O livro Para Belchior com Amor está de cara nova! Para esta terceira edição, contamos com a parceria da Editora Radiadora, do poeta Alan Mendonça. Assim como nas edições anteriores, são mais mil e quinhentos exemplares do único livro sobre Belchior lançado com ele ainda vivo. Além do novo projeto gráfico, que deixou o livro mais bonito, esta edição foi enriquecida com ilustrações e novos autores, com mais contos, crônicas e cartas inspirados em canções de Belchior. Agora, são 132 páginas, com 24 textos de 23 autores cearenses, e a participação especial da cantora Vannick Belchior, filha caçula do rapaz latino-americano, que escreveu uma bela carta para seu pai.
Os primeiros lançamentos da nova edição aconteceram em jul2022 na região do Cariri, sul do Ceará. Os lançamentos seguintes serão em Fortaleza e outras cidades. O livro físico pode ser adquirido diretamente comigo (rkelmer@gmail.com), pelo site da Editora Radiadora (www.radiadora.com.br) e com os outros autores. O livro eletrônico pode ser adquirido na Amazon (kindle) e em PDF diretamente comigo.
AUTORES E MÚSICAS
Alan Mendonça (Tudo outra vez) Ana Karla Dubiela (A palo seco) Carmélia Aragão (Paralelas) Cleudene Aragão (Coração selvagem) Ethel de Paula (Conheço o meu lugar) Gero Camilo (Na hora do almoço) Jeff Peixoto (Sujeito de sorte) Izabel Gurgel (Aguapé) Joan Edesson de Oliveira (Galos, noites e quintais) José Américo Bezerra Saraiva (Apenas um rapaz latino-americano) Josely Teixeira Carlos (Monólogo das grandezas do Brasil) Kelsen Bravos (Comentário a respeito de John) Léo Mackellene (Até mais ver) Mariana Marques (Pequeno mapa do tempo) Nirton Venâncio (Bahiuno) Raymundo Netto (Fotografia 3×4) Ricardo Guilherme (Como nossos pais) Ricardo Kelmer (Divina comédia humana e Ypê) Roberta Laena (Como o Diabo gosta) Roberto Maciel (Velha roupa colorida) Thiago Arrais (Alucinação) Xico Sá (Todo sujo de batom) Vannick Belchior (participação especial)
. . A história do livro, os autores, matérias na imprensa, entrevistas, preços…
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.Ricardo Kelmer 2022 – blogdokelmer.com
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Eu não ia fazer a terceira edição do Para Belchior com Amor, pois os custos do livro físico são altos e o retorno é incerto. Mas ela, que adora esse livro, não se conformava. E tanto insistiu que reconsiderei. Obrigado, Gata Mimosa, por acreditar nesse livro e por ter mexido seu caldeirão tão bem mexido. 🙂
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ENTREVISTA Programa Cabeceira, TV Assembleia (Fortaleza), out2022. Apresentadora: Rosanni Guerra
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. Alguns acertos de minha glamurosa vida desmantelada nasceram de coisas que deram errado, preciosamente errado. Um exemplo: Para Belchior com Amor, que é o único livro publicado sobre Antonio Carlos Belchior com ele ainda vivo. Foi assim:
Propus ao meu parceiro musical Felipe Breier, em 2015, que criássemos um show para celebrar os 70 anos de Belchior, e, para minha alegria, ele topou. O show estrearia em outubro de 2016 e contemplaria música, poesia e filosofia do bardo bigodudo de Sobral. Seria algo como o Vinicius Show de Moraes, que Felipe e eu apresentamos por quatro anos no Brasil e em Portugal. Então, criei o roteiro e começamos a montar o show. Porém, o vento virou: a três meses da estreia meu parceiro foi aprovado para um mestrado em Portugal, e lá foi morar. E o show morreu, buááá!!!
Ah, mas eu queria tanto homenagear meu ídolo… Sabe, eu sentia que era hora de retribuir os belos momentos que vivi embalado por sua poesia. Então, tive outra ideia. Um livro. Reunindo vários escritores. Que escreveriam textos literários inspirados em suas canções. Sim, um livro, tudo a ver, afinal Belchior é um literato. Mas o tempo era curtíssimo, meros dois meses. Uma editora teria que ser mui irresponsável para topar uma doidice dessa. E, assim, eu mesmo me irresponsabilizei por tudo.
Lancei a ideia do Para Belchior com Amor para uns chegados e reuni catorze fãs do poeta, todos cearenses, esse povo gaiato que acha que a capital do Ceará é o mundo. Alguns tiveram poucos dias para escrever, mas todos deram cabo da missão, ufa. O projeto gráfico e a capa eu mesmo tive que fazer, em minhas sofríveis limitações. Consegui uma ajuda da AFIM (Associação dos Fiscais dos Município de Fortaleza) graças a minha amiga Andrea Oliveira e, tchum, encomendei à gráfica mil e quinhentos exemplares.
O plano era fazer lançamentos em bares, por todo o outubro, com músicos a tocar Belchior. Nomeei o projeto Belchior Sete Zero, chamei os amigos Marta Pinheiro, Rogers Tabosa e Moacir Bedê para me ajudar na produção e com eles o projeto cresceu. Foram duas dezenas de eventos em Fortaleza, em bares, faculdades e espaços como Theatro José de Alencar, Centro Cultural Banco do Nordeste, CUCA e Espaço O Povo de Cultura & Arte. Vários artistas se apresentaram, e o dramaturgo Ricardo Guilherme criou uma peça especialmente para o projeto. Foi tudo lindo, e foi um sucesso.
Se satisfiz meu desejo de homenagear o ídolo? Sim. Na verdade, o que realizamos em outubro de 2016, misturando literatura, música e teatro e unindo várias instituições de peso foi a maior homenagem que Belchior recebeu em vida. Não interessava se ele um dia voltaria aos palcos ou se seguiria em seu misterioso autoexílio – o objetivo era homenageá-lo e celebrar sua arte, e assim fizemos. O livro segue na segunda edição, vendido apenas em eventos e pela internet. Infelizmente, não conseguimos apoio para lançá-lo em Sobral, mas quem sabe isso ainda acontece. E, cá entre nós, em breve poderemos ter novidades na tela do cinema.
E Belchior chegou a ler o livro? Sim! Segundo Edna, sua viúva, ele leu e adorou, e queria organizar uma tradução para o espanhol. Uau… Quanto a outros livros sobre nosso rapaz latino-americano, que venham mais, pois sua arte e sua filosofia dão muito pano para manga e tinta para tatuagem. E, como sempre ocorre com os que têm vida rica de significados, é inevitável brotarem polêmicas.
Com o Para Belchior com Amor, aprendi tudo outra vez: não há tempo para ficar reclamando. A vida é o que é, justa ou desumana. O que fazemos dela é o que importa.
Obrigado, meu poeta. Por sangrar em nossa carne, com a faca da vida torta, a tua poesia livre e triunfante.
Neste livro, organizado pelo escritor Ricardo Kelmer e lançado em 2016, o poeta, cantor e compositor cearense Belchior é homenageado por catorze autores conterrâneos, que escreveram contos, crônicas e cartas inspirados em suas músicas, as mesmas que tanto encantaram os mais velhos e continuam a encantar os mais novos. Literatura para celebrar um notável literato. Ele que soube, como poucos, harmonizar música e poesia, e que fez de sua obra e sua vida um intenso canto de amor, liberdade, questionamento e rebeldia. Salve Belchior!
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O dia em que entendi Belchior – Ele já não tinha metas, estava finalmente livre para deixar a roda-viva que nos entorpece diariamente com a sedução das falsas necessidades
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Hoje esses jovens se sentem órfãos de seu cantador das coisas do porão. Mas trazem tatuado na alma e no corpo o que Belchior lhes ensinou
ESSES JOVENS QUE RESGATARAM BELCHIOR
. Belchior, o bardo bigodudo dos ideais libertários, amado pelos rebeldes românticos de novas e velhas idades, morreu em pleno correr de um golpe em seu país. Não foi um golpe militar, mas um golpe parlamentar, com apoio da grande mídia, do STF e dos barões do capital. Isso é muito significativo. Se quando vivo, a poesia de Belchior já habitava as mentes dos que lutam por um Brasil socialmente justo e inclusivo, sua morte nesse momento torna ainda mais forte essa ligação.
Você pode até dizer que eu estou por fora, que estou inventando. Bem, então você não entendeu Belchior. Leia sua poesia e verá que está lá em seus versos, ecoando sempre, um grito de resistência contra a opressão do sistema sobre o indivíduo, que sufoca seus sonhos e robotiza sua existência. É uma poesia de protesto e inconformismo, que nos alerta para a exploração capitalista que gera escravos assalariados e para a hipnose midiática que gera zumbis do consumo. A poesia de Belchior é anárquica, pois em vez do poder, defende a supremacia do amor, do prazer e da paixão. É um grito latino-americano que brota da dor das minorias e dos excluídos, de todos que não comungam com o deus mercado e vomitam a ração diária fornecida pela mídia poderosa. É a rubra poesia dos que sangram, mas não se deixam enquadrar.
Mas o novo sempre vem. E foram os jovens da era da internet que redescobriram Belchior, resgatando-o do limbo para o qual a grande mídia quis relegá-lo. Durante esses anos, eles sonharam com sua volta e desejaram ardentemente vê-lo num palco a cantar e protestar com eles…
Infelizmente, isso não será possível, e hoje esses jovens se sentem órfãos de seu cantador das coisas do porão. Mas trazem tatuado na alma e no corpo o que Belchior lhes ensinou. Por isso, agora exibem seu rosto em camisetas, postam seus versos nas redes e tocam nas rodas as suas belas canções. São os mesmos jovens que não querem mais viver num mundo no qual uma minoria cínica e insensível detém a maioria da riqueza. São os mesmos jovens que hoje lutam por oportunidades iguais para todos. Os mesmos jovens que já entenderam que por enquanto eles venceram e o sinal está fechado, sim, mas na ferida viva de seus corações eles captaram muito bem o que um velho compositor cearense lhes dizia: o novo sempre vem.
Lançado em 2016, Para Belchior com Amor chega à sua terceira edição. Organizada por Ricardo Kelmer e Alan Mendonça, esta edição foi enriquecida com ilustrações e novos autores, com mais contos, crônicas e cartas inspirados em canções de Belchior. O livro traz 24 textos de 23 autores cearenses, e conta com a participação especial de Vannick Belchior, filha caçula do rapaz latino-americano de Sobral, que escreveu uma bela carta para seu pai. Em 2021, ela iniciou-se profissionalmente como cantora, interpretando o repertório de Belchior.
Literatura para celebrar um notável literato. Ele que soube, como poucos, harmonizar música e poesia, e que fez de sua obra e sua vida um intenso canto de amor, liberdade, questionamento e rebeldia. Salve Belchior!
O dia em que entendi Belchior– Ele já não tinha metas, estava finalmente livre para deixar a roda-viva que nos entorpece diariamente com a sedução das falsas necessidades
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MAIS SOBRE BELCHIOR
O Belchior que a crítica vulgar não viu (Alberto Sartorelli) – Canções do compositor cearense debateram, desde os anos 1970, a alienação, as relações mercantis e a própria indústria cultural. Mas alguns procuraram enquadrá-lo como apenas um rapaz romântico
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Laura Canoura – Como nuestros padres Laura Canoura (2 de janeiro de 1957, Montevidéu) é uma compositora e cantora da música popular uruguaia. Com mais de 25 anos de trajetória artística é uma das principais solistas femininas desse país.
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COMENTÁRIOS .
01- Fantástico texto meu Caro Ricardo Kelmer. Antonio Carlos De Freitas, Fortaleza-CE – mai2017
02- Fora Temer e Viva Belchior!!! Paulo Henrique Carvalho, Fortaleza-CE – mai2017
03- No rs … nas paredes do banheiro, nas folhas mortas e verdes que caiem pelo chão , sendo gerson ou não, vida longa … Stefenson Pinheiro, Fortaleza-CE – mai2017
10- Eu fiquei calado qdo vi amigos direitistas confessos postando frases e músicas do Belchior. Isso me fez lembrar de uma pesquisa dando conta que esse pessoal tem sérios problemas de cognição. Henrique Baima, Fortaleza-CE – mai2017
11- Ricardo, incrível!!!! Amei muito esse texto. Sensacional! Vannick Belchior, Fortaleza-CE – mai2017
12- Lindooooooooooooooo, lindo meu mais lindo Bel, sempre vai lutar dentro de nós, nos dar folego para gritar!, Beleterno! Bertha Alves, São Paulo-SP – mai2017
14- Lindo texto. Que presente conhecer vocês em meio ao meu maior vazio. Perder esse cara é perder um pedaço de mim, mas eu prometi na beirada daquele caixão que gritaria suas músicas em meus shows até o final da minha vida! Também sou como ele, jovem que desce do norte pra cidade grande! Também sinto essa loucura na ferida viva do meu coração. A verdade dele, desde que o conheci passou ser minha verdade e eu nunca poderei deixar de grita-la. Eternizei Alucinação na pele ontem e sempre pensei que quando ele visse ele iria rir da minha tatuagem, acabei não fazendo com ele em vida. Uma pena que não deu Meu Belchis! Amor eterno… Luta eterna. Daya Ananias, Rio de Janeiro-RJ – mai2017
15- Fora Temer! Ana Lucia Santos, Recife-PE – mai2017
16- Esse é o verdadeiro Belchior, nosso Bel que tinha a coragem de escrever composições que desafiavam a época, gerações… Belchior da irreverência, autenticidade, escrevia e fala de si em suas letras! O político, o crítico, o homem comum, o amante, poeta, o boêmio, o romântico, solitário, o ser filósofo… Bom você escreve Ricardo Kelmer com e da vida as suas escritas e é por isso que te admiro e sou sua fã! E Fora Temer. Aline Saraiva, Fortaleza-CE – mai2017
22- Eu quero que este canto torto feito faca corte a carne de vocês sempre sempre sempre. Angela Belchior, Fortaleza-CE – mai2017
23- Parabéns pelo belíssimo texto!!! Realmente as músicas de Belchior são lindas e tocam na alma. Ele deixará saudades, mas estará eternizado em nossos corações!! Denizia Caetano, Rio de Janeiro-RJ – mai2017
24- que maravilha! sempre tive uma ligação muito intensa com o trabalho do Belchior. Quando morava no Rio, início de sucesso do Belchior, eu ia ao teatro todas as noites, em todos os shows. Sempre falava com ele no camarim, onde sempre fui bem recebido, e de quem tive o incentivo de escrever e produzir as minhas letras e canções. Hoje só poesia. Parabéns, Kelmer, texto maravilhoso.Carlos Kahê, Itabuna-BA – mai2019
25- “Que as lágrimas dos jovens são fortes como um segredo, podem fazer renascer um mal antigo…” Heldemarcio Leite Ferreira, Recife-PE – mai2019
Ele já não tinha metas, estava finalmente livre para deixar a roda-viva que nos entorpece diariamente com a sedução das falsas necessidades
O DIA EM QUE ENTENDI BELCHIOR
. Um dia, pelos idos de 1984, meu velho amigo Alberto Perdigão me apresentou certa música de Belchior. Eu tinha vinte anos e já amava o bardo bigodudo, e subia o som no último volume quando o rádio tocava Coração Selvagem. Mas a música que Alberto me mostrou era outra, chamava-se Ypê, do disco Objeto Direto, de 1980. Lembro que ela me soou estranhamente bela, e em suas palavras parecia reluzir algo precioso, mas que eu sentia ser incapaz de alcançar.
Trinta e dois anos depois, em 2016, enquanto fazia pesquisas para o livro Para Belchior com Amor, topei com Ypê novamente, dessa vez na internet. Não a reconheci pelo título. Pus para tocar no You Tube e… imediatamente lembrei daquele dia. E para lá fui transportado. De repente, eu era outra vez aquele eu, o garoto bobo e deslumbrado com a vida que se abre em horizontes caleidoscópicos de infinitas possibilidades. O rio da vida não volta, é verdade, mas o continuum de suas águas é um mantra que tem o poder de nos levar para tempos que jamais se foram.
Como traduzir a íntima e poderosa revelação que Ypê agora me trazia? De repente, eu era o mesmo garoto de trinta anos antes, porque, na verdade, nunca deixei de sê-lo, mas ao mesmo tempo era outro porque agora eu simplesmente… me dava conta disso. Eu envelheci, mas continuo naquele dia, ouvindo meu amigo a cantarolar Ypê, a minha ignorância juvenil fascinada com as reluzentes novidades da vida. Reescutar esta música me pôs novamente frente à enigmática dançarina de pedra e me trouxe dias de metafísico assombro, em que o que fui e o que serei se harmonizaram no único tempo possível, o eu sou.
Após dias mergulhado em Ypê, voltei à tona e contemplei a obra de Belchior com um novo olhar. E sua trajetória floriu de um diferente significado. Sabe, eu entendi Belchior. Entendi como se entende algo ridiculamente óbvio. Sim, são bem visíveis a beleza e a sabedoria contidas em suas canções, mas, putz, ninguém cria algo como Ypê sem antes alcançar a verdade que habita, discreta, o fundo escuro do rio. Ninguém escreve um poema como esse, tão filosoficamente profundo e exato, tão misteriosamente simples, sem ter chegado à harmonia fundamental, aquela que transcende o tempo e os opostos, e nos faz ser um com o eus que somos e tudo que há. Belchior tinha apenas 34 anos, tão moço… Mas, ali, o poeta já havia cruzado o portal. E somente agora, tanto tempo depois, eu o entendia.
Feito o bodisatva da filosofia oriental, o poeta iluminou-se e ficou mais um tempo entre nós. E depois? Talvez Belchior tenha percebido que nada mais de relevante tinha para falar. Sua arte já o havia dito, e continua a dizer. Ele já não tinha metas, estava finalmente livre para deixar a roda-viva que nos entorpece diariamente com a sedução das falsas necessidades. E então o poeta se foi.
Para onde? Foi-se. Por aí. Algum tempo-lugar onde agora ele será o que sempre foi: um lindo ipê que apenasmente flora, apenso ao pé da serra.
. Ricardo Kelmer 2017 – blogdokelmer.com
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YPÊ Belchior
Contemplo o rio que corre parado E a dançarina de pedra que evolui Completamente, sem metas, sentado Não tenho sido, eu sou, não serei, nem fui A mente quer ser, mas querendo, erra (a gente quer ter, mas querendo, era) Pois só sem desejos é que se vive o agora Vede: o pé do ypê apenasmente flora Revolucionariamente apenso ao pé da serra
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Belchior – Ypê gravação original, álbum Objeto Direto (1980)
Lançado em 2016, Para Belchior com Amor chega à sua terceira edição. Organizada por Ricardo Kelmer e Alan Mendonça, esta edição foi enriquecida com ilustrações e novos autores, com mais contos, crônicas e cartas inspirados em canções de Belchior. O livro traz 24 textos de 23 autores cearenses, e conta com a participação especial de Vannick Belchior, filha caçula do rapaz latino-americano de Sobral, que escreveu uma bela carta para seu pai. Em 2021, ela iniciou-se profissionalmente como cantora, interpretando o repertório de Belchior.
Literatura para celebrar um notável literato. Ele que soube, como poucos, harmonizar música e poesia, e que fez de sua obra e sua vida um intenso canto de amor, liberdade, questionamento e rebeldia. Salve Belchior!
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Esses jovens que resgataram Belchior – É um grito latino-americano que brota da dor das minorias e dos excluídos, de todos que não comungam com o deus mercado e vomitam a ração diária fornecida pela mídia poderosa
É a Tao coisa – Uma maneira intuitiva de compreender a realidade através da harmonia com o Tao
Rumo à estação simplicidade – Jurei me manter sempre no caminho, sem pesos nem apegos excessivos, pronto para pegar a estrada no momento em que a vida assim quisesse
Espirros e roteiros – Se antes eu tinha insônia por me preocupar demais em descobrir o que precisava fazer, hoje me delicio em abrir a janela dos quartos dos hotéis, molhar a ponta do dedo e botar no vento
É proibido fazer blues na praia – Arriscar outros movimentos, sem ficar determinando de antemão que é impossível, não pode não senhor
I Ching das patricinhas – Se alguém procura revelações com pressa e sem seriedade, jamais terá as revelações
Andarilho – Eu sempre fui andarilho / Mas é assim que prefiro / Viver desse vento que eu sou
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COMENTÁRIOS .
01- Minha canção preferida. Pablo Kaique, abr2017
02- Enfim ….. Michele SJ, abr2017
03- Poxa! Que texto! Jose Tavares De Araujo Neto, abr2017
04- Que coisa linda, Kelmito! Marta Pinheiro, abr2017
06- Tocada com suas palavras, Kelmer. Neyane Macedo Infurna, abr2017
07- Perdeu o medo de abrir a porta. Sands Nepomuceno de Andrade, abr2017
08- Que pena, sumiu, e agora ele volta, sem vida.Tanto que pedimos ,Volta Bechior, e ele voltou. Vilma de Oliveira, abr2017
09- homenagem linda….. texto precioso… abraços…… o homem do nan nan nan nan nan nan….como dizia minha filha ao me repetir tantas vezes a mesma música… que amava e amo… Maria Allves, abr2017
10- Rica, tuas crônicas sempre tocantes e maravilhosas. Ouvimos Ypê repetidas vezes hoje. Se brotar um ao pé de onde será o aqui jaz, podem me culpar. Fabiana Vasconcelos, abr2017
11- Lindo seu texto, vou compartilhar também. Rosina Santana, abr20176
12- Linda Mente Brasileira.. Claudia Meirelles Bahia, abr2017
13- Lindo! Cecilia Eckmann Oliveira, abr2017
14- “A mente quer ser mas querendo erra…” 💓 Zete More, abr2017
15- Ricardo Kelmer estou a beber Ipê e celebrar Belchior. Fábio Bonfim, abr2017
16- #belchiorimortal. Sheler Souza, abr2017
17- Lindo!! Ypê, a minha favorita!! 😦 Helena Lima, abr2017
26- Tudo está tão triste, acabou esperança de vê-lo novamente no palco,tive a grande sorte de ir em vários shows dele. Marli Costa Ferreira, abr2017
27- Lindo isso q vc escreveu. Eliana Braga, abr2017
28- Belchior nos deixou belas letras…e você meu querido escreve como poucos.. nos leva as lágrimas… Onde está Belchior ? Agora com todos nós … podemos conversar em oração …..ele encontrará a paz… Regia Alves, abr2017
29- Comovidissima! Bela lembranca … Silvana Marques, abr2017
30- Wellington Alves olha que lindo , não tem como não lembrar de você…… Regia Alves, abr2017
31- Tomei muitas curtindo o professor Belchior, saudades,que descanse em paz. Wellington Alves, abr2017
32- Obrigada Ricardo Kelmer. Criss Maria Boscaratto, abr2017
33- Enfim sua volta p simplesmente … ir! Márcia Matos, abr2017
36- 👏🏻 👏🏻 👏🏻 👏🏻 👏🏻 👏🏻 👏🏻 texto lindo e profundo! Ana Paula Castro, abr2017
37- Perfeito! Ele foi o bardo, o menestrel e o monge budista de toda uma geração anterior a nossa, e tb tocou nosso coração com a força dos verdadeiros poetas! 👏🏻 👏🏻 👏🏻 👏🏻 que encontre sua paz! 🙏🏻 🙏🏻 🙏🏻 😢 Isa Magalhães, abr2017
38- 👏 👏 👏 Marcos Luiz, abr2017
39- Valeuuuuuuuu cara! Maria Sá Xavier, abr2017
40- Maravilhoso seu texto Ricardo Kelmer!! O poema é lindo como todos os outros! Compartilhei. Sandra Macedo, abr2017
43- Se entende Belchior, porque ele canta muito bem “eu sou como você”… Ninha Alvarenga, abr2017
44- “Ninguém escreve um poema como esse, tão filosoficamente profundo e exato, tão misteriosamente simples” Disse tudo. Aderbal Nogueira, abr2017
45- texto maravilhoso, meu caro Ricardo Kelmer… Carlos Emílio C. Lima, abr2017
46- Lindissimo texto. Waldete Freitas, abr2017
47- 😢 👏 👏 👏 👏 👏 👏 👏 Celia Dos Santos, abr2017
48- Belo texto e bela homenagem Ricardo Kelmer #BelchiorEterno. César Espíndola, abr2017
49- Caralho Ricardo, como senti a morte desse moço! Maior representante da minha linda junventude!! Sandra Samm, abr2017
50- Querido, sábias palavras. Linda sua reflexão “…Ninguém escreve um poema como esse, tão filosoficamente profundo e exato, tão misteriosamente simples, sem ter chegado à harmonia fundamental…” Que dia triste! Lúcia Menezes, abr2017
51- Coisa linda, me arrepiei, chorei… Linda Homenagem, precisamos todos rejuvenescer” 👏 👏 👏 👏 Lucia Padua, abr2017
56- meu caro kelmer… nessa madrugada, falei com o shirlene sobre você, que tem ficado pouco em sp, para se dedicar ao projeto belchior 70 anos, essa mistura de show, literatura e teatro em homenagem a ele, a ele vivo e muito merecedor da iniciativa que lhe realçava o imenso talento. …. no caminho para casa, viemos no carro com verônica dirigindo, eu ao seu lado, e kita, selma e marici nos bancos traseiros. Eu e Verônica viemos cantando várias música do bel. enquanto eles conversavam lá atrás. Nem imaginávamos essa notícia triste que o domingo nos traria. Prometi tirar no violão ‘Brasileiramente, linda, oh yeah, oh yeah’.. E vou tirar. claro. …. …… um grane abraço! Arnaldo Afonso, abr2017
58- Nossa, que liiinda homenagem!!! Verdade Ricardo Kelmer!!! O rio da vida não volta, porém o contínuo de suas águas têm o poder de nos levar para tempos que jamais se foram. Nazare Moreira, abr2017
59- Belíssimo texto! Foi meu primeiro impulso, escrever isso antes de ler os outros comentários e correr o risco de ser influenciado pela opinião alheia! Francisco Carlos Rodrigues, abr2017
60- Kelmer! Além da linda homenagem ao nosso grande poeta que nos deixa, o seu texto está cada vez melhor! Francisco Carlos Rodrigues, abr2017
61- Talvez eu morra jovem, alguma curva no caminho… Obrigado, Belchior! Ricardo Sergio Alves, abr2017
62- Q texto leve para este dia.beijo e abraço carinhos. Shirlene Holanda, abr2017
63- Deslumbrante…! Carla Cavalcante, abr2017
64- Essa partida eu senti. 😢 texto foda como sempre, Kelmer! Ana Cristina Martins, abr2017
65- Caramba como você escreve bem! Fascinante! ! Tina Holanda, abr2017
66- Meus sentimentos a família Belchior 😭 Enedina Pedro Henrique, abr2017
67- Meu parceirim Ricardo Kelmer. Você já contribuiu demais com sua homenagem a Belchior, com seu recente livro, em que vários escritores escrevem sobre nosso grande compositor. E essa sua crônica está demais. Parabéns. Solidário na tristeza. Joaquim Ernesto, abr2017
68- Essa doeu. Pra valer. Joaquim Ernesto, abr2017
69- Ricardo Kelmer, que texto lindo!!! Parafraseando Pessoa, como são velozes os dias que se passam na ribeira desse ou daquele rio. Talvez, por isso, seja tão importante o cultivo do “ypê que flora ao pé da serra” para além “da sedução das falsas necessidades”. Um abraço solidário!!! Lenha Diógenes, abr2017
70- Que lindo!!!! Manuella Surette Perdigao, abr2017
71- Que música. Fernanda Beirão Olajfa, abr2017
72- Texto lindo! Bela homenagem a esse grande artista. Rilza Araripe, abr2017
73- Que texto amigoRicardo Kelmer! ❤ Hoje não é mesmo dia para tristezas e sim para lembrar do quão vivo Belchior está em nossos dias! #Belchiorvive ☝ ☝ Lílian Martins, abr2017
74- Peço licença pra compartilhar… Wilkie Martins, abr2017
75- Lindíssimas palavras para dizer um pouco do nosso maravilhoso poeta. Que tristeza a sua partida… Mas ele sempre estará no coração de quem sente a poesia rebelde… Jacqueline Aragão, abr2017
76- Muito me honra ser citado em texto tão verdadeiro e tão lindo. Alberto Perdigão, abr2017
77- Admito que chorei : Lindo! Lia Aderaldo Demétrio, abr2017
78- Essa é uma das músicas de minha preferência. Castelo Branco, abr2017
79- Meus sentimentos mais sinceros Angela Belchior! Sabemos que ele voltou p casa, fique em paz! Cristina Luz, abr2017
80- Grande lindo poeta! Del Montenegro, abr2017
81- Sempre são belas, amarei sempre. Nila Ramalho, abr2017
82- Lindo, amigo! ❤ Esther Alcântara, abr2017
83- Linda Homenagem! Homem Inteligente, músicas com as letras que falam com a alma. Maria Aparecida Brigido, abr2017
84- Lindo!! Soraya Leao Rangel, abr2017
85- Juro q lembrei de vc qdo vi essa notícia Ricardo Kelmer … linda homenagem ! Hilbana Aquino, abr2017
88- Que tecitura de palavras, amigo! Soa poesia. Sinonímia de Ypê… Partilhando. Marcos Melo Maracatu, abr2017
89- Bela verdade,belo texto Ricardo Kelmer,grato por me apresentar ypê que não existia para mim. Agora existe. Curto Belchior, estive com duas vezes. Inocêncio Melo, abr2017
90- Kelmer, seu livro está me fazendo companhia e ajudando a aceitar. Vivamos o agora. Braulio Tavares, abr2017
91- Que pena… Fiquei mais triste ainda com essa perda. Marcia Soares Fernandes, abr2017
92- Meio Alberto Caieiro, não? Brennand De Sousa Bandeira, abr2017
93- Querido Ricardo. Seu texto é mais que maravilhoso. Transcende tudo que sentimos. Marcia Soares Fernandes, abr2017
94- Vou compartilhar. Eglê Kohlrausch, abr2017
95- Lindo, Kelmer! Isabela Alvarenga Porto Lima, abr2017
96- Lindo mesmo!!!!! Andrea Bezerra Zokvic, abr2017
97- Larissa Luana Sergiana Nayara Marilia acho que precisamos conhecer melhor Belchior. Ravena Uchoa, abr2017
98- Sensacional a crônica sobre o dia que entendeu Belchior a partir do entendimento da letra de Ype. Sim, realmente…. Esse deve ter sido o último registro da compreensão necessária para ultrapassar o portal: “Não tenho sido, eu sou, não serei nem fui.”. Flávio Magalhães, Rio de Janeiro-RJ – jul2019
99- Que massa, tio. Belo texto. É isso. O Bel já sabia tudo e disse tudo. Ypê é muito foda. Eu ouvi hoje pela primeira vez. Aliás, o disco todo é muito bom! Levy Mota, Fortaleza-CE – out2019
100- Excelente!!! Igualmente a você foi também um amigo que me apresentou em 1976 o disco ALUCINAÇÃO. Fiquei sem entender a mensagem das canções, só tinha 13 anos de idade. Mas fui ouvindo naquele tempo quando tocava no rádio e passei a apreciar e depois fã. Até hoje e para sempre. Ediana Ferreira, Fortaleza-CE – mai2020
101- Emocionado, em prantos! Que delicadeza de post! De fato, Belchior simplesmente florou, nos deixando, no aroma sublime de sua vasta e profunda obra, rumos a seguir e caminhos a indicar. Valeu, Célio Feitosa, abraços e canções. Carlos Alberto Caetano Ribeiro, Belo Horizonte-MG – mai2020
102- E a dançarina de pedra que evolui. Pura poesia…! Expedito Alencar, Fortaleza-CE – mai2020
103- Uma belíssima homenagem. Campelo Neto, Pedro II-PI – mai2020
104- Eu tinha 16 anos em 1980, foi a primeira vez que ouvi Ypê, fiquei encantado sem saber exatamente o porque… Ao ler sua crônica, voltei aquela tarde de 40 anos atrás quando aquela canção/poesia me tocou tão profundamente. Voltando aos tempos de hoje, depois de ler sua crônica, o encantamento aumentou de uma forma melhor, mais completa, mais vívido. Obrigado por sua sensibilidade, vou mandar-lhe um e-mail, quero um exemplar físico do livro e se possível, autografado. Muito obrigado, por esta madrugada… Adrião Albuquerque, Recife-PE – mai2020
105- Vou pegar carona no texto e sensibilidade incrível de Ricardo Kelmer pra dizer algo dessa canção. Sempre que preciso, corro pra ouvi-la. E ela já tocou por aqui essa semana, nesse tempo estranho de recolhimento forçado. Ypê diz do mais sublime estágio da condição humana, a condição do compreender, finalmente, a filosofia da existência. Nela, Bel vai profundo no inconsciente e meu Deus, conseguiu essa proeza ainda aos 34 anos, a idade que tenho hoje!! Puxa! Pois bem. O recolhimento tem sido dolorido, tem exigido muito de mim, que olhe pra mim, que contemple o meu rio. Mas também têm sido de uma alquimia incrível! O recolhimento tem me dado o norte. Tem me ensinado sobre os meandros. Tem me dito que eu também sonho em ser ypê e que um dia, apenas floresça, revolucionariamente, apenso ao pé da serra. Ah!! Belchior, obrigada!!! E vou correndo ouvi-la! Aline Matias, Fortaleza-CE – mai2020
106- Bom dia!!! Não sei a razão de chegar a sua página. Fui conduzida pela música Ypê. Essa pérola. Li seu artigo e me senti perfeitamente representada em sua fala. Disse isso a um amigo outro dia: Como uma menina de 15 anos se encantou por aquele rapaz, latino americano? O que me dizia falas como ” E eu quero é que esse canto torto, feito faca, corte a carne de você. ” Não entendia nada, mas me parecia a melhor forma de canção. Contrária a meus amigos em uma cidade com 4000 habitantes, segui a vida amando Belchior. Como você, muito mais tarde, compreendi a mensagem. A ruptura com esses desejos que nos impedem de viver. Lendo seu artigo entendi que o despertar não é somente meu, ele será coletivo. Namastê. Marli Abduani, Piedade de Ponte Nova-MG – mar2021
Um conto inspirado na música de Belchior e no poema de Dante Alighieri
DIVINA COMÉDIA HUMANA Ou: O amor é uma coisa mais exótica que um conto em terza rima
. A sombria floresta de Beatriz anunciou-se naquela tarde de sábado, num ponto de ônibus do centro, após ela sair do culto na igreja. Anunciou-se nos olhos do atraente moço de porte atlético que lhe pediu informação. Com simpatia, ela lhe explicou que ônibus deveria tomar, e era o mesmo que ela tomaria, ora veja. E juntos sentaram, ele com sua mochila vermelha, ela com a bíblia ao colo, quase a mão dele em sua mão. Chamava-se Antonio, e Beatriz soube que estudava filosofia, mas gostava mesmo era de ser goleiro, e nos fins de semana jogava por times de bairro, e ela achou isso tão lindo… Ele desceu primeiro, mas antes do ônibus os separar, correu até embaixo da janela e a convidou, Vai me ver jogar amanhã, e ela seguiu o resto do percurso a conversar manhosa com as estrelas, enquanto em seu peito borbulhava a nascente do rio a que chamam os poetas perdição.
Eu te amo, eu te amo, ela disse e repetiu ao ouvido dele, sussurrando baixinho. Lá fora, a última estrela se despedia e o amanhecer clareava aos poucos a suíte do Dante motel. Eu te quero tanto, meu goleirão, ela murmurou, lembrando que horas antes o admirava embaixo das traves, e reparou que, dormindo, ele parecia um anjinho. Beatriz beijou-o nos olhos e agradeceu ao seu deus pela dádiva daquele amor imenso, que surgira num bobo encontro casual, e agora, um ano depois, a instalara definitivamente no céu. Então Antonio se aconchegou e Beatriz sentiu a urgência de seu desejo, e ela nem sabia mais quantas vezes nas últimas horas haviam se amado. Ele a beijou com ardência, depois a virou de costas para ele e aguardou que ela se preparasse, e ela, percebendo vazio o tubo de lubrificante, não teve dúvidas: Ah, vai sem gel.
Um dia Antonio sumiu, simplesmente sumiu, sem deixar um mísero bilhete, sem que houvesse discussão ou algo que pudesse deixá-lo bravo. Só pode ser uma brincadeira, ele sempre gostou de me pregar peças…, Beatriz disse para si mesma, sem encontrar explicação convincente. Mas as semanas se passaram e ele não voltou, e da vida fez-se o limbo, a angustiante espera da definição que não vinha, a existência uma peça suspensa em pleno ato. O que fazer com o amor que tanto dá sentido ao tempo, e depois, de uma hora para outra, parece que disso se arrepende? Era o que pensava quando, pesquisando os sites de futebol de bairro, soube que Antonio jogaria naquele tarde em outra cidade ‒ e para lá Beatriz se mandou. Torceu por ele o jogo inteiro, no alambrado encostadinha, engasgada num choro que ela segurou firme… até vê-lo tomar um gol no fim da partida, e foi exatamente aí que ela entendeu que estava tudo acabado, que a eternidade daquele amor se desmanchara no ar, feito uma estrela cadente.
Na floresta escura dos meses seguintes, sonhava à noite com Antonio, ele jogando e ela torcendo, mas ele sempre olhava para ela no momento errado e, angustiado, tomava o gol. Solidão e desamparo foram suas companhias inseparáveis, e nem as orações na igreja trouxeram luz aos subterrâneos do seu desgraçado ser. Então, na agência lotérica em que trabalhava, no nono subsolo do shopping, ah, e como combinavam com sua alma os subsolos, um dia o sol voltou. Uma antiga amiga de colégio, Carla o nome dela, após receber o troco da mega-sena, a reconheceu: Beatriz, é você? Daí, foi o chope após o expediente, as boas lembranças colegiais revividas com alegria, mais dois chopes, tantas coisas para contar, outro chope ‒ era a velha amizade que retornava. Um mês depois, quando Carla precisou dormir em seu apartamento, e a amizade já cedia espaço aos carinhos e estes à sedução, elas consumaram na cama, abençoadas pela noite estrelada, aquilo que em seus corpos ansiava por acontecer.
Ironias do destino: amigas de colégio, anos sem se ver, e agora lá estão elas tornadas outra vez adolescentes, peles coladas noite e dia, ternamente apaixonadas. Beatriz frita os bolinhos prediletos de Carla, que desenha corações coloridos no caderno de Beatriz, que, da janela do quarto, suspira feliz para as estrelas, recuperada de seu passado sofredor. Porém, naquela noite na igreja, o pastor bradou enfático: A mulher nasceu para o homem, e aquela que desobedece às leis divinas sucumbirá na condenação, para sempre amaldiçoada!!! Ela voltou para casa e buscou dormir, mas as leis divinas não permitiram, e foi assim que abandonou a igreja, trocando-a por outra que a aceitava, a ela e seu pecaminoso amor. E tudo se resolveu, mas só até o dia em que o fantasma do passado ressurgiu na tela do celular: era Antonio, que dizia ter errado, implorava por perdão e pedia encarecidamente um encontro. Assustada, Beatriz desligou, mas ele insistiu e ela teve de explicar que seu amor agora era de outra pessoa, e que ele a esquecesse, por favor.
Bastou aquele telefonema para castigar as certezas de Beatriz, substituindo a paz celestial que Carla trouxera aos seus dias por aquele pesadelo dos demônios. O amor que, ao custo de um mar de lágrimas ferventes, jurava haver esquecido, voltava para lembrá-la daquilo que tão bem ela sabia. Sim, apesar de tudo ainda amava Antonio, sim, e agora a profundidade desse amor vinha assombrá-la num íntimo e cruel confronto. Na semana seguinte, após acordar de uma noite em que não brilharam estrelas em seu céu, Beatriz foi até a cozinha, onde Carla preparava o café, respirou fundo e lhe pediu imensas desculpas por tê-la envolvido nos descaminhos de sua alma tresloucada, sua pobre alma que no amor parecia sofrer de disritmia. A cena é tão melancólica: Carla escutando a tudo em silêncio, e ao fim pegando suas coisas e indo embora, deixando no ar a pesada sombra das palavras que no peito preferiu calar. Na cozinha fica Beatriz, encostada à parede, massacrada pela tristeza de saber que fizera o que devia ser feito, enquanto na mesa o café esfria.
Nossa história bem que podia terminar aqui, com a mocinha, enfim purgada de seus pecados, vivendo com seu amado na bem-aventurança seculum seculorum ‒ mas, ai, ai, é justamente quando julgamos ter a gerência da vida que a própria vida trata de tudo bagunçar. Acertada outra vez com seu adorado goleiro, embalada novamente pela melodia das estrelas, Beatriz, surpresa, vê-se saudosa de tudo que tinha com Carla, e experimenta em si a estranha contradição de saber-se amada e amando, mas… incompleta. Antonio a abraça, compreensivo, e diz que em nenhum momento lhe exigiu exclusividade, e que se ela ainda ama a ex-namorada, ele perfeitamente entenderá. Mas se você me ama, como pode aceitar que eu ame também a outro alguém, perdeu o senso, foi?, ela pergunta, confusa, e ele explica o que aprendeu nos dias em que duelava no inferno contra sua própria possessividade: que só há salvação no amor que liberta. Naquela mesma noite, na igreja, ao ouvir o pastor pregar a fidelidade e a monogamia, Beatriz nem esperou pelo fim do sermão: ergueu-se decidida, pegou de volta o dízimo que deixara na caixinha, saiu e foi até a casa de Carla, e contou-lhe, emocionada, que havia finalmente se libertado e encontrado a iluminação de sua vida inteira. Bem, a história ainda deu umas boas voltas, é vero, mas para encurtar: Carla resistiu, resistiu, mas um dia também encontrou a luz, aleluia!, e semana passada, inclusive, aceitou ir com Beatriz ver Antonio jogar ‒ mas deu-se o direito de não aplaudir suas defesas, porque afinal ela ainda não está tão iluminada, tem que dar um tempo, né?
E assim vão os três, novos atores para essa velha comédia de sucesso chamada amor, onde ouvir as augustas estrelas não garante absolutamente nada, e, como bem nos ensina a terza rima, tudo é eterno enquanto não vem a palavra derradeira.
. Ricardo Kelmer 2016 – blogdokelmer.com
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SOBRE O CONTO – Foi com este conto que participei do livro Para Belchior com Amor (Miragem Editorial, 2016). A música que o inspirou, do mesmo nome, foi, por sua vez, inspirada no magistral poema Divina Comédia, de Dante Alighieri, um dos maiores clássicos da literatura ocidental, que Belchior pretendia traduzir para o português numa versão mais popular. Para criar meu conto, baseei-me na atmosfera dramática e na estrutura temática do poema (Inferno, Purgatório e Céu) e escrevi uma história que fala da salvação-condenação pelo amor, e suas complexidades e contradições, fazendo uso, assim como o poema, de palavras-chave como “estrela” e abusando de referências às duas obras. E como Divina Comédia foi escrito em terza rima, esse entrelaçado e dinâmico sistema rimático criado por Dante, impus-me o desafio de fazer o mesmo em meu conto. Cada parágrafo, com exceção do último, possui seis períodos, e as rimas ocorrem na última palavra de cada um deles. Ignoro se antes alguém já havia feito terza rima com prosa. Não foi fácil, mas gostei da experiência.
SOBRE A IMAGEM – A imagem que ilustra esta postagem é uma reprodução parcial do quadro Os Fantasmas de Paolo e Francesca Aparecem para Dante e Virgílio, de Ary Scheffer (1835). No poema Divina Comédia (Inferno, Canto V) Dante e Virgílio encontram num dos círculos do Inferno o casal Paolo e Francesca, condenados por seu amor adúltero. Francesca de Rimini e Paolo Malatesta viveram na Itália no sec. 13 e foram assassinados por Gianciotto Malatesta, marido de Francesca e irmão de Paolo, por eles terem se apaixonado um pelo outro.
O ANALISTA – Putz, há tanto o que dizer sobre a letra de Divina Comédia Humana… As referências ao poema de Dante Alighieri são várias, mas há mais coisas. O analista, por exemplo. Ele insiste em desqualificar as relações que não se enquadram nas sagradas regras do amor romântico tradicional. Para ele, a sensualidade e a paixão são negativas. O analista quer nos convencer de que o amor é uma coisa mais profunda que encontros casuais e transas sensuais, e que se não entendermos isso, viveremos insatisfeitos.
Se o analista está certo ou não, é algo a se discutir. Belchior, porém, rejeita ser conduzido por essa lógica racional que enquadra o amor. Ele prefere viver intensamente o que sente no momento, com ardência e paixão, com os céus e infernos inerentes, mesmo que seja breve, mesmo que não seja amor, ou mesmo que seja outro tipo de amor, pois sabe que tudo é transitório, inclusive o sagrado amor romântico tão defendido pelo analista. Belchior diz não às convenções dos sentimentos, ignora as racionalidades analíticas e dessacraliza o amor, e canta sua liberdade de amar ao seu modo profano.
Pensei em escrever para o livro Para Belchior com Amor uma análise dessa letra, mas meu lado ficcionista falou mais alto e achei mais interessante contar uma história, até porque eu queria também homenagear o poema de Dante. Mas que essa letra dá um bom estudo, ah, isso dá. E ainda há, no fim, a citação do poema Via Láctea, de Olavo Bilac.
DIVINA COMÉDIA HUMANA (Belchior)
Estava mais angustiado que um goleiro na hora do gol Quando você entrou em mim como o sol no quintal Aí um analista amigo meu Disse que desse jeito não vou ser feliz direito Porque o amor é uma coisa mais profunda Que um encontro casual Aí um analista amigo meu Disse que desse jeito não vou viver satisfeito Porque o amor é uma coisa mais profunda Que uma transa sensual
Deixando a profundidade de lado Eu quero é ficar colado à pele dela noite e dia Fazendo tudo, e de novo dizendo sim à paixão Morando na filosofia Eu quero gozar no seu céu Pode ser no seu inferno Viver a divina comédia humana onde nada é eterno
Ora, direis, ouvir estrelas, certo perdeste o senso E eu vos direi, no entanto: Enquanto houver espaço, corpo, tempo E algum modo de dizer não Eu canto
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DICAS
stelle.com.br – Site criado por Helder da Rocha com material sobre a Divina Comédia, inclusive o texto original e uma versão em prosa, em português, do poema.
Lançado em 2016, Para Belchior com Amor chega à sua terceira edição. Organizada por Ricardo Kelmer e Alan Mendonça, esta edição foi enriquecida com ilustrações e novos autores, com mais contos, crônicas e cartas inspirados em canções de Belchior. O livro traz 24 textos de 23 autores cearenses, e conta com a participação especial de Vannick Belchior, filha caçula do rapaz latino-americano de Sobral, que escreveu uma bela carta para seu pai. Em 2021, ela iniciou-se profissionalmente como cantora, interpretando o repertório de Belchior.
Literatura para celebrar um notável literato. Ele que soube, como poucos, harmonizar música e poesia, e que fez de sua obra e sua vida um intenso canto de amor, liberdade, questionamento e rebeldia. Salve Belchior!
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MAIS SOBRE BELCHIOR
O dia em que entendi Belchior (crônica) – Ele já não tinha metas, estava finalmente livre para deixar a roda-viva que nos entorpece diariamente com a sedução das falsas necessidades
Esses jovens que resgataram Belchior (crônica) – É um grito latino-americano que brota da dor das minorias e dos excluídos, de todos que não comungam com o deus mercado e vomitam a ração diária fornecida pela mídia poderosa
VENDAS Livrarias, Amazon ou direto com o autor (depósito bancário ou Pag Seguro: cartão e boleto). Impresso e eletrônico.
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Ricardo Kelmer 2016 – blogdokelmer.com
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COMENTÁRIOS .
01- Excelente! Revejo-me nessa Beatriz, nesse duelo entre a consciência moral cultivada e o chamado do outro lado do espelho, de dentro de si mesma, a ânsia de libertação, mas não o poder fazer. Precisou que Antônio a libertasse…. Ah, safado, e esqueceste-te de mandar o meu livro pelo Felipe! Susana X Mota, Leiria-Portugal – jan2017
02- Conto e livro sensacionais!!!! Caroline de Paula, Garanhuns-PE – jan2017
03- Brilhante, Ricardo Kelmer! Giba C. Carvalho, Recife-PE – jan2017
04- ele estava traduzindo.em 99 encontrei o Belchior no lançamento do CD auto Retrato e perguntei sobre a tradução ele respondeu.Por enquanto estou no inferno!..rsrs. F Moreno Set, São Paulo-SP – jan2017
05- Nao obstante, é meu conto predileto do livro! Ricardo, essa música, em especial, me marcou muito! E você a eternizou em forma literária de uma maneira magnífica. Como não admirar e ser grata? E desde a primeira vez que li, senti que era algo fundamentado e trabalhado. Esse post só só confirmou isso. Vc e Belchior: dois literatos admiráveis! Melissa Fernandes, Alfenas-MG – jan2017
06- li de novo. curti de novo. ❤ a vida traz destas bagunças malukas no meio de tantos presentes e tantas surras! né? é nosso brinde! kkkk bjs querido, volte logo pra fusta! (as cadeiras do serpentina não estão mais nem rosnando, o q dirá latindo!). Clarisse Ilgenfritz, Fortaleza-CE – jan2017
07- Caríssimo RK, fico muito feliz com o sucesso da iniciativa do livro e eventos em homenagem a Belchior. Alto nível e merecida recepção. A versão do dantesco monumento literário é realmente um desafio, mas a arte é uma experiência em diálogo no tempo e no espaço. Redobrados parabéns! Abraço do Leite Jr., Fortaleza-CE – fev2017
Um livro para celebrar a arte do genial bardo bigodudo
LANÇAMENTO: PARA BELCHIOR COM AMOR
. A arte de Belchior sempre me fascinou, desde a adolescência. Lembro que eu escutava Coração Selvagem nas rádios, por volta de 1979-80, e achava que aquela canção falava de mim. Hoje eu tenho certeza. Eu tinha apenas 15 anos, mas o blues de Belchior já reverberava em minha alma. Este livro, Para Belchior com Amor, é minha homenagem a ele, o genial bardo bigodudo de Sobral, que tanto enriqueceu minha vida com sua música e sua poesia, e que em 26.10.16 completará 70 anos.
Tive a ideia do livro em junho de 2016. Convidei treze autores e pedi que cada um escolhesse uma música de Belchior e, inspirado nela, escrevesse um conto, uma crônica ou uma carta. Todos os autores são cearenses, a maioria residente em Fortaleza, mas há os que moram em Sobral, São Paulo e Rio de Janeiro. Nossos textos exploram o universo da obra e da vida do ilustre conterrâneo, que marcou a música brasileira com seu talento e originalidade e também com sua surpreendente decisão de afastar-se da vida artística.
Estão presentes temas como o amor, a paixão, o sexo, a arte, a liberdade, a política, a solidão e a violência das cidades, a opressão do sistema sobre o indivíduo e o sentido da existência. Alguns textos mesclam fatos biográficos de Belchior com a vida dos próprios autores, enquanto outros exercitam possibilidades ficcionais com personagens inspirados em suas canções ou tendo o próprio homenageado como protagonista, levando o leitor a uma interessante imersão literária na vida e na obra do artista.
A música que inspirou meu texto foi Divina Comédia Humana. Criei um conto que fala da salvação pelo amor, mas o amor que liberta e não o amor pela posse do outro. Baseei-me na estrutura temática do poema Divina Comédia (Inferno, Purgatório e Céu), de Dante Alighieri, que também inspirou a canção de Belchior. Como o magistral poema de Dante foi escrito em terza rima, eu fiz o mesmo com meu conto, rimando os períodos no mesmo sistema entrelaçado e dinâmico criado por Dante. Será que alguém já havia feito isso com prosa? Não sei. Foi um grande desafio, mas gostei.
Para lançar o livro, criei o projeto Belchior Sete Zero, e chamei meus amigos Marta Pinheiro e Rogers Tabosa para tocar comigo a produção dos eventos. O projeto une literatura, música e teatro para celebrar a arte de Belchior, e acontecerá a partir de out2016 em Fortaleza e outras cidades. A agenda de eventos está na página oficial do projeto, no Facebook.
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Escritor, ateu, socialista, antifascista. Amante da arte, devoto do feminino, ébrio de blues. Fortaleza Esporte Clube. Simpatizo Amor de Bar. Fortaleza-CE.
VIAJANDO NA MAIONESE ASTRAL
Um grupo de amigos que viveu na Dinamarca do sec. 14 se reencontra no sec. 20 no Brasil para salvar o mundo de malignas entidades do além. Resumo de filme? Não, aconteceu com o autor. Líder desse grupo aloprado, Kelmer largou uma banda de rock e lançou-se como escritor com um livro espiritualista de sucesso, que depois renegou: Quem Apagou a Luz? – Certas coisas que você deve saber sobre a morte para não dar vexame do lado de lá. As pitorescas histórias desse grupo são contadas com bom humor, entre reflexões sobre carreira literária, amores, sexo, crises existenciais, prostituição e drogas ilegais. Kelmer conta também sobre sua relação com o feminino, o xamanismo, a filosofia taoista e a psicologia junguiana e narra sua transformação de líder de jovens católicos em falso guru da nova era e, por fim, em ateu combatente do fanatismo religioso e militante antifascista.
PENSÃO DAS CRÔNICAS DADIVOSAS
Nesta seleção de textos, escritos entre 2007 e 2017, Ricardo Kelmer exercita seu ofício de cronista das coisas do mundo, ora com seu humor debochado, ora com sobriedade e apreensão, para comentar arte, literatura, comportamento, sexo, política, religião, ateísmo, futebol, gatos e, como não poderia deixar de ser, o feminino, essa grande paixão do autor, presente em boa parte desta obra.
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INDECÊNCIAS PARA O FIM DE TARDE
Contos eróticos. As indecências destas histórias querem isso mesmo: lambuzar, agredir, provocar e surpreender a sua imaginação.
Agenda
jul22 – Região do Cariri (CE)
Lançamento do livro Para Belchior com Amor, 3a edição (Assaré, Crato, Juazeiro do Norte, Nova Olinda e Campos Sales)
ago a dez22 – Várias cidades
Lançamento do livro Para Belchior com Amor, 3a edição (Fortaleza e outras cidades)
O IRRESISTÍVEL CHARME DA INSANIDADE
Romance. Dois casais, nos séculos 16 e 21, vivem duas ardentes e misteriosas histórias de amor, e suas vidas se cruzam através dos tempos em momentos decisivos. Ou será o mesmo casal?
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GUIA DE SOBREVIVÊNCIA PARA O FIM DOS TEMPOS
Contos. O que fazer quando de repente o inexplicável invade nossa realidade e velhas verdades se tornam inúteis? Para onde ir quando o mundo acaba?
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PARA BELCHIOR COM AMOR
Organizada pelos escritores Ricardo Kelmer e Alan Mendonça, esta terceira edição foi enriquecida com ilustrações e novos autores, com mais contos, crônicas e cartas inspirados em canções de Belchior. O livro traz 24 textos de 23 autores cearenses, e conta com a participação especial da cantora Vannick Belchior, filha caçula do rapaz latino-americano de Sobral, que escreveu uma bela carta para seu pai.
Usando a mitologia e a psicologia do inconsciente numa linguagem descontraída, Kelmer nos revela a estrutura mitológica do enredo do filme Matrix, mostrando-o como uma reedição moderna do antigo mito da jornada do herói, e o compara ao processo individual de autorrealização, do qual fazem parte as crises do despertar, o autoconhecer-se, os conflitos internos, as autossabotagens, a experiência do amor, a morte e o renascer.
Ciganas, lolitas, santas, prostitutas, espiãs, sacerdotisas pagãs, entidades do além, mulheres selvagens... Em cada um dos 36 contos e crônicas deste livro, encontramos o brilho numinoso dos arquétipos femininos que fazem da mulher um ícone eterno de beleza, sensualidade, mistério… e inspiração.
Os pais que decidem fumar um com o filho, ETs preocupados com a maconha terráquea, a loja que vende as mais loucas ideias… RK reuniu em dez contos alguns dos aspectos mais engraçados e pitorescos do universo dos usuários de maconha, a planta mais polêmica do planeta. Inclui glossário de termos e expressões canábicos. O Ministério da Saúde adverte: o consumo exagerado deste livro após o almoço dá um bode desgraçado…