Solta o cano que não cai

17/01/2017

17jan2017

Uma marchinha de carnaval que brinca com os vazamentos seletivos que poupam o PSDB

SOLTA O CANO QUE NÃO CAI

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Velha tradição popular, as marchinhas carnavalescas servem para criticar e debochar, transmitindo o que pensa a população sobre os personagens protegidos pela grande imprensa. A marchinha “Solta o cano que não cai” faz gozação com os vazamentos seletivos que, coincidentemente ou não, sempre poupam determinado partido.

SOLTA O CANO QUE NÃO CAI
(Vitor Velloso e Marcos Frederico)

Mais um dia, mais um vazamento
Segura o cano ou a casa cai
O furico tá na mão
E já não aguento
A pressão está demais

Eu já rezei, pedi pra Cristo
E finalmente achei a solução
Eu arrumei o meu registro
Agora a casa não cai mais não

Solta o cano que não cai
Solta o cano que não cai, meu irmão
Já vai baixar a pressão
Solta o cano que tá tranquilão

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COM AS CIFRAS

SOLTA O CANO QUE NÃO CAI

Em
Mais um dia mais um vazamento

D7 G
Segura o cano ou a casa cai

F#m7(5b) B7(9b)
O furico tá na mão

Em
E já não aguento

C7 B7
A pressão está demais!

Em
Eu já rezei pedi pra Cristo

D7
E finalmente achei a
G
solução

F#m7(5b) B7(9b) Em
Eu arrumei o meu registro

C7 B7
Agora a casa não cai mais
E B7
não

E Fdim F#m7
Solta o cano que não cai

B7 E
Solta o cano que não cai
E7
Meu irmão

A7M Am6 G#m7 C#7
Já vai baixar a pressão

C7(9) B7(9)
Solta o cano que tá
E
tranquilão

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Ricardo Kelmer 2014 – blogdokelmer.com

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O BAILE DO PÓ ROYAL
Em 2013 a Polícia Federal apreendeu um helicóptero da família do senador Zezé Perrella (PDT-MG), amigo pessoal e aliado político de Aécio Neves (PSDB-MG). O helicóptero levava meia tonelada de pasta base de cocaína e era abastecido com verba do gabinete do filho do senador, que era deputado estadual. Não tem ninguém preso. É lamentável, mas rendeu uma boa marchinha de carnaval.

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AecioNevesEOEstranhoCasoDoPoSemDono-01aAécio Neves e o estranho caso do pó sem dono – Familiares e desembargadores amigos envolvidos com narcotráfico, aeroporto construído com dinheiro público nas terras da família… A coisa não está cheirando bem

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Helicoca – O helicóptero de 50 milhões de reais
um documentário que escapou da censura

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COMENTÁRIOS
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 01- Num cai nem vaza, kkkkkkk. Fernando Vasqs, São Paulo-SP – jan2017

02- Na hora de curtir fiquei na dúvida se colocava carinha de gargalhada de tristeza ou de Grrrrrr!!!!! Aline Cerqueira, Feira de Santana-BA – jan2017

03-


Portugal, 2a temporada

15/07/2016

15jul2016

Trinta e cinco dias de música e literatura em terras portuguesas

PortugalSegundaTemporada-07a

PORTUGAL, 2a TEMPORADA

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Entre 15 de maio e 19 de junho de 2016 eu estive novamente em Portugal, dessa vez com meu parceiro Felipe Breier, a realizar uma temporada musical-literária, com apresentações do Vinicius Show de Moraes e sessões de autógrafos dos meus livros, incluindo o mais recente, Versos Safadinhos para Noites Românticas ou Vice-versa.

Minha irmã Ana Érika nos hospedou em Braga, no norte do país, e nesse período nos apresentamos dez vezes em três cidades. Em Braga, as apresentações aconteceram na Associação Cultural Sol em Movimento, no restaurante Caldo Entornado, no bar Notre Dame, na livraria Mavy, na livraria Centésima Página e no Rossio Café Bar. Na Lousã, foram no Parque Carlos Reis e no 94 Bar, e na cidade do Porto, elas aconteceram nos espaços culturais Gato Vadio e Casa Bô. Fizemos também uma apresentação informal na casa dos amigos Neto e Virgínia, na Lourinhã. A capital Lisboa ficou de fora por não dispormos de bons contatos e uma estrutura de apoio suficiente lá, mas quem sabe dê certo numa futura temporada.

Fomos carinhosamente recebidos e fizemos muitas amizades. Agora, de volta, temos dentro de nós um tanto da alma portuguesa, e isso nos enriquece. Obrigado a todos que nos ajudaram. Um obrigado especial a Ana Érika, Caiote, Juliana, Susana, Andrea, Elisabete, Graça, Alex e Adriana.

A sensação é de gratificação: nossa proposta de unir música e literatura brasileiras num concerto para bares e livrarias foi bem aceita, mais do que prevíramos. Para o escritor que sou, saber que em Portugal ficarão vários livros meus e vários novos leitores, uau, isso é bom demais. E como é bom constatar que Vinicius de Moraes ainda vive na memória afetiva de boa parte do povo português. Saravá!

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> A 1a temporada (dez2015 a jan2016) está aqui:
Ibéria, 1a temporada

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PORTUGAL, mai-jun2016

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De Lisboa, eu e Felipe fomos direto para Lourinhã, no litoral, comemorar o aniversário de minha amiga Virgínia. Lá, em sua casa, apresentamos trechos do Vinicius Show de Moraes para ela, Neto e seus amigos. Que noite deliciosa! Como presente de aniversário, bom cearense que sou, levei duas garrafas de Ypióca. Que ajudei a baixar, evidentemente.

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Com Felipe, Neto e Susana no Buddha Eden, em Carvalhal. Localizado na Quinta dos Loridos, o Buddha Eden é o maior jardim oriental da Europa, com cerca de 35 hectares, e foi criado em protesto contra a destruição dos Budas Gigantes de Bamyan, um dos maiores atos de barbárie cultural da história. Com seus enormes budas, pagodes, estátuas de terracota e esculturas cuidadosamente dispostas entre a vegetação, é uma obra impressionante. Para construí-la, foram usadas mais de 6 mil toneladas de mármore e granito.

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Evoé, Baco! No Buddha Eden. Por falar em vinho, em Portugal compra-se uma ótima garrafa de vinho (cheia, evidentemente) pelo equivalente a R$ 8. Putz… Desse jeito, até quem não bebe, bebe.

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Chegamos em Portugal sem nenhuma apresentação marcada. Tudo que tínhamos era o interesse de dois bares em Braga, que eu conhecera em minha primeira temporada portuguesa (dez2015 e jan2016). Uma tarde, na livraria Centésima Página, conhecemos uma brasileira, que nos levou para conhecer a Associação Cultural Sol em Movimento. Foi lá que, dias depois, fizemos a primeira apresentação pública do Vinicius Show de Moraes e a primeira sessão de autógrafos dos meus livros. Obrigado, Carla e Ângela.

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A segunda apresentação foi no Notre Dame, no centro histórico de Braga, um bar de inspiração gótica que toca muito rock dos anos 80. Foi uma noite bastante divertida, onde portugueses e brasileiros se confraternizaram no ritmo da bossa nova e do samba e na poesia de Vinicius. Obrigado, Pedro Bacelar.

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Com Felipe, concentrando com um saboroso Douro para a apresentação/sessão de autógrafos no restaurante Caldo Entornado, no centro histórico de Braga. Obrigado, Rodrigo e Inês.

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Quarta apresentação. Livraria Mavy, em Braga. Que, na verdade, é um bar, onde funcionava uma antiga livraria, vizinho a Sé, no centro histórico. Virou um delicioso snack bar, mas manteve o nome e boa parte da estrutura da livraria. Obrigado, Filipe Morgado.

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No fim de maio acontece a Braga Romana, festa que dura cinco dias e que relembra o tempo de dois milênios atrás, quando Braga integrava o Império Romano, evocando o seu cotidiano como Bracara Augusta, a cidade-capital da província da Galícia (ou Galécia, ou Galiza). Na foto, eu e minha querida amiga e sócia Marcinha, que durante uma semana esteve conosco, a impressionar os portugueses com seu charme e sua beleza.

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Estou num bar a me esquentar com um copo de vinho do Douro, quando de repente ela passa na rua, seguida de três músicos vestidos como árabes de há dois mil anos. Ela, a sinuosa dançarina, deslizando seu poético bailado para os meus olhos subitamente fisgados. Ah, a sedução do feminino… Mais embriagante que o melhor vinho.

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Na estação de comboios de Coimbra, a caminho da Lousã.

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Em Coimbra, com Felipe e a namorada Juliana, que nos acompanhou e ajudou na produção dos eventos.

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Ela, a imponente Universidade de Coimbra. Criada em 1290 e atualmente com cerca de 20 mil alunos, ela é a mais antiga de Portugal e uma das maiores universidades do país, oferecendo todos os graus acadêmicos em arquitetura, educação, engenharia, humanidades, direito, matemática, medicina, ciências naturais, psicologia, ciências sociais e desporto.

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SAUDADES DO BRASIL NA LOUSÃ

Situada a leste de Coimbra, Lousã é uma cidadezinha pequena, ladeada por serras onde dormitam dezenas de pequeninas aldeias semi-habitadas, que hoje são atração turística junto às trilhas ecológicas da região.

Na Lousã, eu e Felipe Breier nos apresentamos em duas noites, a primeira no Parque Carlos Reis, e a segunda no 94 Bar. Fomos recebidos com aquele tipo de hospitalidade e carinho que já não encontramos nos grandes centros urbanos, aquele benquererzinho que nos cativa e não dá vontade de ir embora nunca mais para sempre. Foi lá que apresentamos pela primeira vez Saudades do Brasil em Portugal, o fado que Vinicius fez para Amália Rodrigues e que está registrado na histórica gravação feita na casa de Amália, em 1968. Não somos fadistas, obviamente, mas fizemos do jeito que nossas almas sentem a melodia e a poesia dessa obra.

Na serra, serpenteando pelas curvas da estrada e visitando as aldeias praticamente abandonadas, senti, como explicar, algo assim como se cruzasse um portal do espaçotempo, e vivi sensações estranhas, de saber-me de lá, de pressentir mistérios que jamais desvendarei, de um dia ter que voltar… Lá, na aldeia de Catarredor, conheci Ana e Carlos, que nos receberam em sua psicodélica casinha feita de pedras de xisto, e com quem papeamos gostosamente num poético fim de tarde de sexta-feira, agraciados pela deslumbrante paisagem da serra. Ao saber do motivo que nos levara a Lousã, Carlos, em sua longa barba branca de ermitão do xisto, nos contou algo incrível: em 1972, no antigo Teatro Avenida, em Coimbra, ele assistiu a um show… de quem? De Vinicius e Toquinho. Uau, e você gostou?, eu quis saber, já impressionado. E ele: Sim, claro, eles eram muito bons, e nessa noite eu vi com meus próprios olhos: Vinicius bebeu duas garrafas de uísque. E não foi direto pro hospital, né?, completei, rindo com ele, eu transbordante de gratidão por aquele inusitado encontro.

Obrigado a todos que tão bem nos acolheram e apoiaram, em especial a Susana, Graça, Elisabete e Andrea. Obrigado ao grupo de teatro Barraca Preta, aos amigos do Parque Carlos Reis e ao Zé Artur. Lousã, eu voltarei, viu? Só para me perder novamente nas curvas misteriosas do teu espaçotempo.

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A psicodélica residência de Ana e Carlos, na aldeia de Catarredor, na serra da Lousã.

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Com Susana, Elisabete e Ana. Um momento fora do tempo, na serra da Lousã.

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Carlos, o ermitão da Lousã. Em 1972 ele teve o privilégio de assistir ao show de Vinicius e Toquinho no antigo Teatro Avenida, em Coimbra. E eu tive o privilégio de conhecê-lo.

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VINICIUS AO VINHO DO PORTO

Porto é a segunda maior cidade de Portugal, com 240 mil habitantes (Lisboa, a primeira, tem 550 mil, e Braga, a terceira, tem 140 mil). É conhecida mundialmente pelo seu vinho, suas pontes e sua arquitetura contemporânea e antiga, além da Universidade do Porto e de seu principal clube de futebol, o Porto. Foi lá, vindos de três dias na Lousã, onde eu e Felipe Breier apresentamos duas vezes o Vinicius Show de Moraes.

A primeira apresentação foi no Gato Vadio, um interessante espaço cultural de inspiração anarquista, que dispõe de livraria e bar e promove eventos diversos. Ficamos superfelizes de ver o espaço lotado, todos muito respeitosos e atentos ao que cantávamos, recitávamos e falávamos. Nessa noite, dormimos no Rés da Rua, um casarão antigo onde as pessoas vivenciam a filosofia da vida compartilhada, unindo e dividindo comunitariamente custos, necessidades e alegrias (obrigado, Celestino!).

No domingo pretendíamos tocar ao cair da tarde no calçadão da Ribeira, mas após cinco dias de estrada e três apresentações, o cansaço não permitiu. Na terça, já recuperados, nos apresentamos na Casa Bô, outro casarão antigo que une artistas e adeptos de um estilo de vida ligado à ecologia e à vida simples. Lá, dispensamos microfones e nos apresentamos sentados sobre a beirada do palco, num delicioso clima intimista de sarau. Vale destacar: na plateia estava um casal vindo de Vigo, na Espanha, especialmente para ver nosso concerto. Quanta honra!

Obrigado ao pessoal do Gato Vadio, da Casa Bô e do Rés da Rua, pelo carinhoso acolhimento. Estamos muito contentes por ter levado ao Porto a arte de Vinicius de Moraes, e também por agora fazer parte da história desses espaços, onde reunem-se pessoas que, assim como Vinicius, acreditam que, sim, um outro mundo é possível. Um mundo com mais arte e respeito à vida, e menos competição. Com menos consumismo, e muito mais amizade e alegria. Saravá!

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Pelas ruas do centro de Porto, com Felipe e Juliana.

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Na livraria Centésima Página, com o CD do Vinicius Show de Moraes e o livreto Versos Safadinhos para Noites Românticas ou Vice-versa. De modo geral, os portugueses são contidos e discretos em relação ao erotismo, e a literatura erótica em Portugal não tem tanto mercado quanto no Brasil. Meu livreto causava um certo estranhamento na maioria das pessoas, um quase constrangimento, mas a curiosidade prevalecia e acabavam dando uma olhadinha… e compravam. Afinal, a humanidade se divide em dois tipos de pessoas: as que gostam de sacanagem e as que assumem que gostam de sacanagem.

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O sistema de transporte ferroviário de Portugal é de matar de inveja aos brasileiros. Ele nos faz ver como o Brasil errou feio ao priorizar os automóveis, em vez de investir e modernizar seu sistema ferroviário. Rápidos e eficientes, os comboios (trens) cruzam as regiões do país, pondo-se como ótima alternativa ao transporte rodoviário. Costuma ser um pouco mais caro, mas é muito mais seguro e ecologicamente limpo, e pode-se comprar os bilhetes pela internet, com bons descontos. Se tem wi-fi? Sim, tem.

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As duas últimas apresentações, em Braga. Primeiro, na charmosa livraria Centésima Página. Obrigado a Sofia e Helena pela oportunidade de cantar e recitar poesia na presença dos nossos ídolos, que, das estantes, enriqueceram deveras nosso concerto. Depois, no Rossio Café Bar, um aconchegante espaço onde é possível escutar música brasileira de alta qualidade. Nessa noite de despedida, cantamos e dançamos Vinicius de Moraes unindo nossos sotaques aos de portugueses, brasileiros, uruguaios e franceses, numa divertida celebração da arte e da amizade. Obrigado, Rui Carlos.

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Em Lisboa, aquela tradicional ginjinha no Largo de São Domingos. Com Neto, Virgínia, Andrea, Ana Érika e Super-Caiote Tricolor.

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Com Felipe, em Braga, brindando à nossa parceria. Nas dez apresentações que fizemos, experimentamos vários tipos de acordo com o contratante. Em alguns locais, recebemos cachê fixo (entre 60 e 150 euros), e a casa não cobrou ingresso ou couvert dos clientes. Em outros, as pessoas contribuíram voluntariamente (o velho chapéu), o que nos rendeu entre 25 e 90 euros. Houve também uma vez em que a casa cobrou ingresso, a 2 euros, que nos foi integralmente repassado e nos rendeu 40 euros. Em todas as apresentações, vendíamos nossos CDs a 5 euros (Felipe levou também o dele) e livros (entre 3 e 6 euros), e isso nos rendia um trocado a mais. Excetuando duas apresentações em Braga, recebemos abaixo da média do que geralmente recebemos no Brasil, mas, considerando que somos absolutamente desconhecidos para os portugueses e levando em conta as casas em que nos apresentamos e o momento econômico do país, o resultado final foi bom. Em Lisboa, certamente ganharíamos mais, porém lá ainda não temos bons contatos e uma estrutura de apoio suficiente.

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Domesticado em Sintra. Hummm, nem tanto. Continuo com minha velha certeza: melhor correr os riscos da liberdade que viver numa escravidão tranquila.

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Lousa201606ClassificadosSexuais-04

Leitura obrigatória: os classificados sexuais nos jornais portugueses. Ah, é uma diliça! Prazer linguístico de primeira qualidade. Como no Brasil, alguns anúncios chamam atenção pela criatividade. “Corpo danone”, por exemplo. O que pode significar isso? Será que ela tem gosto de iogurte? Num outro anúncio, a rapariga se define “boa como milho”. Milho cozido ou assado? “Recém-divorciada” é um clássico, é daqueles termos que atiçam a imaginação do cidadão: Hummm, ela se separou agora, quer compensar o tempo perdido… Outra rapariga apela ainda mais: “carente, namorado ausente”. Uau, namorado ausente é ainda melhor que recém-divorciada, né não? Há uma que “atende sem cueca”. Ops! Calma, eu explico. Cueca, em Portugal, é roupa íntima, masculina ou feminina. Ah, bom… Dúvida sanada, imaginemos: o cidadão sobe as escadas, bate na porta, a rapariga abre e, tchan!, ela já está sem calcinha, entendeu? Taí, gostei dessa, vou ligar agora mesmo.

Os termos e os cacoetes linguísticos me divertem demais, e eles nos falam bastante sobre a cultura do país. Minete, por exemplo. O termo significa sexo oral na mulher. Lendo os anúncios, constatei que é um serviço oferecido com destaque, mais que o boquete. Fiquei intrigado, pois no Brasil prostitutas não costumam alardear a oferta desse serviço. Então fui pesquisar e descobri que para grande parte da população, o sexo oral na mulher ainda é um tabu, algo sujo ou pervertido, não praticado por mulheres sérias e honestas. Por esse motivo, é comum que os homens portugueses, principalmente os mais velhos, busquem fazê-lo com prostitutas e não com suas esposas ou namoradas. Algumas oferecem minete “à canzana”, ou seja, à moda dos cães (de quatro), o que pode significar que a rapariga também aprecia o passeio da língua pelo glorioso fiofó. Quanto ao minete com leitinho, deixo para você imaginar o que pode ser.

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De repente, numa vitrine, o Feminino Sagrado transparece para mim. E, como sempre acontece, o mundo para, e eu sou tocado pelo poder do arquétipo, e é impossível prosseguir sendo o mesmo…

Por falar em Feminino Sagrado, obrigado, moça bonita, sim, você mesmo, obrigado por tudo. Pela surpresa, a súbita e estranha cumplicidade, as horas encantadas… Aquela lua na sacada do hotel, a poética sintonia de almas e corpos, teu riso, teu choro, teu prazer… Obrigado.

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VSM201605LivrariaMavy-302a

FORA TEMER EM PORTUGAL

Em nossas apresentações do Vinicius Show de Moraes em Portugal, quase sempre havia portugueses e brasileiros na plateia, e às vezes estrangeiros de outros países. Quando o ambiente permitia, incluíamos no roteiro do show comentários sobre o vergonhoso golpe de Estado que a direita armou no Brasil, e o resultado é um coro geral de “Fora Temer!”, que tomava conta do espaço, vazava para a rua e chamava a atenção de todos.

Vinicius, em 1964, viveu o golpe de Estado dos militares, e em 1969 foi expulso por eles do Itamaraty. Nessa mesma época, os portugueses viviam sob a ditadura de Salazar, da qual se libertariam em 1974, com a Revolução dos Cravos. É por isso que os portugueses democratas acompanham com preocupação os acontecimentos no Brasil e torcem para que não vingue o golpe de Temer, Cunha, Aécio e cia. E é por isso que eles gritavam conosco, engrossando o coro pró-democracia: Fora Temer!!! E não havia como não se emocionar.

Defender com firmeza a nossa democracia do outro lado do Atlântico, e ao mesmo tempo divulgar nossa música e literatura… Putz, foi uma experiência bem forte.
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Ricardo Kelmer 2016 – blogdokelmer.com

 

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LEIA NESTE BLOG

IberiaTemporada2015,2016-04aIbéria, 1a temporada – Registros de uma viagem por Portugal e Espanha

Rumo à estação simplicidade – Jurei me manter sempre no caminho, sem pesos nem apegos excessivos, pronto para pegar a estrada no momento em que a vida assim quisesse

O sonho do verdadeiro eu – Entretanto, algo me dizia que na pauliceia eu poderia viver minha vida mais verdadeira, era só insistir

Espirros e roteiros – Se antes eu tinha insônia por me preocupar demais em descobrir o que precisava fazer, hoje me delicio em abrir a janela dos quartos dos hotéis, molhar a ponta do dedo e botar no vento

O dia em que o chinlone me pegou – A arte zen de sair por aí à toa e encontrar o que se precisa

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Vinicius Show de Moraes
com Ricardo Kelmer e Felipe Breier

Este show nos traz a riqueza da vida e da obra de Vinicius de Moraes, um dos nomes mais importantes da cultura brasileira. Através das músicas, dos poemas e de fatos interessantes da vida de Vinicius, passeamos por grandes momentos da música e da poesia brasileiras e nos divertimos e nos emocionamos com a rica trajetória do homem, poeta, artista, amante, amigo e diplomata que fascinou e ainda fascina gerações no Brasil e no mundo.

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Versos Safadinhos para Noites Românticas ou Vice-versa
Ricardo Kelmer – poemas

Versos Autor de uma dezena de obras, nos gêneros romance, conto, crônica e ensaio, desta vez Ricardo Kelmer deixa a prosa de lado e envereda pela poesia. Escritos entre 1989 e 2016, os 35 poemas deste livro versam sobre amor, paixão, desejo e erotismo. Neles, o autor canta os sabores das aventuras amorosas e celebra o êxtase dionisíaco dos enlaces carnais, mas também diverte-se com os irônicos descaminhos das relações e não esquece de louvar a musa unânime dos poetas, a língua portuguesa. Os desenhos são do artista húngaro Mihály Zichy.

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01- Come um bacalhau ai por mim. De bacalhau vc entende. Andre Soares Pontes, Fortaleza-CE – jul2016

02- Toooooooop. Isaias Gimenez, Braga-Portugal – jul2016

03- Quando vocês vêm de novo à Lousã? Vá lá, marquem, temos saudades, soube a tão pouco… Carla F Lobo, Lousã-Portugal – jul2016

04- Pronto, já me deixaste em prantos… Saudades saudades saudades… Tens de voltar, querido amigo! As curvas e mistérios da Lousã esperam por ti… Susana X Mota, Leiria-Portugal – jul2016

05- Muito bom, Ricardo! Bonita descrição das nossas terras e gentes…e obrigada também pela visita! 3ª temporada…Novembro? Angela Duarte, Lourinhã-Portugal – jul2016

06- Ricardo, vc tá cada vez melhor. Que ótimo esse material sobre sua estada em Portugal! Abração. Luis Pellegrini, São Paulo-SP – jul2016

07- Massa… Parabéns pela temporada. Ana Vládia Lima, Fortaleza-CE – ago2016

08- Kelmer… boa noite. Foi de uma alegria imensa saber que você também é cabeça-chata. Orgulhei-me. rs “Ostra” coisa, também adorei Portugal. Acho até que conheço um pouco mais que você. Mas não tem nada de competição nisso. Agora numa coisa ganhei de 7 x 0… na safadice.  Um dia conto. Ainda é perigoso falar. Um grande abraço de um conterrâneo que curte seu trabalho. “Inté”!!! PC, Fortaleza-CE – ago2016

09- Caríssimo RK. Mais uma vez tenho a oportunidade de viajar a Portugal, nem tanto pela bolsa de pesquisa – que não tenho -, mas efetivamente por suas palavras viageiras. Roteiro de orgulhar Vinicius e Toquinho, sem dúvida, e com direito a testemunha da época e tal – que figura! As observações dos classificados são um plus antropológico e linguístico – por que não? -, sempre servido com seu bom humor. Não faltou a necessária dose de realismo, num tempo temeroso para nossa prostituída democracia. Espetáculo! Grande abraço e meu muito obrigado. Leite Jr., Fortaleza-CE – ago2016


E o poeta me retratou

22/06/2016

22jun2016

Eu, meu trabalho e minhas ideias no retrato do bardo Arnaldo

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E O POETA ME RETRATOU

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A coluna de Arnaldo Afonso, Sarau, Luau e o Escambau, no jornal O Estado de S. Paulo, vulgo Estadão, é um interessante retrato da produção artística da capital paulista, mostrando o que acontece além dos padrões da indústria cultural. Na edição de hoje, a coluna dedicou um generoso espaço ao meu trabalho, o que muito me honrou. Fiquei surpreso, pois não esperava, e muito gratificado pela qualidade da matéria, bastante fiel ao sentido do que faço e penso. Segue um trecho, em que me vejo, e realmente me vejo, retratado na deliciosa prosa poética do bardo Arnaldo:

“O Kelmer canta, conta causos, interpreta, diverte a gente. Tem raciocínio rápido e humor aguçado: a marca dos inteligentes. Mais um grande artista do fértil solo cearense. Humorista antenado, tirador de sarro e ativista, dá voz a quem não tem. Escreve bem o que vê e o que imagina: é ficcionista também. Seus contos estão prontos pra serem filmados. Observador nato, é cronista (e romancista, claro). Tem ampla visão da cidade e sertão, da política e cultura. Depura a opinião dos amigos, conserta os equívocos da imprensa, comenta sem ranço. Pacientemente nos convence. Esclarece as mil e uma obscuridades do poder. Dá leveza às ditas obscenidades físicas: só o falso moralista vê maldade quando se brinca. Brinda à Vinicius e denuncia: no grande bordel da vida real, imoral e vergonhoso é roubar o dinheiro do povo. Não foge ao combate, polemiza, pisa em terreno minado: nomeia os tiranos de rosto abstrato. Didático, desenha pra quem não capta: leia, saiba. Seu texto denso alarga os pensamentos estreitos. Antifanático, Kelmer defende o estado laico, as liberdades civis e os direitos democráticos (tão ameaçados). Escancara o silêncio da selva domesticada e encara a turba ignara conectada ao atraso: é o puxador da alegria no bloco dos filósofos anárquicos. Kelmer absorve os conceitos, tritura e nos oferece sua água pura. Alquimista da utopia, destila a dor e nos alivia com suas doses de quimera fria. Sonhador sereno, seu blog pé-no-chão nos ilumina. Kelmer é um ponto de luz nas trevas de nossa idade mídia.” (Arnaldo Afonso)

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ArnaldoAfonsoBlogEstadao201606-101

Leia a matéria na íntegra

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Ricardo Kelmer 2016 – blogdokelmer.com

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LEIA NESTE BLOG

ODilemaDoEscritorSeboso-01aO dilema do escritor seboso – Certos escritores amadurecem cedo. Tenho inveja desses. Porque nunca viverão o constrangimento de não se reconhecerem em suas primeiras obras

O encontrão marcado – Fechei o livro, fui até a janela e olhei pro mundo lá fora. E disse baixinho, com a leveza que só as grandes revelações permitem: tenho que ser escritor

Pesadelos do além – O pior pesadelo para um escritor é ser psicografado. Ou melhor: ser mal psicografado

Meu fantasma predileto – Diziam que era a alma de alguém que fora escritor e que se aproveitava do ambiente literário de meu quarto para reviver antigos prazeres mundanos

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Obrigado, J K Rowling – Em todo o planeta milhões de crianças adquiriram o hábito de ler livros graças às aventuras de Harry Potter

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01- Merecido!! Fauhber Pinheiro, Fortaleza-CE – jun2016

02- Partilho inteiramente da opinião de Arnaldo Afonso. Do trabalho do kelmer que tenho lido/ouvido/visto (ainda em fase de descoberta para mim) ,o que desde logo sobressai é a força da ironia inteligente,e, por isso, desconcertante e deliciosamente cómica, sem qualquer registo de superioridade presunçosa. Por outro lado, também, assombra a maneira como pode usar clichés (tão gastos já por muitos que se dizem humoristas) sem ser nunca vulgar ou brejeiro. Não é para muitos! Elisabete Maria Ferreira, Lousã-Portugal – jun2016

03- Muito bom! 🙂 Juliana Melo, Fortaleza-CE – jun2016

04- Fantástico e muito merecedor de tudo isso que o Arnaldo Afonso falou. Vilma de Oliveira, Fortaleza-CE – jun2016


Ibéria 1a temporada

12/02/2016

12fev2016

Registros de uma viagem por Portugal e Espanha

IberiaTemporada2015,2016-04a

IBÉRIA, 1a TEMPORADA

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Quando minha irmã Ana Érika me convidou para passar uma temporada em Portugal, onde ela atualmente faz doutorado na Universidade do Minho, em Braga, em princípio relutei. Dois meses parecia muito. Largar meus compromissos profissionais cotidianos e ficar dois meses na Europa? Tentador, claro, mesmo tendo somente algumas semanas para me preparar.

Mas topei. Ana vivia lá sozinha com o filhote Caio, e ter amigos e familiares por perto é sempre bom nessas situações. Para mim, particularmente, além de matar a saudade deles, seria uma ótima oportunidade de conhecer Portugal, e eu ainda poderia esticar até a Espanha, uma velha paixão kelmérica. Aliás, os dois países são cenários de meu romance O Irresistível Charme da Insanidade, que ganhara uma versão em espanhol. Eu também poderia aproveitar e fazer contatos profissionais na área editorial, ou para voltar lá depois levando o Vinicius Show de Moraes. É, tinha que topar mesmo.

Registrei a viagem com fotos e comentários quase diários no Instagram. Seguem alguns desses registros. Desculpe a qualidade das imagens, meu celular não é dos melhores para isso.

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> A 2a temporada (abr-mai2016), com a turnê do espetáculo Vinicius Show de Moraes, está aqui:
Portugal, 2a temporada

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PORTUGAL-ESPANHA, dez2015-jan2016

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Iberia201512Lisboa-18

Peguei um voo da TAP saindo de Fortaleza, direto para Lisboa. Oito horas de voo, chegando às nove da manhã. Tomei um sonífero mas dei somente umas curtinhas cochiladas no avião, mas foi uma viagem tranquila. Ana e Caio me esperavam num apartamento em Alfama, alugado por dois dias. Foi lá que comecei a gostar de Portugal, justamente no bairro onde nasceu o fado.

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Iberia201512Lisboa-08

Flanando pela Baixa e molhando a mão nas águas do velho Tejo. Virado sem dormir, e mais o fuso horário (3 horas a mais que Fortaleza), eu me sentia meio lento e anestesiado, e eu sou um ser que não funciono se não tiver dormido. Mas foi um bom passeio.

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Iberia201512Lisboa-253

Não fui para Portugal fazer programa. Prefiro fazer isso no Brasil, você sabe, é mais seguro no país onde a gente mora. Mas aquela moça, tá vendo na foto, lá na calçada olhando para mim? Poizé, ela me fez uma proposta boa e findamos a tarde num quarto de hotel ali próximo. Foi então que aprendi o que é um minete e um broche. Em certo momento, ela se empolgou e gritou: Enfia tudo na minha peida!!! Num primeiro momento, achei que tinha escutado errado, e perguntei: Onde? E ela confirmou: Na minha peida, vai, enfia!!! E eu: Olha, moça, sem querer cortar o clima, mas… onde fica tua peida? E ela: Aqui atrás, ó, pá… Bem, no fim deu tudo certo, ela me deu três livros do Saramago e cada um saiu satisfeito para seu lado. E eu despertei. Havia adormecido e sonhado, sentado num banco na Rua Augusta. Despertei e, do outro lado da rua, a moça ainda olhava para mim…

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Iberia201512Braga-201Lisboa-30

À noite, encontramos Andrea e Gisele, amigas brasileiras que moram em Lisboa, e que nos levaram para passear pelo Bairro Alto. Jantamos num pequeno restaurante na área do Cais do Sodré. Um aviso aos brasileiros que pretendem ir a Portugal: assim como reconhecemos um português logo que começa a falar, com os portugueses é a mesma coisa, os gajos sacam um brasileiro na metade da primeira palavra. Por isso, nem tente disfarçar.

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?????????????

Pensão do Amor. Eu já havia acessado o site e lido a respeito. É um antigo prostíbulo, na área do Cais do Sodré, que foi reformado e hoje é um espaço de arte, cultura e entretenimento. A ambientação do espaço é incrível, aliando um estilo “sujo” com uma pegada cabaret-burlesco. Os antigos quartos foram adaptados e em seus espaços funcionam lojas, como uma livraria erótica e uma sex shop, além de palestras e cursos de poli dance. Há um bar, mesas e poltronas, e uma área externa com outro bar, que dá para a rua de cima.

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Iberia201512Lisboa-303

Na livraria Ler Devagar, da Pensão do Amor. As várias faces da lolita… Recomeeendo!, tanto o local como o romance de Vladimir Nabokov. E, claro, as lolitas que flanam graciosamente por lá, dando cada uma seu toque de charme pessoal ao arquétipo da mulher inocente-sedutora.

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Iberia201601Braga-01

Vista da janela do meu quarto, na rua Cruz de Pedra, em Braga. Ao fundo, o centro histórico. É comum ver casas abandonadas, literalmente caindo aos pedaços. E, por causa da crise econômica, que ainda persiste, abundam por todo canto lojas fechadas e placas de vende-se. Isso confere aos locais um certo ar de cidade fantasma. Ainda assim, a área central é muito charmosa.

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Iberia201512Braga-102

Passeando com Caio e a cadela Nikita. Para minha sorte, esse inverno não foi dos mais frios. Para mim, a temperatura ideal da vida nunca baixaria de 17 graus, nem subiria de 27. Mas aceito negociar.

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Iberia201512Braga-220

Um passeio pelas ruas e becos do centro histórico de Braga, em Portugal, e de repente elas surgem ao olhar, pequeninas e charmosas, as livrarias… Parecem portais mágicos, que se abrem em meio às brumas do bosque, nos convidando a entrar e se perder pelos seus encantos. Como resistir a tal perdição?

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Iberia201512Braga-253

Mesmo longe do Brasil, eu não poderia deixar de dar minha contribuição ao movimento #NaoVaiTerGolpe. Fiz a fotinha e postei no Facebook e no Instagram. Não sou petista, nem lulista, nem dilmista, mas sempre defenderei os partidos de esquerda contra os interesses do grande capital, que é insensível à questão das desigualdades sociais e que está ligado aos partidos de direita.

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Iberia201512Lourinha-10

Havia um Atlântico a nos separar. E mais de dez anos a temperar nossa amizade com o sabor da saudade. Meus velhos amigos Neto e Virgínia, brasileiros vivendo em Lourinhã, Portugal. Nos meus braços a Juba, filha deles, e a outra filha, Júlia, tirou a foto. Nas pontas, minha amiga e leitora querida, Susana, de Leiria, e seu namorado Ricardo. Obrigado!

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Iberia201512Obidos

Numa taberna da cidade de Óbidos a degustar uma ginja com uma linguicinha no fogo de cachaça. Ginja, ou no diminutivo carinhoso ginjinha, é um licor obtido a partir da ginja, uma fruta parecida com cereja, muito popular em Portugal. Em Óbidos, o fruto é colhido nos ginjais da região e, após um processo de maceração que dura no mínimo um ano, é extraído o licor, que não leva corantes ou conservantes artificiais. Impossível tomar só uma dose.

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Iberia201512Lourinha-11

No Museu da Lourinhã, a 60km de Lisboa, estão fósseis de dinossauros de 150 milhões de anos. Este aí da foto usava boné para proteger o chifre. Deve ser parente meu.

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Iberia201512Braga-150

Passagem do ano em Braga, com Ana e Caiote. Que diferença para as festas de réveillon no Brasil… Os portugueses são, de modo geral, tão discretos e contidos. Por que, no Brasil, ficamos tão eufóricos com a passagem do ano? Por que bebemos e dançamos e nos abraçamos e enlouquecemos como se no outro dia o mundo fosse acabar?

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Iberia201512Estrada-101

Viajando pelo litoral norte com Ana, Caiote, Alex, Adriana e Gabriel.
Depois daquele horizonte / Tem uma aventura pra viver / O segredo da viagem / É curtir a paisagem / Viajar no entardecer / Receber o destino com um abraço / Baseado no que pode acontecer

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Iberia201601PovoaDeVarzim-104a

Naus a singrar pelo caos de mim… Fotinha feita no calçadão da beira-mar de Póvoa de Varzim, norte de Portugal.

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Iberia201512Braga-255

Pegando emprestado o visual do Arco da Porta Nova, no centro de Braga, para participar do movimento de apoio a Chico Buarque, que foi hostilizado por conta de suas posições políticas. Usei a letra da música Tanto Mar, que Chico compôs para homenagear a Revolução dos Cravos, que em 1974 acabou com décadas de ditadura e implantou a democracia em Portugal.

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Iberia201601Porto-150

Obrigado, maninha, pela oportunidade dessa viagem. Você mora de camisola em meu coração. E esta camisola é camisola brasileira mesmo.

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Iberia201512Leiria-101

Em Leiria, com Susana e Ricardo. Susana é professora de artes e acompanha meu trabalho desde 1998, quando a internet engatinhava.

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Iberia201512Lisboa-20

Nas viagens pelo país, usei o sistema de comboios (trem) e o de ônibus (autocarro). Ambos são eficientes e seguros. Porém, se você for usar os autocarros, não espere muita organização no momento de embarcar, principalmente na rodoviária da Rede Expresso, no Porto. Se você não ficar bem atento, não saberá onde está o ônibus que deve pegar, e quando descobrir, ele já saiu e você ficou.

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Iberia201601Lisboa-02

Num hotelzinho em Lisboa, ao pé do Bairro Alto. Abastecido de mapas, uísque portátil e história de Portugal. E solidão.

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Iberia201601Lisboa-243

Com velhos e novos amigos em Lisboa, brindando com vinho e ginjinha. Esse povo bebe muito…

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Iberia201512Lisboa-122

Pensão Amor. Voltei lá para conhecer melhor o espaço. Aproveitei para oferecer o Vinicius Show de Moraes, mas a casa não se interessou. Felizmente, dois bares em Braga se interessaram: o Caldo Entornado e o Notre Dame, ambos no centro histórico.

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Iberia201601Lisboa-301

Pesquisando sobre fado, conheci um pouco mais de sua história. E descobri Gisela João (abaixo), uma cantora de timbre especial, mui graciosa, e que nos últimos anos tem se destacado no cenário musical português. Gostei muito de seu disco de estreia. Recomendo!

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O fado Saudades do Brasil em Portugal, de Vinicius de Moraes e Homem Cristo, até hoje é bastante cantado em Portugal, inclusive pelas novas fadistas. Para nossas apresentações portuguesas do Vinicius Show de Moraes, eu e Felipe Breier o incluiremos no repertório. Gosto muito dessa versão, cantada por Kátia Guerreiro.
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Falando em Vinicius, em 1969 ele, a caminho de Roma, passou por Lisboa e encontrou-se com Amália Rodrigues e amigos e poetas portugueses. O encontro foi registrado em disco e lançado em 1970, mas foi proibido pelo governo, sendo relançado após a queda da ditadura em 1974. Narrado por David Mourão Ferreira, e contendo declamações, improvisos, fados e bossas novas, este disco é considerado uma relíquia da música e poesia em língua portuguesa.

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Iberia201601Lisboa-304

Nas perambulanças por Lisboa, margeando o velho Tejo, uma esticadinha até Belém. Olha, que indescritível emoção estar no lugar em que Jesus nasceu… Será que ele chegou a comer o famoso pastel de nata?

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Iberia201601Porto-304

Anoitecer na Ribeira, às margens do rio Douro, no Porto. Programas obrigatórios, pelo menos para mim: passeio pelo centro histórico, fotinha na livraria Lello e um copo de vinho no Piolho. Percebi uma forte rivalidade cultural entre Porto e Lisboa, e não apenas no futebol. A autoidentidade portuguesa nasceu no norte, e só depois é que alastrou-se para o sul. Como o norte do país não foi tão influenciado pela dominação moura quanto o sul, isso leva os nortistas a se considerarem mais portugueses que os sulistas e a se orgulharem de suas origens celtas, assim como os galegos da Espanha, que também se originaram do povo celta.

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Iberia201601Espanha-101

Meu romance literalmente cruzando fronteiras… Ah, não resisti à tentação: na estrada que vai de Braga, em Portugal, a Vigo, na Galicia (noroeste da Espanha), saltei rapidamente do carro e registrei o momento.

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Iberia201601Escravitude-01

Na Galícia, alugamos uma casa para seis pessoas em Escravitude, próximo a Santiago de Compostela. Usamos os serviços do AirBnb, que funcionou muito bem.

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Iberia201601SantiagoDeCompostela-150

Vai um programa literário aí, freguesa peregrina? Cobro baratinho. E sou muito discreto. A senhora nunca viu isso aqui em Santiago de Compostela? Pois tá vendo agora. A gente tem que se virar, né? Quanto custa? Custa esse livro que tá aqui na vitrine, a senhora compra pra mim? Sim, sou viciado nisso, eu assumo, e faço tudo pra manter meu vício em dia. Sim, compensa, claro que sim. Em uma hora com a senhora eu ganho a vida inteira com Fernando Pessoa ou com Florbela Espanca.

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Iberia201601Baiona-01

Na localidade espanhola de Baiona, às margens do rio Minho, o rei Afonso IX cata gaivotas.

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Iberia201601Baiona-102a

Em terra de sapo, de cócoras com eles. Uma Estrella Galicia bem geladinha para rebater a ressaca e celebrar. Celebrar o quê? Bem, que estamos vivos. E estamos vivos para quê? Ah, aí já não sei, não me venha com essas questões a essa hora da manhã. Não sei porque estamos vivos. E nem invejo aos que o sabem. Celebremos, pois, a ignorância. Puxando Alberto Caieiro, amar é a eterna inocência, e a única inocência não pensar.

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IberiaRioMinho-11

Veja a foto. Lá adiante está o oceano Atlântico. Esse é o rio Minho, que separa o norte de Portugal da Galícia, no noroeste da Espanha. Do lado esquerdo de sua foz está a cidade portuguesa de Caminha, do lado direito, a espanhola Guarda. O percurso entre as duas localidades pode ser feito de ferry boat, de onde foi feita a foto.
Do lado esquerdo, a língua oficial é o português, e do lado direito, as línguas oficiais são o castelhano (que os brasileiros chamam de espanhol) e o galego. Português e galego se originaram do galego-português, língua que surgiu no século 9, a partir do do latim vulgar falado pelos conquistadores romanos, e são muitíssimo parecidas.
No rio, abaixo da superfície, os peixes borbulham portulego.

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Iberia201601Lourinha-160

Se você tirar uma foto em Portugal, são grandes as chances de Cristiano Ronaldo sair nela. Putz… O gajo tá em todo canto: jornais, revistas, outdoors, tevê, internet, nas conversas nos cafés… Impossível fingir que ele não existe. Como deve ser observar a milhões de pessoas dia e noite, a todo momento, em cada esquina de Portugal? O gajo gato CR7 sabe a resposta..

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Iberia201601Guimaraes-107

O Paço dos Duques, em Guimarães, onde hoje funciona um museu. De estilo borgonhês, seu aspecto atual foi recriado, de forma polêmica, durante o Estado Novo, e ignora-se a arquitetura original. Foi construído no sec 15, por D. Afonso, 1.º duque de Bragança, para servir de residência quando estivesse com sua amante. Uau… É tão grande e espaçoso, com tantos aposentos e salas, que daria pra hospedar não apenas uma, mas uma centena de amantes. Isso, obviamente, se o duque tivesse disposição suficiente.

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Iberia201601Guimaraes-115a

O Castelo de Guimarães. Que não é um castelo, mas uma torre de defesa cercada por muralhas reforçadas por quatro torres. Situado no alto da colina, está ligado à fundação do Condado Portucalense e às lutas da independência de Portugal, sendo designado popularmente como berço da nacionalidade. De acordo com a tradição, aqui nasceu o primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques (1112-85), na capela avizinhada ao Castelo.

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Iberia201601Guimaraes-150

A Francesinha é um prato típico e originário da cidade do Porto. Servido e forma de sanduíche, leva linguiça, salsicha fresca, fiambre, carnes frias e bife de carne de boi (os portugueses chamam de carne de vaca) ou, em alternativa, lombo de porco assado e fatiado, coberta com queijo posteriormente derretido. É guarnecida com um molho à base de tomate, cerveja e piri-piri. Os acompanhamentos de ovo estrelado (no topo da sanduíche) e batatas fritas são facultativos. A origem do nome é controversa, mas uma versão fala da suposta pimentice das mulheres francesas.

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Iberia201601Braga-701

Quando a tarde cai, elas se olham, lânguidas. E agitam-se levemente em sua elegante dança de sedução. Pudessem andar, elas se abraçariam e sairiam rodopiando pela rua. Como não podem, trocam juras roçando-se com seus galhos e soltando as folhas como doces beijinhos largados. E o calor desse namoro sobe até as nuvens, ruborizando o céu e aquecendo o inverno.
Poizé. Ultimamente aqui em Portugal, ando com essa mania besta de olhar as árvores namorando…

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Iberia201512Lourinha-101

Encontro Marcado na Biblioteca bem podia ser o título de um conto erótico, né? Quem sabe um dia eu escreva, eheh. Entretanto, esta foto registra meu inesperado encontro, na biblioteca municipal de Lourinhã (60km de Lisboa, Portugal), com O Encontro Marcado, em edição portuguesa, o romance de Fernando Sabino que me deu o impulso definitivo para ser escritor. Que sensação boa encontrá-lo aqui do outro lado do Atlântico. Quanto carinho e respeito tenho por este livro!

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Iberia201601Comboio-102a

Tchau, Ibéria. Foram dois meses deliciosos. Espero que tenha gostado de mim. Em junho voltarei, com meu parceiro Felipe Breier, trazendo o nosso Vinicius Show de Moraes. E viva a cidadania mundial! Por um mundo sem fronteiras.

 

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Ricardo Kelmer 2016 – blogdokelmer.com

 

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LEIA NESTE BLOG

RumoAEstacaoSimplicidade-01Rumo à estação simplicidade – Jurei me manter sempre no caminho, sem pesos nem apegos excessivos, pronto para pegar a estrada no momento em que a vida assim quisesse

O sonho do verdadeiro eu – Entretanto, algo me dizia que na pauliceia eu poderia viver minha vida mais verdadeira, era só insistir

Espirros e roteiros – Se antes eu tinha insônia por me preocupar demais em descobrir o que precisava fazer, hoje me delicio em abrir a janela dos quartos dos hotéis, molhar a ponta do dedo e botar no vento

O dia em que o chinlone me pegou – A arte zen de sair por aí à toa e encontrar o que se precisa

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Comentarios01COMENTÁRIOS
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01- Boa sorte no novo projeto,vai da certo! Vocês merecem. Gil Tabosa, Campina Grande-PB – fev2016

02- Se precisar de um carregador de mala que toca flauta, já sabe… Waldemar Falcão, Rio de Janeiro-RJ – fev2016

03- Que venham muitas outras, Ricardo! Se bem que nessa temporada eu mais dei trabalho que ajudei ne? Ana Claudia Domene Ortiz, Albuquerque-EUA – fev2016

04- Cú ibero lusitano. Andre Soares Pontes, Fortaleza-CE – fev2016

05- maravilha de registro, querido..ficou 10. Shirlene Holanda, São Paulo-SP – fev2016

06- Nada que agradecer… Eu é que agradeço! Volta depressa e traz o calor! Susana X Mota, Leiria-Portugal – fev2016

07- A segunda temporada e quando mesmo? Não esquecer de trazer minhas dez cordas de caranguejos vivos, lá de Parnaíba (PI)! Francisco Fontenele Veras Neto, Lourinhã-Portugal – fev2016

08- Caríssimo RK, gostei imenso, como dizem os gajos, de seu roteiro poético pela ocidental praia lusa e pelas trilhas galegas. Com direito ao novo fado e tudo mais, posso dizer que você me poupou a viagem a Portugal, caso não me saia a bolsa de pós-doutorado. Sim, estou fazendo minha pesquisa na USP, e é sobre o velho mago comunista da Azinhaga. Torço para que dê tudo certo com o impagável Vinicius que só você e o Breier sabem fazer. Leite Jr., Fortaleza-CE – fev2016

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#NaoVaiTerGolpe

16/12/2015

16dez2015

As disputas políticas devem sempre ser feitas dentro da normalidade democrática, e não no jogo sujo das manobras conspiradoras

RK201512NaoVaiTerGolpe-01b

#NAOVAITERGOLPE

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Tenho minhas críticas ao governo, sim, mas não posso aceitar a tentativa de golpe forjada pela oposição de direita. As disputas políticas devem ser feitas sempre dentro da normalidade democrática, e não no jogo sujo das manobras conspiradoras, que se aproveitam das imperfeições da democracia para traí-la. Isso não é golpe militar, mas também é golpe, com maquiagem democrática.

Se eu estivesse no Brasil neste 16dez, engrossaria o coro das ruas pelo #NaoVaiTerGolpe e #ForaCunha. Como neste momento estou em Braga, Portugal, envio daqui do além mar minha contribuição à luta pela democracia, que nosso povo conquistou a base de tanto sangue e torturas, e que precisa ser reconquistada sempre, a cada amanhecer, com vigilância e disposição, para defendê-la sempre que ela nos chamar.

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Ricardo Kelmer 2015 – blogdokelmer.com

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Sugestões de sites para o cidadão informar-se além do que diz a grande mídia:
Observatório da Imprensa – Congresso em Foco – Jornalistas Livres
Diário do Centro do Mundo – Revista Fórum – El Pais Brasil
Jornal GGN – Carta Capital – Caros Amigos – Vi o Mundo
Conversa Afiada

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SAIBA MAIS

Regulação da mídia não é censura – Por Pedro Ekman e Bia Barbosa, 03.06.14

Mudanças aceleram regulamentação da mídia no mundo – Reportagem do Opera Mundi, 2010

Por que a dívida da Globo não é manchete de jornal? – Por Bruno Marinoni, 31.07.14

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LEIA NESTE BLOG

DemocraciaERegualacaoDaMidia-02Democracia e regulação da mídia – A informação é um produto, e o mercado da informação precisa de regras, caso contrário o grupo que tem mais dinheiro monopolizará a informação, para prejuízo da sociedade em geral

WikiLeaks e o nascimento da cidadania global – Quanto mais as pessoas se conectam à internet, mais elas se entendem como participantes ativos dos destinos do mundo e não apenas de seu país

Acabou a paciência – O povo está enfim deixando de ser tão conformista e alcançando um novo nível de conscientização política. É gol do Brasil

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Aécio Neves e o estranho caso do pó sem dono

15/03/2015

15mar2015

Familiares e desembargadores amigos envolvidos com narcotráfico, aeroporto construído com dinheiro público nas terras da família… A coisa não está cheirando bem

AecioNevesEOEstranhoCasoDoPoSemDono-01a

AÉCIO NEVES E O ESTRANHO CASO DO PÓ SEM DONO

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A história do helicóptero com meia tonelada de cocaína, apreendido pela Polícia Federal em 2013, teima em se aproximar de Aécio Neves. A grande imprensa, porém, não parece se importar com essas estranhas ligações de um candidato a Presidente da República com o narcotráfico. Já que é assim, vamos nós mesmos seguir o rastro dos fatos?

AecioNevesHelicopteroCoca-01FATO 1 – Em 24.11.13 a Polícia Federal apreende no interior do Espírito Santo um helicóptero que levava para a Europa 445kg de pasta-base de cocaína (após o refino, viraria duas toneladas e seria vendida por pelo menos R$ 50 milhões). São presos o piloto, o copiloto e dois carregadores. O helicóptero pertence à família do senador Zezé Perrella, amigo e aliado político de Aécio Neves. O histórico de Perrella o envolve em crimes como lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio, e seu filho Gustavo Perrella era, na época da apreensão do helicóptero, deputado estadual.

AecioNevesZezePerrelaEFilho-01FATO 2 – De acordo com a denúncia da Justiça Federal do Espírito Santo, os quatro envolvidos buscavam cocaína rotineiramente no Paraguai e recebiam R$ 50 mil por cada viagem em que transportavam a droga. À época de sua prisão, o piloto era homem de confiança do senador Zezé Perrella e ocupava cargo fantasma na Assembleia Legislativa. As investigações revelam que o helicóptero era abastecido com verba de gabinete do deputado Gustavo Perrella.

AecioNevesHelicopteroCocaAeroporto-01FATO 3 – Vindo do Paraguai antes de seguir viagem de São Paulo para o Espírito Santo, o helicóptero pousa para reabastecimento no interior de Minas Gerais, no povoado de Sabarazinho. A apenas 14km de distância desse povoado fica o polêmico aeroporto de Cláudio, na cidade mineira do mesmo nome, construído por Aécio Neves numa fazenda desapropriada de seu tio-avô Múcio Tolentino. A chave do portão da pista é guardada pelo próprio tio-avô, e Aécio admite já ter usado a pista, mesmo ela ainda não tendo sido homologada pela Agência Nacional de Aviação Civil. O investimento do governo mineiro para a construção da pista foi, na época, de R$ 14 milhões. Cláudio tem 25 mil habitantes e está distante 50 quilômetros de Divinópolis, onde já existia uma pista de pouso e decolagem.

AecioNevesHelicopteroCoca-03FATO 4 – Segundo a Polícia Federal, grande parte da cocaína vinda do Paraguai passa por Minas Gerais, e desde 2013 foram apreendidas 5 toneladas de pasta-base no estado. Calcula-se que pelo menos 100 pousos de aviões e helicópteros do tráfico acontecem por mês em Minas. Cada voo transporta entre 250 e 500 quilos do produto.

AecioNevesLaboratorioDeRefino-01FATO 5 – Em 23.11.13, um dia antes da apreensão do helicóptero, a PF descobre um laboratório de refino de cocaína em Cláudio-MG, numa casa abandonada no distrito de Monsenhor João Alexandre. Lá foram apreendidos três balanças de precisão, embalagens com produtos químicos utilizados para o refino de drogas, 200g de pasta-base de cocaína e aproximadamente 500g de maconha prensada. Ninguém foi preso.

AecioNevesDesembargadorHelcioValentim-01FATO 6 – Em 2012, o primo de Aécio, Tancredo Aladim Rocha Tolentino – filho do ex-prefeito de Cláudio, Múcio Tolentino (o tio-avô de Aécio), mais conhecido na pequena cidade como Quedo – foi preso pela Polícia Federal, que investigava uma quadrilha de venda de habeas corpus para traficantes. Segundo as investigações, o desembargador do Tribunal de Justiça de MG, Hélcio Valentim de Andrade Filho, nomeado por Aécio quando era governador, expedia o alvará de soltura dos traficantes após recebimento do dinheiro.

AecioNevesZezePerrela-01E HOJE? – Todos os envolvidos no caso do helicóptero estão soltos e o processo poderá ser anulado em breve, o que significa que os quatro acusados voltarão a ter ficha limpa e o helicóptero será devolvido para a família do senador Zezé Perrella ‒ e os donos da cocaína seguirão tranquilamente com seu milionário e protegido negócio. Quedo, primo de Aécio, está solto e em 2014 trabalhou como coordenador, na região centro-oeste de Minas, da campanha de Aécio para a presidência. O aeroporto de Cláudio continua lá, mas como não possui homologação da ANAC, é usado apenas por Aécio e alguns amigos e conhecidos, além de pequenos aviões que param lá para voos panorâmicos fretados. A prefeitura diz estar hoje em posse da chave da pista.

AecioNevesBebado-01AÉCIO E OS ENTORPECENTES – Há muitos anos, em Minas Gerais e na cidade do Rio de Janeiro, o nome de Aécio Neves é ligado a vida boêmia, hábitos de playboy e farras com cocaína, e comenta-se, inclusive, que quando era governador, ele teria sido levado em segredo ao Hospital Mater Dei, em Belo Horizonte, por conta de uma overdose de cocaína, e que essa notícia teria sido censurada nos jornais. Em 2011, Aécio foi flagrado pela polícia no bairro do Leblon, Rio de Janeiro, dirigindo bêbado e com a carteira de habilitação vencida, e recusou-se a fazer o teste do bafômetro. Em 2014, ele entrou com ações na Justiça para remover links e perfis em sites de buscas e redes sociais da internet que relacionam seu nome ao “uso de entorpecentes”, sem sucesso.

AecioNeves-02CONCLUSÃO – Familiares e desembargadores amigos envolvidos com o narcotráfico, aeroporto construído com dinheiro público nas terras da família, helicóptero de amigos usado para o tráfico internacional, processo na iminência de ser anulado… A coisa não está cheirando bem. Teria sido o aeroporto de Cláudio usado para abastecer o helicoca? Teria sido usado outras vezes para fins ilícitos? O pior cenário possível para Aécio seria descobrirmos que ele está diretamente envolvido com o crime organizado e que o tráfico de drogas abastece sua carreira política. Mas por enquanto nada prova isso, e talvez Aécio esteja apenas tendo um grande azar, de se ver cada vez mais ligado a bandidos e traficantes internacionais. Porém, para sua sorte, a grande imprensa brasileira não acha que esses fatos, por mais estranhos que pareçam, merecem investigações.

O BAILE DO PÓ ROYAL – Para encerrar a matéria, uma marchinha divertida que fala sobre… bem, sobre um baile de carnaval muito animado.

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Ricardo Kelmer 2014 – blogdokelmer.com

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FONTES PESQUISADAS

AecioNevesEOEstranhoCasoDoPoSemDono-01aCASO HELICOCA: AS LIGAÇÕES DE AÉCIO NEVES COM ZEZÉ PERRELLA

AEROPORTO DE AÉCIO NEVES ERA USADO PARA ROTA INTERNACIONAL DE TRÁFICO DE DROGAS, DIZ JORNAL

ACUSADOS DE TRANSPORTAR COCAÍNA NO HELICÓPTERO DE PERRELLA SÃO SOLTOS

POLÍCIA FECHA LABORATÓRIO DE REFINO DE DROGAS EM CLÁUDIO-MG

O QUE DIZ O PROCESSO DO CASO DO HELICÓPTERO DOS PERRELLAS

OVERDOSES DE AÉCIO E A MORTE DE MODELO GERAM RETALIAÇÃO

O AEROPORTO, A CIDADE E SEUS MORADORES

PROMOTOR QUE INVESTIGAVA CASO DO HELICÓPTERO DE ZEZÉ PERRELLA É AFASTADO (14.11.16)

DONO DE FAZENDA ONDE HELICÓPTERO DE PERRELLA POUSOU COM COCAÍNA É PRESO POR TRÁFICO (08.12.17)

DONO DO HELICÓPTERO APREENDIDO COM COCAÍNA VIRA DIRETOR DA CBF (06.04.18)

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Helicoca – O helicóptero de 50 milhões de reais
um documentário que escapou da censura

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LEIA NESTE BLOG

AecioNevesEAsLevianas-04Aécio Neves e as levianas – Tem hora certa pra chamar uma mulher de leviana

Pesquise antes de acreditar – O ideal para a democracia é que esse imenso poder da mídia não se concentre nas mãos de poucos

Democracia e regulação da mídia – A informação é um produto e, como todo mercado, o mercado da informação precisa de regras, caso contrário o grupo que tem mais dinheiro monopolizará a informação, para prejuízo da sociedade em geral

Acabou a paciência – Cada um que protesta traz em si a frustração acumulada de tantas gerações por trabalhar dia após dia por um sistema econômico que finge querer o bem de todos mas concentra a renda

Eu esfaqueei o deputado – Não temem que as pessoas se revoltem e invadam seus lindos gabinetes, que os sequestrem, que joguem uma bomba no congresso?

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COMENTÁRIOS
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 01- A família Perrela tambem é dona de frigorífico e embutidos tipo mortadela.Só que foi fechada ha alguns anos por fazer mordadela de carne de cavalo.Só tem menino bom enfiado nesta história. Na oportunidade, Zezé Perrella era presidente do Cruzeiro( o maior do Brasil) e lesou o clube em 10 milhões de reais para se eleger senador.A família é muito unida vc ão acha? Andre Soares Pontes, Fortaleza-CE – mar2015

02- Seguir o “rastro”? Epa!! Fernando Vasqs, São Paulo-SP – mar2015

03- Nem a aeronave ficou presa. Iapurinan Oliveira, Fortaleza-CE – mar2015

04- a mídia não dá uma nota sobre isso, é impressionante. tem mostrar isso, para nossos amigos que votam nesse cara. eu ja sei de tudo isso, e muito mais. é preciso mostrar para as pessoas , quem ele é. Moacir Bedê, Fortaleza-CE – mar2015

05- sinistro. Claudemir Gazzoni, Fortaleza-CE – mar2015

06- Maravilha. Quando leio um texto de uma pessoa como o mente brilhante Ricardo Kelmer, me vem um sentimento de tranquilidade, por que os genios estão vendo. Boa Kelmer. Daniel Mota, Fortaleza-CE – mar2015

07- A quando imprensa não fala nada, só quem fala e estes bogs pagas pelo PT com dinheiro público estranho né!!! Reinaldo Pereira Das Vinhas, Fortaleza-CE – mar2015

08- Só um imbecil pode querer querer a escalada da propina que o famigerado PT desencadeou no país Brasil. Como explicar a fortuna de um torneiro mecânico, aposentado por uma mutilação de motivo duvidoso e que tem como fonte de renda o que consta nos contra-cheques. Como ficar milionário com renda tão irrisória? José Alves Rocha, Fortaleza-CE – mar2015

09- É, querido Ricardo Kelmer, a grande mídia faz o serviço direitinho, fazendo uma boa parcela de distraídos acreditarem que ‘nunca se roubou tanto’ e que o PT é o partido mais corrupto da história. Isso que dá só acompanhar o noticiário por meia dúzia de meios de comunicação e por manchetes. Ana Cristina Martins, São Paulo-SP – mar2015

10- Boa Ricardo Kelmer, vou até compartilhar, por que precisamos ter memória. Jose Leite Netto, Fortaleza-CE – mar2015

11- Estória edificante…pensar que poderia ter sido …presidente do país… Palmira Gomes Jardim, Porto Alegre-RS – mar2015

12- Que cara é esta, Aécio? Cheirou, foi? Ha, ha, ha, !!! Wolfran Gonçalves, Fortaleza-CE – mar2015

13- Bela coletânea de informações feita pelo amigo Ricardo Kelmer, revelando que a Justiça é literalmente cega para os amigos. Mas a conclusão do MP e da mídia venal é a seguinte: a fazenda é do pai, o helicóptero é do filho e o pó é do Espírito Santo. Amém! Oswaldo Higa, São Paulo-SP – mar2015

14- Esse cara é sinistro. Cibele Baptista, Barretos-SP – mar2015

15- Senador o “senhor”ainda nao explicou essa historia relacionada com a Cocaína. Laecio Bede, Fortaleza-CE – mar2015

16- olha o santo. José Leite Neto, Fortaleza-CE – mar2015

17- Não adianta sumir Aécio, fazemos questão de lembrar a todos de você. Kelsen Bravos, Fortaleza-CE – mar2015