que poderia ter passado como um atraso ou outra falha no processo de montagem da exposição, acabaria se revelando, na verdade, uma grande farsa engendrada pelo artista plástico Yuri Firmeza, em total concordância com o Museu de Arte Contemporânea e a direção do Centro Dragão do Mar. Assumindo a divulgação do evento, bem como a identidade fictícia do artista e de suas presumíveis obras (sacadas da internet), o artista e a instituição (Museu/Dragão do Mar) acabaram colocando em xeque ou até mesmo comprometendo o vínculo de credibilidade estabelecido junto aos veículos de comunicação e a sociedade cearense.

Na sala prevista para a montagem, o que se via era uma placa descrevendo: “exposição em desmontagem”. Em uma das paredes, um texto assinado pelo Diretor do Museu de Arte Contemporânea, Ricardo Resende, fazia alusão a um projeto artístico conceitual “que foge do puramente contemplativo e exige do público a reflexão sobre o que se vê ou o quê não se vê”. Em outro momento, o texto sugere que estamos diante de um “jovem artista que lida com a ‘ficção’ de se fazer arte na atualidade”, sem fazer qualquer menção a exatamente que arte estaria se referindo.

Na verdade, o texto de Ricardo Resende estará inserido entre uma série de reproduções de e-mails trocados entre o artista plástico e o sociólogo Tiago Themudo, discorrendo sobre os conceitos ocultos por trás da sua empreitada criativa, cuja compreensão o próprio artista deixa bastante obscura. Citando referências teóricas de artistas plásticos como Hans Jacke, Michel Duchamp e Alfredo Jaar, ele considera que sua obra é ele mesmo enquanto artista.

“Meu objetivo não é constranger o público, aliás, o público é uma das peças dessa engrenagem”, provoca. Yuri considera que sua “obra” discute questões como o sistema e a crítica da arte, a mídia e o papel dos espaços criativos.

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CAPÍTULO 6
A voz oficial do O Povo

Em editorial, o jornal O Povo ataca o artista, chamando-o de frustrado, recalcado e rancoroso, e diz ser mesquinho e irresponsável o que ele fez. O texto também critica fortemente o Centro Dragão do Mar, cita um caso parecido envolvendo a revista Veja e (finalmente) joga uma parcela da responsabilidade para os próprios jornalistas.
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Reprodução – Editorial do jornal O Povo (CE)
12.01.06 – Matéria sem assinatura

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EDITORIAL
Provocação infeliz

Estarrecedor é o diretor Ricardo Resende dizer que a direção do Dragão do Mar tinha conhecimento da divulgação das falsas informações e, o que é pior, achar que é papel do Museu dar condições para a criatividade dos artistas locais. Um estranho conceito de criatividade

Os meios jornalísticos e culturais de Fortaleza foram sacudidos ontem por um estranho e constrangedor episódio: a exposição de um artista plástico japonês, cuja abertura fora anunciada pela imprensa para terça-feira, no Museu de Arte Contemporânea, do Centro Dragão do Mar, não se realizou porque o personagem principal, o autor dos trabalhos, simplesmente não existia.

Era fictício, ou virtual, para usar palavra da moda, criado pelo artista plástico Yuri Firmeza, que utilizou um factóide para provocar a imprensa. Uma forma de denunciar a ”negligência dos meios de comunicação locais com a produção artística da terra”. O próprio Dragão do Mar divulgou a mostra.

O caso merece reflexões e, de uma forma infeliz, servirá de advertência para a imprensa para evitar futuras aventuras irresponsáveis e, também, de parâmetro no relacionamento com entidades e produtores culturais.

O sr. Yuri Firmeza extravasou suas frustrações e recalques na mídia. Mas foi longe demais em suas elucubrações. Precisava usar de artifício tão mesquinho e irresponsável para divulgar seu trabalho e seu protesto? Mas ele tem liberdade para exercitar a sua “criatividade”. Não entramos nesse mérito.

Deplorável nisto tudo é o comprometimento do nome de uma instituição do porte do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, através do Museu de Arte Contemporânea. São estranhas as declarações do diretor do MAC, Ricardo Resende, publicadas na edição do O POVO de quarta-feira (Cotidiano, página 5), sobre o caso do artista plástico fictício. Para ele, o lamentável episódio não fere a credibilidade do Centro Dragão do Mar. Mas Resende esquece o seguinte: o caso fere o que um jornal tem de mais precioso: a credibilidade, a confiança dos leitores.

Estarrecedor é o diretor Ricardo Resende dizer que a direção do Dragão do Mar tinha conhecimento da divulgação das falsas informações e, o que é pior, achar que é papel do Museu dar condições para a criatividade dos artistas locais. Um estranho conceito de criatividade.

O próprio site oficial do Centro Dragão do Mar assume a travessura de Firmeza quando diz, ao divulgar o Projeto Artista Invasor, no Chá com Porradas: ”Yuri buscou repensar a arte contemporânea através da interferência na rede que constrói sua credibilidade, formada por museus, curadores, galerias e veículos de comunicação. A concretização dessa idéia se deu através da construção de um artista japonês fictício, Sousouzareta Geijutsuka”.

O Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, inaugurado em abril de 1999, é uma instituição respeitada dentro e fora do Ceará. A participação da entidade em devaneios de um artista rancoroso e irresponsável compromete um nome construído ao longo de quase sete anos de trabalho eficaz.

Embora não sirva de consolo, a imprensa cearense não é pioneira nesse tipo de episódio. Em 1983, a revista Veja, em sua edição de 27 de abril, reproduziu uma brincadeira de revista britânica New Science, feita para o Dia da Mentira, que divulgara estranha descoberta científica, fruto da fusão em laboratório de células vegetais e animais, isto é, de boi com tomate, o ”boimate”.

A tal conquista, feita na universidade alemã de Hamburgo, era atribuída aos biólogos Barry MacDonald e William Wimpey. A matéria da Veja louvava a experiência inédita que “permite sonhar com um tomate do qual já se colhe algo parecido com um filé ao molho de tomate. E se abre uma nova fronteira científica”. A New Science dava pistas: Hamburgo, MacDonald, Wimpey (outro nome de rede de lanchonetes)… Mas a revista brasileira embarcou na história.

É preciso reconhecer que a imprensa cearense também não sai ilesa do caso do japonês fictício. Em plena era da Internet, com sites de busca tão precisos, não custava nada uma checagem em torno do nome divulgado. Apenas a credibilidade no Dragão do Mar não era suficiente. Que sirva de lição.

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CAPÍTULO 7
O Povo resume o fato, atendo-se aos fatos

O jornal O Povo publica um resumo dos fatos, num ótimo texto informativo, sem análises ou julgamentos. Para o leitor, tudo fica mais claro a partir das falas do artista, de seu amigo filósofo e do diretor do museu.
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Reprodução – Jornal O Povo (CE), Vida & Arte
12.01.06 – Matéria sem assinatura

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POLÊMICA
A arte do absurdo

Divulgada pelo Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, a exposição Geijitsu Kakuu e seu autor japonês Souzousareta Geijutsuka, na verdade, não existem. Tudo não passa de um “artista fictício” inventado pelo cearense Yuri Firmeza

Por essa, poucos esperavam. Uma exposição de arte contemporânea anunciada pela imprensa local era peça de ficção e seu autor, inexistente. Afinal de contas, quem iria de prontidão pôr em cheque a existência de um “renomado” artista plástico japonês, que viria ao Museu de Arte Contemporânea (MAC) do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura – entidade-referência nas arte no Estado – para montar uma exposição sobre arte e tecnologia? Mas tanto a mostra Geijitsu Kakuu quanto o artista japonês Souzousareta Geijutsuka não passavam de um simulacro que ganhou um breve status de realidade. Após a veiculação de matérias de destaque nos principais jornais da cidade, o segredo é revelado: a tal exposição e o tal artista nada mais eram que invenções do artista plástico cearense (esse sim, real!) Yuri Firmeza.

Yuri não chega a definir o suposto artista japonês como pseudônimo nem como personagem. “Ambos são o meu trabalho, que basicamente procura questionar as regras do jogo que movem o campo da arte contemporânea”, explica. Yuri acrescenta que a tradução de Souzousareta Geijutsuka, do japonês para o português, significa ‘artista inventado’ e o nome da exposição Geijitsu Kakuu traduz-se por ‘arte e ficção’. “Na verdade, não se trata de uma crítica à arte contemporânea em geral, mas sim de revelar nas entrelinhas como se estrutura o sistema que vai desde museus, galerias e bienais até curadores, críticos de arte e imprensa. Esses elementos acabam legitimando a arte de tal forma, que para se criar um artista hoje não se leva mais em conta apenas o estético, mas sobretudo fatores mercadológicos. Boa parte da produção contemporânea se submete a isso”, afirma.

Segundo Yuri, a divulgação da exposição fictícia nos jornais foi uma das peças fundamentais para que seu trabalho desse certo. “Se não tivesse sido publicado no jornal, não conseguiria trazer à tona toda essa discussão. O trabalho corria riscos desde o início, porque era preciso publicar essa exposição como se fosse real na mídia. O jornal acaba sendo um meio de espetacularização da arte”, explica. O artista cearense apóia-se nas teorias do filósofo e sociólogo Pierre Bourdieu para argumentar que o jornalismo tem poder de sedução do público de massa. “Em Livre-Troca, Bourdieu diz que cinco minutos de jornal vale mais do que uma palestra de cinco mil pessoas. Todas as instituições querem visibilidade na mídia. A arte perde a autonomia e se rende ao capital”, afirma.

No entanto, para questionar tal visibilidade, era preciso fazer uso da mesma. Yuri chegou até a criar uma assessoria de imprensa – independente do Centro Dragão do Mar – com o intuito de tornar crível a divulgação da exposição aos meios de comunicação. Primeiro, escreveu um atraente press-release sobre a suposta exposição e o currículo do tal artista japonês, reafirmando sua importância no “panorama das relações entre arte, ciência e tecnologia”. Em anexo, foram enviadas algumas fotografias, que nada mais eram que imagens caseiras feitas por Yuri, manipuladas no photoshop. Depois, usando o codinome de uma assessora fictícia batizada de “Ana Monteja”, o próprio Yuri mandou o material à imprensa por e-mail. Já a assessoria do Centro Dragão do Mar divulgou o evento como se fosse uma exposição normal, sem qualquer conhecimento prévio de que tal exposição não existia. Yuri acrescenta que seu trabalho de “conotação política” não tem a intenção de denegrir qualquer jornal ou museu específicos, mas defende que “nenhuma instituição pode interferir na liberdade de criação do artista”.

Questionado sobre a possibilidade do episódio da “falsa exposição” afetar a credibilidade do Museu de Arte Contemporânea e do Centro Dragão do Mar enquanto instituições perante à imprensa e ao público, o diretor do MAC, Ricardo Resende, afirma que o museu tinha pleno conhecimento da iniciativa de Yuri, convidado para participar da quarta edição do projeto Artista Invasor, que já expôs obras de Jared Domício, Marta Neves e Solon Ribeiro. “Quando convidamos o Yuri para ser o artista invasor no período de janeiro a março, ele veio com essa proposta bastante provocadora do artista ficcional. Obviamente não sabíamos quais seriam as conseqüências e ainda estamos refletindo sobre isso. O trabalho de Yuri é conceitual e faz com que a gente repense a maneira como entendemos arte e como as informações são construídas. Não podemos reprimir essas experimentações”, explica. Até o fechamento desta edição, a reportagem do O POVO tentou contactar o presidente do Centro Dragão do Mar, Augusto César Costa, mas a assessoria da instituição afirmou que ele não concederia qualquer entrevista à imprensa e que só se pronunciaria sobre o assunto, durante o “Chá com Porradas”, bate-papo marcado para a noite de ontem com Yuri Firmeza e Ricardo Resende, no MAC. Yuri afirmou estar disposto inclusive a conversar abertamente com jornalistas sobre o episódio. “Dessa vez, será verdade”, brincou o artista.

Segundo a jornalista Adísia Sá, houve erro tanto por parte do Centro Dragão do Mar, que perpertuou a brincadeira, quanto dos próprios jornalistas, que acreditaram na fonte sem apurar sua veracidade. “O Dragão compactuou com a farsa, para fazer charme. Quem se desgasta é a fonte. Vai demorar muito para o Dragão restaurar sua credibilidade. Por outro lado, não há fonte absolutamente veraz. A informação deve ser buscada e investigada pelos jornalistas”, explica Adísia. Já Resende reafirma que a credibilidade do MAC não será afetada. “Yuri nos colocou nesse caldeirão. Nós assumimos esse risco, mas não vejo como seríamos desacreditados por causa do trabalho de um artista, que na verdade está provocando um simulacro. Se a exposição tivesse sido divulgada como sendo de Yuri Firmeza, talvez o artista não tivesse tido a repercussão que está tendo agora”, comenta. Resende diz que a direção do museu sentiu-se inclusive estimulada a criar em breve um curso de crítica de arte, para o segundo semestre de 2006. Segundo o diretor do MAC, a iniciativa polêmica de Yuri não é única no cenário da arte contemporânea. Ele lembra o trabalho do alemão Hans Haacke, que faz críticas severas à maneira como o Estado americano financia a cultura. Quando se fala de ludibriar a mídia com farsas bem elaboradas, os exemplos no campo da arte em geral são muitos: desde a transmissão radiofônica de A Guerra dos Mundos, de H.G. Wells, pelo cineasta Orson Welles como se fosse uma verídica invasão de alienígenas na Terra; até a criação do heterônimo Julinho da Adelaide, por Chico Buarque, em plena ditadura militar dos anos 70.

Para Yuri, poucos são os artistas contemporâneos que têm a coragem de fugir dos clichês. “A arte contemporânea corre sérios riscos de não exercitar mais sua criatividade. Ao ficar subordinada ao mercado, tudo se torna mais fácil, mas muitos trabalhos não tem força para causar frisson no público. A arte precisa revelar suas forças e potências estéticas. É claro que existe uma produção contemporânea que vai na contramão, mas muitos trabalhos que vejo não dizem nada para mim. Então, das duas uma: ou o problema está na obra ou está no público”, questiona. De acordo com Yuri, a arte contemporânea precisa estimular as sensações e fazer com que o público tenha uma percepção diferente do comum. “A arte deve transvalorizar o que está imposto como moda ou padrão, estimulando o pensamento como vagões desordenados. O meu trabalho não deixa o público indiferente”, argumenta.

Enquanto O POVO divulgou a abertura da exposição Geijitsu Kakuu em uma breve coordenada – que, por ironia do destino, foi intitulada de “desconstruindo a arte” – na capa da edição de terça-feira do caderno Vida & Arte, o Diário do Nordeste dedicou duas páginas com direito à entrevista por e-mail com o suposto artista japonês Souzousareta. Na entrevista ao Caderno 3, Yuri “na pele” de Souzousareta já vinha dando pistas das discussões que pretendia levantadar com seu feito. “Não só no Brasil, mas me parece que em vários países desenvolvidos, as atividades da cultura precisam apresentar relevância mercadológica para encontrar linhas abertas de financiamento e incentivo. Precisamos estar o tempo todo brigando com nossa própria produção para não deixar que os clichês tomem conta de tudo. E é esse o problema, o público, em geral, adora clichês. Espero encontrar coisa diferente no Brasil”, afirmou na entrevista. Segundo Yuri, o trabalho do artista existe no momento em que tal arte é definida como tal.

Farpas ao vento, nada do que foi divulgado como obra do artista japonês está exposto no Museu de Arte Contemporânea. O espaço abriga a singela reprodução da troca de e-mails que Yuri teve com o doutor em Filosofia, Tiago Themudo, durante todo o processo de construção da idéia. “Foram cerca de 30 e-mails trocados com o Tiago, pensando todas as questões da arte contemporânea que já citei”. Segundo Tiago Themudo, o trabalho de Yuri Firmeza chama a atenção para a indistinção entre os produtos da arte e o campo do entretenimento. “O lucro e a boa campanha de marketing acabam se sobrepondo aos critérios estéticos. Além disso, todos os dias os jornais publicam mentiras. Seria até um contrasenso exigir do artista a verdade”, argumenta. Tiago entende como “ressentimento editorial dos jornais” toda a repercussão depreciativa feita por alguns veículos de comunicação que chegaram a desclassificar Yuri e seu trabalho, além de pôr em cheque a credibilidade do Museu de Arte Contemporânea e do Dragão do Mar. “Espero que isso não se torne um mal-estar moral dentro das redações de jornal, mas uma oportunidade para fortalecer as discussões”.

Com a polêmica rolando solta no ar, Yuri ainda confirmou que novas surpresas ainda estão por vir. “Vou realizar performances que não tem data, horário nem local prévio, durante os próximos dois meses”, acrescenta o artista que, desde 2001, acumula no currículo performances polêmicas, como andar nu em locais públicos. Para quem duvida das proezas de Yuri, não custa nada conferir o site (http://yurifirmeza.multiply.com) ou o blog (www.yurifirmeza.zip.net) do artista.

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CAPÍTULO 8
A editoria do caderno Vida & Arte se manifesta

A editora Regina Ribeiro, do caderno Vida & Arte, comenta o episódio, faz considerações e sugere questões sobre a arte e o jornalismo. Não chega a apoiar o artista, mas reconhece a eficiência de sua estratégia.

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Reprodução – Jornal O Povo (CE), Vida & Arte
12.01.06 – Matéria de Regina Ribeiro

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PONTO DE VISTA
A arte no jornalismo

Regina Ribeiro
da Redação

A modernidade esgarçou ao infinito a possibilidade da arte nos moldes aristotélicos. Além do mais a chamada pós-modernidade, com todos os hibridismos e conexões entre o possível e o inverossímil, transforma tudo em arte. Que pode ser nada. No entanto a raiz do que se pode chamar de criação artística ganha força quando se observa pelo menos um dos argumentos do filósofo grego: a “idéia” que pode ser expressa em ação é um dos componentes vitais da arte. Existe algo mais cabível na arte contemporânea, mesmo a que nega toda e qualquer explicação?

Deixa pra lá essa pendenga, porque o que importa mesmo é o esse novo artista, o japonês Souzousareta Geijitsuka, que “desembarcou” na cidade trazendo na bagagem a vontade de pôr sobre a mesa alguns incômodos que cercam o mundo da arte e os suportes que ela utiliza para se estabelecer.

A começar pelo imbróglio em torno do real. Souzousareta aprendeu que o artista não tem nenhum compromisso com a verdade. Isso é coisa da História, a começar por Homero. O que a arte deve ter é verossimilhança. Precisa convencer. E ele não perdeu isso de vista quando contratou “assessores de imprensa” – a incômoda muleta do jornalismo pós-moderno – para construir a imagem de um artista múltiplo e pesquisador – quase horaciano – da virtualidade e da eletrônica. E acertou de novo. Deu entrevista por internet para uma imprensa ávida pela apresentação do novo, do estrangeiro e do discurso rebelde-planetário recheado de clichês.

Tanto no Japão, quanto no resto do mundo contemporâneo a exposição artística se viabiliza ou é referendada a partir da mediação dos espaços midiáticos. E isso não acontece só com a arte, que tem em si, a função de ser apreciada desde as imagens pictóricas das cavernas, passando pelos poetas que contavam a aventura de homens e deuses na disputa eterna pelos feitos heróicos. A política há muito tempo é subserviente às câmeras e jornalistas. O terrorismo, idem.

E aqui sim, chegamos ao ponto crítico em torno de Souzousareta, o artista japonês considerado pela imprensa local “um dos nomes mais importantes quanto à interface ente arte contemporânea, ciência e novas tecnologias”, que já “expôs em vários países” e chega ao Brasil pela “quarta vez”. Que fala de Glauber Rocha, Darcy Ribeiro e Hélio Oiticica com aquela proficiência dos verbetes de almanaque. Aquele que está em busca da “harmonia entre a natureza que nasce e morre empregando equipamentos tecnológicos”.

A questão é que Souzousareta só existe a partir da informação publicada. É uma invenção. Uma fábula.(Portanto, arte.) Não se materializa em torno de uma alma pensante, mas existe como discurso. É real enquanto informação.

Mesmo diante da possibilidade da infinitude da interpretação de uma obra de arte que se propõe “aberta” e que trafega no espaço singular do imprevisível e das descobertas, o jornalismo é convidado a participar, quando ele é suporte dessa arte. Pronto. O bosque está pronto para ser explorado.

E aqui estão alguns vales e muitos atalhos. Os recursos e sistemas da produção da notícia deixam o jornalismo vulnerável a que tipos de armadilhas ?Criamos ou fazemos parte de um exército de crédulos seguindo discursos pré-fabricados com interesses anteriores definidos sem nenhuma reflexão? Por que nos dobramos tão facilmente ao que é estrangeiro? Por que referendemos com tantos adjetivos (bons e maus) o que não conhecemos? Será que são todas essas questões que arrastam o jornalismo para o mero entretenimento? (Pelo menos lá não há motivos para indignações).

E a verdade – motivo da revolta em torno do japonês e a forma como ele se fez criar a partir da mídia local- se apequena diante do volume de outras “criações” políticas, bélicas, científicas que o jornalismo contemporâneo tem ajudado a tornar reais. Sem dúvida, Souzousareta existe.

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CAPÍTULO 9
A notícia da marmota cruza a cancela

Uma semana após a descoberta da farsa, em artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo e reproduzido no site Observatório da Imprensa, o jornalista e biografista Lira Neto resume o episódio, sem analisá-lo.
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Reprodução – Jornal O Estado de S. Paulo (SP) e site Observatório da Imprensa
17.01.06 – Matéria de Lira Neto

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Arte inventada
Lira Neto

Um artista ‘genial’. E ele nem existia

Seria um acontecimento. O japonês Souzousareta Geijutsuka, anunciado pela imprensa cearense como um dos principais nomes da arte contemporânea universal, era ansiosamente esperado semana passada em Fortaleza, para abrir a exposição Geijitsu Kakuu. Convidado especial da curadoria do Museu de Arte Contemporânea do Ceará, Geijutsuka mostraria ao público cearense por que seu trabalho é aclamado em todo o planeta como uma obra revolucionária que, segundo o material de divulgação de sua eficiente assessoria de imprensa, incorpora ‘novos conceitos à arte’, como os de ‘operação em tempo real, simultaneidade, supressão do espaço e imaterialidade’. Os jornais locais deram amplos espaços para a divulgação da exposição. Um deles chegou a publicar, no dia marcado para a abertura do evento, uma entrevista de página inteira com Geijutsuka. Tudo perfeito, não fosse um detalhe: Souzousareta Geijutsuka não existe.

A idéia de inventar o tal japonês que – segundo informava um jornal de Fortaleza – ‘conquistou fama mundo afora por unir arte, ciência e tecnologia’ partiu de um jovem artista de 23 anos, Yuri Firmeza, paulistano radicado na capital cearense desde a infância. ‘A intenção foi mostrar como a arte hoje em dia encontra-se subordinada a exigências e manipulações mercadológicas e a modelos construídos e legitimados pela mídia, pelas galerias e pelos museus’, explica Firmeza. Para tornar sua história mais verossímil, ele conseguiu convencer especialistas a escreverem textos críticos sobre a obra do fictício Geijutsuka, incluindo aí o próprio diretor técnico do Museu de Arte Contemporânea do Ceará (MAC), Ricardo Resende, 43 anos, ex-curador do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM). ‘Vivemos uma era em que muitas outras forças, além daquelas que o artista naturalmente dispõe para criar, regem o sistema da arte’, já denunciava também Resende, de forma velada, no texto de apresentação da ‘exposição’.

Tudo foi planejado nos mínimos detalhes. A namorada de Yuri Firmeza se fez passar por assessora de imprensa e abasteceu os jornais locais com imagens de algumas das ‘obras’ de Geijutsuka. Entre elas, uma série de fotos prosaicas de um gato, que foram publicadas na imprensa local como sendo cenas de um ‘videoarte’ do ‘genial japonês’. ‘Era apenas um gatinho que vi na rua, num bairro aqui em Fortaleza, e fotografei com minha máquina digital doméstica’, revela Firmeza. Uma fotografia de uma ensolarada praia cearense, distorcida em um editor de imagens para parecer uma figura abstrata, foi estampada também pela imprensa local como um ‘infográfico’ de Geijutsuka. Na legenda da ilustração, uma frase pinçada da longa ‘entrevista’ que ele havia concedido, por e-mail, ao jornal: ‘Os historiadores da arte são iguais ao público: têm dificuldades de reagir ao que não entendem’.

Yuri deixou algumas pistas propositais, que não foram decodificadas pelos jornalistas. Em japonês, Souzousareta Geijutsuka significa exatamente ‘artista inventado’. E o nome da exposição, Geijitsu Kakuu, pode ser traduzido como ‘arte e ficção’. No material de divulgação repassado à imprensa, dizia-se ainda que o suposto artista havia criado a fotografia ‘Shiitake’, nome do cogumelo que pode ser encontrado em qualquer restaurante japonês, mas que foi definida por sua ‘assessoria de imprensa’ como uma ‘técnica que permite a captação dos fenômenos invisíveis ocorridos na atmosfera’.

No dia da abertura da anunciada exposição, em vez das obras revolucionárias de Souzousareta Geijutsuka, o público deparou-se apenas com uma série de e-mails pregados na parede da sala reservada ao evento pelo museu. Nas mensagens, Yuri Firmeza e um amigo trocavam idéias sobre arte contemporânea e discutiam animadamente a obra de autores como Gilles Deleuze, Antonin Artaud e Pierre Bordieu. Dessa troca de e-mails é que surgira a idéia de criar um artista imaginário. ‘O que me interessa é interrogar sobre a qualidade do que compõe todo esse sistema de legitimação estética: críticos, jornais, artistas, curadores, galerias, museus e o próprio público’, escreveu Firmeza em uma dos e-mails ao amigo. ‘Não sei como será a receptividade em relação ao Geijutsuka, mas acredito que suscitará saudáveis desconfortos’, previa.

Dito e feito. Revelado o simulacro, a reação da imprensa cearense foi violenta. Yuri Firmeza foi chamado de ‘moleque’ pelos jornais e foi alvo de editoriais indignados. Sobraram farpas também para a direção do MAC por ter ‘compactuado com a farsa’. ‘Em vez de irritar-se, a imprensa está perdendo uma ótima oportunidade para refletir sobre as provocações que Yuri Firmeza fez a todos nós’, avalia o diretor técnico do museu. ‘Não se tratou de uma ferroada à mídia local, o mesmo poderia ter ocorrido em qualquer lugar do país. No Brasil, somos deslumbrados pelo que vem de fora e pelo que nos é apresentado como algo novo e revolucionário, é nisso que todo esse episódio nos obriga igualmente a refletir’, analisa Resende.

‘Bastaria fazer uma rápida pesquisa no Google para que os jornalistas descobrissem que não havia, na internet, nenhuma menção ao tal Geijutsuka, apresentado como um artista famoso, com exposições consagradoras em Tóquio, Nova York, São Paulo e Berlim’, diz Yuri Firmeza. ‘Mas eu não quis provocar apenas a imprensa, isso seria reduzir o alcance da denúncia; a provocação foi extensiva a todo o circuito das artes em geral’, insiste ele, que mantém uma página pessoal na internet (http://yurifirmeza.multiply.com/) onde registra suas principais performances – ou suas ‘orgias multipoéticas’, como prefere definir. Não se estranhe nada do que for visto ali. Afinal, na pele de Souzousareta Geijutsuka, na ‘entrevista’ à imprensa de Fortaleza, ele já advertira: ‘Tudo está integrado a um exercício do simulacro, cujo objetivo é retirar os hábitos de seu estado de evidência’. Seja lá o que isso possa vir a significar.”

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CAPÍTULO 10
O Globo publica com destaque

Em matéria destacada em seu caderno cultural, o jornal O Globo dá voz ao diretor do museu e ao artista, mas infelizmente não ouve nenhum dos jornalistas envolvidos na farsa, deixando de informar melhor aos seus leitores. A matéria revela que os jornais de Fortaleza não deram importância às edições anteriores do Artista Invasor, nas quais participaram artistas locais, e nenhum japonês.
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Reprodução – Jornal O Globo (RJ), Cultura
23.01.06 – Matéria sem assinatura

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A CILADA DO ARTISTA INVASOR
Artista cearense engana imprensa inventando um colega japonês

A informação chegou aos cadernos de cultura do Ceará e foi ali reproduzida. Um célebre e renomado artista japonês, Souzousareta Geijutsuka, viria ao país pela quarta vez para abrir, no dia 10 deste mês, sua exposição “Geijitsu kakuu”, no Museu de Arte Contemporânea (MAC) de Fortaleza. No dia seguinte à divulgação do evento pela imprensa local, veio a revelação: Souzousareta não existia. Era tudo uma invenção de um artista de 23 anos, Yuri Firmeza, que quis criar um trabalho justamente sobre os critérios para o reconhecimento da arte nos dias de hoje. Depois de pregada a peça, a imprensa cearense passou a discutir o assunto de forma apaixonada na semana passada, uns com louvores à idéia de Firmeza, outros — sobretudo os que caíram na cilada — atacando ferozmente o que seria uma molecagem de menino. Além da atitude do artista, foi criticada a participação do MAC, reconhecida instituição de arte contemporânea, por ter colaborado com a farsa.

— Quis questionar o papel do museu, da formação de artes visuais e da imprensa. O artista que criei é a própria obra, e o suporte do trabalho foi o jornal — diz Firmeza, recentemente selecionado para o projeto Rumos, do Itaú Cultural, que trará jovens talentos para uma exposição no Paço Imperial este ano. — Achava que os jornalistas teriam mais humor. Faltou reconhecer que eles têm esse interesse pelo que é de fora, querem ser seduzidos pelos mesmos artifícios com que seduzem o público. Eles provaram ainda mais o quanto são reacionários. Levaram para o lado pessoal, o ego foi ferido.

Não havia registro do artista na internet

Mas o humor ficou mesmo por conta da releitura dos textos publicados. Segundo o jornal local “O Povo”, o trabalho do artista era reconhecido no mundo todo e tinha como foco “a harmonia entre a natureza que nasce e morre, empregando equipamentos tecnológicos, para abordar a discussão em torno da fragilidade da vida e suas conseqüentes contradições”. Informações retiradas da assessoria de imprensa do artista, feita pela namorada de Firmeza.

Além de um texto exaltando a arte eletrônica de Souzousareta, a competente assessora enviou registros do trabalho: uma foto de um gato, que seria um trecho de um vídeo, e uma imagem, distorcida em photoshop, da Praia Porto das Dunas. Se passaram ao largo do fato de não haver qualquer registro do japonês na internet ou em textos impressos, é normal que ninguém tenha percebido as pistas deixada por Firmeza no próprio nome que deu ao artista, que em português significa “artista inventado”, e à exposição, “arte e ficção”. Diretor do MAC há 11 meses, Ricardo Resende não interferiu nessa divulgação, mas admite que passou por uma saia justa:

— Um jornalista do “Diário do Nordeste” me ligou para saber da mostra porque não estava encontrando informações. Fui pego de surpresa. Disse que pediria para o artista entrar em contato com ele.

Foi o que o artista fez. No papel de Souzousareta, respondeu a uma entrevista por e-mail, que foi publicada em página inteira. Foi uma repercussão da qual museu e artista não tinham idéia quando Firmeza propôs o artista inventado ao ser convidado para o projeto Artista Invasor.

— Procuro dar a máxima liberdade para o artista criar. Convidei o Yuri pensando em suas performances, que já achei que seriam bastante ousadas (ele faz muitas das performances nu). Mas ele foi mais ousado ainda e me testou, para ver até onde eu iria. Eu fui adiante, porque tive o apoio da presidência do museu. Sabíamos que poderia haver um conflito, mas a imprensa podia não ter publicado uma linha sobre o assunto — avalia o diretor do MAC de Fortaleza.

Para Resende, a divulgação só prova o preconceito da imprensa com os artistas cearenses, já que nas outras edições do Artista Invasor não houve qualquer reportagem:

— Há um certo deslumbramento com o que vem de fora no Brasil todo, não só no Ceará. A mídia insistiu em publicar a matéria, mesmo com dificuldades de achar informações. Foi uma ingenuidade, ou mesmo uma falta de conhecimento de arte contemporânea. Depois houve uma tentativa de jogar o erro para o outro, enquanto o grande erro foi da própria mídia.

Firmeza, apesar de enfatizar que o problema é da imprensa em geral, faz críticas à falta de especialização no estado.

— Acho que a imprensa de São Paulo e do Rio também poderia ter caído nessa. Mas o Ceará é uma província. Aqui os jornalistas não têm fundamentação teórica sobre arte, é uma verborragia — diz ele, citando o artigo “Arte e molecagem” do jornalista Felipe Araújo, de “O Povo”, que afirma que a arte contemporânea é, “com raras exceções, uma arte pobre, recalcada e alienada, feita por moleques que confundem discurso (ou melhor, as facilidades conceituais de um discurso) com pichação.” — Todo o preconceito está ali.

Para diretor, museu cumpriu seu papel

No museu, o visitante poderá ver a troca de e-mails entre Firmeza e um amigo sociólogo, com conversas sobre Bourdieu, Nietzsche e Deleuze, inspiradoras da idéia de se criar um artista inventado. Aos poucos, o local receberá ainda as fotos do suposto japonês, divulgadas para a imprensa, reportagens sobre o caso e performances e registros em vídeo de Yuri — que não sabe como a exposição teria sido montada se nada houvesse sido publicado nos jornais:

— Foi um risco que corri desde o início. Mas de qualquer modo estaria lá a troca de e-mails. As performances aconteceriam e também voltariam ao museu como registros. Só sei que se o Yuri tivesse enviado o material, nada teria sido publicado na imprensa.

Para Resende, o museu saiu fortalecido no meio artístico porque mostrou que funciona para ousar:

— Nossa credibilidade não está ferida. Acho que as pessoas se perguntam que mídia é esta, que informações estão lendo. O museu só está cumprindo seu papel de ser o espaço do artista. O trabalho deu muito certo porque chegou ao editorial do jornal e a outras áreas em que a arte contemporânea nunca é tratada. Ele foi realmente um invasor.

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ESCREVERAM SOBRE O CASO

O que a imprensa cearense publicou, antes e depois – Seleção de artigos e editoriais

Shiitake – Geijutsuka, o “desmaterializador” – Coluna da Mônica Bergamo, Folha de São Paulo, 21.01.2006

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YuriFirmeza2006-01Yuri Firmeza (2006)
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???????????????????????????????Yuri Firmeza (2006)
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YuriFirmeza2006-04Yuri Firmeza (2006)
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YuriFirmeza2013Yuri Firmeza (2013)

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Comentarios01COMENTÁRIOS
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01- ADOREI… ABRAÇOS. José Alberto Simonetti, Fortaleza-CE – jan2006

02- Gostei!!!!!!!!! Ana Karla Dubiela, Fortaleza-CE – jan2006

03- Olá grande e insano Ricardo … Há exatamente um ano atrás estava trabalhando na Produção do Festival Vida e Arte, quando as obras contemporãneas do Yuri causaram certa divergência quanto ao conceito  do evento que queria algo mais moderno. Resultado O Grande Yuri e suas idéias ficaram de fora do FESTIVAL, mas em menos de uno depois ele ressurge das cinzas, assim como fênix,ou melhor, ele não eles…rsrsrs…ele e seu Japa alencarino, e dão um show ( literalmente falando) !!! E eu perdi a chande cumprimentá-lo, pois estava no ponto de parada do coletivo ( Campus do pici-Unifor)…vulgo buzão, ao lado desta fera chamada Yuri, não sei se um só ou dois agora…e fiquei mumificado…não conseguia falar!!! mas o seu feito é maior que qualquer palavra. Seu artigo está show….aliás você é show!!! Um abraço e apareça aqui em Fortalville! É isso aí…Ana carolina e seu Jorge cantam: “Há quem acredite em milagres”. Fabiano Brilhante, Fortaleza-CE – jan2006

04- Aí, perfeito. Abraços. Júlio Cesar Montenegro, Fortaleza-CE – jan2006

05- Grande Kelmer, Que bom nos encontrarmos em mais uma presepada !!! Fico feliz que você tenha tido a compreensão da nossa séria brincadeira. Vamos promover alguns debates emum seminário sobre comunicação e cultura em março.Retomaremos este e outros assuntos.No mais obrigado pelos tão bem vindos apoios nestashoras de muitas incompreensões. Forte abraço. Luis Carlos Sabadia, Diretor de Ação Cultural, Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, Fortaleza-CE – jan2006

06- Ducarái!! Adorei! Valdo Siqueira, Fortaleza-CE – jan2006

07- Fascinante! Eu não estava sabendo… Também, eu vivo em outro mundo. Que cara genial. Claudio Roberto Azevedo, Fortaleza-CE – jan2006

08- Muito boa Ricardo. Du cacete!!!. Rodrigo Grunewald, Campina Grande-PB – jan2006

09- Valeu! Inclusive, acabo de repassar tua marmota prum grupo de discussão sobre música do qual participo, cheio de gente boa — alguns de Fortaleza –, que saberá apreciar a ironia. Alexandre Feitosa, Rio de Janeiro-RJ – jan2006

10- Pois num eh… Foi uma comédia mesmo! rsrs Uma comédia providencial, diga-se de passagem.. Jéssica Giambarba, Fortaleza-CE – jan2006

11- Boa, Ricardo, boa mesmo! Abraço. Felipe Costa, Rio de Janeiro-RJ – jan2006

12- Ô, Ricardo Por essas e outras marmotas é que acredito que será 2006, realmente, um ano bom. E, aproveitando o contexto da confusão, me deu uma vontade muito grande de comer sushi… Raimundo Netto, Fortaleza-CE – jan2006

13- Ótima essa história, em? E esse Yuri é meu primo. Na verdade, filha da prima legítima da mamãe. Olha só o nome do japa, Sousa … e eu, Liliana de Sousa Costa. Tudo em família. Beijo grande em você. Liliana Costa, Lisboa-Portugal – jan2006

14- Uau! Demais. Giovanna Bressan, Rio de Janeiro-RJ – jan2006

15- Hehehehe… Muito bom o artigo, camarada Kelmer! Temos que botar isso para frente. Esta história de estátua seria uma ótima! No Dragão seria perfeito, mas em qualquer outro lugar tá de bom tamanho. Um grande abraço. Nelson Eulálio, Fortaleza-CE – jan2006

16- Caraca, embora a idéia não seja muito original o que é triste é que jornalista sempre cai. Frô, São Paulo-SP – jan2006

17- Caro Ricardo, E veja só, que o jornal de maior circulação do Ceará abriu foto de três colunas na capa da edição de hoje para dar um artista plástico que faz greve de fome no calçadão da Beira Mar. Mais cearense e mais real impossível. Abraço, querido. Do amigo, cheio de novidades pra contar e morrendo de vontade de dar boas gargalhadas da vida e dos vivos. Alberto Perdigão, Fortaleza-CE – jan2006

18- Ricardo, você provou que é um artista “antenado” ( no sentido poundiano), que está enxergando bem mais longe que os mais comuns dos mortais. Sua análise está perfeita e topa comprar uma briga com a mediocridade ainda reinante. Você pôs o dedo na ferida. Faltou apenas aprofundar um pouco derme a dentro. Eu acho que você conseguiu até ir longe demais. No mais, achei bom ler um resumo de tua gloriosa biografia e descobri que temos mais coisas em comum do que eu imaginava: primeiro, você fala de uma “santa pneumonia”. Eu falo de uma “santa hepatite” que tive aos 17 anos e que me fez passar uns trinta dias de cama e lendo livros que foram decisivos na minha formação cultural. Segundo, você morou em Manaus, São Paulo e Rio de Janeiro. Eu também. Nosso placar, está 2 a 2. Fico contente em saber que o amigo continua lúcido, produzindo e deleitando os leitores com um papo inteligente e divertido. Um abraço do Francis Vale, Fortaleza-CE – jan2006

19- Bravo! Bravíssimo! grande abraço desse idiota que concorda em gênero, número e grau com vossa opinião. Fernando Costa, Fortaleza-CE – jan2006

20- eu adorei isso… hehehehe abração, cara! Adriano de Lavôr, Rio de Janeiro-RJ – jan2006

21- É impressionante como o povo marmotoso se atrai! Pode até vir japonês, coreano o que for, mas a vaga de marmotoso-mór da terrinha aqui já tá preenchida:P Rafaela Almeida, Fortaleza-CE – jan2006

22- Muito bom, Kelmer! Li essa historia pelo Lira e depois diretamente nos jornais cabeca-chata e bolei de ri aqui. Abracos. Antonio Marinho, Fortaleza-CE – jan2006

23- Caro RK, valeu a crônica – “A marmota do ano”. Pensando bem, o Yuri Firmeza ninjou nos brios das torres gêmeas de nossa provinciana imprensa. E ambas caíram do salto. E você, como um bom e genuíno observador de uma virtual Praça do Ferreira, é que faz a verdadeira imprensa da contemporaneidade – a crônica -, não perdeu a brecha dessa saia-justa. Valeu e, pensando um pouco mais, aproveitano a foto, etc. vejo que o Yuri Firmeza é a cara do Bin Laden… Esteticamente falando, enfim,  ficou no ar a pólvora de uma molecagem que, no seu desconcerto, é nosso maior instrumento de exercício dionisíaco do Belo. Fica o abraço do Leite Jr., Fortaleza-CE – jan2006

24- Sobremaneira, os debates que decorreram do acontecido deixaram enfim espaço na imprensa jornalistica escrita para se falar de pensamento e que pensar faz parte da vida. Mesmo em tempos de sofisticadas tecnologias não se pode abrir mão do pensamento no sentido stricto e que a universidade, os intelectuais e as vanguardas têm ainda um papel na nossa sociedade. Sobretudo, valeu para furar as páginas já escritas dos jornais dos dias que virão. Terão ou tiveram obrigatóriamente que escrever ‘outra’ história. Foi muito inteligente. É importante também ressaltar que os museus (Dragão e de Arte do Ceará) fizeram um papel responsável. A função dessas instituições não deve ser a da perpetuação e reprodução das leis que compoem um campo de poder e sim o de se aliar as linhas de força que tentam resistir e provocar a reconfiguração deste campo. Foi muito profissional e responsável conceitualmente a acolhida que deram para Yuri. Agora é ler, ouvir, escrever, conversar. Viver. Um abraço. Rosângela Matos, Fortaleza-CE – jan2006

25- Me fez lembrar o “Porco” do Leiner, enviado ao Salão de artes plásticas de Brasília. Diuk Mourão, Brasília-DF – jan2006

26- Caro Ricardo, Como sempre acompanho com sincera admiração sua coluna, não me contive diante de seu texto sobre a marmota do Dragão e decidi escrever-lhe só para deixar claro alguns pontos. Primeiro, reafirmo o que escrevi no meu artigo (“Arte e molecagem”) sem tirar uma vírgula. Segundo, não me cabia pedir desculpas para ninguém já que não fui eu que escrevi as “barrigadas”. Essa é uma iniciativa que caberia, se eles assim entenderem, às editorias e aos jornais envolvidos no caso.  Minha colher nesse debate foi apenas o artigo. Mas é aquele negócio: uma coisa é uma coisa e um pneu é um pneu. Embora discorde de tudo que você escreveu (mas tenho que reconhecer que seu estilo continua muito afiado…), reconheço, ops… perdão, acaba de passar um limpa-fossa por aqui também…, peraí… Pronto. Devo dizer que adorei a expressão sobre a nudez do rei e o tamanho do pinto real. Mas me admira o fato de você, passado na casca do alho, ter achado que descobriram que o rei só ficou nu agora. Lagartão, muita gente já tinha visto o pau do rei há algum tempo por aqui. Não foi a intrujice do doidinho e do Dragão que nos fez ter esse “privilégio”. Vamos bater na imprensa (às vezes, é um troço saudável inclusive para os jornalistas, em especial para os sadomasoquistas), mas vamos aprender a socar primeiro e, se possível, de maneira leal. Dar uma “cabeçada” (eita!) por trás (EITA!) pode, às vezes, doer nos próprios cornos. Acho que é isso. Vou indo que o disco do Frankito Lopez, o índio apaixonado, terminou de tocar e tenho que procurar o CD do Carlos Santos. Sincero abraço e saudações alvinegras, Felipe Araújo, Fortaleza-CE – jan2006

27- Intervenção interessante. Um ensaio razoável de crítica, mas eu diria que de efeito bumerangue. Teria sido melhor se o autor não tivesse caído na tentação de dar explicações para o feito. Deixasse o pau troar, as carapuças serem vestidas e a obra falar por si. Mesmo assim,  acho que a participação do MAC compromete os objetivos inicias da crítica ou, melhor, traz o outro lado da mesma moeda. Ao tentar a crítica aos ‘ fatores mercadológicos ‘ que afetam a produção artística revelou o fator-estado que aprisiona a arte e seus produtores ( locais? e não-locais? ). Teria sido perfeito se o tento tivesse sido realizado sem a conivência do papai-estado , numa espécie de ensaio anti-sistêmico. Ai, sim, poderíamos começar a pensar a tal liberdade de cria –ação . Por enquanto, acho que o bom castigo para todos os envolvidos, inclusive nós ‘ idiotas’ leitores, é pensar mais e melhor sobre a questão. Lilia Costa, Fortaleza-CE – jan2006

28- Oi Ricardo Kelmer. Valeu pela força em relação ao japonês. Mesmo que a imprensa local não esteja reconhecendo (pelo menos não publicamente) a sua vulnerabilidade, a falta de compromisso, o descaso com os artistas locais… acho que o trabalho funcionou, justamente por estar conseguindo um espaço de discussão enorme aqui na net. Isso é maravilhoso!!!  Muito legal o seu texto Ricardo, incisivo e com humor. Humor que faltou por parte da imprensa local. Vi o fórum do jornal, legal ver o pessoal dando uma força, tenho recebido muitos e-mails de pessoas que não conheço, a maioria dando força e tal…  O artigo do Felipe foi péssimo, demonstrou o preconceito dele com a arte e artistas locais… que bom que o pessoal também entendeu dessa forma e começam a se manifestar…Você falou de um japonês no Orkut, eu conhecia a comunidade… o japonês realmente não sou eu, e concordo com você, o japa usou palavras agressivas demias… que eu realmente não usaria e não usei em momento algum… Parabéns novamente pelo seu texto!!! Obrigado pela força, massa!!! Abraços. Yuri Firmeza, Fortaleza – jan2006

29- ADOREI!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! beijos da fã Armôndega Porvilho. Monica Buonfiglio, Campinas-SP – jan2006

30- É isso aí velho, a melhor resenha do fato é mesmo sua, com todas as letras e calafrios – e ainda um caminhão limpa-fossa passando ao fundo… Tem até cenário a marmota!  Parabéns! Max Krichanã, Fortaleza-CE – jan2006

31- Camarada Kelmer, Gostaria de lhe parabenizar pela crônica: “A MARMOTA DO ANO”. Parabenizar não só pelo texto em si, que diga-se de passagem: tá excelente, mas principalmente pela coragem de publicá-lo na imprensa cearense através do veículo que mais atacou Yuri Firmeza e toda a categoria artística cearense, o Museu de Arte Contemporânea – MAC – na pessoa de seu diretor Ricardo Resende (que tem tido uma gestão atípica, coisa que tem projetado o MAC em nível nacional e de forma positiva) e, por tabela o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, além de nós meros mortais consumidores dos produtos dos Deuses (ou pelo menos agem como se assim o fossem) da impressa cearense – os coronéis da mídia local. Como escrevi no fórum do “O Povo” sinto-me vingado! Isso antes de ler sua crônica. Depois, estou dando gargalhadas até agora da cara dos pseudo-jornalistas locais (sim, pois ainda acredito que existam jornalistas sérios, pena que são raros) quando viram sua iniciativa. Markus Markans, Fortaleza-CE – jan2006

32- Adorei do texto!! PERFEITO!!! Pra você ver a quantas anda a imprensa cearense… eu acho bem feito. Então a estratégia de guerra é desqualificar uma pessoa que põe em xeque as sagradas empresas jornalísticas? Até parece que elas são infalíveis… Muito bom mesmo o que o Iuri Firmeza fez. Esse jornalecos cearenses que se acham portadores da verdade mereciam mesmo uma lição. E não só os cearenses, bem sabemos. A imprensa nacional, mundial, inter-galática (sic! hehe) é pedante! “Sim, nós somos um veículo de denúncia em prol da comunidade”… Pois tá. Me engana se te faz feliz. Falo dos jornais do Ceará porque sei que não têm comprometimento com outra coisa que não seja o lucro. Já trabalhei em um deles, sei o que se passa lá dentro. Os “jornalistas” são na maioria estagiários, que se prejudicam na academia pra fazer trabalho grande. É assim que eles qualificam um profissional? Provavelmente, as fontes não foram checadas “direito” porque o cara responsável por isso tinha aula… Talvez se investissem e respeitassem mais o profissional a coisa fosse diferente…Não sei. Aliás, quem sou eu pra dizer alguma coisa que não seja carregada de juizo de valor? Enfim, o que o tal Firmeza fez não foi novo, mas na minha opinião foi justo. Patrícia, Fortaleza-CE – jan2006

33- Adorei o texto, o pior que isso acontece mesmo (risos). Um grande beijo. Mariucha Madureira, Brasília-DF – jan2006

34- Sobremaneira, os debates que decorreram do acontecido deixaram enfim espaço na imprensa jornalistica escrita para se falar de pensamento e que pensar faz parte da vida. Mesmo em tempos de sofisticadas tecnologias não se pode abrir mão do pensamento no sentido stricto e que a universidade, os intelectuais e as vanguardas têm ainda um papel na nossa sociedade. Sobretudo, valeu para furar as páginas já escritas dos jornais dos dias que virão. Terão ou tiveram obrigatóriamente que escrever ‘outra’ história. Foi muito inteligente. É importante também ressaltar que os museus (Dragão e de Arte do Ceará) fizeram um papel responsável. A função dessas instituições não deve ser a da perpetuação e reprodução das leis que compoem um campo de poder e sim o de se aliar as linhas de força que tentam resistir e provocar a reconfiguração deste campo. Foi muito profissional e responsável conceitualmente a acolhida que deram para Yuri. Agora é ler, ouvir, escrever, conversar. Viver. Um abraço. Rosângela Matos, Aracaju-SE – jan2006

35- Prezado Ricardo, Considero um  exagero esse massacre da imprensa cearense no episódio do artista japonês inexistente. Só quem não tem intimidade com pesquisas no Google é que pode acreditar que “bastava uma googlada” para descobrir a inexistência do artista. Como se fosse fácil !!! Criou-se esse mito de que o Google acha tudo. Nada mais enganoso. Não só o Google não acha tudo, como existe uma enorme fatia do planeta onde ele não penetra, pelo menos com pesquisas feitas usando o alfabeto latino. O fato de não se achar referências ao nome do artista não quer dizer que ele não exista! Será isto tão difícil de entender? Ainda mais se tratando de artista “japonês”. As buscas no Google usando o romaji (=japonês escrito com alfabeto latino) são totalmente inconclusivas, porque 99.99% do que está escrito em japonês não é transcrito para esta escrita fonética (que se usa mais para comunicar com ocidentais). Para uma busca precisa seria necessário digitar nos caracteres japoneses (ideogramas) e naturalmente entender o conteúdo. Uma pessoa pode ser uma celebridade local no Japão e não existir uma única menção acessível via romaji. Fica a questão: para ser jornalista é preciso falar e escrever em japonês? E se o “artista” fosse russo, coreano, tailandês, vietnamita ou grego? Cada uma dessas línguas tem o seu próprio alfabeto e portanto são mundos fechados para o Google digitado em alfabeto romano. Tem que saber a língua e digitar no seu alfabeto… E, como sabemos, são muito poucos os grupos de comunicação no Brasil que tem bala na agulha para manter uma rede de correspondentes internacionais. Acredito que muitos jornalistas tenham feito a pesquisa no Google, afinal isso é hábito na profissão. Mas na falta de confirmação, preferiram dar o benefício da dúvida e publicar a nota, afinal a fonte construiu uma relação de confiança ao longo de anos e centenas de releases verdadeiros. Não havia razão para duvidar. Abraços. Alan Romero, Lisboa-Portugal – jan2006

36- Oi, Kelmer, como está? Achei super bacana seu artigo sobre o Zé Sareta; comungo com sua idéia de erguer uma estátua dele. Um abraço! Jorge Ritchie, Fortaleza-CE – jan2006

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Mário Gomes, o poeta viralata

06/01/2015

06jan2015

Era com suas errâncias quixotescas e os versos obscenos que o povo se encantava, ele lá, de paletó sem gravata, camarada e bonachão

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MÁRIO GOMES, O POETA VIRALATA

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Era um burburinho que rodava dentro da cabeça dele, sem parar. Uma noite, rodou, rodou e pariu um poema. E ele riu da própria marmota. Descobriu-se poeta.

Rapaz, trabalhar com redemoinho no juízo não dá. Veio-lhe aí a revelação, aquilo que todo cão viralata sabe: se é pelas ruas que a vida livre escorre em poesia, bebamos de sua sagrada putaria. Então batizou-se boêmio e vagabundo.

Rebelando-se contra tudo que não rima com liberdade, um dia ele fugiu do manicômio. Lá no alto, a lua se apaixonou, a andarilha do céu, e jurou protegê-lo em suas perambulanças e traquinagens. Assim, sempre sem dinheiro mas abençoado, fez-se aventureiro: em São Paulo foi preso, mas escapuliu, por se fingir cineasta para as mulheres, em Minas se atrasou e não embarcou no ônibus que viraria na estrada, e lá nos cafundós da Bahia escapou de morrer no veneno de um vatapá na encruzilhada.

Ah, ele sumia por meses, mas Fortaleza sempre o recebia de volta. Todo lascado de surras e prisões, mas uma ruma de história mirabolante para contar. À tarde, na Praça do Ferreira, o vento malandro a brincar de subir a saia das moças, era com suas errâncias quixotescas e os versos obscenos que o povo se encantava, ele lá, de paletó sem gravata, camarada e bonachão. Fiel se manteve ao ofício de sua nobre vagabundagem, vivendo sem amanhãs, e sempre o acudia um troco para a janta e o cigarro. De tanto encarnar o surreal da vida, ainda vivo virou lenda. Assim foi que um dia, ele contando orgulhoso da aposentadoria por invalidez mental, que os amigos entenderam: cidade bendita a que provê seus poetas mais puros.

Nos seus livros publicados, a arte intuitiva brincava longe dos parâmetros, feito criança travessa que, sem atinar, aponta o absurdo da existência. Era por isso que ele podia colher uvas no pé de cana até chegar o homem das laranjas. Por isso, ele, só ele, foi comido vivo em banquete por Odete, Judite e Maria Helena. Por isso que em seu braço a formiga bebia água e de sua merda uma tarde voaram borboletas. Porque só o poeta que reflete a lucidez primitiva do desconexo sabe que na vitrine a manequim tem fome.

Tua amada, cadê?, as estrelas lhe indagam na solidão das madrugadas. Ela não veio, responde magoado, e vira a cachaça. Agora, debilitado e maltrapilho, defende-se como pode de velhas assombrações, os eletrochoques, aquela virgem ingrata que lhe negou um nheco-nheco, a surra da multidão em Salvador por lhe confundirem com um bandido… Agora, veja só, lhe proíbem de recitar seus versos onde antes era aplaudido, como se atrevem? E esses moleques idiotas, que lhe acordam com pedradas, acham que é mendigo, não sabem que saiu no jornal, que o mulherio gama só de olhar? A mãe, tadinha, morrera, ela que cuidava de lhe dar os remédios que sossegavam os burburinhos, e que agora já não parem poemas. Dizem que virou espectro vagante, que é melhor ir para a casa de repouso, que morreu mês passado, ah, não entendem porra nenhuma. Aquele bar ali, outro dia lhe negaram um resto de pão que sobrou na mesa, vão tomar no cu. Felizmente, as ruas sabem quem ele é. E pode lavar a calça no banheiro do teatro. E embaixo da passarela ainda lhe deixam dormir. E descansar a carcaça. E sonhar seu sonho louco de liberdade radical…

Ele se foi numa tarde sem vento, com os fogos do ano-novo a ignorar sua partida. Como não tinha documento, não podiam liberar o corpo para o velório na biblioteca. Mas ele é o poeta Mário Gomes, os amigos tiveram de explicar. Era a sua credencial, de mais não carecia para adentrar a posteridade. Lá no alto, a lua grávida dele não quis falar. Por detrás do Universo, Jesus tomou uma com Satanás. E mais além, na Praça do Ferreira, um viralata rodou, rodou e mijou um minuto de silêncio.

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Ricardo Kelmer 2015 – blogdokelmer.com

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À memória de Mário Ferreira Gomes (Fortaleza, 23.07.1947 – Fortaleza, 31.12.2014)

Foto preto e branco da montagem: Érika Fonseca. Obrigado a todos que conheceram o poeta e registraram sua vida por meio de relatos, fotos e vídeos. Obrigado a Érika Menezes, por me comunicar da morte de Mário.

REPRODUZIRAM ESTA CRÔNICA:

Blog do Eliomar – Blog do jornalista Eliomar de Lima, jan2015

Roberto Maciel – Blog do jornalista Roberto Maciel, jan2015

Jornal O Estado – Caderno Arte & Diversão, jan2015

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VÍDEO-CRÔNICA
MÁRIO GOMES, O POETA VIRALATA

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MÁRIO GOMES EM IMAGENS

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MarioGomesPoeta-15Mário recita seus poemas (por volta de 2000)

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MarioGomesPoeta,VilmaMatos2002-01Mário Gomes entrevistado na praça por Vilma Matos (2002)

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MarioGomesPoeta-18O poeta em seu nobre ofício na Praça do Ferreira

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MarioGomesPoeta-06O poeta na praça, já bem debilitado

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MarioGomesPoeta-07Com o livro de Márcio Catunda, Mário Gomes, poeta, santo e maldito

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MarioGomesPoeta-01Foto de Mika Holanda, vencedora de concurso da revista National Geographic, feita em set2014, cem dias antes de sua morte

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MarioGomesMuralNoVelorio-01Mural com fotos de Mário em seu velório

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MarioGomesPoeta-14Os muros da cidade celebram Mário Gomes (Praia de Iracema)

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MarioGomesPoetaLivros-01Ensaio biográfico de Márcio Catunda e cordel sobre Mário Gomes, de Rouxinol do Rinaré

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CRÔNICA

AoMestreVagabundoComCarinho-01a.

AO MESTRE VAGABUNDO, COM CARINHO
Ricardo Kelmer, 2015

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Nos anos 1980, em Fortaleza, corriam histórias divertidas sobre um tal Mário Gomes e sua poesia mirabolante. Elas me alcançaram na faculdade ou em alguma mesa de bar. Eu não sabia se eram reais e nem se Mário existia de fato ou era um personagem da imaginação popular. Ou seja, ele para mim era uma lenda, como certamente o era para muitas pessoas.

Provavelmente, cheguei a vê-lo em algum evento cultural ou em algum bar, ou nas Rodas de Poesia e Percussão, no Dragão do Mar, mas talvez não tenha associado sua imagem ao seu nome, ou talvez eu estivesse muito bêbado. Tirando o tempo em que trabalhei como contínuo, em 1982-84, e ia quase todo dia ao centro, nunca fui muito assíduo da Praça do Ferreira, mas talvez o tenha visto lá alguma vez. Será que ele chegou a ir ao Badauê, um bar que eu tinha na Praia de Iracema em 1988-89?

Deixei Fortaleza em 2004. Anos depois, numa visita à cidade, surpreendi-me de saber que era ele aquela figura comovente que passeava no Dragão do Mar, bêbado e maltrapilho, discursando sozinho, e nos anos seguintes voltei a vê-lo por lá, deslizando solitário pelas noites, às vezes acompanhado da jornalista Ethel de Paula. Em 2013-14, acompanhei à distância a piora de seu estado, mas sabia que pouco podia ser feito, por sua recusa em deixar as ruas e tratar da saúde.

Naquela tarde de 31 de dezembro, eu estava em casa, em São Paulo, quando fui avisado de sua morte por minha amiga Érika Menezes. Eu sabia que dias antes ele fora encontrado desmaiado no Dragão, e que enfim o convenceram a ir para o hospital. Senti uma súbita tristeza e chorei. Tomei uma dose de uísque e homenageei o poeta, gargarejando um verso seu: Como era gostoso esse Mário Gomes! E fui buscar na internet o poema inteiro, para recitar. Putz… Bastaram poucos minutos de pesquisa para descobrir o imensamente quanto eu não sabia quem era Mário Gomes. Fiquei envergonhado da minha ignorância e ali mesmo comecei a catar tudo sobre ele, entrevistas, relatos de quem o via nas ruas, vídeos, a biografia de Marcio Catunda… Quanto mais descobria, mais me fascinavam sua história e sua arte. Perdi o ânimo para a festa do réveillon ‒ a vontade era de estar em Fortaleza e ajudar nas preparações para o velório.

Descobri um grandioso personagem, a perfeita encarnação do arquétipo do louco malandro, presente em tantas culturas do mundo. Ao ser avesso a regras e limites e recusar-se a trabalhar, Mário personificou o vagabundo que todos, no fundo, temos vontade de ser. Flanar livre por aí pelas ruas, fazendo poesia e vivendo incríveis aventuras, aceitando o que lhe dessem como ajuda e sem importunar ninguém, era essa a sua bela filosofia. Desconfio que um dia sua vida virará filme, uma comédia dramática burlesca, e estreará no Cine São Luís, na Praça do Ferreira. Nada mais justo.

Durante sete dias, me alimentei de Mário, quase não saí de casa, e, ao fim, vomitei a crônica Mário Gomes, o Poeta Viralata. Era o mínimo que eu tinha a fazer por sua memória, mas sei que meu texto não apagará minha sensação de débito com o poeta, por conhecê-lo somente após já ter ido embora. Quanto aos seus problemas mentais, talvez eles não lhe permitissem ter a exata consciência de sua condição, dos riscos de viver assim, da morte iminente na próxima esquina. Ou o contrário, talvez Mário soubesse mais que todos, quem pode ter certeza? Quem pode julgá-lo? E quem está livre de morrer na próxima esquina?

Não tenho a mesma coragem que Mário, mas busco todos os dias priorizar a minha liberdade e viver para a minha arte. Não durmo nas ruas, mas conheço a grande incerteza do tempo para quem decidiu ser escritor na vida. Mário Gomes se foi, e seu exemplo agora me fortalece em minha própria loucura. Obrigado, mestre vagabundo.

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MarioGomesPoeta2014-01a.

ANDARILHO
Ricardo Kelmer, 2015

Eu sempre fui andarilho
Mas é assim que prefiro
Viver desse vento que eu sou
Tanto tempo que deixei a trilha
Que hoje nem a minha mochila
Sabe mais para onde vou

Todo dia quando acordo
Sopro no ar a minha sorte
E ganho tudo que preciso ter
O que não preciso, que o vento leve
Porque nunca se perde
Quem não tem o que perder

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O poema Andarilho integra a trilogia que fiz em homenagem a Mário Gomes, com as crônicas Mário Gomes, o poeta viralata e Ao mestre vagabundo, com carinho. O poema foi inspirado numa fala de Mário, durante a gravação de a matéria Poeta de Rua, da TV O Povo, de Fortaleza, em 2009. Tomei a liberdade de transcrever a fala em formato de poema e dei-lhe o título de Mora. Fiz isso para destacar o quanto Mário Gomes vivia a poesia, naturalmente, em sua vida cotidiana, mesmo tendo, nos últimos anos, deixado de escrever e publicar. Quando comparo os dois poemas, o dele se revela tão autêntico e o meu me soa tão artificial… Talvez por que Mário era poesia em estado bruto.

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MORA
Mário Gomes

Eu sempre fui andarilho
Eu sempre andei do jeito que eu sou
Eu nunca mudei minha personalidade
Esse negócio de dizer que eu moro na rua é papo furado
Se por acaso eu tô por aí, com muito sono, embriagado
O que é que tem eu dormir?
Eu moro na rua por quê?
Eu moro na rua onde?
A gente mora dentro de si, rapaz
A gente mora dentro da cuca da gente
Eu moro em qualquer canto onde eu chegar
O que é morar?
Agora eu que te pergunto: o que quer dizer morar?
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VEJA O VÍDEO

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MarioGomesPoeta-05aFoto de Raymundo Netto

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POEMAS DE MÁRIO GOMES

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SOU UM CACHORRO VIRA-LATA

Sou um cachorro vira-lata
Não tenho residência fixa
Não tenho responsabilidades
Não tenho dono.
Mas, também, não me falta sexo
Porque conheço lindas cadelas
De tipos diversos.
Onde chego procuro alimentos
Fumo na hora em que me é propício
Um cigarrinho com filtro ou sem.
Sou um cachorro fiel e valente
(Só na aparência)
Pois, sou um cachorro vira-lata.

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ANTROPOFAGISMO

Eu, sem ser antropófago,
já saboreei muita gente por aí.
Minhas preferências são os esbeltos
violônicos corpos femininos: a mulher.
Ah! Se a humanidade fosse toda antropófoga
como eu teria o prazer de ser devorado
em um banquete ou bacanal de lindas garotas
sexys, histéricas, eróticas
e eu, em cima de uma mesa qualquer totalmente nu.
Assado ou cozido.
Recheado de cebolas, tomates e farofas.
Enquanto Odete espetava um dos meus esverdeados olhos
que outrora foram profanos,
Judite arrancava minha língua e mastigava furiosamente.
Depois Maria Helena
pegava uma faquinha de mesa e cortava
delicadamente meu pênis ereto e dizia entre-dentes:
– Como é gostoso esse Mário Gomes.

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UMA VIOLENTA ORGIA UNIVERSAL

Olhei o sol.
Me irritei
E larguei a mão na cara dele.
No qual ele ficou
Desacordado por 12 horas ininterruptas.
Dei um ponta-pé nos ovos da terra.
Afastei São Jorge
E mantive relações sexuais com a lua.
Pisoteei o cadáver de satanás
Numa esquina encontrei-me com Deus
E saímos abraçados: rindo e cantando…. Chovia

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METAMORFOSE

Ontem,
Ao meio-dia,
Comi um prato de lagartas
Passei a tarde defecando borboletas.

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AÇÃO GIGANTESCA

Beijei a boca da noite
E engoli milhões de estrelas.
Fiquei iluminado.
Bebi toda a água do oceano.
Devorei as florestas.
A Humanidade ajoelhou-se aos meus pés,
Pensando que era a hora do Juízo Final.
Apertei, com as mãos, a terra,
Derretendo-a.
As aves em sua totalidade,
Voaram para o Além.
Os animais caíram do abismo espacial.
Dei uma gargalhada cínica
E fui descansar na primeira nuvem
Que passava naquele dia
Em que o sol me olhava assustadoramente.
Fui dormir o sono da eternidade.
E me acordei mil anos depois,
Por detrás do Universo.

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A LOUCA E O MANEQUIM

A menina louca, maltrapilha e suja,
Parou em frente à vitrine da Casa Parente,
E estática olhava para um manequim feminino.
Olhou… olhou… pensou… pensou…
Dado momento perguntou:
“ta com fome, égua?”
Esta pergunta causou-me
Certa impressão, o poeta,
Que também já conversou com os manequins.
Eu dissera: “se fosse realmente mulher
Como és de gesso,
Te daria um prato de comida.”
Será que essa louca é
A personificação da poesia?

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QUANDO EU MORRER

Quando eu morrer
Irão distribuir minhas camisas,
Minhas calças, minhas meias, meus sapatos.
As cuecas jogarão fora.
Ninguém usa cueca de defunto.
Irão vasculhar minha gaveta.
Vão encontrar muita poesia,
Documentos e documentários.
Só sei dizer
Que foi gostoso viver.
Sentir o amor e proteção de minha mãe.
De conhecer meus irmãos, meus amigos.
De ver de perto as mulheres.
Só posso deixar escrito:
“obrigado vida”.

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LIVROS PUBLICADOS

Lamentos do Ego (1981)

Aprendizes da Morte (1982, com Márcio Catunda e Cristiane Marinho)

Emoção Poética (1983)

Resquícios de uma Paisagem da Vida (1988)

Devaneios das Lamentações (1991, com Márcio Catunda)

Terno de Poesia (1997, com Alcides Pinto)

Uma Violenta Orgia Universal (1999, antologia poética)

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MarioGomesPoeta2010-01Mário Gomes na Casa Juvenal Galeno (Semana da Poesia, 2010)

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SAIBA MAIS

Mário Gomes Poeta – Blog em homenagem ao poeta, com poemas, depoimentos, vídeos e reprodução do livro Mário Gomes, poeta, santo e maldito, de Marcio Catunda

Entrevista com Mário Gomes – Vilma Matos entrevista o poeta para a publicação Cá Estamos Nós (2002)

Tributo ao Mário Gomes: Comendo lagartas e defecando Borboletas – Crônica de Raymundo Netto (2009)

A vida dentro dos sapatos – Artigo da jornalista Ethel de Paula, que tem Mário Gomes como tema de sua dissertação de mestrado (2014)

Procura-se Mário Gomes – Crônica de Raymundo Netto, escrita na noite da morte do poeta

Ricardo Guilherme fala de Mário Gomes – Belo e digno texto escrito pelo ator e amigo do poeta (2015)

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MarioGomesPoeta,AuribertoCavalcante-01Mário Gomes na praça, com o amigo Auriberto Cavalcante (2013)

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VÍDEOS

Poeta de rua – Programa Viva Fortaleza, da TV O Povo, entrevista Mário Gomes (2009)

Mário Gomes, o poeta da Praça do Ferreira – Bela homenagem ao poeta, com depoimentos. Direção de Zebaptista (2014)

Que Mário – Vídeo da Cia Pã de Teatro, com imagens de Mário Gomes na Praça do Ferreira

Repórter encontra Mário Gomes de madrugada – Matéria do programa sensacionalista Cidade 190 (2013)

Mário na Praça do Ferreira – Admirador encontra Mário Gomes e compra um cordel sobre sua vida (2013)

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LEIA NESTE BLOG

 

OSonhoDoVerdadeiroEu-01O sonho do verdadeiro eu – Entretanto, algo me dizia que na pauliceia eu poderia viver minha vida mais verdadeira, era só insistir

O mundo real da arte – O momento em que a magia do teatro se revela paradoxalmente em toda sua plenitude, expondo tanto sua maquiagem quanto seu avesso

O último blues de Lily – A lua nascendo no mar e os blues na voz de uma Lily que se rebola e se rebela e não ouve ninguém chamar

A celebração da putchéuris (Intocáveis Putz Band) – A história fuleragem da Intocáveis Putz Band

Pelas coxias de Guaramiranga – Entre uma peça e outra sempre dá tempo de cruzar uns olhares, nativos e forasteiros, e exercitar o roteiro das abordagens

Crimes de paixão – Detetive investiga estranhos crimes envolvendo personagens típicos da boêmia Praia de Iracema e descobre que alguém pretende matar a noite

É o amor – E os outros zezés e lucianos por aí?

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Comentarios01COMENTÁRIOS

 

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01- Que triste. Ana Andréa Gadelha Danzicourt, Tubarão-SC – jan2015

02- Linda homenagem meu querido Ricardo Kelmer. Juliana Melo, Fortaleza-CE – jan2015

03- Muito legal…a eloquência da loucura… Adil Chaves, Fortaleza-CE – jan2015

04- Erika Menezes Obrigada, Ricardo Kelmer, por ter deixado eu ler seu texto. Bj.

05- Vou levar..Gracias.. Claudia Bahia, Fortaleza-CE – jan2015

06- Kelmer, você fala a língua dos homens. Parabéns! André Marinho, Fortaleza-CE – jan2015

07- Que texto massa Ricardo!! Cristiane Bastos, Fortaleza-CE – jan2015

08- Fizeste uma homenagem linda, me emocionei. Ana Andréa Gadelha Danzicourt, Tubarão-SC – jan2015

09- Genial! Thayssa Gabriela, Fortaleza-CE – jan2015

10- Só mesmo poetas pra entender e falar sobre poetas. Parabéns pelo texto Ricardo Kelmer, posso compartilhar? Márcia Rodrigues, Fortaleza-CE – jan2015

11- Excelente texto ,Ricardo. Fraterno abraço. Dunga Odakam, Fortaleza-CE – jan2015

12- Seus textos agarram a gente pelos olhos e nos puxa pela sonoridade das palavras bem ditas! Tenho gostado. Bjs. Ana Maria Costa Lima, Fortaleza-CE – jan2015

13- Nesse pré carnaval eu quero musicar um samba em homenagem ao bêbado e o vagabundo. Quem se habilita em escrever uma letra? O título já foi dado pelo Ricardo. André Marinho, Fortaleza-CE – jan2015

14- Perfeito. Willa Lima, Fortaleza-CE – jan2015

15- ei, tio! tá foda, a crônica! me arrepiei todo como o final. e a impressão que dá é que a crônica nasce Ricardo Kelmer e vai morrendo Mario Gomes. parabéns!! Levy Mota, Fortaleza-CE – jan2015

16- Oi Ricardo. Adorei a crônica. Eu o vi, várias vezes, pelo centro. Nem desconfiava que era o Poeta Mario Gomes até que soube de sua morte pelo jornal e a foto que ilustrava. O mundo ficou um pouco menos louco e, consequentemente, mais chato. Abraços. Fabiano Brilhante, Fortaleza-CE – jan2015

17- tá é lindo, esse texto/essa homenagem. Shirlene Holanda, São Paulo-SP – jan2015

18- É de arrepiar!! Linda homenagem… Izadora Castelo, Fortaleza-CE – jan2015

19- Acho que vou trocar essa dissertação pelos textos do Kelmer e do Ricardo Guilherme – e não quero troco rsrs Ai, ai, como é gostoso mesmo esse Mário Gomes devorando a gente ao avesso!!! rs. Ethel de Paula, Fortaleza-CE – jan2015

20- Lindíssimo!!!!! Emocionante!!!!! Envolvente!!!!! Zeina Costa, Vitória-ES – jan2015

21- O encontro dos poetas …… João Moreira, Fortaleza-CE – jan2015

22- Sempre que ia ao Dragão o observava e respeitava seu espaço…interessante era que ele não pedia nada. Ando por lá desde que foi inaugurado, mas de 2006 pra cá foi que soube que ele era poeta, desde então sempre que o via ia logo dizendo: ” óh ú poeta!” Nem sempre ele falava, mas sempre ele sorria… Tiago Bandeira, Fortaleza-CE – jan2015

23- Ei, eu tinha lido no Eliomar. 🙂 Me deu saudades! beijo. Verônica Guedes, Fortaleza-CE – jan2015

24- Cara, q texto lindo! Bela forma de homenagear o poeta. Que a sua poesia seja eterna! Mariela Mei, Campinas-SP – jan2015

25- massa kelmer! bela homenagem ao mais rico dos poetas de fustaleza! um dia chegamos lá… Marcos Maia, São Paulo-SP – jan2015

26- Que lindo Ricardo! Grande homenagem a um grande poeta. Ana Claudia Domene Ortiz, Albuquerque-EUA – jan2015

27- Lindo coMtexto! Sugiro que juntem todas as homenagens feitas à ele em versos, poemas e divagações e organizem em um livro. .. será delicioso bebê-las e devorá-las. Gratidão! Abçs. Maria Castro, Fortaleza-CE – jan2015

28- Muito bem elaborado. Parabéns, Ricardo! Rejane Porto Cult, Fortaleza-CE – jan2015

29- Muito bom! Alexandre Domene Ortiz, Fortaleza-CE – jan2015

30- chorei. parabens pelo texto. de uma delicadeza incrivel. Dimitri Bitu de Araújo, Fortaleza-CE – jan2015

31- Sempre com sensibilidade pra escrever sobre outras sensibilidades Ricardo Kelmer. Belissimo texto. Ivonesete Zete, Fortaleza-CE – jan2015

32- Mt bom! Belíssimo e emocionante texto! A morte do poeta me comoveu bastante. Eu que também escrevo meus versos, de tão comovido escrevi também um poema em homenagem ao grande Mario Gomes. João Batista Júnior, Fortaleza-CE – jan2015

33- Adorei! Regina Zamora, São Paulo-SP – jan2015

34- Parabéns, Ricardo, bela homenagem! Antonio Martins, Maceió-AL – jan2015

35- Nobre homenagem Ricardo Kelmer! Parabéns pelo texto. Gizelle Gi, Fortaleza-CE – jan2015

36- legal, kelmer… um brinde ao poeta!…. abração! Arnaldo Afonso, São Paulo-SP – jan2015

37- Boa. Olhai Christiane Glasner. Ruth Hernández Boscán, no se si comprenderas, pero dos de tus pasiones en una persona: poesia y psique. Jose Paulo Araujo, Caracas-Venezuela – jan2015

38- Quando as latas tinham poesia. Alberto Perdigão, Fortaleza-CE – jan2015

39- Fantástica homenagem do meu amigo Ricardo Kelmer ao poeta Mário Gomes, que todos víamos pelo Dragão do Mar, embarcado em sua loucura, sempre elegantemente maltrapilho, chamava a atenção. Fica a letra, rastro no mundo e na história da cidade. Ronald de Paula, Fortaleza-CE – jan2015

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MarioGomesOPoetaViraLata-03a

 

Bom ver você assim, entusiasmado. Quem já passou por essa vida e não viveu, pode ser mais, mas sabe menos que você….

 

 


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