As Preciosas do Kelmer – dez2015

31/12/2015

31dez2015

AsPreciosasDoKelmer201512

As Preciosas do Kelmer é uma revista que criei no Facebook. Ela é feita de dicas e comentários sobre variados assuntos. A periodicidade é mensal, funciona por meio de uma única postagem que abasteço com subpostagens e os leitores podem comentar a qualquer momento e até sugerir assuntos. Por seu caráter dinâmico e interativo e por construir-se a cada dia, eu diria que é uma revista orgânica. A capa da revista é a própria imagem da postagem, que sempre trará imagens femininas.

Meu objetivo com As Preciosas é dar vazão à minha necessidade de comentar fatos do cotidiano. Pra mim o Facebook é ideal pra isso. Aqui no blog postarei a edição do mês e a atualizarei a partir das atualizações no Facebook, sempre com imagens. Espero que você goste.

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AsPreciosasDoKelmer201512AS PRECIOSAS DO KELMER

Dicas e pitacos para o mês
#39, dez2015
> Esta edição no Facebook

Capa do mês:  Simone de Beauvoir (1908-1986), foi uma escritora, intelectual, filósofa existencialista, ativista política, feminista e teórica social francesa.

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*** VIRADA OCUPAÇÃO

Escritores, artistas e agitadores culturais se unem para fazer a Virada Ocupação nas escolas.
A Rede Minha Sampa, que congrega ativistas interessados em apoiar causas que transformem a realidade da cidade de São Paulo, está convocando artistas e voluntários para realizar a Virada Ocupação, um evento artístico em apoio à resistência dos estudantes contra a “reorganização” escolar elaborada pelo governador Geraldo Alckmin. O evento ocorrerá domingo e segunda-feira (6 e 7 de dezembro) em diversas escolas ocupadas da cidade e contará com shows musicais, peças de teatro, saraus e apresentações de dança e circo. > Mais

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*** COISAS QUE FAZEM SENTIDO PARA SEU GATO, MAS NÃO PRA VOCÊ

De repente seu gato sai correndo pela casa, todo destrambelhado, batendo nas coisas. O que deu nele? > Mais

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*** A CARTINHA DE MICHEL TEMER

Sabe aquelas cartinhas ridículas que ex-namorados costumam enviar após o fim do namoro, cheias de ressentimentos e dramas, explicações e mimimis? Pois foi assim a cartinha de Michel Temer para Dilma. Seguramente, esta carta será lembrada como um dos episódios mais bisonhos e vergonhosos da cena política atual. Podemos resumi-la assim: vice-presidente escreve para a presidenta do país, queixando-se de ser mera peça decorativa, mas, nas entrelinhas, deixa claro que conspira contra ela e sonha tomar seu lugar. Ciro Gomes estava certo: Michel Temer é o capitão do golpe.

O humorista Gustavo Mendes, que faz uma impagável imitação de Dilma, gravou um vídeo no qual ela responde à cartinha de Michel. Mais preciso, impossível.

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*** MARCELINHO LÊ A CARTA DE MICHEL TEMER

Certamente você já leu ou ouviu falar da cartinha que o vice-presidente Michel Temer escreveu para a presidenta Dilma, pois ela virou piada na internet. Porém, se você não leu a cartinha, pode ouvi-la na divertida leitura de Marcelinho, aquele boneco que lê contos eróticos. Acesse e divirta-se.

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*** EQUIDADE SOCIAL É ISSO

“Em 13 anos de PT no poder, o Brasil distribuiu sua renda como em nenhum período da história registrada pelo IBGE. Todos ganharam. Quanto mais pobre, melhor a evolução. Foram 129% de aumento real (acima da inflação) na renda dos 10% mais pobres. Nos 10% mais ricos, 32%.”

Quem disse isso foi a Folha de São Paulo, numa matéria deste domingo. Priorizar os que têm mais necessidade: isso se chama equidade social. E isso nunca foi realmente feito nos governos anteriores a 2002. A desigualdade social sempre foi nosso maior problema, e ela diminuiu bastante com os governos petistas.

Nossos outros grandes problemas são a corrupção e a impunidade, que vêm de longos tempos. > Mais

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*** A HONRA MASCULINA E O CORPO DA MULHER

“Meu corpo me pertence; não é a fonte de honra de ninguém”. Amina escreveu esta frase em seu tórax e fez uma foto, segurando um livro numa mão e um cigarro na outra, os seios totalmente à vista. Lábios com batom vermelho e olhos com delineadores. Isso aconteceu em 2013, na Tunísia, e Amina tinha 18 anos de idade. A foto se espalhou pela internet e provocou reações extremas, de apoio e de protestos raivosos, inclusive ameaças de morte. A mãe de Amina contratou um exorcista para tirar o demônio da garota, mas parece que não funcionou, pois ela voltou a fazer protestos e foi presa. Depois foi morar na França, concluiu o ensino médio, lançou um livro e, dois anos após o episódio inicial, voltou para seu país e criou uma revista de ideologia feminista.

Quando o feminino fica endemoniado, é mais fácil segurar o próprio Diabo. > Mais

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*** EX-PASTOR QUE CURAVA HOMOSSEXUAIS HOJE É GAY ASSUMIDO

A história de Sergio Viula é interessante e nos ensina muito sobre como funcionam essas técnicas religiosas de “cura gay”. > Mais

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*** NATAL COM BOM HUMOR
O grupo Porta dos Fundos e seu especial de Natal. Bom demais!

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*** FLORBELA ESPANCA

Florbela Espanca (Vila Viçosa, 8 de dezembro de 1894 – Matosinhos, 8 de dezembro de 1930), batizada como Flor Bela Lobo, e que opta por se autonomear Florbela d’Alma da Conceição Espanca, foi uma poeta portuguesa. A sua vida, de apenas trinta e seis anos, foi plena, embora tumultuosa, inquieta e cheia de sofrimentos íntimos que a autora soube transformar em poesia da mais alta qualidade, carregada de erotização, feminilidade e panteísmo. Tem uma biblioteca com o seu nome em Matosinhos e um cine-teatro em Vila Viçosa. > Mais

Sua arte está representada na música brasileira pela canção Fanatismo (1981), sobre poema homônimo de Florbela.

FANATISMO

Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver
Não és sequer a razão do meu viver
pois que tu és já toda minha vida

Não vejo nada assim enlouquecida…
Passo no mundo, meu amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história, tantas vezes lida!

“Tudo no mundo é frágil, tudo passa…”
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina, fala em mim!
E, olhos postos em ti, digo de rastros:
“Ah! podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como um deus: princípio e fim!…

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AsPreciosasDoKelmer201512AS PRECIOSAS DO KELMER

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#TamoJuntoChico

26/12/2015

27dez2015

Hostilizar e xingar pessoas, como fizeram com Chico, apenas por elas pensarem diferente, é típico de mentalidades fascistas

TamoJuntoChico-01a

#TAMOJUNTOCHICO

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Daqui de Braga, Portugal, sob o Arco da Porta Nova, junto-me aos brasileiros indignados com a violência sofrida por Chico Buarque por três pleimobils de direita. Hostilizar e xingar pessoas, como fizeram com Chico e estão fazendo com muitas outras pessoas, apenas por elas pensarem diferente, é típico de mentalidades fascistas.

Neste momento escuto Tanto Mar, que Chico compôs em homenagem à Revolução dos Cravos, ocorrida em Portugal em 1975 e que derrubou a ditadura fascista. As imagens do 25 de Abril, quando as tropas revoltosas tomaram as ruas do país e a população as recebeu com alegria, depositando cravos nos canos dos rifles dos soldados, hoje são poéticas lembranças de um momento decisivo da história de Portugal. Infelizmente, muitos dos ideais socialistas da Revolução perderam-se pelo caminho, mas ela serviu de inspiração para nós brasileiros prosseguirmos em nossa própria luta contra o regime militar instaurado em 1964.

Veja um vídeo onde Chico fala sobre a música, e por que ele teve de alterar a letra, criando uma versão atualizada em 1978. Ainda hoje, em Portugal, esta canção de Chico é tocada e saudada, e ficou como um belo e legítimo registro musical do 25 de Abril.

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Ricardo Kelmer 2015 – blogdokelmer.com

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TANTO MAR 1ª e 2ª versão + entrevista com Chico Buarque

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> PLEIMOBILS – Saiba quem são os pleimobils que hostilizaram e xingaram Chico Buarque.
Álvaro Garnero Filho (Garnerinho)
Guilherme Junqueira Motta
Túlio Dek

Chico Buarque na Wikipedia

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AMerdaDeSerChicoBuarque-01

A MERDA DE SER CHICO BUARQUE

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Numa noite de dezembro de 2015, enquanto passeava com amigos, Chico Buarque foi abordado por três homens, que o hostilizaram e o xingaram de “merda”, entre outras indelicadezas. Os tais homens são playboys assumidos (veja seus perfils nas redes) e as famílias de ao menos dois deles têm histórico de sérios problemas com a Justiça. Eles fizeram isso porque Chico é um esquerdista declarado e defende o governo petista contra os interesses golpistas da direita. É claro que todos têm o direito de discordar de todos, mas infelizmente tem acontecido frequentemente de pessoas serem hostilizadas, xingadas, ameaçadas e agredidas tão-somente porque são petistas ou apoiam o governo. Isso é típico de mentalidades fascistas.

Mas, por que o episódio com Chico Buarque ganhou tanta repercussão? Um dos motivos é porque ele representa, com altíssima qualidade, a cultura brasileira (mas há quem discorde disso), e seu trabalho de músico, dramaturgo e escritor é reconhecido em muitos países. Um segundo motivo é que a esquerda jamais deixaria passar batido esse episódio, e é óbvio que o está usando politicamente, com todo o direito. Se Lobão ou Alexandre Frota, representantes dos artistas pró-impeachment, fossem hostilizados e xingados por conta de suas posições políticas, os antipetistas provavelmente os defenderiam, e estariam certos em fazê-lo.

Mas há um terceiro motivo, talvez o mais importante. Os três pleimobils que hostilizaram Chico são a cara da elite econômica que durante quinhentos anos governou este país, promovendo a desigualdade social e a corrupção. Sim, havia muita corrupção antes dos governos petistas, sempre houve ‒ o que não havia era fiscalização suficiente e nem punição, e a grande mídia fazia vista grossa. Essa elite não se conforma com quatro governos de esquerda seguidos, tem pavor de políticas de inclusão social e redistribuição de renda, e joga lado a lado com a grande mídia ‒ todos eles precisam de governantes comprometidos com os grandes interesses capitalistas para poder manter seus privilégios. Nesse sentido, a hostilização contra Chico, cuja arte estampa também sua preocupação com a justiça social, ganha uma imensa força simbólica, capaz de mobilizar muita gente, que é o que agora está acontecendo em todo o país.

(Ricardo Kelmer)

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Sugestões de sites para o cidadão informar-se além do que diz a grande mídia:

Observatório da Imprensa – Congresso em Foco – Jornalistas Livres
Diário do Centro do Mundo – Revista Fórum – El Pais Brasil
Jornal GGN – Carta Capital – Caros Amigos – Vi o Mundo
Conversa Afiada

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SAIBA MAIS

Regulação da mídia não é censura – Por Pedro Ekman e Bia Barbosa, 03.06.14

Mudanças aceleram regulamentação da mídia no mundo – Reportagem do Opera Mundi, 2010

Por que a dívida da Globo não é manchete de jornal? – Por Bruno Marinoni, 31.07.14

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LEIA NESTE BLOG

DemocraciaERegualacaoDaMidia-02Democracia e regulação da mídia – A informação é um produto, e o mercado da informação precisa de regras, caso contrário o grupo que tem mais dinheiro monopolizará a informação, para prejuízo da sociedade em geral

WikiLeaks e o nascimento da cidadania global – Quanto mais as pessoas se conectam à internet, mais elas se entendem como participantes ativos dos destinos do mundo e não apenas de seu país

Acabou a paciência – O povo está enfim deixando de ser tão conformista e alcançando um novo nível de conscientização política. É gol do Brasil

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COMENTÁRIOS
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01- Manda Braga aí, véi. Kelsen Bravos, Fortaleza-CE – dez2015

02- Abraço, querido!..tamojunto. Shirlene Holanda, São Paulo-SP – dez2015

03- Valeu, Ricardo! Obrigado pela lembrança e pelas referências. Chico é tudo, não tem pleimobil que apague isso. Abração. Jose Eduardo Menescal Saraiva, Rio de Janeiro-RJ – dez2015

04- Boa ! Márcio Caetano, Fortaleza-CE – dez2015

05- Tim-tim, pá!… Silvia Maria Ribeiro, São Paulo-SP – dez2015

06- Feliz Ano Novo entre o Papa Francisco e o Chico Buarque de Holanda iluminando amanhã!!!! Jorge Nascimento, Pernambuco-dez2015

07- Tamojunto ! Celso Litti, Rio de Janeiro-RJ – dez2015

08- #RolezinhoContraOódio. João Aguilar, Mogi das Cruzes-SP – dez2015

09-  Me lembrou, o, pá: « Oh, musa do meu fado / Oh, minha mãe gentil / Te deixo consternado / No primeiro abril / Mas não sê tão ingrata / » https://www.youtube.com/watch?v=VHQFmBrjLCM Willian Wagner Lautenschläger, Mogi das Cruzes-SP – dez2015

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#NaoVaiTerGolpe

16/12/2015

16dez2015

As disputas políticas devem sempre ser feitas dentro da normalidade democrática, e não no jogo sujo das manobras conspiradoras

RK201512NaoVaiTerGolpe-01b

#NAOVAITERGOLPE

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Tenho minhas críticas ao governo, sim, mas não posso aceitar a tentativa de golpe forjada pela oposição de direita. As disputas políticas devem ser feitas sempre dentro da normalidade democrática, e não no jogo sujo das manobras conspiradoras, que se aproveitam das imperfeições da democracia para traí-la. Isso não é golpe militar, mas também é golpe, com maquiagem democrática.

Se eu estivesse no Brasil neste 16dez, engrossaria o coro das ruas pelo #NaoVaiTerGolpe e #ForaCunha. Como neste momento estou em Braga, Portugal, envio daqui do além mar minha contribuição à luta pela democracia, que nosso povo conquistou a base de tanto sangue e torturas, e que precisa ser reconquistada sempre, a cada amanhecer, com vigilância e disposição, para defendê-la sempre que ela nos chamar.

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Ricardo Kelmer 2015 – blogdokelmer.com

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Andarilho

10/12/2015

10dez2015

Andarilho-04a

ANDARILHO

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Eu sempre fui andarilho
Mas é assim que prefiro
Viver desse vento que eu sou
Tanto tempo que deixei a trilha
Que hoje nem a minha mochila
Sabe mais para onde vou

Todo dia quando acordo
Sopro no ar a minha sorte
E ganho tudo que preciso ter
O que não preciso, que o vento leve
Porque nunca se perde
Quem não tem o que perder

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(Para o poeta Mário Gomes, 1947-2014)

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Ricardo Kelmer 2014 – blogdokelmer.com

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> Mais poemas e músicas

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LEIA NESTE BLOG

MarioGomesOPoetaViraLata-03a

Mário Gomes, o poeta viralata – Era com suas errâncias quixotescas e os versos obscenos que o povo se encantava, ele lá, de paletó sem gravata, camarada e bonachão

É a Tao coisa – Uma maneira intuitiva de compreender a realidade através da harmonia com o Tao

Rumo à estação simplicidade – Jurei me manter sempre no caminho, sem pesos nem apegos excessivos, pronto para pegar a estrada no momento em que a vida assim quisesse

O sonho do verdadeiro eu – Entretanto, algo me dizia que na pauliceia eu poderia viver minha vida mais verdadeira, era só insistir

Espirros e roteiros – Se antes eu tinha insônia por me preocupar demais em descobrir o que precisava fazer, hoje me delicio em abrir a janela dos quartos dos hotéis, molhar a ponta do dedo e botar no vento

O dia em que o chinlone me pegou – A arte zen de sair por aí à toa e encontrar o que se precisa

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01- Torcendo por vc. Iris Medeiros, Campina Grande-PB – dez2015

02- lindo poema, muito sucesso pra vc Rica. Moacir Bedê, Fortaleza-CE – dez2015

03- meu amigo sempre admirável! torço muuui-to! Shirlene Holanda, São Paulo-SP – dez2015

04- Sucesso. Janaina Torres, Fortaleza-CE – dez2015

05- Cest la vie, meu escritor favorito Ricardo Kelmer… sucesso sempre… Teo Lorent, São Paulo-SP – dez2015

06- “Not all those who wander are lost…” Ana Claudia Domene Ortiz, Albuquerque-EUA – dez2015

07- Vontade de ser assim às vezes. Fellipe Defall, São Paulo-SP – dez2015

08- Exatamenteeee!!!🎂🎂🎂🎂Assino embaixo! Ilana Dubiela Laninha, Fortaleza, out2019

09- Linda a poesia!!! Patrícia Hakkak, São Paulo-SP – out2019

10- que as trilhas se abram sempre com o sopro do vento. Lucirene Façanha, Fortaleza-CE – out2019

11- que o vento siga te levando aos lugares aonde seu verbo se espalhe, e você siga leve, divertido.. Vera Helena Sanchis Alberich Guarani-Caiowá, São Paulo-SP – out2019

12- Parabéns, Andarilho, que o vento só te leve para lugares lindos. Luciana Brasileiro de Holanda, Campina Grande-PB – out2019

13- Que o vento siga te levando sempre a lindas e divertidas descobertas.. Carla Falcão Bouth, São Paulo-SP – out2019

14- Lindo…você e o poema… Dalila Tiago, Rio de Janeiro-RJ – out2019

15- Excelente texto ! Carlos Horácio Camurça, Lisboa-Portugal – out2019

16- Poema delicioso! Tetê Du Monte, Fortaleza-CE – out2019

17- muito massa, ,Kelmer, vida longa aos andarilhos e vagabundos sábios da arte de viver. Marcelino Pequeno, Fortaleza-CE – out2019

18- Parabéns, grande Ricardo Kelmer! Esse poema lindo é mesmo a sua cara. Zélia Sales, Fortaleza-CE – out2019

19- Tua cara amigo! Te adoro viu! Felicidades! Evelane Marques Ribeiro, Fortaleza-CE – out2019 

20-  ”…O q não preciso q o vento leve pq nunca se perde quem não tem nada a perder…” arrasou muita saúde. Tania Castro Sales, Fortaleza-CE – out2019 

21-

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A pequena notável da prostituição

05/12/2015

05dez2015

Bela, graciosa e muito espontânea, a anã Dafne faz a gente rir gostoso

DafneAnazinha-302

A PEQUENA NOTÁVEL DA PROSTITUIÇÃO

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Dafne Anãzinha tem 25 anos, é uma menina bonita e graciosa, mora em Curitiba e divide seu tempo entre as aulas do curso de Direito e os programas sexuais que faz com seus clientes. Até aí nenhuma novidade, pois é comum jovens universitárias recorrerem à prostituição para custear seus estudos. O diferencial de Dafne, além de ser anã (ele tem 1.30m de altura), é o seu jeitinho adolescente de lidar com isso, numa deliciosa mistura de bom humor, espontaneidade e brejeirice. E muita coragem, claro.

Em setembro de 2015 ela começou a publicar vídeos no You Tube, onde fala sobre seu trabalho e conta detalhes de seus programas, com uma naturalidade que chama a atenção. Isso a tornou uma celebridade da internet. A clientela aumentou e o cachê subiu. Rapidamente vieram entrevistas para jornais e, agora, os programas de tevê.

Detalhe interessante: Dafne era virgem até os 22 anos, e passou a prostituir-se aos 24. “Se você já está transando de graça com todo mundo agora, é melhor ganhar dinheiro com isso” ‒ foi o que ela ouviu de sua mãe, ao revelar que começaria a se prostituir para poder pagar a faculdade. Dafne tem duas irmãs e um irmão (ela é a única anã), e, segundo ela, seus pais se preocupam mas não a recriminam por ser prostituta.

Dafne explica que, por conta de sua constituição física, dificilmente aguenta mais de um programa por dia. Para ela, os caras mais velhos são os melhores clientes, e alguns homens vêm de outras cidades especialmente para conhecê-la. De um fazendeiro, uma vez ganhou brócolis, couve-flor, morango e feijão, o que fez sua mãe dar pulos de alegria.

Vi os vídeos de Dafne e adorei. Gravados no ambiente simples de seu quarto, os vídeos não têm edição, e por isso às vezes Dafne interrompe sua fala para gritar para a mãe que não quer ver a novela, ou reclama com Bolota, sua poodle, que teima em lamber-lhe a perna. Ao fundo, ouve-se o celular tocando, o aviso de vírus do computador, o zap-zap chamando, e Dafne lá, explicando como gosta de gozar sentada por cima, ou como tem um fraco por caras carecas e grisalhos, ou ainda como um dia saiu correndo para atender um cliente e esqueceu de tirar a toalha da cabeça.

Dafne talvez se torne advogada e siga carreira no Direito, ou talvez continue na prostituição por mais alguns anos ‒ ela por enquanto está na dúvida. Bem, eu particularmente não conheço o talento dela para esses dois ofícios, mas pelo que vi nos vídeos, acho que é especialmente na tela, falando com as pessoas, no seu jeitinho lolita de ser, que realmente se revela seu talento de seduzir e entreter, e também ensinar, e até contribuir para diminuir o estigma que pesa sobre o ofício da prostituição. Estamos diante de uma futura apresentadora de programa erótico? Não. Futura, não. Ela já é, mas talvez ainda não saiba.

Selecionei um dos vídeos de Dafne, em que ela comenta sobre como está lidando com a fama, além de falar sobre alguns programas e também sobre o tamanho do pau no sexo anal. Divirta-se.

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Ricardo Kelmer 2015 – blogdokelmer.com

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DAFNE ANÃZINHA
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MAIS SOBRE SEXUALIDADE FEMININA

AProstituicaoNaSalaDeEstar-02aA prostituição na sala de estar – Quem resiste ao fetiche de acompanhar o cotidiano de uma lolita que vende sexo?

O mistério da cearense pornô da California – Uma artista linda e gostosa, intelectual e transgressora, que adora perversões e, entre uma e outra orgia, luta pela liberação feminina

As fogueiras de Beltane – A sexualidade sem culpa de uma sacerdotisa pagã

A noiva lésbica de Cristo – Se hoje a sexualidade feminina ainda apavora a mentalidade cristã, no século 17 ela era algo absolutamente demoníaco

O íncubo – Íncubos eram demônios que invadiam o sono das mulheres para copular com elas – uma difundida crença medieval. Mas… e se ainda existirem?

Lolita, Lolita – Ela é uma garotinha encantadora. E eu poderia ser seu pai. Mas não sou

A torta de chocolate – Sexo e chocolate. Para muita gente as duas coisas têm tudo a ver. Para Celina era bem mais que isso…

A entrega – Memórias eróticas (Toni Bentley, Editora Objetiva/2005) – A ex-bailarina filosofa sobre sua profunda experiência de amor e submissão através do sexo anal

Vocês Terráqueas – Seduções e perdições do feminino – Livro de contos e crônicas sobre a mulher

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DICA DE LIVRO

IFTCapa-04aIndecências para o fim de tarde
Ricardo Kelmer – Contos eróticos

Uma advogada que adora fazer sexo por dinheiro… Um ser misterioso e sensual que invade o sono das mulheres… Os fetiches de um casal e sua devotada e canina escrava sexual… Uma sacerdotisa pagã e seu cavaleiro num ritual de fertilidade na floresta… A adolescente que consegue um encontro especial com seu ídolo maior, o próprio pai… Seja provocando risos e reflexões, chocando nossa moralidade ou instigando nossas fantasias, inclusive as que nem sabíamos possuir, as indecências destes 23 contos querem isso mesmo: lambuzar, agredir, provocar e surpreender a sua imaginação.

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As Preciosas do Kelmer – nov2015

30/11/2015

30nov2015

AsPreciosasDoKelmer201511
As Preciosas do Kelmer é uma revista que criei no Facebook. Ela é feita de dicas e comentários sobre variados assuntos. A periodicidade é mensal, funciona por meio de uma única postagem que abasteço com subpostagens e os leitores podem comentar a qualquer momento e até sugerir assuntos. Por seu caráter dinâmico e interativo e por construir-se a cada dia, eu diria que é uma revista orgânica. A capa da revista é a própria imagem da postagem, que sempre trará imagens femininas.

Meu objetivo com As Preciosas é dar vazão à minha necessidade de comentar fatos do cotidiano. Pra mim o Facebook é ideal pra isso. Aqui no blog postarei a edição do mês e a atualizarei a partir das atualizações no Facebook, sempre com imagens. Espero que você goste.

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AsPreciosasDoKelmer201511AS PRECIOSAS DO KELMER
Dicas e pitacos para o mês
#38, nov2015
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Capa do mês:  Simone de Beauvoir (1908-1986), foi uma escritora, intelectual, filósofa existencialista, ativista política, feminista e teórica social francesa.

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*** CUIDADO COM AGRESSÕES PELA INTERNET (1)

Em abril de 2013, Márcio Gleyson Damasceno comentou numa postagem no Facebook, a respeito do deputado federal Jean Wyllys: “Eu falei do deputado federal Endemoniado Jean. Se Deus não matar esse infeliz, eu mesmo vou matá-lo pessoalmente. Querem respeito desrespeitando as leis de Deus, e os princípios da Bíblia Sagrada. Mas rapaz, quem vai virar homofóbico agora sou eu.” Devido aos insultos, a 2ª Vara Federal de Natal enquadrou Damasceno nos artigos 139 e 140 do Código Penal, que dispõem sobre os crimes contra a honra. Ele terá de cumprir sete horas semanais de serviços comunitários durante oito meses na entidade Sociedade Viva, que assiste homossexuais em situações de vulnerabilidade no interior do Rio Grande do Norte.

Em sua página oficial do Facebook, Jean Wyllys comemorou a decisão. “Não acredito que a gente vá erradicar o preconceito mandando pessoas para a cadeia”, escreveu o deputado. “Quem ofende, xinga, reproduz preconceitos ou comete outro tipo de formas de discriminação que não incluam violência física — ou, como aconteceu neste caso, faz ameaças numa rede social que não passam de um ato de idiotice do qual logo se arrependem — pode receber penas alternativas que, em vez de trancafiá-lo num presídio e embrutecê-lo ainda mais (porque nosso sistema prisional dista de ser humanizado, infelizmente), o ajudem a aprender, a entender, a melhorar.”

Parabéns a Jean Wyllys. Calar-se diante de agressões como essas é incentivar que elas continuem acontecendo. > Mais

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*** CUIDADO COM AGRESSÕES NA INTERNET (2)

No fim de semana passado, a atriz Taís Araújo recebeu vários comentários injuriosos e racistas em seus perfiis de redes sociais. Ela prestou depoimento na Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática e agora a Polícia Civil quebrará o sigilo de cerca de 30 perfis de usuários de redes sociais suspeitos de conexão com os comentários racistas. Segundo os investigadores, os perfis são de usuários que moram no Rio e em São Paulo. A Polícia Civil diz que, mesmo que os perfis responsáveis pelas ofensas tenham sido apagados, eles serão encontrados. A pena por injúria racial pela internet pode chegar a quatro anos de detenção, mas em caso de formação de quadrilha, a pena pode chegar a oito anos.

Mandou bem, Taís. Racismo é crime. E quem sofre esse tipo de crime, precisa denunciar, caso contrário o racismo e as agressões prosseguirão se alimentando da própria impunidade. > Mais

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*** A PEQUENA NOTÁVEL DA PROSTITUIÇÃO

Dafne Anãzinha tem 25 anos, é uma menina bonita e graciosa, mora em Curitiba e divide seu tempo entre as aulas do curso de Direito e os programas sexuais que faz com seus clientes. Até aí nenhuma novidade, pois é comum jovens universitárias recorrerem à prostituição para custear seus estudos. O diferencial de Dafne, além de ser anã (ele tem 1.30m de altura), é o seu jeitinho adolescente de lidar com isso, numa deliciosa mistura de bom humor, espontaneidade e brejeirice. E muita coragem, claro.

Em setembro de 2015 ela começou a publicar vídeos no You Tube, onde fala sobre seu trabalho e conta detalhes de seus programas, com uma naturalidade que chama a atenção. Isso a tornou uma celebridade da internet. A clientela aumentou e o cachê subiu. Rapidamente vieram entrevistas para jornais e, agora, os programas de tevê.

Detalhe interessante: Dafne era virgem até os 22 anos, e passou a prostituir-se aos 24. “Se você já está transando de graça com todo mundo agora, é melhor ganhar dinheiro com isso” – foi o que ela ouviu de sua mãe, ao revelar que começaria a se prostituir para poder pagar a faculdade. Dafne tem duas irmãs e um irmão (ela é a única anã), e, segundo ela, seus pais se preocupam mas não a recriminam por ser prostituta.

Dafne explica que, por conta de sua constituição física, dificilmente aguenta mais de um programa por dia. Para ela, os caras mais velhos são os melhores clientes, e alguns homens vêm de outras cidades especialmente para conhecê-la. De um fazendeiro, uma vez ganhou brócolis, couve-flor, morango e feijão, o que fez sua mãe dar pulos de alegria.

Vi os vídeos de Dafne e adorei. Gravados no ambiente simples de seu quarto, os vídeos não têm edição, e por isso às vezes Dafne interrompe sua fala para gritar para a mãe que não quer ver a novela, ou reclama com Bolota, sua poodle, que teima em lamber-lhe a perna. Ao fundo, ouve-se o celular tocando, o aviso de vírus do computador, o zap-zap chamando, e Dafne lá, explicando como gosta de gozar sentada por cima, ou como tem um fraco por caras carecas e grisalhos, ou ainda como um dia saiu correndo para atender um cliente e esqueceu de tirar a toalha da cabeça.

Dafne talvez se torne advogada e siga carreira no Direito, ou talvez continue na prostituição por mais alguns anos ‒ ela por enquanto está na dúvida. Bem, eu particularmente não conheço o talento dela para esses dois ofícios, mas pelo que vi nos vídeos, acho que é especialmente na tela, falando com as pessoas, no seu jeitinho lolita de ser, que realmente se revela seu talento de seduzir e entreter, e também ensinar, e até contribuir para diminuir o estigma que pesa sobre o ofício da prostituição. Estamos diante de uma futura apresentadora de programa erótico? Não. Futura, não. Ela já é, mas talvez ainda não saiba.

Selecionei um dos vídeos de Dafne, em que ela comenta sobre como está lidando com a fama, além de falar sobre alguns programas e também sobre o tamanho do pau no sexo anal. Divirta-se.

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*** EDUARDO TORNAGHI, DA GAIOLA DA FAMA À LIBERDADE

Eduardo Tornaghi foi um ator de tevê famoso nas décadas de 1970 e 1980. Ganhou muito dinheiro. Um dia percebeu que aquilo tudo não lhe traria a paz e a realização pessoal. Percebeu também que era viciado em fama e que não queria mais ser um mero produto no jogo frio das audiências. Então largou a carreira e mudou de vida. Hoje dá aulas de interpretação e apresenta peças teatrais em empresas. Semanalmente, organiza o sarau Pelada Poética num quiosque na praia do Leme, no Rio de Janeiro, onde mora. É lá também que dá aulas e vende seus livros de poesia.

“Eu havia virado um produto, uma pessoa que dá lucro. Acabei preso numa gaiola de ouro porque essa exposição toda dá dinheiro, claro, e isso acaba te botando numa prisão. Porque dinheiro é uma droga. Ele envenena. A gente entra num jogo de interesses e pira se não souber lidar. Não era o que eu queria e me afastei. Hoje, não tenho mais aquela grana, mas estou livre”, diz ele.

Uau… O caso de Eduardo Tornaghi me faz ver que não tô sozinho em minha loucura de priorizar a liberdade e a verdadeira autorrealização. Que bom! > Mais

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*** PRÉDIO NOVO CUSTARÁ R$ 1 BILHÃO

A Câmara Federal decidiu gastar R$ 400 milhões pra construir um prédio novo (obra total estimada em R$ 1 bilhão) a partir de agosto de 2016, com gabinetes para deputados. Foi uma decisão da mesa diretora, comandada pelo presidente Eduardo Cunha, do PMDB do Rio.

Os deputados em Brasília já possuem muitas mordomias e espaços de trabalho. Esse gasto é inadmissível num momento de crise financeira. Enquanto isso, hospitais em todo o Brasil padecem. Não há dinheiro para a compra de remédios, de material básico para atendimento, instalações decentes, pagamento de médicos…

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*** A SINCERIDADE QUE CAUSA DEMISSÃO

“Reconheço a importância dos comentaristas. Tudo bem que escrevam e digam o que pensam. Mas nem por isso devem cultivar a ´má vontade´ e o ´ódio´ como princípio do seu trabalho. Tem um grupo grande que, para ser aceito, simplesmente se inscreve na ´igrejinha´, ganha carteirinha da banda de música e passa a rezar na mesma cartilha. Todos iguaizinhos.”

O jornalista Sidney Rezende, apresentador da Globo News, escreveu isso em seu blog. E no dia seguinte foi demitido.

“É hora de mudar. O povo já percebeu que esta ´nossa vibe´ é só nossa e das forças que ganham dinheiro e querem mais poder no Brasil. Não temos compromisso com o governo anterior, com este e nem com o próximo. Temos responsabilidade diante da nação.”

Parabéns pela sinceridade, Sidney. > Mais

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*** DIVIDE, JÉSSICA!

Longe deu aplaudir briga de adolescentes, mas admito que já me diverti muito com essa história. Apanhar, todos apanhamos, mas manter a pose como Lara manteve, ah, isso não é fácil. Sensacional é pouco.Tanto que do dia pra noite ela virou heroína das redes sociais.

Duas meninas de 14 anos brigarem por causa de homem? Já, nessa idade?! Será que a carestia de homem tá tão grande assim na Zona da Mata? Ao que consta, as amigas já fizeram as pazes, que bom. Mas, e o namorado, não vai dar um depoimento? Tô curioso pra ver a cara do cidadão. Com quem ele vai ficar agora? Será que as meninas não podiam chegar num entendimento e dividir o sujeito numa boa, e poupar a cidade de mais cenas vergonhosas no meio da rua? Tá lançada a campanha: Divide, Jéssica!

Agora, sabe o que eu tô particularmente adorando nessa história toda? Os nomes das meninas. Não sei se você sabe, mas Lara e Jéssica são as heroínas de duas séries eróticas que publico em meu blog. Lara é uma tarada confessa, e tem fetiche por trepar em situações inusitadas. E Jéssica, mais conhecida por Ninfa Jessi, é a namorada do Diametral, e juntos eles formam um divertido casal libertino que luta pela ampliação do diâmetro do mundo. Acho que vou escrever um capítulo em que elas se conhecem e brigam pelo Diametral… > Mais

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*** O NATURAL DA NUDEZ

BarbaraEugenia201511-01Durante show em São Paulo, em 31.10.15, a cantora Bárbara Eugênia ficou completamente nua no palco. Ela decidiu tirar a roupa para pedir a naturalização da nudez. “O Brasil tem essa cultura terrível, de ver o corpo como algo vulgar. Foi um chamado para que as pessoas enxerguem de outra forma”, explica. A apresentação no Sesc Belenzinho foi a estreia de “Frou Frou”, novo disco de Bárbara, caracterizado pela temática do amor e com sonoridade influenciada pela disco music brasileira. Ela afirma que a performance ousada tem tudo a ver com a mensagem que quer passar no álbum. Convidados do show, os músicos Tatá Aeroplano e Peri Pane acompanharam a cantora no ato. Os três ergueram um cartaz com a frase: “Você tem medo de quê?”

No Brasil, a educação cristã nos faz entender a nudez como algo sujo, pecaminoso e errado. Libertar-se disso, no plano individual, requer um longo processo de descondicionamento. No plano social, requer atitudes ousadas de artistas e formadores de opinião. Valeu, Bárbara. > Mais

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*** PERSONAGENS DO BATE-PAPO DO FACEBOOK

De fato, é cada assombração que aparece… Sem falar naquela gente que te adiciona sem te conhecer, e não deixa nenhuma mensagem, nada. Aí você, mui educadamente, pergunta quem é, de onde conhece, e a pessoa não responde. Obviamente, você não adiciona. Equivale a alguém desconhecido sentar em sua mesa no bar sem falar nada, e ainda tomar da sua cerveja. Ô povo sem noção. > Mais

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*** ESSES GATOS INCRÍVEIS E SUAS DELICIOSAS TRAPALHADAS

Gato é um bicho naturalmente elegante e altivo. Mas isso não os livra de fazerem suas marmotas e cometerem suas estripulias. > Mais

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AsPreciosasDoKelmer201511AS PRECIOSAS DO KELMER

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Não vote em fanático religioso

16/11/2015

16nov2015

Fanático religioso não é apenas aquele que mata e explode bombas em atentados, mas também quem tenta impor a todos as leis do seu deus

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NÃO VOTE EM FANÁTICO RELIGIOSO

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Você se preocupa com o fanatismo religioso na Europa e no Oriente Médio? É para se preocupar mesmo. Porém, aqui no Brasil o fanatismo está crescendo e espalhando seu veneno dia após dia. No Congresso Nacional, a religião teima em se misturar à política, desrespeitando os princípios do Estado laico. Os ateus lutam contra isso, mas precisam do apoio dos religiosos moderados, que não deveriam se calar diante dos absurdos cometidos por seus irmãos de fé.

Fanático religioso não é apenas aquele que mata e explode bombas em atentados, mas também quem tenta impor a todos as leis do seu deus. Nas próximas eleições, não vote em pessoas que falam em nome de deuses, mesmo que seja o mesmo deus que você crê. Não vote nelas, por mais santas que possam parecer. Vote em quem defende a laicidade do Estado e respeita a diversidade humana, feita também de crenças e não-crenças. Somente numa sociedade plural os diferentes podem conviver em paz.

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Ricardo Kelmer 2015 – blogdokelmer.com

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SAIBA MAIS

Pastor organiza ataques a festas de Umbanda – O pastor Lucinho (Lúcio Barreto Júnior), da Igreja da Lagoinha, de Belo Horizonte-MG, treina jovens para invadir eventos de outras religiões. Veja o vídeo.

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LEIA NESTE BLOG

PorQueDefenderOEstadoLaico-01Por que defender o Estado laico – Se você é religioso e crê na democracia, deve defender o Estado laico pois somente ele garante que você sempre terá total liberdade de exercer suas crenças ou sua não crença

WikiLeaks e o nascimento da cidadania global – Quanto mais as pessoas se conectam à internet, mais elas se entendem como participantes ativos dos destinos do mundo e não apenas de seu país

Eles estão na fronteira – Milhões de maltrapilhos famintos, perseguidos políticos, criminosos cruéis, terroristas suicidas, narcotraficantes e trombadinhas invadindo os países e quebrando tudo, estuprando nossas irmãs, matando todo mundo, o caos absoluto

A humanidade, o psicólogo e a esperança – Os acontecimentos mostram que a humanidade está se unificando, unindo seus opostos

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COMENTÁRIOS
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01- O Pior perigo atual da Humanidade!!!! Jan Hillen, Foz do Iguaçu-PR – nov2015

02- Desse jeito. Stella Soares, Campina Grande-PB – nov2015

03- perfeito maravilhosa charge. Jose Cesio Medeiros, Rio Branco-AC – nov2015

04- TEMPLO É DINHEIRO. Moacir Bedê, Fortaleza-CE – nov2015

05- medo… qqer dia amanheço queimada… e sem precisar sair de casa. Sandra Xavier Amarantha, Poá-SP – nov2015

06- Mas estão sendo coerentes, ué… a religião deles manda fazer tudo isso aí mesmo… Alexandre Sampaio, São Paulo-SP – nov2015

07- Tenho horror… arrrghhh. Ana Claudia Domene Ortiz, Albuquerque-EUA – nov2015

08- eu nem concebo sequer a obrigatoriedade do voto… é um desrespeito para quem não acredita no sistema eleitoral. Kelmer, são os mulgélicos…! Susana X Mota, Leiria-Portugal – nov2015

09- É uma doença que se alastra, o fanatismo religioso. Religião é pra dar sossego, equilibrar, tornar o cara mais tolerante, caridoso, pelo menos é esta a proposta. Religião pra matar, perseguir, encher o saco dos outros, meu Deus! Menino, se Deus quisesse interferir em nossas vidas Ele o faria, pois com todo o Seu poder não tinha nem discussão, mas o Todo Poderoso na sua imensa sabedoria nos deixa resolver nossos pepinos sem se meter. Por que Ele faz isso? Simples, já imaginou Deus sendo chato, metido, nojento? Não, senão não seria Deus. Pra mim é simples assim. Ligia Eloy, Lisboa-Portugal – nov2015

10- de repente passam-me pela cabeça tantos livros e filmes que já avisavam, mostravam as consequências da ganância e crueldade humanas…foda-se… se alguém disser que não sabia, que não se poderia prever, que era apenas ficção, foi porque não quiseram perceber. E ainda a procissão vai no adro. Susana X Mota, Leiria-Portugal – nov2015

11- É isso. Inês Nóbrega, Fortaleza-CE – nov2015

12- Sensacional! Renata Damasceno, Fortaleza-CE – nov2015

13- Cuidado com quem você elege….O futuro pode ficar sombrio.. Jacques Josir Ribeiro, Santo André-SP – nov2015

14- Todo tipo de fanatismo é maléfico… Neide Oliveira, Ananindeua-PA – nov2015

15- Indignado com o fanatismo religioso do Oriente Médio? Filipe Luiz, São Paulo-SP – nov2015

16- Bem assim… Angela Fuoco, João Pessoa-PB – nov2015

17- Gosto do que ele escreve… Russana Melo, Fortaleza-CE – nov2015

18- Fanatismo religioso: a gente tem também por aqui. E em fase assustadoramente crescente. Sonia Mara Valkovics, São Paulo-SP – nov2015

19- Vamos parar de eleger esses patifes de igrejas antes que se instaure um Estado Radical Religioso no Brasil. Vania Lessa, Brasília-DF – nov2015

20- Pense nisso! Zaíra Viard Borges, Recife-PE – nov2015

21- Sem dúvidas é um perigo iminente, algo nocivo que deve ser repudiado. Por outro lado, está cada vez mais difícil “conscientizar” a populaçao sobre esse perigo porque as igrejas vêm fazendo um trabalho de base. Na minha cidade, a cada esquina tem uma igreja evangélica, e eles chegam junto às comunidades, auxiliam jovens dependentes químicos na luta contra vícios, distribuem cestas básicas, dao conselhos em casos de conflitos familiares e muitas outras intervenções que a gente sabe que a maioria deles faze por diversos interesses próprios (dinheiro, poder, voto etc), mas que pra populaçao representa um consolo e um auxílio. Se quisermos combater essa invasão do fanatismo religioso, a gente vai ter que aprender a chegar junto do povo também, e também fazer trabalhos de base. Anna Cecília Freitas, Fortaleza-CE – nov2015

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O segredo da princesa prometida

09/11/2015

09nov2015

Ele é um cantor famoso, e ela é uma garota num vestido preto que quer realizar seu sonho secreto

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O SEGREDO DA PRINCESA PROMETIDA

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Entro no banheiro da suíte, fecho a porta e me olho no espelho. A maquiagem disfarça os meus recém-completados dezoito anos. E espero que disfarce também o meu segredo. Sorrio satisfeita e me concentro no retoque do batom vermelho. Acho que ele adorou meu decote, não parava de olhar. Ajeito a flor no cabelo e confiro mais uma vez meu vestido. Adoro vestido preto, eles me deixam mais… mulher. Então escuto sua voz do outro lado da porta e ela me traz novamente o conflito. Sabendo tudo o que agora sei, ainda faz sentido estar com ele nesta suíte de hotel cinco estrelas? Estou realmente confusa. Será que já fui longe demais para voltar?

Mamãe me criou sozinha após meu pai morrer num acidente. Como na época eu era um bebê de dois anos de idade, não tenho nenhuma lembrança dele. Quando cresci o suficiente para entender que eu era órfã, fiquei muito triste, claro, mas minha mãe, que não casou novamente, me ajudou a assimilar a situação.

A dona da boca vermelha que me olha insinuante do espelho respira fundo e sai do banheiro. Agora vejo-o na porta do quarto recebendo o vinho que o garçom veio deixar. A decoração do quarto é sóbria e a iluminação é suave, e no rádio toca baixinho uma música romântica que eu gosto, ele escolheu bem a estação. Ele serve o vinho e me oferece uma taça, gentil como um homem da sua idade deve ser. À linda princesa que a vida trouxe hoje para mim, ele diz, sorrindo e me olhando nos olhos. Eu não sei o que dizer e as taças tilintam, respondendo por mim. O vinho é gostoso e bebo rapidamente. Ele suspende seu gole e diz, sempre sorridente e compreensivo: Calma, temos a madrugada inteira. Sim, eu respondo, quase engasgando. Sim, sim!, eu grito por dentro, eufórica e nervosa. E bebo o resto da taça.

Tive uma infância normal, sem a presença de um pai mas com toda a atenção de minha mãe, que se desdobrou para que nada faltasse à filha única. Em meu aniversário de treze anos, ela me presenteou com uma decoração nova em meu quarto, no estilo princesa. Gostei. Mas o que eu queria mesmo, não ganhei: meu melhor presente seria que mamãe me levasse para ver o show de um cantor romântico que eu gostava muito. Bastante surpresa com meu pedido, ela justificou a negativa explicando que havia outros artistas mais apropriados para minha idade. Insisti, e pela primeira vez mamãe foi grosseira comigo. Esse presente eu não dou e nunca mais me peça nada desse homem, ela falou, enfática, e saiu batendo a porta. De fato, eu era uma exceção entre minhas amigas, pois enquanto elas gostavam de artistas bem mais novos, eu gostava dele, trinta anos mais velho, cheio de classe ‒ para mim ele era como um rei. E foi embalada por sua voz masculina e sensual que descobri os prazeres deliciosos que uma garotinha pode ter à noite, sozinha em seu quarto de princesa.

Enquanto bebemos o vinho, sentados na cama da suíte, seu celular toca. Ele me pede desculpas, precisa atender, é sua empresária. Enquanto conversa sobre detalhes do show que fará no dia seguinte, observo-o mais atentamente. Veste jeans e camiseta sem mangas, está descalço. Gosto dos seus pés, são bem feitos. Reparo que seu peito é largo e que ele tem uma charmosa barriguinha. Está em ótima forma para os quase cinquenta anos que tem. E o cabelo grisalho que eu acho encantador… Caramba, de pertinho assim ele é ainda mais lindo e majestoso.

De nada adiantou a birra materna: não só continuei gostando como virei fanzona declarada: agora tinha todos os discos e DVDs do meu ídolo, todas as músicas, camisetas, as revistas com as matérias, tudo. Vendo que não tinha mesmo jeito, mamãe acabou aceitando, embora contrariada, mas desde então negou-se a comentar o assunto. Achei exagerado de sua parte, mas se ela preferia assim, por mim tudo bem. E quanto à minha fantasia predileta, melhor que ela jamais soubesse, pois nela o meu cantor amado era o meu primeiríssimo homem, aquele a quem eu daria o privilégio de me iniciar nos prazeres a dois.

Ele finaliza a ligação, pede desculpas mais uma vez e diz: Agora sou todo seu. E desliga o celular, pondo-o dentro da gaveta da mesinha ao lado. Ele percebe a garrafa quase vazia e ri. Vou pedir outro vinho, mas você vai beber devagar, promete? E eu prometo, claro, princesa prometida que dele sou.

Foi na semana passada que aconteceu. Eu olhava uns antigos álbuns de fotos e, mexendo no armário de minha mãe, me chamou a atenção uma bonita caixa de chocolate importado. Dentro encontrei uma foto, na qual mamãe sorria feliz, abraçada a um homem. Pela data no verso da foto, calculei que mamãe estava grávida de mim. Mas… aquele homem não era papai. Então, de repente… eu o reconheci.

Ele pergunta sobre mim e eu digo que sou apenas uma admiradora que, estando ele fazendo show pela primeira vez em minha cidade, não perderia por nada a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente. Ele sorri seu sorriso cavalheiro e conta, num tom de confissão, que está acostumado com as abordagens de suas fãs, mas que nessa noite, no restaurante do hotel, ficou realmente interessado na moça bonita de vestido preto e flor no cabelo que lhe oferecia de presente uma caixa de chocolate, parecia uma princesa. Como você sabe que esse sempre foi meu chocolate predileto?, ele me pergunta, e parece bem intrigado. Respondo que é segredo e ele ri, e diz que adora segredos, e que em agradecimento por um presente tão especial, fará tudo que eu quiser essa noite. Ponho a taça sobre a mesinha e, silenciosamente, começo a tirar os sapatos, depois o vestido e, por fim, a calcinha. Ele parece um bobo, sem acreditar no que vê. Agora, vestido ao chão e inteiramente nua, não sei como consegui fazer o que acabo de fazer. Mas sei também que não há mais retorno. Nua, de pé em frente a ele, sinto-me estranha… mas me sinto ótima. É como se nesse momento eu não fosse eu. É como se nesse momento eu finalmente fosse meu verdadeiro eu. Tudo que eu quiser? Sim, tudo que você quiser. Então quero que esta noite o rei cuide muito bem de sua princesa.

Sim, é o seu cantor, mamãe falou, respondendo à minha pergunta, e não sei dizer quem ali estava mais surpresa, se eu ou ela. Então, ainda olhando a foto que eu lhe mostrava, mamãe respirou fundo e pediu desculpas por ter escondido de mim o que agora iria revelar. E contou que o conhecera quando ela já estava casada e ele ainda não era um cantor famoso, que ela se apaixonou perdidamente e eles tiveram um caso secreto, e que quando eu nasci ele já a havia abandonado. Enquanto mamãe enxugava os olhos marejados, eu finalmente entendia o motivo de sua birra com meu cantor: bem antes de mim, ela também o amara. E, o que era pior, talvez ainda o amasse… Não sei dizer o que exatamente senti. No início, não consegui acreditar, mas depois senti raiva misturada com ciúme e outros sentimentos contraditórios. Lembrei do show que na semana seguinte ele, pela primeira vez, faria em nossa cidade, para o qual eu já havia comprado meu ingresso, e tive vontade de lhe contar que eu iria e o veria de pertinho, e até sabia o hotel em que ele ficaria, e tive vontade de contar até mesmo da minha fantasia secretíssima… Porém, nesse instante, intuí que poderia haver algo mais naquela história toda, algo bem mais sério. Mãe, tem mais alguma coisa sobre esse homem que eu ainda não sei?, perguntei, e estremeci ao pensar que aquela podia ser a pergunta que durante dezoito anos ela esperou não ter jamais que responder.

A tensão que me dominava o corpo aos poucos evapora ao toque de suas mãos, tão fortes, tão seguras. Eu fecho os olhos, e no escuro dos meus sentidos já não sei mais quem é o homem que me acaricia, mas sim, eu sei muito bem quem ele é, e ele não sabe quem eu sou, e o meu segredo me faz poderosa… Lembro de mamãe e me divirto imaginando que agora ela me vê… Esses meus pensamentos, porém, eles são tão pesados, não me deixam voar… Então, finalmente me solto do conflito e voo pelo céu de sensações que sua língua atrevida me provoca a explorar os mistérios guardados do meu corpo, e o afasto para que ele pare um pouco, me deixe respirar, senão eu posso morrer e eu não quero morrer ainda. Mas morrer assim é tão bom e eu lhe ordeno, vem, e ele obedece à sua princesa e vem, vem desde lá dos meus pés, vem subindo sobre meu corpo, e minhas pernas o abraçam como num laço de presente, o meu presente. Eu te amo, sussurro em seu ouvido, e ele, olhando em meus olhos, diz que me ama também, e eu choro porque sempre quis ouvir isso, e ele lambe as minhas lágrimas, provando o gosto da minha longa espera, e me beija a boca apaixonado, misturando lágrimas e saliva num beijo doce e verdadeiro. Tão doce e verdadeiro quanto a dor que subitamente sinto quando, num movimento mais forte, ele avança em direção ao meu profundíssimo desejo e me faz, finalmente, sua mulher.

Na fresta da cortina da janela as primeiras luzes do amanhecer se encontram com meu olhar. Meu olhar de quem não conseguiu dormir, pois os prazeres e as dores que vivi ainda formigam pelo meu corpo. Ele dorme ao meu lado, mas é como se ainda estivesse dentro de mim, másculo, gentil e experiente, cuidando para que tudo seja perfeito, e mais perfeito do que foi eu não poderia mesmo imaginar. Mas já passou, e estou aliviada porque tudo que resta do turbilhão de pensamentos conflitantes que me angustiavam a alma é uma mancha vermelha no lençol. Já passou, já foi, e agora preciso voltar para casa. Quando estou saindo, ele desperta e, bocejando, diz que me espera à noite no show. Sorrio satisfeita, mas não respondo, e saio, fechando a porta devagar. No saguão do hotel há uma lixeira. É lá que atiro o ingresso do show, comprado um mês atrás. E é assim que me vou, leve e reluzente como uma mulher amanhecida. Ou como uma princesa malcriada.

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Ricardo Kelmer 2012  – blogdokelmer.com

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Este conto integra o livro Indecências para o Fim de Tarde

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IndecenciasParaOFimDeTardeCAPA-01aINDECÊNCIAS PARA O FIM DE TARDE
Ricardo Kelmer – Contos eróticos

Os 23 contos deste livro exploram o erotismo em muitas de suas facetas. Às vezes ele é suave e místico como o luar de um ritual pagão de fertilidade na floresta. Outras vezes é divertido e canalha como a conversa de um homem com seu pênis sobre a fase de seca pela qual está passando. Também pode ser romântico e misterioso como a adolescente que decide ter um encontro muito especial com seu ídolo maior, o próprio pai. Ou pode ser perturbador como uma advogada que descobre que gosta de fazer sexo por dinheiro.

O erotismo de Ricardo Kelmer faz rir e faz refletir, às vezes choca, e, é claro, também instiga nossas fantasias, inclusive as que nem sabíamos possuir. Seja em irresistíveis fetiches de chocolate ou numa selvagem sessão de BDSM, nos encontros clandestinos de uma lolita num quarto de hotel ou no susto de um homem que descobre verdadeiramente como é estar dentro de uma mulher, as indecências destas histórias querem isso mesmo: lambuzar, agredir, provocar e surpreender a sua imaginação. > saiba mais

INDECÊNCIAS PARA VOCÊ TIRAR A ROUPA

IndecenciasParaVoceTirarARoupa-01aMuitas mulheres têm esse fetiche, o de exibirem-se anonimamente para o público. Então criei uma promoção: envio o livro e a leitorinha faz uma foto erótica com ele, sem precisar mostrar o rosto, e a foto será usada em cartazes de divulgação do livro. Você gostaria de participar? Clica aqui.

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01- Adorei essa princesa! Quando comecei a leitura eu tive a impressão de que ela tinha um quê de Anastasia Steele, mas não, ela é muito mais resoluta, e exala uma sensualidade linda a cada movimento que ela descreve. Me identifiquei, viu? Acho superexcitante essa fantasia da fã se entregar ao seu ídolo, acho que nunca perdi isso com vc. 🙂 E nossa, que coisa mais machadiana! Quando ela pergunta pra mãe se tem algo a mais naquela história que ela deveria saber, fica a dúvida se a mãe respondeu algo ou não. E afinal, o rei era mesmo pai da princesa? São tantas emoções… Muito bom seu jeito de deixar isso na cabeça do leitor sem que esteja explícito no texto nem mesmo em forma de dúvida da narradora. E acho que vc soube explorar bem essa rivalidadezinha que existe entre mãe e filha sem cair na competição declarada, que é o que rola na realidade muitas vezes. Os planos de encontrar o tal cantor no hotel parecem anteriores à descoberta do caso antigo da mãe. O que será que a fez desistir de ir ao show e, ao que parece, desistir de continuar encontrando o rei? Acho que esse segredo a princesa vai levar com ela, né? Amei o conto, é adorável, misterioso, surpreendente. Mais uma Lolita kelmérica inesquecível e mal criada. Wanessa, Fortaleza-CE – 2014

02- Porrada. A narrativa me conduziu ansioso até a última linha. Vai revelando aos poucos a surpresa. Tem a sutileza dela ser a princesa e ele o rei… Pra mim, só faltou um detalhe pro gosto final da leitura ganhar um poder literário mais definitivo: antes do “…como uma mulher amanhecida. Ou como uma princesa malcriada” poderia haver alguma informação a mais que nos fizesse realmente cúmplice de algum “pensamento/desejo impronunciável” dela – desculpe o clichê, mas a essa hora minha cabeça não conseguiu pensar nada melhor… – que desse uma pista sobre a motivação que a levou a querer se deitar com seu pai, digo, rei. De resto, o ritmo me parece perfeito, assim como as descrições, como os personagens vão se explicando. Tudo delicado, suave, contrastando com a porrada do tabu que se anuncia. Marcelo Pinto, Rio de Janeiro-RJ – 2014

03- Gostei sim dele, principalmente no final, mulheres vingativas estão sempre presentes em teus contos. A questão de que pode ser o pai dela e tal, apesar de não dizer com todas as palavras, deixa uma pulguinha atrás da orelha. (Lembra os contos de Machado). Geralmente é assim né, garotas se vingam dando o que tem de melhor, pelo menos isso já ocorreu comigo. A história tá ótima, só senti falta dos detalhes mais eróticos da noite de amor deles. Nadine, Fortaleza-CE – 2014

04- Posso te rasgar de elogios? rsrsrs O texto está ótimo, com detalhes importantes para aguçar a imaginação erótica do leitor (eu fiquei hipnotizada, depois surpresa com o desfecho). A priore, parece extenso, mas é de leitura fácil, prendeu minha atenção e, como na maioria dos textos, me fez colocar-se no lugar da “princesa”. Achei que fosse descrever a fantasia da moça, com detalhes de ‘sadomaso’, mas depois vi que eram pensamentos dela e o drama de praticamente dividir o belo cantor de cabelos grisalhos com a mãe. Isso aí dá ‘pano pra manga’, diria mais, dá um bom livro! Samara do Vale, Fortaleza-CE – 2014

05- Texto excelente. Você, como ninguém, sabe fazer essas voltas ao passado como flashes de filme… Os cortes de tensão nos lugares certos deixaram o clima de suspense intacto do início ao fim.  Princesinha complexa essa, né? No início fiquei meio penalizada pela história de vida dela, uma fragilidade imensa, depois ela se transfigurou em um menina diferente, um tanto quanto calculista, sádica até. Há nela uma determinação obsessiva em cumprir seu objetivo e isso foi muito bem descrito por você. A questão chave é a surpresa provocada no leitor com a revelação da mãe, que não chega a ser uma revelação literal. Imaginar a cena sensual e ao mesmo tempo possivelmente incestuosa causa uma confusão de sensações no leitor (pelo menos em mim causou). Os elementos de alguma maneira se completam, mesmo que antagonicamente: as fantasias, sonhos que se tornam realidade, a figura da princesa, tudo tão ingênuo, em seguida se transforma em algo mais ácido, nada infantil. O prazer que ela sente em “afrontar” a mãe parece que é muito maior que o próprio gozo sexual, enfim, personagem freudiana dá nessas nóias. A narração em primeira pessoa, sendo uma personagem feminina, sempre vai me surpreender quando se trata de Ricardo Kelmer. Tu soube transcrever realmente o pensamento de uma jovem cheia de conflitos, curiosa, lacônica, sedutora, fatal, menininha, maquiavélica, mulher. Parabéns, querido. Sou cada vez mais tua fã. Rosa Emília, Fortaleza-CE – 2014 

06- Rapas, muito bom. Eu juro que visualizei o Reginaldo Rossi nesse conto. E bem maluco essa mistério… Será que o hómi é o pai dela? Tô até imaginando uma adaptação… Bora! Publica logo que é muito bom. Marcelo Gavini, São Paulo-SP – 2014

07- Oi! Curti!! Mas fantasiei outras coisas…rs…juraaaava que ele era o pai dela.. Bacana…prende a atenção e desconstrói a expectativa no final 🙂 Flávia L, São Paulo-SP – 2014

08- Conto: Segredo da Princesa. Qualidade literária: eu acho que vc escreve bem. Sexualmente excitante: sim. Prende a atenção: sim. Divertido: não é divertido, mas prende a atenção de outra forma, a iniciação sexual é sempre um marco, é tara para os homens e busca para as mulheres, aliando prazer a isso faz o conto ficar mais interessante. Provoca reflexões: sim, muitas… Muito legal ! Excitante, psicologico rico e interessante, pois lida com o desafio da menina que se torna mulher, é o momento em que ela tem que desafiar a mãe, e a menina faz isso, apesar de ter medo e receio, as mulheres vão se identificar com isso, ao mesmo tempo há o lance do proibido, do primeiro amor/amante ser o pai, isso é algo provocante, que mexe com o inconsciente da mulher, nosso primeiro amor é sempre o pai, ou alguém parecido com ele, mesmo que não tenhamos muita noção disso, e seu conto traz isso a tona, achei bom o tema, o desenvolvimento da historia, só acho que no final poderia colocar algo de disputa com a mãe, isso seria provocar ao máximo rs…talvez uma frase: “minha mãe nem imagina que amei o mesmo homem que ela” assim a menina prova que realmente vivou mulher e ainda de forma safada, um pouco Nelson Rodrigues sabe…rs. Adriana A, São Paulo-SP – 2014

09- O Segredo da Princesa eu não curti tanto, não achei excitante e nem divertido. Nota 2, e na questão prendeu a atenção 3. Cris B, São Paulo-SP – 2014

10- Achei o conto com muita história para ser desenvolvida e sobrou pouco para o erótico, faltou detalhe, um toque machadiano. A carga do mistério do plano de fundo foi grande comparada ao erótico que ficou apagado. Independente dessa opinião, super rigorosa, é um bom conto. Qualidade literária: 4. Sexualmente excitante: 2. Prende a atenção: 3. Divertido: 3. Provoca reflexões: 2. Marcela F, Rio das Ostras-RJ – 2014

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As Preciosas do Kelmer – out2015

31/10/2015

31out2015

AsPreciosasDoKelmer201510
As Preciosas do Kelmer é uma revista que criei no Facebook. Ela é feita de dicas e comentários sobre variados assuntos. A periodicidade é mensal, funciona por meio de uma única postagem que abasteço com subpostagens e os leitores podem comentar a qualquer momento e até sugerir assuntos. Por seu caráter dinâmico e interativo e por construir-se a cada dia, eu diria que é uma revista orgânica. A capa da revista é a própria imagem da postagem, que sempre trará imagens femininas.

Meu objetivo com As Preciosas é dar vazão à minha necessidade de comentar fatos do cotidiano. Pra mim o Facebook é ideal pra isso. Aqui no blog postarei a edição do mês e a atualizarei a partir das atualizações no Facebook, sempre com imagens. Espero que você goste.

> No Facebook (todas as edições)

> No Blog do Kelmer

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AsPreciosasDoKelmer201510AS PRECIOSAS DO KELMER

Dicas e pitacos para o mês
#37, out2015
> Esta edição no Facebook

Capa do mês: Joana de Castela, Rainha da Espanha no sec 16, conhecida também por Joana, a Louca (1479-1555). Imagem: quadro “Doña Juana la Loca” (1877), de Francisco Pradilla y Ortiz. Museu do Prado (Madrid).

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*** EMAGRECER: A ESTRATÉGIA DO CONTROLE DA MULHER

A obsessão pela magreza feminina não é uma obsessão pela beleza, mas uma estratégia eficaz de controlar as mulheres. Padrões de beleza sempre existiram, claro, mas padrões não deveriam ser confundidos com obrigação. Assim como, de modo geral, os homens são treinados desde crianças para serem fortes, machões e infalíveis, as mulheres são treinadas para serem belas. Desviar-se dos padrões culturais dá trabalho e costuma gerar solidão e incompreensão, é verdade, mas pode ser a única saída para a verdadeira realização pessoal.

Faça regime, colecione tatuagens em seu corpo, compre o celular da moda, beba isso, frequente aquela balada, entre para a igreja… Seguir a moda – é só isso que a indústria do consumo quer de você. Siga a moda e você será feliz. E enquanto você é “feliz”, você não tem tempo de pensar sobre o que realmente significa ser livre. É uma estratégia de controle perfeita. > Mais

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*** A JOVEM TRANSEXUAL NO QUARTEL

TransexualMariannaLively201510-02No dia 23set Marianna Lively, uma jovem transexual de 17 anos, foi a um quartel de Osasco-SP para resolver pendências relativas ao alistamento militar e, horas depois, começou a receber ligações e mensagens de desconhecidos. Alguns zombavam dela, outros queriam conhecê-la. Ele então descobriu que seus dados pessoais e fotos estavam nas redes sociais, e que foram publicadas por um soldado do quartel.

Marianna registrou um boletim de ocorrência numa delegacia de Barueri, cidade onde mora. Além disso, voltou ao quartel e questionou o capitão da base. De acordo com Marianna, ele teria “pedido desculpas pelo transtorno”, complementando que o soldado responsável pelo vazamento seria punido. A advogada de Marianna, Patrícia Gorisch, entrará com um boletim na justiça militar e cobrará explicações da corregedoria. Além disso, registrará uma liminar exigindo que o Facebook e o Whatsapp proíbam a divulgação das fotos.

O caso de Marianna não foi o primeiro e infelizmente não será o último. O preconceito contra pessoas transexuais ainda é muito forte. Assim como aconteceu com os homossexuais, essas pessoas terão um longo caminho pela frente até terem garantidos seus direitos de cidadão. Quanto a nós, pessoas cisgênero, ou simplesmente cis (que não são transgênero), nos cabe aprender a respeitar mais essa diferença em nossa espécie. > Mais

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*** A BONDADE CONTRA O ÓDIO ÉTNICO

Nos anos 1980, o skinhead americano Arno Michaelis subia aos palcos com sua banda para cantar canções racistas. Fora dos palcos, Arno agredia pessoas inocentes, porque elas eram de etnia diferente da sua. No entanto, sua vida começou a mudar quando ele percebeu que várias pessoas, que supostamente deveriam odiá-lo por seu comportamento, teimavam em tratá-lo com bondade e paciência.

Em 2012, um massacre em um templo da religião sikh em Wisconsin fez com que ele abandonasse de vez sua vida de ódio. Hoje, aos 44 anos, Arno Michaelis lidera a ONG Serve 2 Unite, que trabalha para melhorar as relações entre as raças – atuando, inclusive, no Brasil. Conheça sua história. > Mais

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*** O MASSACRE DE KUNDUZ

No dia 3 de outubro os EUA borbardearam e destruíram um hospital da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) em Kunduz, no norte do Afeganistão. Os ataques mataram 22 pessoas, incluindo 12 profissionais de MSF e 10 pacientes, sendo 3 crianças, e feriram mais de três dezenas de pacientes e profissionais da MSF. Os EUA conheciam a localização exata do hospital, mas decidiram bombardeá-lo pois ele recebe pacientes sem distinções de etnia ou religião, e lá havia também combatentes inimigos. O Presidente Obama pediu desculpas, mas a MSF achou pouco.

Atacar um local protegido, como uma instalação hospitalar, é uma grave violação do Direito Internacional Humanitário e das Convenções de Genebra. Ou seja, é crime de guerra. A MSF solicitou uma investigação internacional independente pela Comissão Internacional Humanitária para a Apuração dos Fatos, o único órgão instituído especificamente para investigar violações do Direito Internacional Humanitário.

Assine a petição para que os EUA concordem com a investigação

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*** FALA COM O CUNHA, JESUS

Se Jesus Cristo voltar e quiser criar um site, terá que comprar de Eduardo Cunha. O esperto deputado cristão, atualmente presidente do Congresso nacional, registrou mais de duzentos domínios na internet com o nome de Jesus e de outras expressões religiosas. Para mantê-los sob sua guarda, ele gasta aproximadamente R$ 8 mil por ano. Ele não usa os sites, mas também ninguém pode usar. Veja alguns:

youtubejesus.com.br – facebookjesus.com.br – gmailjesus.com.br – radiofeemjesus.net.br – terrajesus.com.br – tvfeemjesus.net.br – uoljesus.net.br

E tem mais estes, olha que fofo:

chegouasuabencao.net.br – compraabencoada.net.br – compracrente.net.br – crentecompra.com.br

Cunha é fiel das igrejas Sara Nossa Terra e também da Assembleia de Deus, onde ele teria, segundo investigações, lavado R$ 250 mil. Quer conhecer a lista completa dos domínios de Cunha na internet. Clicaqui

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*** OS ORGASMOS DE DONNA SUMMER

“Love to love you, baby” é um dos grandes sucessos da cantora Donna Summer, a Rainha da Disco. Lançada em 1975, causou polêmicas pela interpretação carregada de erotismo. Na versão de dezessete minutos, que ocupava todo o lado do disco, e que foi gravada num estúdio em completa escuridão e com Donna deitada no chão, contam-se, segundo a BBC, vinte e três orgasmos. Anos depois, por motivações religiosas, Donna retirou a música de seu repertório de shows, mas depois a reincluiu.

Este vídeo, com uma versão remixada, ficou ótimo. Mas a gravação original é imbatível.

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*** OSLO SEM AUTOMÓVEIS NO CENTRO

Aos poucos o mundo percebe que não é mais viável priorizar o automóvel nas cidades. Em vez disso, a prioridade passa a ser o transporte coletivo, juntamente com a valorização dos espaços públicos.

Em São Paulo, a administração de Fernando Haddad segue essa tendência, mesmo enfrentando forte resistência política. Além das ciclovias e dos ônibus de madrugada, uma das medidas foi fechar a av. Paulista aos domingos para automóveis, oferecendo à população uma ótima e gratuita opção de lazer.

Oslo, capital da Noruega, quer proibir automóveis no centro da cidade. É provável que em breve outras metrópoles lhe sigam o exemplo, ao menos em parte. > Mais

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*** JOANA. LOUCA OU INJUSTIÇADA?

Joana era mesmo louca? Seria esquizofrenia, a sua doença? Seu amor intensamente apaixonado, sexual e ciumento pelo marido era socialmente aceitável? E as agressões e vinganças contra as amantes dele? E a obsessão com os restos mortais do marido, que a levou a comandar um custoso e macabro cortejo que por meses cruzou o país, horrorizando a todos? Isso seria justificativa suficiente para mantê-la presa numa ala de um castelo por cinquenta anos? Ou, por trás de tudo isso havia frios interesses políticos e jogos de poder, para afastá-la do trono espanhol?

A vida de Joana (Juana, em espanhol, que viveu entre 1479 e 1555), filha dos reis católicos Fernando de Aragão e Isabel de Castela, é muito rica de significados. Nela, misturam-se conchavos políticos entre reinos, fanatismos religiosos, intrigas familiares, guerras, revoltas populares e sexo temperado com muito ciúme, brigas e baixarias em público.

Pressionada por todos os lados a todo momento, vivendo no centro de poderosos interesses políticos, religiosos e econômicos, Joana certamente sentia diariamente o peso de ser uma Rainha, mas uma Rainha que era impedida de governar por sua própria família, incluindo seu marido, seu pai e seu filho. Mantida prisioneira num castelo, quase sem contato com o mundo exterior, recusando-se a se alimentar e até a lavar-se e trocar de roupa, Joana terminou seus dias de modo triste e deplorável, e é surpreendente que tenha vivido até os 76 anos.

Não tivesse amado tanto o marido, teria tido uma vida melhor? Não fosse tão dependente dos prazeres sexuais que ele lhe dava, teria sido uma mulher mais equilibrada e feliz? Esse amor intempestivo e esse ardor sexual a faziam uma mulher “louca” e subversiva aos olhos das pessoas da época? Seria Joana, sempre inconformada pela privação de suas escolhas, uma precursora do feminismo? Ou sua instabilidade mental, de uma forma ou de outra, fatalmente a arrastariam para o destino que teve? Podemos apenas especular, pois não há muitos registros disponíveis. Uma coisa é certa: quis o destino que na vida sofrida de Joana a história da Espanha tivesse seu início oficial, através da união dos reinos hispânicos, dos quais ela era a legítima Rainha. > Saiba mais

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*** HOJE DÁ CADEIA, MAS ANTES ERA NORMAL

Muitas coisas que eram normais (e a gente gostava) nos anos 1980 e 90 hoje seriam consideradas erradas, escandalosas, absurdas mesmo. Algumas até dariam cadeia. Será que você cometeu alguma delas? > Mais

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O Irresistível Charme da Insanidade em espanhol

26/10/2015

26out2015

O amor insano de Luca e Isadora agora em espanhol

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O IRRESISTÍVEL CHARME DA INSANIDADE EM ESPANHOL

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Quem quer brindar comigo? 🙂 Meu romance O Irresistível Charme da Insanidade ganhou uma versão para o espanhol. A tradução foi feita por Felipe Ubrer e o livro está à venda na Amazon (e-book) ou direto com o autor (pdf personalizado). Em breve ele ganhará também uma versão em inglês.

É meu segundo livro traduzido. O primeiro foi Guia do Escritor Independente, que foi traduzido para o esperanto por Leite Jr. e publicado pela editora russa Impeto em 2013.

PARA ADQUIRIR:

Amazon (e-book)

Direto com o autor (pdf personalizado)
> envie e-mail para rkelmer@gmail.com
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ElIrresistibleEncantoDeLaInsaniaCapa-01aEl Irresistible Encanto de la Insania
Ricardo Kelmer, novela, 2015
Traducción: Felipe Ubrer

Dos parejas, en los siglos 16 y 21, viven dos ardientes y misteriosas historias de amor y sus vidas se cruzan a través de los tiempos en momentos decisivos. ¿O será la misma pareja? En esta historia, repleta de suspenses y transformaciones, Luca es un músico obsesionado por el control de la vida, e Isadora una viajante taoísta en búsqueda de su maestro y amante del siglo 16. Los une y es su principal reto el amor que distorciona la lógica del tiempo y descortina las más locas posibilidades del ser.


Luca es un músico, obsesionado por el control de la vida, que se involucra con Isadora, una viajante taoísta que asegura que él es la reencarnación de su maestro y amante del siglo 16. Él comienza una aventura rara en la cual desaparecen los límites entre sanidad y locura, real e imaginário y, por fin, descubre que para merecer a la mujer que ama tendrá antes que saber quién en realidad es él mismo.

En esta insólita historia de amor, que ocurre simultáneamente en la España de 1500 y en el Brasil del siglo 21, los déjà-vu (sensación de ya haber vivido determinada situación) son portales del tiempo a través de los cuales tenemos contacto con otras vidas.

Blues, sexo y whiskys dobles. Sueños, experiencias místicas y órdenes secretos. Esta novela ejercita, en una historia divertida y emocionante, posibilidades intrigadoras del tiempo, de la vida y de lo que puede ser el “yo”.
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O Irresistível Charme da Insanidade
Ricardo Kelmer, romance, 2011

Dois casais, nos séculos 16 e 21, vivem duas ardentes e misteriosas histórias de amor, e suas vidas se cruzam através dos tempos em momentos decisivos. Ou será o mesmo casal? Nesta história, repleta de suspense e reviravoltas, Luca é um músico obcecado pelo controle da vida, e Isadora uma viajante taoísta em busca de seu mestre e amante do século 16. A uni-los e desafiá-los, o amor que distorce a lógica do tempo e descortina as mais loucas possibilidades do ser.


Luca é um músico, obcecado pelo controle da vida, que se envolve com Isadora, uma viajante taoísta que acredita ser ele a reencarnação de seu mestre e amante do século 16. Ele inicia uma estranha aventura onde somem os limites entre sanidade e loucura, real e imaginário e, por fim, descobre que para merecer a mulher que ama terá antes de saber quem na verdade ele é.

Nesta insólita história de amor, que acontece simultaneamente na Espanha quinhentista e no Brasil do século 21, os déjà-vu (sensação de já ter vivido certa situação) são portais do tempo através dos quais temos contato com outras vidas.

Blues, sexo e uísques duplos. Sonhos, experiências místicas e ordens secretas. Este romance exercita, numa história divertida e emocionante, intrigantes possibilidades do tempo, da vida e do que seja o “eu”.

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O desejo da Deusa

12/10/2015

12out2015

Um encontro na praia, as forças da Natureza e um deus repressor

ODesejoDaDeusa-02

O DESEJO DA DEUSA

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– Aí eu fico pensando o que Deus vai pensar de mim! – Zoé respondeu, angustiada. E Monquita balançou a cabeça, sem acreditar, como a amiga podia ser tão reprimida?

O céu de Jericoacoara parecia um manto negro cravejado de lantejoulas, tantas as estrelas, tão brilhantes eram. Zoé olhou para elas e, mesmo sabendo que a noite estava linda, não conseguia ver nenhuma beleza. Ela suspirou, desanimada. Estava em apuros. Uma parte sua ansiava pelo moço, mas a outra parte se aterrorizava diante de tal ânsia…

O moço. Ela o conhecera na noite anterior, no ônibus que os levaria a Jericoacoara: ele sentou na poltrona ao lado, entre eles apenas o vazio do corredor. O moço era jovem, moreno, bonito, tinha uns olhinhos verdes… Parecia tímido, e isso lhe dava um certo charme. E a observava! Discretamente, sim, mas não tanto que ela não pudesse perceber.

– Essa viagem promete, heim…

Era a amiga Monquita, lhe beliscando o braço.

– Sua boba. Ele é bem mais novo que eu.

– Pronto. Já começou a se boicotar…

Ela pensou em retrucar, mas desistiu. Estava cansada, queria aproveitar as próximas horas de estrada para dormir. E foi o que fez.

Acordou somente para a troca de carros, na cidadezinha de Jijoca. E foi enquanto passavam as mochilas para a caminhonete que ela soube que em Jericoacoara o moço se hospedaria na mesma pousada onde elas ficariam, que coincidência…

– Nada de coincidência – a amiga brincou. – Já te falei que em Jeri, o mar de repente aparece… e tudo acontece.

– Fala baixo, Monquita! – ela a repreendeu, e tratou de sentar no último banco, bem longe do moço.

– Eu vi como os teus olhos brilhavam quando você olhava pra ele ‒ continuou a amiga, sentando ao lado. ‒ Pareciam dois faróis!

– Tá bom. Agora te aquieta aí e vamos aproveitar a paisagem.

Mas foi inútil. Durante o trajeto pelas dunas, sob o céu estrelado do litoral cearense, teve que escutar mais uma vez a amiga a lembrar-lhe: ela era uma mulher de quarenta anos, separada, bonita, livre e não tinha que prestar satisfação a ninguém das coisas que fazia. Para Zoé, porém, não era assim tão simples. Sim, ela agora era uma mulher separada, mas acontece que sempre que se interessava por um homem, era como se toda a sua educação cristã de repente lhe pesasse sobre os ombros e aí era impossível fugir do olhar implacável de Deus…

– Ele está a dois quartos do nosso, você viu? – perguntou a amiga, enquanto trocavam de roupa, já no quarto da pousada.

– E daí? – respondeu Zoé, séria.

– Ih, relaxa, amiga. Este fim de semana é pra gente se divertir.

– Você sabe que eu fico nervosa com essas coisas, tô destreinada…

– Tá bom. Mas pelo menos põe um sorriso nessa cara, vai.

Zoé sorriu. A amiga tinha razão, precisava relaxar.

Escolheram um bar com música ao vivo. Logo na entrada, porém, Zoé ficou séria novamente. Lá dentro, em frente ao pequeno palco onde tocava uma banda de rock, o motivo de sua seriedade tomava uma cerveja.

– Hummm, acho que a Deusa tá querendo acasalar gente…

– Fala baixo, sua louca!

Monquita a puxou pelo braço e no instante seguinte estavam encostadas no balcão. Enquanto a amiga pedia duas caipiroscas, Zoé tentava se esconder do moço.

– Você tá parecendo uma adolescente idiota…

Ela riu de nervosismo e teve que admitir para si mesma: de fato, comportava-se como uma garota boba de quinze anos, e nem sua filha, um ano mais nova, agia assim. Como um desconhecido podia deixá-la tão nervosa daquele jeito?

A amiga havia ido ao banheiro quando, de repente, escutou a voz atrás de si:

– Legal esse bar, né?

Zoé virou-se e lá estava ele, o moço, bem à sua frente, ao alcance de seu braço, sorrindo para ela o sorriso tímido mais doce do mundo. E de repente ela sentiu um tremor em alguma parte não localizada de seu corpo.

– Se incomoda se eu… ahn… ficar aqui… com você?

A primeira coisa que lhe passou pela cabeça foi correr para o banheiro. Depois pensou em fingir que era surda. Por fim, procurando ser o mais natural possível, respondeu:

– Obriga-gada… mas eu… eu… tô aqui guardando a ca-caipirosca da minha amiga.

Hummm, que resposta ridícula, ela mesma reconheceu, já corando de vergonha. Mas agora era tarde, já falara. E ainda havia conseguido gaguejar três vezes numa única frase. Então sorriu, tentando relaxar. Mas o esforço pelo sorriso foi tamanho que no segundo seguinte ela estava séria novamente. Concentrou-se um pouco mais e conseguiu sorrir de novo. Mas imediatamente teve a certeza de que sorria o sorriso mais desajeitado da história da humanidade e desistiu de vez daquele negócio de sorrir. Pegou o copo no balcão e fingiu que dava um gole na bebida, qualquer coisa para não ficar ali olhando para ele, naquele silêncio constrangedor, os olhinhos dele… tão lindos… verdes como o mar de Jeri…

Como se houvesse cansado de esperar, o moço virou-se e saiu. Ela suspirou, aliviada – e ao mesmo tempo arrasada. De repente, a imagem do moço se afastando era a imagem viva de sua incompetência para ser feliz… Que droga! Tudo que precisava era obedecer a seu corpo e dizer sim, apenas isso, ela sabia… Mas por que era tão difícil? Por que a felicidade do corpo tinha de ser pecado?

Na volta para a pousada, a escuridão das ruelas de areia a fazia sentir-se num labirinto. Mas o labirinto na verdade estava dentro dela própria, ela sabia, corredores e curvas a levá-la sempre ao mesmo lugar: aquela maldita sensação de culpa. Onde ficava a saída? Por que se sentia tão suja por desejar um desconhecido?

A voz de Monquita a salvou do labirinto:

– Seu azar, minha filha, é que ele é tímido. Se fosse mais safado, tinha te agarrado ali mesmo no balcão.

– Tenho certeza que ele me acha uma débil mental.

– Acho que não. Ele apenas não entendeu o que uma freira fazia num bar de rock…

– O que você faria no meu lugar?

– Eu? Eu já tinha arrastado ele pro quarto e lhe mostrado o que a Filha da Deusa tem.

– Ai, Monquita… eu até que tenho vontade, juro… mas aí eu fico pensando…

– Fica pensando o quê, mulher?

– Aí eu fico pensando o que Deus vai pensar de mim! – Zoé respondeu, angustiada.

Monquita balançou a cabeça, sem acreditar, como a amiga podia ser tão reprimida?

– Que deus é esse que é contra você se dar um pouco de prazer?

De volta à pousada, ela trocou de roupa, jogou-se na cama e fechou os olhos, querendo apenas dormir, apagar. Fugir de si mesma. Sumir.

Pelo corredor da igreja cheia de gente ela caminhou, até chegar ao altar, e quando se preparava para receber o anel em seu dedo, das mãos de um noivo mascarado, deu-se conta de que estava nua, inteiramente nua, e correu para trás do altar, tentando se esconder, mas a toalha do altar era curta demais e não cobria sua nudez…

No quintal da pousada, sentada no banquinho sob a goiabeira, enquanto aguardava a amiga sair do banho, Zoé ainda podia sentir vívidas as sensações do sonho que tivera aquela noite, ela nua em seu próprio casamento, morrendo de vergonha…

Aceitara o convite de Monquita para passar o fim de semana em Jericoacoara e esquecer a chatice do processo de divórcio, mas até então tudo que conseguira foi mostrar para si própria o quanto não era nada da mulher livre que imaginava que podia ser. Nem mesmo em sonho.

Nesse momento, ela o viu. O moço saía de seu quarto e, vestido apenas com uma sunga preta, parou à porta ainda sonolento e despenteado, esticou os braços e se espreguiçou, dobrando o corpo para um lado, depois para o outro, girando o tronco, o pescoço… Não era tão forte, mas tinha um corpo bonito. Zoé sentiu o coração disparar enquanto o moço seguia em direção ao lugar onde o café era servido, caminhando descalço e devagar, de um jeito bonito, uma elegância displicente, parecia um felino…

Foi como se o tempo parasse para ela olhar. Olhar e sentir o calor na coxa, aquela antiga sensação… um arrepio a lhe fuçar por dentro, sem pedir licença… Ela levou a mão para o meio das pernas e juntou uma coxa contra a outra, e fechou os olhos, deixando que a sensação guiasse sua mente por aqueles caminhos que ela já esquecera que existiam…

Mas logo abriu os olhos, assustada com a intensidade das sensações. E saiu apressada para o quarto.

– Monquita, eu imaginei tanta coisa naquele tempinho… – ela comentou na praia, enquanto saboreavam peixe frito e cerveja.

– Aposto que ele também já imaginou. Garçom, mais uma, faz favor.

– Ah, tanta menina novinha por aí, o que ele pôde ter visto em mim?

– Ele viu a loba, amiga. Ele viu a loba.

Zoé riu da amiga, ela e seu jeito estranho e divertido de ver a vida daquele jeito pagão, sempre falando em Deusa, em bichos, forças da Natureza…

No meio da tarde, as duas subiram para a pousada e Monquita adormeceu logo. Mas Zoé não conseguiu dormir, possuída por um turbilhão de sensações e pensamentos, tudo se misturando, o desejo ardente, o medo, o calor nas coxas, o desejo, a vergonha, a culpa, o desejo… Quando não suportou mais, levantou-se e foi tomar um banho frio. Depois botou um vestido leve de algodão com alcinhas, amarelo para realçar o bronzeado recém-adquirido. Sair, caminhar. Ver o pôr do sol. Talvez fizesse bem.

Quando deixava o quarto, com cuidado para não acordar a amiga, lembrou que estava de cabelo preso. Retirou a presilha e sentiu os cabelos pousarem sobre os ombros nus. E reparou que desde que chegaram a Jeri, aquela era a primeira vez que soltava o cabelo.

Na curva da ruazinha de areia… ele surgiu. Ele sempre surgindo assim de repente, seria seu pensamento que o atraía? Quase esbarraram um no outro. Parada à frente dele, não soube o que dizer nem o que fazer. Sentiu o rosto corar e imediatamente se arrependeu de ter saído sozinha. Mas nada fez. Tudo que conseguiu foi continuar olhando para o moço bonito de sunga que olhava para ela, igualmente desconcertado, o moço dos olhos verdes, o mar nos olhos dele, o murmúrio do mar chamando, convidando…

Quando deu por si, já caminhavam lado a lado, descendo para a praia, sem falar nada. A oeste, por trás das nuvens, o sol se despedia. O céu estava nublado e começava a soprar um ventinho frio…

Finalmente, conseguiu falar alguma coisa: propôs um café. Ele gostou da ideia e pouco depois, já na praia, paravam na barraquinha de uma simpática senhora, que lhes serviu dois cafés em copo descartável. Ela deu o primeiro gole, mas o café estava muito quente e pôs o copo sobre o balcão. Enquanto ele fazia o mesmo, ela aproveitou e olhou para ele, e achou lindo seu jeito tímido, e passeou os olhos por sobre seu corpo bonito, a pele morena, os ombros largos, o peito com pouco pelo, os braços, o tórax, as coxas… E por trás dele, a imagem do mar, feito uma moldura, o mar de repente aparece e tudo acontece…

Então, sentiu. O velho peso. Aquela conhecida e terrível sensação de peso, que subitamente vinha e a tornava incapaz. A velha sensação de culpa e pecado tomando conta de sua alma, feito uma sombra vinda do alto. Ela fechou os olhos, numa angustiada tentativa de fugir dos olhos de Deus.

Mas já era tarde. Aconteceria de novo, mais uma vez, logo agora que estava tão perto…

Dessa vez, porém, foi diferente.

– Não.

Foi apenas um murmúrio a escapulir de sua boca, que nem ela mesma escutou. Um murmúrio feito de uma curta e única palavrinha anasalada, dita mais para dentro que para fora, sem força, sem ênfase, o último fiapo de resistência: não. Mas nessa palavrinha estava expressa toda a sua certeza de que não, ela não queria mais aquilo. Não. Ela agora queria ser livre. Ela agora queria ser ela, a verdadeira Zoé. Não a Zoé que durante todos aqueles anos vivera sufocada, amarrada, presa numa cela escura de sua própria alma, não essa Zoé, e sim a que nascera para ser feliz. Mas não a felicidade que a família e a religião de seus pais reservaram para ela, feito uma linda roupinha de bebê. Não, não essa Zoé. A outra. A outra que nunca pudera ser, mas que sempre se mantivera viva em algum lugar dela mesma, respirando por um canudo no fundo do lago, sobrevivendo das migalhas de sua esperança e matando a sede com as próprias lágrimas. Queria agora a outra Zoé, a que agora recusava a linda roupinha a ela reservada, que rasgava a linda roupinha. A Zoé que agora queria estar nua, pela primeira vez na vida.

– Não.

A rajada de vento foi repentina. E foi tão forte que virou o copo do balcão, fazendo o café derramar sobre ela, atingindo-lhe a cintura e a coxa. Ela gritou, abrindo os olhos assustada e sentindo o líquido fervente queimar sua pele. A senhora da barraca, preocupada, apontou a torneira ao lado e disse que ela pusesse logo água no local, rápido. O moço, assustado, saiu correndo e voltou no instante seguinte trazendo um balde com água.

Tudo foi muito de repente, tanto que Zoé só se deu conta do que fazia quando já estava fazendo: a mão erguendo o vestido, o moço jogando água sobre a pele avermelhada, a sensação da água fria sobre a pele quente, o vestido amarelo e molhado grudando-se às suas coxas, a transparência da roupa revelando a calcinha branca…

– Pronto, pronto, acho que já tá bom… – ela interrompeu, dando um passo para trás, subitamente envergonhada. – Não queimou tanto.

– Quer ir na pousada trocar de roupa? – o moço perguntou, preocupado.

A senhora da barraca ofereceu uma sombrinha, pode precisar, a noite tá com cara de chuva. E assim saíram, ele tenso e silencioso, e ela disfarçando com a sombrinha o vestido agora transparente, e torcendo para chegarem antes da chuva.

Mas não chegaram. No meio do caminho, a água desceu forte e tiveram que abrir a sombrinha. Foi assim, debaixo da sombrinha, os corpos molhados e juntinhos, que os dois percorreram as ruazinhas de terra, enquanto toda a água do mundo desabava sobre eles. Foi assim que, de repente, o mundo ao redor desapareceu e tudo que existia era o corpo quente do moço e o seu, juntinhos, como se fosse um corpo só. E foi assim, sem ter mais qualquer controle sobre si mesma, sem saber o que fazia e muito menos o que devia fazer, sem saber mais de nada, que ela sentiu as pernas fraquejarem e parou, temendo cair, e ele largou a sombrinha e a amparou em seus braços.

Aconteceu ali mesmo, na areia, na parte mais escura do beco. Mais tarde, ela não saberia contar com exatidão, mas lembraria que ele a puxou e ambos caíram na areia, em meio a abraços e beijos incontidos. Ou não, talvez tenha sido ela quem o puxou. Depois ele rasgou seu vestido e bebeu a água da chuva diretamente em seus seios, feito um andarilho à beira da morte que encontra a fonte da vida. Ou não, talvez ela é quem rasgou o vestido e lhe ofereceu os seios, mulher bondosa que dá de beber ao viajante sedento. Depois ela o deitou na areia e montou sobre ele. Ou não, isso foi depois dela pôr-se de quatro e ordenar, rangendo os dentes, rosnando feito um bicho, vem logo! E depois, e depois… Bem, depois só lembra de senti-lo lá dentro, bem lá dentro, inteira e maravilhosamente lá dentro de si, enquanto se sentia harmonizada com toda a Natureza, e suas lágrimas se misturavam à água da chuva, e de sua boca se libertavam longos gemidos, quase uivos, anunciando o prazer mais lindo e mais louco e mais intenso que jamais tivera em toda a vida.

– Não… isso não aconteceu… isso não aconteceu…

Monquita, que fora acordada aos puxões pela amiga e que escutara todo o relato em silêncio, agora tinha os olhos arregalados e estava pasmada, sem acreditar no que ouvia. Sentada ao seu lado na cama, num vestido rasgado e ensopado, os cabelos pingando água sobre a cama, Zoé estava radiante, iluminada, os olhos brilhando…

– Aconteceu sim, Monquita! Olha como eu tô! Olha aqui a queimadura.

Ela virou-se para a amiga ver na coxa a marca deixada pelo café fervente. E a amiga ficou ainda mais impressionada.

– Zoé… A Deusa te batizou com fogo!

Batizada com fogo. Zoé achou engraçada a expressão. E contou do momento em que, em sua angustiada luta contra a sensação de culpa, no segundo final de sua resistência, implorou com todas as forças que lhe restavam para que algo acontecesse…

– E aí a Deusa te acudiu.

– Não sei quem foi. Só sei que algo me ajudou derrubando aquele copo.

– Ela te mandou o Vento. Pra derrubar as defesas.

– Bendito vento.

– Depois mandou o Fogo, pra te batizar. Depois a Água pra te limpar. E, por fim, a Terra pra te acolher. Acolher a oferenda de vocês… o casamento sagrado…

– Quer saber mais? Ele me convidou pra dormir com ele.

– A amiga ainda tem disposição?

– Como você mesma diz, ele despertou a loba, agora que aguente… – brincou Zoé, rindo à solta.

Sentia-se tão leve… Parecia que se libertara de um peso imenso e, ao mesmo tempo, sentia-se preenchida, maravilhosamente preenchida. Tudo que sabia era que acontecera, apesar de todos os seus medos e culpas e resistências, apesar da timidez dele, apesar de Deus, apesar de tudo. Acontecera. E agora ela era outra Zoé. Zoé de Jeri. Renascida pelo Vento. Batizada pelo Fogo. Limpa pela Água. Acolhida pela Terra.

É, talvez Monquita tivesse razão. Só mesmo uma divindade feminina para fazer tudo aquilo com tamanho jeitinho…

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Ricardo Kelmer 2007 – blogdokelmer.com

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Este conto integra os livros
Indecências para o Fim de Tarde
Vocês Terráqueas – Seduções e perdições do feminino

Kelmer Para Mulheres – Nesta seção do blog, homem fica de fora

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LEIA NESTE BLOG

AGotaDagua-02aA gota dágua – A força da tempestade, o poder do desejo. Ela deveria resistir, mas…

Dez segundos para ser feliz – Seus olhos continuam sorrindo mesmo quando ela conta, sem pudor, das imensas bobagens que fez em nome de sua busca por felicidade

Mulheres que adoram – Dar prazer a uma mulher, fazê-la dizer adoro mil vezes por dia…

Mulheres na jornada do herói – Elas sempre foram, mais que os homens, historicamente reprimidas na busca pela essência mais legítima de suas vidas

Insights e calcinhas – Uma calcinha rasgada pode mudar a vida de uma mulher? Ruth descobriu que sim

Carma de mãe para filha – Os filhos sempre pagam caro pelos pais que não se realizam em suas vidas

O Reino Encantado de Jericoacoara – Perder-se em Jeri, eu recomendo. Perder-se de paixão. Perder a noção do tempo, a carteira de identidade, o medo de se experimentar…

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01- Qualidade literária: 5 Sexualmente excitante:  5 Prende a atenção:  5 Divertido: 3 Provoca reflexões: 4. O conto da Deusa é maravilhoso, voce imagina no começo que vai acontecer algo entre os dois, mas nao da pra imaginar como vai acontecer. E tudo acontece naturalmente, um sentimento forte, um tesao os une, sem pornografia, mas com muito erotismo e sensualidade. Adorei, nota 5. Bruna B, Campina Grande-PB – 2014

02- Maravilha Ricardo. Pra mim foi uma leitura completa. Maravilha. não acrescentaria nada. Está perfeita, sem comentários..puro desfrute….maravilha…. Eu nunca imaginei que um dia estaria tendo essa experiência e confesso que fiquei com medo quando me expus para te ajudar, mas esta sendo fascinante…rsrsrsr… és bem jeitoso e fostes bem cuidadoso com os contos que me enviates. Maravilha! Tu sabes escrever….sem comentários porque estou sem palavras….porque não há palavras mesmo….rsrs….  Anosha Prema, Campinas-SP – 2014

03- O Desejo da Deusa, amei!!  é divertido, excitante, eu li de uma vez só e adorei a personagem Zoé, nota 5 em tudo. Cris B, São Paulo-SP – 2014

04- Demais !!!! Silvia Teresa Polo Jimenez , João Pessoa-PB – nov2015

05- Aiii… adorei… me lembra uma certa pessoa… rsrsrs.. parabéns querido!  Thaís Guida, Rio das Ostras-RJ – nov2015

06- Perfeito, Kelmer! Ana Velasquez, Corumbá-MS – nov2015

07- Às vezes, meu caro Ricardo Kelmer, o olhar mais implacável é o nosso … Obrigada pela partilha, sempre produtiva… Bjs e até breve!!! Lenha Diógenes, Fortaleza-CE – nov2015

08- E ela não sabe se abre ou fecha a porta de vez, depois de tantos desencontros e o medo do sofrimento dos homens que nem acreditam em nada. E ai, vem o olhar implacável. Gostei muito. Jane Arruda de Siqueira, São Paulo-SP – nov2015

> Postagem no Facebook


As Preciosas do Kelmer – set2015

29/09/2015

29set2015

AsPreciosasDoKelmer201509
As Preciosas do Kelmer é uma revista que criei no Facebook. Ela é feita de dicas e comentários sobre variados assuntos. A periodicidade é mensal, funciona por meio de uma única postagem que abasteço com subpostagens e os leitores podem comentar a qualquer momento e até sugerir assuntos. Por seu caráter dinâmico e interativo e por construir-se a cada dia, eu diria que é uma revista orgânica. A capa da revista é a própria imagem da postagem, que sempre trará imagens femininas.

Meu objetivo com As Preciosas é dar vazão à minha necessidade de comentar fatos do cotidiano. Pra mim o Facebook é ideal pra isso. Aqui no blog postarei a edição do mês e a atualizarei a partir das atualizações no Facebook, sempre com imagens. Espero que você goste.

> No Facebook (todas as edições)

> No Blog do Kelmer

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AsPreciosasDoKelmer201509AS PRECIOSAS DO KELMER
Dicas e pitacos para o mês
#36, set2015
> Esta edição no Facebook

Capa do mês: Estela Renner, cineasta brasileira

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*** ELA MENTIU A IDADE PARA TRANSAR E ARRUINOU A VIDA DELE

Roteiro para um filme de terror: um rapaz de 19 anos é condenado pela Justiça e, por isso, fica proibido de usar a internet pelos próximos 5 anos, o que destrói sua carreira na ciência da computação. Além disso, ele não pode conversar com ninguém com menos de 17 anos e está proibido de entrar em estabelecimentos que vendem álcool, e precisa voltar para casa sempre antes das 8 da noite. Tem mais: ele não pode chegar a menos de 1 quilômetro de distância de parques e áreas públicas em geral.

Terrível, né? E o que esse rapaz fez para merecer tamanho castigo? Ele fez sexo consensual com uma garota que mentiu a idade para ele, dizendo que tinha 17, quando na verdade tinha 14. Isso transformou o encontro deles num crime sexual.

Ainda bem que isso só acontece nos filmes, né? Não. Aconteceu de verdade, em 2015, no estado de Indiana-EUA. A própria garota e sua mãe defenderam Zachery no julgamento, disseram ao juiz Dennis Wiley que ele não tinha culpa e pediram que as acusações fossem abandonadas. Mas o juiz não se senbilizou. O nome de Zachery estará na lista de criminosos sexuais pelos próximos 25 anos.

Para completar o clima de pesadelo kafkiano, o juiz justificou sua sentença com uma afirmação para lá de absurda, que reflete todo o seu moralismo e seu desconhecimento sobre as mudanças culturais na sociedade. “Você foi à internet pescando mulheres para conhecer e fazer sexo. Isso parece fazer parte da nossa cultura agora: conhecer, sair, transar e dar adeus. É um comportamento completamente inapropriado. Não há desculpa alguma para fazer isso.”

É um pesadelo real. O que podemos fazer? No mínimo, demonstrar solidariedade a Zachery, assinando a petição criada por seus pais. E mantermo-nos sempre atentos contra o perigo do moralismo conservador. > Mais

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*** COMO AJUDAR IMIGRANTES

ElesEstaoNaFronteira-02Através da Unicef e de ongs, podemos ajudar imigrantes, inclusive os haitianos que vêm ao Brasil reconstruir suas vidas. > Mais

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*** A BANDEIRA CERTA DO SETE DE SETEMBRO

Neste Sete de Setembro acontecerá nas ruas do Brasil a 21a edição do Grito dos Excluídos, evento organizado por movimentos sociais, organizações populares e coletivos de direitos humanos. Um dos lemas deste ano é “Que país é esse, que mata gente, que a mídia mente e nos consome?” O lema visa denunciar a manipulação e a violação de direitos pela mídia e anunciar a necessidade de democratização dos meios de comunicação. Será que a grande mídia vai divulgar? > Mais

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*** DOCUMENTANDO COM ESTELA RENNER

Conheci Estela em 2004, no Rio de Janeiro. Fizemos parte da produção do sitcom Mano a Mano, que foi exibido em 2005 pela RedeTV. Eu trabalhei como roteirista e ela foi uma das diretoras dos episódios.

Atualmente Estela trabalha com filmes e documentários. Ela dirigiu “Criança a alma do negócio” (2008), que denuncia o perigo da publicidade para crianças. Dirigiu também “Muito além do peso”, sobre obesidade infantil. Atualmente dedica-se a seu novo documentário, sobre a importância dos três primeiros anos da vida de uma pessoa. Estela também dirigiu um episódio da série documental “Amores expressos”, exibido pela TV Cultura em 2011.

Em seus trabalhos, Estela revela sensibilidade em relação à condição humana e leva o espectador a se questionar sobre os valores que norteiam nossa sociedade. É um belo exemplo da arte a serviço da valorização do indivíduo diante da opressão dos sistemas e da ganância capitalista. > Aqui você confere uma entrevista com ela

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*** OS ZUMBIS E O FASCÍNIO PELA MORTE

O que fascina mais? Vampiros ou zumbis? Taí uma briga boa. Ambos são representações do arquétipo da morte e, por isso, causam medo. Mas por que fascinam tanto? No vampiro, temos o poder da beleza e sedução e da promessa de vida eterna, embora isso possa ser também uma maldição. No zumbi, temos a decrepitude e a escravidão.

Ambos são mortos-vivos, e talvez esteja aí o motivo do fascínio. Eles se situam naquela misteriosa zona fronteiriça entre a vida e a morte, onde, por mais medo que tenhamos, sempre queremos dar uma olhadinha. São mensageiros do mundo de lá, mas nunca trazem boas notícias, ao contrário de anjos e outros seres celestiais. Cada um ao seu modo, vampiros e zumbis são mais humanos do que nos agrada admitir.

> Conheça um pouco sobre a história da crença em zumbis

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*** HISTÓRIA DA MACONHA NO BRASIL

Segundo o livro “História da Maconha no Brasil”, de Jean Marcel Carvalho França, a maconha chegou ao Brasil por volta de 1770, quando o vice-rei de Portugal ordenou que se cultivasse o cânhamo na então colônia para a produção de cordas e velas navais. O empreendimento não deu certo, mas foi o responsável por prosperar o cultivo da planta para uso recreativo – aqui introduzido por marinheiros portugueses, conhecedores e consumidores da erva proveniente da Índia, e por escravos africanos, herdeiros do gosto pelo haxixe dos povos da Península Arábica.

Atualmente, no Brasil, a maconha é usada quase que apenas para uso recreativo, e seu imenso potencial para uso industrial e medicinal não é aproveitado por conta da política proibicionista. Que pena. > Mais

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*** A FOTO DE FAROL MAIS FAMOSA DO MUNDO

FarolLaJumentJeanGuichard-01bA foto parece ser uma montagem, de tão incrível que é. Será que é real? E se é real, aquele homem da foto morreu? E por que ele estava ali? > Mais

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*** ONDE TERMINA A LIBERDADE DA RELIGIÃO?

O técnico Dunga proibiu manifestações religiosas exageradas nas concentrações da seleção brasileira. A decisão veio após um pastor evangélico visitar a seleção nos Estados Unidos e divulgar fotos nas redes sociais. Dunga afirmou que o culto religioso realizado no hotel da seleção não foi autorizado pela CBF e que novas manifestações estão proibidas: “Respeitamos todas as religiões, mas seleção não é local de exposição religiosa ou política.”

Dunga está corretíssimo. Os fanáticos, evidentemente, protestarão e dirão que isso vai contra a liberdade de expressão, esquecendo que a liberdade da religião termina quando começa o direito do espaço laico. > Mais

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*** ATLETA MENSTRUADA CORRE MARATONA SEM ABSORVENTE

A notícia parece que saiu daqueles sites de bizarrices. Mas, como me interessam temas ligados ao feminino, acho que é um fato que pode trazer reflexões úteis sobre nossa cultura.

Kiran Gandhi é uma estadunidense de 26 anos. Ela correu uma maratona menstruada e sem usar absorvente, como forma de motivar mulheres a se sentirem orgulhosas pelo fato de menstruarem. Kiran, que é formada em Administração e se declara feminista, completou a prova em quatro horas e 49 minutos e, ao fim, posou para fotos com a medalha, a roupa manchada e muito orgulho pelo que fez. > Mais

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*** O POLÊMICO XAMANISMO DE CARLOS CASTANEDA

Especial da BBC sobre o polêmico antropólogo que estudou o xamanismo no México, escreveu vários livros, envolveu sua vida numa grande aura de mistério e tornou-se um fenômeno do movimento Nova Era.

Se o que Castaneda relata em suas obras é verdade, teremos que admitir que o que entendemos comumente por realidade não passa de um fragmento de um universo bem mais amplo, profundo e assombroso. Se não é, então é preciso reconhecer que estamos diante de um formidável lunático, ou de um genial charlatão. Legendado.

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*** PESSOAS QUE VIVEM COM BONECOS

A fotógrafa estadunidense Elena Dorfman registrou o cotidiano de pessoas que vivem com bonecos, focando nos laços emocionais que os unem. > Mais

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*** QUANDO O GOOGLE ENCONTROU O WEAKLEAKS

Neste livro, Julian Assange, fundador do site WeakLeaks, discute as consequências da acumulação de poder pelo Google no século 21 e relata seu encontro com Eric Schmidt, presidente do grupo, em 2011. O resultado é um livro fascinante e alarmante, que revela os polos opostos em que esses dois personagens icônicos da atual “era tecnológica” se encontram e suas opiniões divergentes sobre o destino do mundo e das novas tecnologias. Assange alerta para os perigosos laços políticos entre Google e Facebook e o Departamento de Estado Americano para controlar a vida das pessoas e prejudicar a soberania de nações, além de impor ao resto do mundo a agenda que atende aos interesses econômicos e geopolíticos dos EUA.

Quando o Google Encontrou o WeakLeaks – Editora Boitempo – 2015 – 168 pag – Mais

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Volte outro dia, beibe

20/09/2015

20set2015

Hoje, 50 anos depois, Satisfaction parece não ter envelhecido nadinha, pelo contrário, pois a cultura do consumismo se intensificou a níveis impensáveis

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VOLTE OUTRO DIA, BEIBE

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Era 1965 e os Rolling Stones faziam uma turnê pelos Estados Unidos. Keith Richards acordou no meio da noite possuído por uma ideia musical. Ele ligou o gravador, gravou uns acordes e voltou a dormir. Depois ele e Mick Jagger finalizaram a música, inspirados pela frustração de estarem confinados em seus quartos de hotel e não poderem tocar. A música foi batizada de Satisfaction e rapidamente virou um grande sucesso no mundo inteiro, tornando-se uma das canções mais emblemáticas da história. Ainda hoje, 50 anos depois, ela é bastante executada, e mesmo quem não gosta nem conhece rock muito provavelmente reconhecerá aqueles três acordes básicos, o riff, que iniciam a música e voltam a cada retomada do refrão.

Além do riff, a letra também encontrou imediata receptividade entre o público jovem. Talvez essa não tenha sido a principal motivação para os versos, mas eles soam perfeitamente como contestação à cultura de consumo, que persegue insistentemente o personagem no rádio e na TV. Na estrofe final, a frustração do personagem e a fala da garota (volte semana que vem, pois tô numa fase difícil) deslocam o foco para o terreno sexual, e aí a “satisfação” ganha novos significados, ampliando os horizontes interpretativos e seduzindo de vez os ouvintes jovens, que naqueles dias viviam a revolução sexual dos anos 1960. Some-se a isso tudo o jeitinho de Jagger de cantá-la e… buuummmm!, a música explodiu.

No início, várias rádios se recusaram a tocá-la por seu suposto apelo sexual. Mas não havia como deter a onda. E hoje, 50 anos depois, Satisfaction parece não ter envelhecido nadinha, pelo contrário, pois a cultura do consumismo se intensificou em níveis impensáveis. Hoje, buscamos sedentos a satisfação nas novidades que a cada dia surgem nos anúncios publicitários, mas quando as alcançamos, a novidade seguinte já nos acena à frente, para nossa frustração.

O consumismo do nosso tempo é uma garota linda e sorridente a nos seduzir o tempo todo com maravilhosas promessas de satisfação. Mas que repete sempre: volte outro dia, beibe, volte outro dia…

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ROLLING STONES – SATISFACTION
Apresentação em set1965

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LEIA NESTE BLOG

APergunta-01A pergunta – Um dia, porém, alguém desconfia. E entende que os que olham para fora, sonham, e os que olham para dentro, despertam. E aí a pergunta é inevitável

Paz e amor express – Durante cinco dias o Festival Express cruzou a leste-oeste do verão canadense levando em seus vagões os ideais da união pela música, a esperança ainda viva de um mundo de paz e amor

Lágrimas na chuva – E quando finalmente chegarem ao lugar para onde tanto correm, estarão em paz com as lembranças da vida que viveram?

Maluquice beleza – Já que a formiga só trabalha porque não sabe cantar, Raulzito pegou a linha 743 e foi ser cigarra

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Lágrimas na chuva

11/09/2015

11set2015

E quando finalmente chegarem ao lugar para onde tanto correm, estarão em paz com as lembranças da vida que viveram?

LagrimasNaChuva-05

LÁGRIMAS NA CHUVA

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É uma espécie de ritual. Quando anoitece, faço uma pausa no trabalho, ponho para tocar a trilha sonora do filme Blade Runner (Caçador de Androides) e preparo um chazinho de hortelã. Vou tomá-lo à janela do apartamento, observando a paisagem cinzamente caótica de São Paulo. Enquanto bebo o chá quentinho, as canções se sucedem, misturando-se ao som da cidade lá fora e emprestando sua suave beleza melancólica ao movimento das ruas lotadas, todos apressados, um bando de autômatos correndo de um lado para outro…

Mas para mim tudo está em câmera lenta. Talvez porque nesse momento eu sou Rick Deckard no alto daquele prédio, salvo da morte pelo replicante Roy Batty, totalmente rendido diante do grande mistério que é estar vivo e não saber até quando.

Acho que as pessoas correm tanto porque não sabem se amanhã estarão vivas. Mas será que correr tanto assim não faz apenas acelerar a paisagem que passa, deixando para o presente um mero cantinho desprezado, quase imperceptível, entre o que já foi e o que talvez não virá? Correndo tanto assim e vivendo no modo automático, em que momento essas pessoas poderão lembrar que estão vivas? E quando finalmente chegarem ao lugar para onde tanto correm, estarão em paz com as lembranças da vida que viveram? Do alto do prédio, em sua resignada lucidez de quem está morrendo, o replicante Roy tem mais uma pergunta: De que valerá tanta pressa se no fim a vida se perdeu no tempo, como lágrimas na chuva?

Penso nisso enquanto tomo o último gole do chá. E renovo minha falta de fé no roteiro que criamos para esta nossa época frenética de humanos automatizados. Corram por mim, amigos, que eu prefiro curtir a paisagem do agora. Até a derradeira faixa do disco.

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Ricardo Kelmer 2015 – blogdokelmer.com

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BLADE RUNNER – O CAÇADOR DE ANDROIDES

FILMEBladeRunner-01Ficção científica – EUA, 1982
Baseado no conto Androides Sonham com Carneiros Elétricos?, de Philip K. Dick

DIREÇÃO: Ridley Scott
ROTEIRO: Hampton Francher e David Webb Peoples
ELENCO: Harrison Ford (Rick Deckard/narrador), Rutger Hauer (Roy Batty), Sean Young (Rachael), Edward James Olmos (Gaff), M. Emmet Walsh (Capitão Bryant), Daryl Hannah (Pris), William Sanderson (J.F. Sebastian)…
TRILHA SONORA: Vangelis

> Na Wikipedia

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Blade Runner
Rick Deckard e Roy Batty no alto do prédio

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LEIA NESTE BLOG

BladeRunnerDeusesHumanosEAndroides-01aDeuses, humanos e androides na berlinda – Como todo ser, o criador busca sempre transcender a sua própria condição, e é criando que ele faz isso

A pergunta – Um dia, porém, alguém desconfia. E entende que os que olham para fora, sonham, e os que olham para dentro, despertam. E aí a pergunta é inevitável

Vade retro Satanás (filme: O Exorcista) – O Mal pode ter mudado de nome e de estratégias. Mas sua morada ainda é a mesma, o nosso próprio interior

Mariana quer noivar – Você abdicaria das relações amorosas em sua vida em troca de dinheiro ou sucesso na carreira?

A ilha – Uma fábula sobre o autoconhecimento

Deus planta bananeira de saia (filme: Dogma) – Em Dogma, Deus passa mal bocados por conta de um dilema criado pelos próprios humanos. Santa heresia, Batman!

Cine Kelmer apresenta – Dicas de filmes

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DICA DE LIVRO

Matrix e o Despertar do Herói
A jornada mítica de autorrealização em Matrix e em nossas vidas
Ricardo Kelmer

Usando a mitologia e a psicologia do inconsciente numa linguagem descontraída, Kelmer nos revela a estrutura mitológica do enredo do filme Matrix, mostrando-o como uma reedição moderna do antigo mito da jornada do herói, e o compara ao processo individual de autorrealização, do qual fazem parte as crises do despertar, o autoconhecer-se, os conflitos internos, as autossabotagens, a experiência do amor, a morte e o renascer.

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 COMENTÁRIOS
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01- Eh verdade, eu ja participei desse ritual ai! Ana Claudia Domene Ortiz, Albuquerque-EUA – ago2016

02- maravilha de pensamentos!…de-sa-ce-le-ran-do.. Shirlene Holanda, São Paulo-SP – ago2016

03- Muito bom Ricardo Kelmer.Correr pra quê?Vivamos o presente, de preferência ouvindo uma boa música e um chá quentinho.Viva a vida hoje. Vilma de Oliveira, Fortaleza-CE – ago2016

04- Tua escrita me faz viajar nas imagens e ideias que vão se desenhando…. Que texto gostoso e instigador! Ivonesete Zete, Fortaleza-CE – ago2016

05- Que lindo Kelmer! A sabedoria de quem sabe apreciar e sentir a vida. Renata Kelly, Fortaleza-CE – ago2016

06- Texto ❤❤❤ Barba 💕💕💕💕💕💕. Sabrina Nádia de Sousa, Fortaleza-CE – ago2016

07- eu me identifico. Tetê Macambira, Fortaleza-CE – ago2016

08- Vc escreve muito bem. Simone Matoso, Belo Horizonte-MG – ago2016

09- Excelente. Susana X Mota, Leiria-Portugal – ago2016

10- Grande Ricardo Kelmer. Luiz Antonio Lima Alencar, Fortaleza-CE – ago2016

11- Texto ótimo, como sempre, Ricardo. Mas, francamente, um detalhe: com Blade Runner combina mais chá de cogumelos! Abr. Luis Pellegrini, São Paulo-SP – ago2016

12- Adorei! Márcia de Oliveira, Fortaleza-CE – ago2016

13- Kelmer, brôu. Imaginava que só eu pensava assim, mas não consegui transmitir tão bem como tu. Obrigado por nos apresentar tal texto, está ótimo. P. S.: O meu hortelã foi diferente do teu… Francisco Fontenele Veras Neto, Lourinhã-Portugal – ago2016

14- Viva o ócio. Iris Medeiros, Campina Grande-PB – ago2016

15- Grande Ricardo Kelmer !!!!! ❤ Oliveira Sidd, Fortaleza-CE – ago2016


O sonho que morreu na praia

04/09/2015

04set2015

O mar, que não liga para nacionalidades, aceitou receber o menino sonhador

OSonhoQueMorreuNaPraia-04

O SONHO QUE MORREU NA PRAIA

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Humanos são especialistas em separar humanos. Para isso, criam religiões e demarcam fronteiras. E elas nos convencem de que somos povos diferentes, uns eleitos por Deus, outros não, uns com visto de entrada, outros não.

Um garotinho de três anos, com seu irmão, sua mãe e seu pai. Alan, o nome dele. Fugindo do inferno na Síria. Tentando escapar do ódio religioso, que só perdoa aos que rezam para seus deuses. Alan e seu sonho de um lugar para viver, apenas isso, viver. Tentaram asilo no Canadá, mas as fronteiras infelizmente não entendem de sonhos, e menos ainda de sofrimento.

Munidos tão somente daquela que é a última a morrer, decidiram arriscar tudo. Num bote lotado de sonhadores, lançaram a sorte ao mar e tentaram chegar à Grécia. Mas nas águas da insensibilidade humana a sorte não passa de um frágil barquinho de papel. Naufragaram no litoral da Turquia. E o corpo de Alan foi parar na praia. O corpinho pequenino, estirado na areia, de roupa e sapato. Que nem as crianças que adormecem no tapete da sala, e depois as levamos para a cama.

Alan não tinha mais cama. Não tinha mais casa. Não tinha para onde ir, nenhum país rico o queria. Mas o mar, que não liga para nacionalidades, aceitou receber o menino sonhador. E as ondas foram beijar-lhe o rostinho afundado na areia, pedindo desculpas pela crueldade dos humanos.

Nas minhas lágrimas que agora mancham este texto, Alan, sinto o gosto de revolta e esperança. Revolta pelos sonhos das crianças que morrem na praia. E esperança de que seu triste destino ajude a humanidade a despertar para a verdade mais importante. Não, ela não está nos mandamentos das religiões. Nem nas leis sagradas dos países.

O fanatismo religioso e os patriotismos não a aceitam, mas essa verdade é a única que pode nos salvar neste momento. Ela parece um sonho, Alan, como o que você sonhava em seu barquinho de papel. Mas é real, e diz assim:

Somos todos um único povo. O Povo da Terra.

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Ricardo Kelmer 2015 – blogdokelmer.com

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SAIBA MAIS

ImigrantesAlanKurdi201508-14De Damasco a Bodrum – A viagem fatal do menino sírio que chocou o mundo – BBC Brasil

‘Nunca imaginei que uma foto pudesse ter esse impacto’, diz fotógrafa que clicou menino sírio – BBC Brasil

Como ajudar – Unicef, ongs e Caritas ajudam imigrantes, inclusive no Brasil – BBC Brasil

Brasil acolhe mais imigrantes sírios – BBC Brasil

10 fotos marcantes sobre o drama dos imigrantes – BBC Brasil

Para você que chora pela criança síria mas não se importa com a miséria a seu redor – Por Nathali Macedo, no Diário do Centro do Mundo

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LEIA NESTE BLOG

PatriaAmadaTerra-01aPátria amada Terra – É animador ver as novas gerações convivendo mais naturalmente com essa noção de cidadania planetária

A imagem do século 20 – Vimos nossa morada flutuando no espaço. Vimos um planeta inteiro, sem divisões. Não vimos este ou aquele país: vimos o todo

WikiLeaks e o nascimento da cidadania global – Quanto mais as pessoas se conectam à internet, mais elas se entendem como participantes ativos dos destinos do mundo e não apenas de seu país

Eles estão na fronteira – Milhões de maltrapilhos famintos, perseguidos políticos, criminosos cruéis, terroristas suicidas, narcotraficantes e trombadinhas invadindo os países e quebrando tudo, estuprando nossas irmãs, matando todo mundo, o caos absoluto

A ilha – Uma fábula sobre o autoconhecimento

A Humanidade, o psicólogo e a esperança – Os acontecimentos mostram que a Humanidade está se unificando, unindo seus opostos

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COMENTÁRIOS
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01- Parabéns, pelo texto e principalmente pelos 2 últimos parágrafos!!! Isolda Mirante – set2015

02- é triste viu!!! Renata Louise Martins – set2015

03- Mensagem linda, me fez emocionar. Andreia Alencar – set2015

04- Belo texto. Suellen Gomes – set2015

05- Senhor piedade dessa crianca jesus. Juliana Silva – set2015

06- MUITO triste…Chega a ser desamnimador!!! Isolda Mirante – set2015

07- Deus cuide dessa criança pois ela e um anjo. Rafael Dos Anjos Carla Dos Anjos – set2015

08- Lindo a mensagem,mas a foto e triste. Selma Fernandes – set2015

09- E terrivel, e triste e doloroso,ver tudo isso acontecer como se fosse uma coisa qualquer sem valor, e sao ser humanos, todos temos o mesmo sentimentode dor imaginamos o seu sofrimento. Veraluciasantoscorreia Correia – set2015

10- Nossas possibilidades e sonhos se afundam nesse mundo de hipocrisia e corrupção… Triste realidade q preciso compartilhar… Marilei Moreira – set2015

11- Foi o texto mais tocante sobre o tema. O coração ficou apertado pela triste realidade…sem solução. Ma Virginia Pantani – set2015

12- Triste realidade…excelente texto! Vanessa Silveira – set2015

13- Muito triste tenho muito dó desse povo que sofre nas guerras … Ivone Ivone – set2015

14- onde esta nosso amor ao próximo?…a pior raça é a humana,pobre anjo inocente. Rayane Eduardo – set2015

15- Amém. Eliandra Nobre – set2015

16- que texto bonito. Monica Campos – set2015

17- Ah Ricardo Kelmer a imagem já nos sensibiliza ao extremo, mas suas palavras nos faz ir além… Cícera Souza Vidal – set2015

18- amigodaminhavida..mesmo sem nos falar, temos uma sincronia de pensamentos..me emocionou tb.bjao. Shirlene Holanda – set2015

19- Gostaria de saber quando e como essa guerra vai acabar… Leyla Dayane – set2015

20- Muito triste…que pecado. Andrea Pollastrini – set2015

21- Qual é o contexto do sonho de quem pega um bote e tenta atravessar o oceano com um filho de três anos para perder a vida junto com ele? Qual é sonho de quem é reprimido com crianças no colo em divisas territoriais e espremido em cercas de arame farpado? Qual o sonho de quem não tem vida na terra onde nasceu por conta da barbárie que lhe foi imposta pelos donos do mundo que lhes é negado? Thaís Guida, Rio das Ostras-RJ – set2015

22- O sonho é viver, sobreviver, escapar. Que lamentável, nós vítimas de nós mesmos. Existe coisa mais triste? Ligia Eloy, Lisboa-Portugal – set2015

23- E a humanidade que parece nunca progredir, repetindo os mesmos erros desde sempre… Ana Velasquez, Corumbá-MS – set2015

24- Até quando precisaremos de mártires para que uma causa ganhe ouvidos?  Silvana Alves, Fortaleza-CE – set2015

25- Perfeito o seu texto!!! Isadora Fontão, Rio de Janeiro-RJ – set2015

26- ótimo texto… Arnaldo Afonso, São Paulo-SP – set2015

27- Que pena ! Leonor Oliveira Moreira, Fortaleza-CE – set2015

28- Exato e sensível. ….chorando pelo povo da Terra, perdido dentro dessa “bolinha” até quando… Marialucia da Silveira, Campinas-SP – set2015

29- Belo texto caro Ricardo. Eduardo Macedo, Recife-PE – set2015

30- É lamentável. Vilma de Oliveira, Fortaleza-CE – set2015

31- meu querido irmão…Meus olhos lacrimejaram com sua cronica…A verdade é cruel e dolorida….Inventaram um Deus que sapara, uma religiao que expulsa, um sexo que não tolera…..que seres imbecis nos tornamos…. Jacques Josir Ribeiro, Santo André-SP – set2015

32- Eu e minha dor. E mais essa dor do mundo. Iris Medeiros, Campina Grande-PB – set2015

33- Sinceramente, não acredito na humanidade. Acredito em seres humanos que fazem diferença, se esforçam e inspiram outros. Mas o coletivo da raça sempre foi uma força cruel e sedenta. Triste demais. Belo texto de Ricardo Kelmer. Juliana Jucá de Vasconcellos, Fortaleza-CE – set2015

34- Ricardo, lindo e comovente esse seu preito de compaixão e respeito ao garotinho Aylan. Que destino o dessa criança! Dar a própria vida para poder emprestar seu pequeno corpo à criação de uma imagem que atravessará os tempos e ficará na história dos desatinos humanos. Luis Pellegrini, São Paulo-SP – set2015

35- Texto lindo! Santo Deus, como é lamentável a insensibilidade humana! Ana Clebia Rodrigues, Fortaleza-CE – set2015

36- Ricardo Kelmer… faço minhas suas palavras tocantes… peço aos meus amigos que mostrem para crianças… elas precisam saber que tem vida sensível, frágil e inteligente fora dos seus equipamentos e para além dos muros de suas escolas e condominios. Maria Di Lia Oliveira, Bananeira-PB – set2015

37- Por um mundo sem fronteiras. Iris Medeiros, Campina Grande-PB – set2015

38- Somos todos um unico povo. O povo da terra! Nivea Gomes, Fortaleza-CE – set2015

39- Ricardo Kelmer, como não chorar com tudo que sabemos e assistimos causados ou proveniente por toda estúpida segregação? Ivonesete Zete, Fortaleza-CE – set2015

40- Emocionante, Ricardo. Não dá pra dizer mais nada… Waldemar Falcão, Rio de Janeiro-RJ – set2015

41- Luis, suas palavras também são emocionantes. Eu diria “que coragem desse espírito aceitar essa programação”, como a minha saudosa Célia do Carmo… Waldemar Falcão, Rio de Janeiro-RJ – set2015

42- Triste muito triste,profundamente lamentável!!! Oneide Braga, Fortaleza-CE – set2015

43- Não é fácil falar com suavidade dessas facetas duras da realidade! Você o fez, Ricardo! Grata por beijar Aylan com suas palavras!! Kátia Valevski Sales Fernandes, Fortaleza-CE – set2015

44- E a face da ignorância da loucura dos seres humanos em nome de DEUS, São pedras atiradas em outras pessoas por não ser da mesma religião, seres que se acham superior pq ou outros são diferentes, matando, destruindo, a ganância, falta de respeito com natureza estamos regredindo a onde vamos parar!!!!! Michel Silva, Rio de Janeiro-RJ – set2015

45- Até quando? Diana Fontes

46- Deus só Deus. Juliana Mendes da Silva,  

47- Texto de que sanbem o que escreve Parabéns. Lucia Lucas, Cuioabá-MT – set2015

48- Belo texto para uma triste história… Paulo César Norões, Fortaleza-CE – set2015

49- Lamentável.Triste demais. Vilma de Oliveira, Fortaleza-CE – set2015

50- Cara, chorei com seu texto. Simone Orlando, Rio de Janeiro-RJ – set2015

51- Sem palavras! Vanessa Machado Monte, Fortaleza-CE – set2015

52- Capitalismo cruel, egoismo exacerbado. Deus piedade pra nós humanos!!! Zildene Feitoza, Fortaleza-CE – set2015

53- Triste e lamentável. Suely Frazão, Taubaté-SP – set2015

54- Parabéns pelo texto lindo em homenagem a esse pequeno anjo. Claudia Melo – set2015

55- Meu Deus até quando vamos ver as pessoas sofrerem assim principalmente as crianças. Belo texto, bem escrito ta de parabéns. Leticia Macedo – set2015

56- Jesus veio ensinar o amor ao próximo, e 2000 depois a humanidade ainda não aprendeu. Altemar Feitosa, Natal-RN – set2015

57- Sem comentarios!! Beta De Oliveira Damasceno – set2015

58- Será que ainda podemos acreditar na bondade humana como disse Anne Frank ? Maria Vasconcelos, Fortaleza-CE – set2015

59- Que violência. Neuda de Paula – set2015 

60- Lamentavel. Socorro Pereira, Natal-RN – set2015

61- sa na rien voire avec les religions si homme seul qui responsable de se genre d action au nom de dieu. Arimas Kadri, Constatina-Argélia – set2015

> Postagem oficial no Facebook para compartilhar

 


As Preciosas do Kelmer – ago2015

31/08/2015

31ago2015

AsPreciosasDoKelmer201508

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As Preciosas do Kelmer é uma revista que criei no Facebook. Ela é feita de dicas e comentários sobre variados assuntos. A periodicidade é mensal, funciona por meio de uma única postagem que abasteço com subpostagens e os leitores podem comentar a qualquer momento e até sugerir assuntos. Por seu caráter dinâmico e interativo e por construir-se a cada dia, eu diria que é uma revista orgânica. A capa da revista é a própria imagem da postagem, que sempre trará imagens femininas.

Meu objetivo com As Preciosas é dar vazão à minha necessidade de comentar fatos do cotidiano. Pra mim o Facebook é ideal pra isso. Aqui no blog postarei a edição do mês e a atualizarei a partir das atualizações no Facebook, sempre com imagens. Espero que você goste.

> No Facebook (todas as edições)

> No Blog do Kelmer

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AsPreciosasDoKelmer201508AS PRECIOSAS DO KELMER
Dicas e pitacos para o mês
#35, ago2015
> Esta edição no Facebook

Capa do mês: Monique Prada, prostituta e ativista do feminismo

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*** OS ESPIÕES DO POVO E A TRANSPARÊNCIA GLOBAL

O nome do australiano Julian Assange talvez fique na memória da humanidade como um dos primeiros espiões do povo. Com a criação do site Wikileaks e seu trabalho sistemático de revelar segredos de corporações e governos, mostrando ao público a podridão de seus interiores, Assange ajudou a disseminar a cultura do compartilhamento de informações, trouxe mais transparência ao mundo e motivou outros a fazer o mesmo.

Evidentemente, isso não sairia barato. Faz dois anos que Assange vive como refugiado na embaixada equatoriana em Londres, pois se sair será preso, já que na Suécia há um mandado de prisão contra ele por assédio sexual (aliás, uma história muito mal contada). Caso seja enviado para a Suécia, é certo que o governo de lá o mandará para os EUA, que querem prendê-lo por divulgar informações comprometedoras, assim como fez com Chelsea Manning (que aguarda julgamento) e quer fazer com Edward Snowden (refugiado na Rússia).

Numa revolução popular, é comum que alguns revoltosos sejam escolhidos para pagar pela ousadia e servir de exemplo. Assim como Julian Assange, Edward Snowden e Chelsea Manning, os próximos espiões do povo que surgirem não terão vida fácil. Mas a revolução já começou, e quanto mais espiões do povo surgirem, mais os governos e corporações serão obrigados a aceitar que a cultura do compartilhamento de informações não tem mais volta, e que, de uma forma ou de outra, terão que ser mais transparentes para com a sociedade, da qual receberam o poder que possuem. > Mais

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*** O LEÃO CECIL E A MISÉRIA NO ZIMBÁBUE

Eu nunca tinha ouvido falar do leão Cecil, assassinado dias atrás no Zimbábue por um caçador de troféus estadunidense. Assim como eu, a maioria dos zimbabuanos também não conhecia o leão. Quem conhecia mesmo Cecil eram os turistas estrangeiros, ávidos por uma dose de natureza selvagem em suas vidas.

No país, a expectativa média de vida é de 52,7 anos. Lá, 72,3% da população vive abaixo do limiar de pobreza. O Zimbábue é o 172º colocado na lista dos países por índice de desenvolvimento humano (IDH). Não seria exagero dizer que o leão Cecil tinha uma vida melhor que a maioria dos zimbabuanos. > Mais

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*** 70 ANOS DA BOMBA DE HIROSHIMA

Hoje, 06.08.15, faz 70 anos que a população de Hiroshima foi presenteada com uma boma atômica. Três dias depois foi a vez de Nagasaki. Centenas de milhares de mortos, sobreviventes e seus filhos condenados aos efeitos radioativos e ao preconceito, cidades destruídas… Até hoje há quem defenda que isso foi o preço necessário para apressar o fim da guerra e evitar que mais pessoas morressem. Isso é a típica propaganda de guerra.

Na verdade, a rendição japonesa fatalmente ocorreria em breve, pois além dos bombardeios sobre suas principais cidades já serem intensos e sistemáticos, havia todas as dificuldades provocadas pelo bloqueio marítimo e também pelo colapso da Alemanha, que deixou de ajudar com recursos militares. O fator decisivo, porém, é que meses antes a União Soviética declarara guerra ao Japão e deslocara suas forças para a Manchúria, que invadiria em 08.08.45, derrotando as forças terrestres japonesas e minando qualquer esperança do Japão de contar com alguma mediação de Moscou numa rendição honrosa.

É importante entender que os EUA viam a bomba atômica não apenas como uma arma de destruição em massa, mas também como uma poderosa e inédita arma psicológica e política, pois com ela intimidariam a Rússia (na época, União Soviética), uma aliada na guerra, mas que já era vista como uma futura grande inimiga no pós-guerra, quando as duas forças geopolíticas dominariam o mundo. Outro fato é que os militares estadunidenses tinham interesse em pesquisar mais profundamente os efeitos da bomba, seu real efeito de destruição e a radioatividade nos sobreviventes e gerações seguintes, e para isso precisavam testá-la num evento de grande escala.

Atirar uma bomba atômica contra populações civis pode ser aceitável do ponto de vista militar, porém é preciso pensar sempre de fora da guerra, pois uma vez dentro da guerra, a lógica é uma só: matar ou morrer ‒ e em nome disso tudo é válido. Imagine se fosse hoje. Imagine que seu país entra em guerra e uma boma atômica é lançada sobre a cidade onde você vive, e depois sobre outra cidade, e depois sobre mais cidades, com o argumento de que isso fará o governo inimigo se render logo. Isso é justificável? > Mais

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*** A ANTIRROSA ATÔMICA

Vinicius escreveu este poema após o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), e o publicou em 1954. Em 1973 Gerson Conrad criou a melodia e a música imediatamente tornou-se um dos grandes sucessos de seu grupo Secos & Molhados.

Em seu poema, Vinicius evoca imagens fortes e cruéis para denunciar o horror da guerra, mas consegue fazer isso num tom suave e melancólico de surpreendente doçura. A melodia expressa perfeitamente tudo isso, e com o arranjo simples de violão e flauta, e a incrível voz de Ney Matogrosso, a música tornou-se um hino pacifista e antinuclear, cantado e recantado pelas sucessivas gerações.

A ROSA DE HIROSHIMA (Vinicius de Moraes)

Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A antirrosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.

Este vídeo, com imagens da guerra do Vietnã e do Secos & Molhados, é terrível e belo ao mesmo tempo. Mas é bom vê-lo vez em quando. Para não esquecermos nunca do que nossa espécie é capaz.

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*** MESADA PARA ADOCICAR OS ESTUDOS

Pagar uma boa faculdade é o sonho de muitos jovens no mundo inteiro. Na Inglaterra, cresce o número de universitárias que bancam seus estudos conseguindo uma doce mesada de homens mais velhos. Elas são as sugar babies. E o homem mais velho é o sugar daddy. Em troca da mesada, a maioria delas faz sexo, mas tudo depende do acordo. Como é um negócio que não pode ser enquadrado legalmente como prostituição, já existem sites especializados em intermediar os encontros.

Se o sugarbabysmo continuar crescendo, num futuro próximo haverá muito mais estudantes endividados entre os homens que entre as mulheres. Mas, obviamente, nada impede que os estudantes do sexo masculino também aceitem doces mesadas de mulheres (ou de homens) para pagar seus estudos.

No Brasil, a prostituição entre universitários é relativamente comum. Quando surgirem no Brasil os sites especializados (alguém duvida?), certamente muitos estudantes preferirão o sistema de mesada, onde não há o forte estigma da prostituição. > Mais

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*** POLUIÇÃO EM SÃO PAULO

Morar em São Paulo não dá barato…

HUMORMaconha-10

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.*** MUDANÇA DE POSTURA NA GRANDE MÍDIA

Nos últimos dias Globo e Folha de São Paulo mudaram o tom de suas críticas ao governo e já não defendem as forçadas tentativas de impeachment (leia-se golpe). Agora os dois grupos de mídia defendem que o governo tenha melhores condições de governar, e até criticam o PSDB por estar pagando para ver o pior.

Por que mudaram? Porque o que move esses grupos é o capital. Eles perceberam que o monstro que tanto alimentaram nos últimos meses saiu do controle, e uma crise política, aliada a uma economia fraca, seria péssimo para seus negócios por um tempo demasiado.

Os que protestam e gritam pelo impeachment perderam dois fortíssimos aliados. Resta a Veja, que também já deu mostras que não mais insistirá tanto no golpe, mas que não pode se dar ao luxo de perder os leitores antipetistas que conquistou, os mesmos que batem as panelas e usam a camisa da corrupta CBF nos protestos. > Mais

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*** QUADRINHOS ERÓTICOS, PORNOGRAFIA E MORALISMO

Quadrinhos eróticos. Eu, particularmente, adoooro. E até hoje choro por, num momento de desespero financeiro, ter vendido minha coleção. Adorava ler e reler com a namorada as aventuras de Druuna, A Arte da Palmada, A História de O, Justine… Pense num afrodisíaco!

Que bom que as editoras estão mais motivadas pra lançar quadrinhos eróticos. Ainda há esperança pro mundo! Aliás, meu aniversário vem aí (21out). Quem quiser me fazer muito feliz, já sabe… > Mais

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*** ISRAEL E O PERIGO DO TERRORISMO JUDAICO

A violência cometida por colonos radicais judeus contra os palestinos da Cisjordânia sempre foi criticada pelo mundo inteiro, mas durante décadas Israel sempre fez vistas grossas para a questão. Agora a situação começa a mudar. O atentado incendiário na aldeia de Duma, próxima a Nablus, que resultou na morte de uma criança palestina de 18 meses e de seu pai, parece ter rompido a lei do silêncio que protegia o terrorismo judaico, um inimigo interno que ameaça o futuro de Israel como Estado democrático.

O fanatismo religioso é inimigo de qualquer democracia. Garantir a laicidade do Estado é a melhor forma de combatê-lo. > Mais

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*** DUAS LÍNGUAS, UM CASO DE AMOR

Que bela declaração de amor fraterno-linguística! De fato, o português e o espanhol são como irmãos que se separaram da mãe, seguiram suas vidas independentes mas nunca deixaram de se admirar e se influenciar. Um brinde! > Mais

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*** A MUTILAÇÃO GENITAL É O MEDO DO FEMININO LIVRE

IndiosEmberaChamiColombia-01Ah, esse medo da sexualidade feminina… Sim, esse medo existe, e existe há muito tempo. Em nome dele, as sociedades tomam medidas que mais parecem cenas de um filme de terror.

A prática da mutilação genital ainda persiste em alguns países da África, mas pode também ser encontrada na América do Sul, na Colômbia. Lá, muitas mulheres da comunidade embera-chami têm o clitóris extirpado na infância, um hábito cuja origem é incerta, mas que revela a velha preocupação pelo controle da sexualidade da mulher.

O arquétipo do feminino livre faz parte da psique humana. A cultura pode reprimi-lo, mas não pode exterminá-lo. Quanto mais mulheres e homens o acionam em si mesmos, mais as sociedades o entenderão com naturalidade e perderão o medo dele. A mudança começa em cada um. > Mais

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*** ATEUS SAINDO DO ARMÁRIO (17)

FÁBIO PORCHAT – Ator

Nasceu no Rio de Janeiro em 01.07.83. Morou em São Paulo em sua infância e se formou em Artes Cênicas, na Casa de Arte das Laranjeiras, no Rio. Na Globo, foi redator do “Zorra Total” e “Junto e Misturado”, entre outros programas. É autor e diretor de peças teatrais, além de atuar em filmes.

No canal do Youtube “Porta dos Fundos” Fábio e sua turma de humoristas têm ridicularizado, entre outras coisas, comportamentos e crenças religiosas, em um valioso serviço à democracia nestes tempos em que religiosos têm desafiado com ousadia o Estado laico. (fonte: paulopes.com) > Mais

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*** AÉCIO BLINDADO NEVES

Em 25.08.15, o doleiro Alberto Youssef reafirmou, agora à CPI da Petrobras, que Aécio Neves recebeu dinheiro de corrupção no caso Furnas. A grande mídia fez o possível para esconder o fato, escondendo-o em manchtes vagas e maquiando a notícia em contorcionismos jornalísticos. Por quê? Aécio é um senador, ex-governador de Minas Gerais, presidente do PSDB e candidato a presidente da República ‒ isso não merece uma notícia? E se fosse Lula ?

É mais um motivo para lutarmos pela democratização da mídia, pois somente com mais equilíbrio de forças no mercado da informação é que a população será melhor informada sobre o que acontece. > Mais

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*** PEPE MUJICA E A JUVENTUDE

PepeMujicaUERJ201508-01aJosé Pepe Mujica foi presidente do Uruguai entre 2010 e 2015. Militante do grupo de esquerda Tupamaro, ele foi preso político por 14 anos. Ele esteve no Brasil a convite da Federação das Câmaras de Comércio e Indústria da América do Sul (Federasur), que o homenageou na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no centro do Rio, onde Mujica discursou para cerca de 400 pessoas.

À noite ele falou para cinco mil jovens no anfiteatro da UERJ, sendo bastante aplaudido. Mujica falou sobre democracia, desigualdade social, capitalismo e consumismo, sempre demonstrando sua notável lucidez sobre o nosso momento histórico. Viva pepe Mujica! > Mais

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Fome de ti

26/08/2015

26ago2015

FomeDeTi-01a

FOME DE TI

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Teus olhos são duas amoras
Que namoram os meus
E os seios, fartos cachos
Acho que anseio colher
Ah, eu sou todo saliva
Nascida da fome de te ter

E o desejo escorre pela boca
A polpa do lábio carmim
E a língua, cereja que surge
E se insurge e se lambe assim

Homem não chora
Mas quem não chora não come
Vem que esse desejo tem nome
É fome de ti
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Ricardo Kelmer 2005 – blogdokelmer.com

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> Mais poemas e músicas

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O cilindro da luz azul

17/08/2015

17ago2015

OCilindroDaLuzAzul-01.

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GuiaDeSobrevivenciaCAPA-1bEm sua luta para sobreviver no cenário apocalíptico de um mundo de opressão e violência, casal descobre estranhos cilindros trazidos pelo mar.

Mistério, ficção científica.

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(Este conto integra o livro Guia de Sobrevivência para o Fim dos Tempos)

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O CILINDRO DA LUZ AZUL

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LILA FECHOU A PORTA do apartamento e desceu as escadas o mais silenciosamente possível. Chegou à calçada do prédio, olhou ao redor e certificou-se de que estava só, todos já haviam se recolhido aos seus pequenos apartamentos. A escuridão da rua protegeria seus movimentos e também, assim esperava, suas perigosas intenções.

Caminhou por alguns minutos pelas ruas desertas. Havia muito lixo acumulado nas calçadas e as lâmpadas dos postes estavam quase todas quebradas. Dali podia-se escutar bem próximo os tiros e as bombas, a fronteira do bairro sendo intensamente disputada pelas gangues. No alto de um prédio um enorme cartaz anunciava a novidade em segurança pessoal, um lança-chamas que, instalado no automóvel, protege contra assaltos.

Lila parou numa esquina, agachou-se junto à parede e olhou o relógio. Eram 22 horas.

“Ele tem que aparecer, não pode falhar…”

Quando soou o alarme, vindo de um alto-falante num poste próximo, ela sentiu um calafrio – era agora uma desobediente do toque de recolher. Toque de recolher, não, “horário de descanso”, como o Controle preferia. Um desobediente podia ser preso e enquadrado como destoante. E um destoante não escapava para contar a história. Ela não tinha dúvida que era esse o fim que a esperava caso seu plano desse errado. Pois bem, pensou, apertando as mãos com ansiedade, agora era tudo ou nada.

Enquanto aguardava, lembrou de Matias. Naquele momento, ele estava deitado no sofá do apartamento esperando por ela e dependia do sucesso da operação para não morrer. Ele estava muito doente. Resistira o quanto pôde, mas agora já lhe faltavam as forças. Lila dizia que era apenas uma indisposição passageira, porém ele sabia que ela tentava apenas não assustá-lo. Ambos sabiam que Matias havia contraído a doença típica dos resistentes – mais cedo ou mais tarde, todos eles apresentavam os mesmos sinais de tristeza e desânimo. Uma fraqueza geral os impedia até de comer, e a grande maioria definhava e morria. Procurar hospitais significava entregar-se, pois o Controle já conhecia a doença. A única saída continuava sendo fugir da cidade.

Não resistir era a preferência da imensa maioria das pessoas. Numa época em que a população estava dominada pelos seus piores instintos, era sempre mais cômodo ir junto. Miséria, violência, epidemias, experimentos atômicos, poluição ambiental, ódios raciais e terrorismo religioso – o mundo sucumbira às suas próprias sombras e eram poucos os que conseguiam manter-se equilibrados no meio de toda a realidade confusa e opressiva.

Lila e Matias sabiam de amigos que conseguiram fugir da cidade. No início, ainda receberam algumas mensagens que foram lidas com alegria e esperança. No entanto, isso fora alguns anos antes, quando a perseguição aos destoantes e a vigilância das estradas ainda não eram tão fortes. Agora, escapar era quase impossível.

– Lila, você entende que o que vai fazer é muito arriscado, não é? – dissera Matias antes dela sair à rua aquela noite. – Pode ser o fim.

– Eu sei, meu amor. Mas a única coisa em que ainda podemos acreditar são aqueles sonhos.

– Não sei, sinceramente não sei mais… – respondera ele, baixando a cabeça. A doença turvava-lhe o raciocínio e a esperança.

– É nossa única chance, Matias. Se eu não voltar em duas horas, estarei numa delegacia. Ou morta. De qualquer modo não o entregarei, isso eu prometo.

– Você sabe que ninguém resiste aos métodos deles.

Ela apenas o beijou, carinhosamente, e saiu. Fechou a porta devagar e desceu as escadas em silêncio, para que os vizinhos nada percebessem.

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UM DIA, OS CILINDROS CHEGARAM. Milhares deles começaram a ser trazidos pelas ondas do mar sem que ninguém soubesse de onde vinham. Simplesmente amanheciam na areia das praias. Eram feitos de vidro transparente, tinham o tamanho de uma garrafa comum de refrigerante e pareciam conter apenas ar. Mas havia uma estranha luminosidade azulada em seu interior, um belo e instigante azul que de longe chamava a atenção.

A imprensa logo noticiou o fato, fazendo com que muitos curiosos corressem às praias. Imediatamente, o Controle entrou em ação e seus soldados vigiaram as praias, evitando que outros cilindros chegassem à população. Conseguiram também recuperar muitos dos que haviam sido recolhidos. Mas não todos.

Algum tempo depois, começaram os boatos. Eles diziam que destoantes conseguiam escapar utilizando o cilindro. No entanto, ninguém sabia explicar como faziam isso, se é que realmente faziam. O Controle fiscalizou barcos e navios, interrogou e prendeu centenas de pessoas, tudo com absoluto rigor. Entretanto, o mistério envolvendo os cilindros continuava.

Quando souberam o que estava chegando à praia, Lila e Matias lembraram imediatamente dos sonhos. Anos antes, eles sonharam, ambos e na mesma noite, com uma misteriosa luz azul pairando sobre o mar. Comentaram entre si o sonho e falaram sobre a forte aura de esperança que o envolvia. O sonho voltou outras vezes, sempre muito intenso, e eles entenderam que deviam manter a esperança e ficar atentos.

Lila ainda tentou se apoderar de algum dos cilindros, mas o Controle já enviara soldados às praias. Então ela agiu rápido e em poucos dias fez os contatos necessários, sempre com muita discrição. Precisava chegar às pessoas certas, caso contrário seria como pisar numa mina explosiva. Depois de todos os contatos realizados, passaram a aguardar. Tinham apenas que suportar até que chegasse a encomenda. Mas as semanas passavam devagar e o mundo ao redor parecia ele todo uma imensa correnteza sedutora a sussurrar: desistam, é bem melhor se entregar..

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ENTÃO, LILA O AVISTOU. O homem vinha pela calçada, protegido pelas sombras, caminhando rápido. Lila sentiu a expectativa quase explodindo seu coração. Olhou mais uma vez para um lado, para outro, para as janelas dos apartamentos. A rua estava deserta e tudo que podia fazer era torcer para que não a vissem.

– Demorei por causa dos Cães, moça. Eles já conseguiram controlar todas as entradas do bairro.

O homem retirou um embrulho do bolso do sobretudo e, com cuidado, passou a ela.

– Aqui está. Não me interessa o que pretende. Mas nunca vi ninguém me dizer a utilidade disso.

Ela guardou com cuidado o embrulho na mochila e entregou-lhe o dinheiro.

– Este mês você é a terceira pessoa que me pede esse troço.

– E as outras duas?

– Ninguém sabe.

O homem virou-se e rapidamente sumiu na escuridão da rua.

Por um instante, Lila não teve forças para sair do lugar. Finalmente, ali estava o cilindro. Era como se, depois de tantos anos, aqueles sonhos estranhos houvessem de repente se materializado em suas mãos. Teve vontade de chorar. Chorar por todo aquele tempo de resistência, por todos os perigos que passaram e por terem acreditado desde o início na mensagem de esperança dos sonhos. Então respirou profundamente e deu o primeiro passo de volta para casa.

As quadras seguintes pareceram intermináveis. Ela percebeu que algumas pessoas a viam das janelas dos prédios. Sabia que bastava uma delas ligar para um número e rapidamente uma viatura a recolheria como desobediente. E tudo estaria perdido. Sabia também que nem todos concordavam com o sistema de denúncias, mas os que discordavam não ousavam se pronunciar. Ela e Matias estavam sós, eles e todos os que ainda mantinham um mínimo de lucidez naquele inferno.

– Matias?

Deitado no sofá, Matias abriu os olhos devagar, despertando de um sono profundo.

– Está tudo bem? Estava dormindo?

– Sim – ele respondeu, ainda sonolento. Tentou lembrar o que estava sonhando… parecia ser um sonho interessante… mas não conseguiu. Então sentou-se e calculou mentalmente os movimentos da companheira pela sala. – Que bom que você voltou. Deu tudo certo?

– Sim. Aqui está o cilindro.

Lila tirou o embrulho da mochila e pôs sobre a mesa. Pela janela chegavam distantes sons de tiros e explosões. Os Cães aos poucos expulsavam todas as outras gangues do bairro. Eles logo o conseguiriam, estavam muito melhor armados e tinham o apoio dos Guerreiros de Deus, a gangue do bairro vizinho. Em breve o monopólio das drogas e das armas estaria com eles.

– E você, está bem?

– Só um pouco nervosa… Mas já está passando.

– Certificou-se de que não foi seguida?

– Não fui, fique tranquilo.

Ela sentou-se ao lado dele no sofá e o abraçou. Matias estava sem forças. Uma dieta à base de comidas mais saudáveis o ajudava a preservar o restante de lucidez, mas estava difícil encontrar bons alimentos no bairro.

– Lila, meu amor… – ele disse, e seus olhos esbranquiçados estavam úmidos. – Esse tempo todo você cuidando de mim e de você, sozinha… Arriscou-se tantas vezes…

– Ah, Matias, deixe disso – ela o interrompeu, acariciando-lhe o rosto magro e abatido. – Você deve estar com fome. Vou fazer uma sopinha bem gostosa.

Enquanto cozinhava para o companheiro, Lila lembrou do dia em que ele cansara, simplesmente cansara. Naquele dia, não adiantaram seus apelos: Matias simplesmente desistiu de nadar contra a corrente e se rendeu. Discutiram e ele terminou indo embora, deixando um bilhete em que lamentava não ser tão forte quanto ela e a incentivando a seguir, sem ele por perto a atrapalhar seus passos, ela era uma mulher forte, conseguiria sobreviver.

Dois anos depois, ela conseguiu finalmente encontrá-lo – num hospital psiquiátrico. Matias estava cego e em deplorável estado físico. Não duraria muito tempo naquele lugar, principalmente porque o Controle costumava eliminar doentes como ele. Então, gastando o resto de suas economias, ela subornou algumas autoridades e conseguiu retirá-lo de lá.

Durante meses cuidou dele até que recobrasse um pouco de suas forças e da esperança. Tentou arrumar-lhe trabalho, mas aqueles dois anos haviam deixado em Matias graves sequelas e o máximo que ele conseguiu foram subempregos clandestinos que lhe desgastaram ainda mais a saúde.

Isso acontecera quinze anos antes. Agora a cegueira já não o incomodava tanto, pois ele desenvolvera os outros sentidos e adquirira uma ótima noção do espaço, guiando-se por meio do som, do cheiro e da movimentação do ar. Mas estava cada vez mais fraco e o desânimo havia voltado. Morrer era apenas uma questão de tempo, eles sabiam. A não ser que Lila conseguisse um dos cilindros. Mas o que exatamente podiam os cilindros fazer por ele?

– O homem disse que este é o terceiro cilindro que ele vende este mês – comentou Lila, verificando de um canto da janela a rua lá embaixo. – Há outras pessoas lúcidas nesta cidade. E eu tenho certeza que todas escaparão.

– Agora que temos o cilindro, o que faremos?

– Sinceramente, não sei.

– Isso tem que servir para alguma coisa – ele falou, apalpando e cheirando o cilindro. – Mas não tem nenhuma abertura.

Então, aconteceu. Foi tudo muito rápido. De repente, para Matias, foi o barulho de porta sendo arrombada e homens gritando que eles estavam presos, não tentassem nada senão morreriam.

Matias percebeu o rápido deslocamento de ar no ambiente e compreendeu que haviam levado Lila para longe dele. Sentiu o cilindro ser puxado de suas mãos e, ao tentar reagir, um objeto moveu-se rapidamente na direção de sua cabeça. Ele ainda teve reflexo para, num mínimo movimento de pescoço, amortecer o golpe, mas mesmo assim a dor foi enorme e ele caiu, sentindo que estava prestes a desmaiar. Lila gritou, e ele percebeu que ela já estava imobilizada. Quis falar para ela não reagir, mas não conseguiu.

Caído ao chão, ficou quieto, sentindo a cabeça sangrar. Tentou reorganizar a apreensão do espaço ao redor. Eram quatro homens. Um deles estava com Lila. Outro na porta da sala. Um terceiro próximo à mesa, e certamente devia estar com o cilindro. E o quarto bem próximo, muito provavelmente o que o atingira com uma arma.

– Deus não quer violência, já basta a que existe – disse o que estava perto da mesa. – Então, vocês nos dizem para que serve o cilindro e nós deixamos vocês em paz.

– E você, logicamente, acha que nós acreditamos nisso… – respondeu Lila.

– Podemos negociar suas vidas. Na condição de vocês, isso já é muita coisa.

Então o Controle continuava sem saber manipular os cilindros, concluiu Matias, ainda imóvel no chão. Era uma boa notícia. Porém, ele e Lila também não sabiam. Sequer haviam-no aberto.

– Estamos esperando… – falou o da mesa, que parecia ser o chefe.

– Nós não sabemos para que serve – a voz de Lila soou do outro lado e, pelo ritmo e inflexão, Matias sentiu que ela estava bem atenta. Precisava ganhar um pouco mais de tempo, ainda estava grogue.

– Ah, deixe ver se entendi. Compraram um objeto, pagaram muito caro e não sabem para que serve. Isso não me parece lá muito inteligente… Cadela vagabunda!!!

O som forte e abafado de um soco doeu nos ouvidos de Matias. Escutou os gemidos de Lila e o som de seu corpo caindo ao chão. Tentou gritar, mas não teve forças.

– A cadela vagabunda tem cinco segundos para dizer como funciona o cilindro – disse o da mesa. Matias percebeu que o quarto homem se aproximava. Sentiu o cano de uma arma tocando sua cabeça. – Se não quiser, obviamente, que os miolos do ceguinho sujem o chão da sala. Cinco… Quatro…

– Mas eu já disse! – Lila gritou. – Nós não chegamos a usar!

– Três…

– Nós não sabemos, acredite em mim!

– Dois…

– Não faça isso, por favor!

– Um…

– Eu mostro… como funciona – disse Matias. A voz finalmente voltava.

– Ah, o ceguinho fala…

Matias levantou-se com dificuldade. Sentiu-se tonto e segurou-se na mesa para não cair. Perguntou onde estava o cilindro.

– Aqui está. E não tente ser esperto.

Matias recebeu o cilindro com as duas mãos, segurando firme. O homem que guardava a porta da sala continuava lá, no mesmo lugar, calculou ele. O da mesa estava ao seu lado. O terceiro continuava com Lila. O quarto homem se afastara um pouco, mas certamente ainda lhe apontava a arma.

– Estou muito fraco… não sei se vou conseguir abrir – ele disse.

– Além de cego, mentiroso.

– Ele está doente, estúpido! – gritou Lila.

Então Lila estava em pé de novo, Matias calculou rapidamente. Ela estava em pé e percebera que devia falar para que ele determinasse sua exata localização.

– Então abra você, cadela. Sem gracinhas.

Matias sentiu que o quarto homem se aproximava. Percebeu que ele pegaria o cilindro de suas mãos. Nesse exato instante entendeu que não deveria entregá-lo. Foi uma certeza estranha, como se na verdade sempre houvesse sabido disso. Então, abriu as mãos e deixou o cilindro cair…

O cilindro, porém, não chegou ao chão: o homem moveu-se rápido e o apanhou no último momento. Entendendo que nada mais restava a fazer, Matias saltou sobre o da mesa, o que parecia ser o chefe. Caiu sobre ele, abraçando-o, e os dois chocaram-se contra a parede. Suas mãos encontraram uma arma na cintura de seu oponente. Mas não conseguiu retirá-la, o outro era forte e ele estava fraco demais. O homem afastou-o de si e em seguida um golpe o atingiu no rosto, fazendo-o cair.

Tentou erguer-se, mas não conseguiu. Sentiu gosto de sangue na boca. Nesse instante, percebeu que Lila gritava e tentava alcançá-lo, mas era impedida. No chão, recebeu dois chutes. O primeiro partiu-lhe algumas costelas e o segundo arrancou-lhe vários dentes. Mais gosto de sangue. Muita dor. Mais golpes, na cabeça, no peito, por todo o corpo. E depois nada mais sentiu, nenhuma dor, nada. Apenas adormeceu, lentamente…

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– MATIAS?

Ele escutou a voz, trazida pelas ondas do mar, os sons quebrando em alguma longínqua praia de seu pensamento…

– Está tudo bem?

Ele abriu os olhos. Viu que estava deitado na cama.

– Sim, tudo bem…

– Você estava gemendo. Fiquei preocupada.

Matias sentou-se, esfregando os olhos. Reconheceu o quarto da pousada praiana onde passavam o fim de semana com amigos, o abajur ligado, o som distante do mar… E Lila ao seu lado.

– Tive um sonho… tão estranho…

– Toma, bebe um pouco – ela disse, entregando-lhe um copo dágua.

– Um mundo de autoritarismo e opressão… Era uma vida difícil, perigosa… Eu era cego, e você cuidava de mim. E havia uns cilindros esquisitos, com uma luz azul…

– E o que acontecia?

– Fomos capturados, algo assim. E nos mataram.

– Ai, que horrível.

– Acho que nunca tive um sonho tão… tão real.

– Foi só um sonho, meu amor, está tudo bem agora – ela disse, em meio a um bocejo. – Vamos dormir? Amanhã cedo vamos passear de barco com a turma.

Ele não respondeu, ainda lembrando do sonho.

– Amanhã você me conta mais. Estou morrendo de sono.

Lila puxou a coberta, aconchegando-se ao corpo de Matias. Ele esticou o braço, desligando o abajur, e o quarto ficou escuro, iluminado apenas pela luz do luar que chegava pelas frestas da janela. Ele deixou-se envolver pelo calor do corpo da namorada e tentou adormecer. As imagens e a atmosfera do sonho, porém, insistiam em voltar. A sensação de ser um cego, de ser cuidado por Lila, de resistirem juntos, tudo era muito real. E o cilindro com aquela luz misteriosa, aquele azul…

– Lila?

– Hummm…

– Olha pra mim.

Ela abriu os olhos, sonolenta, e seu rosto foi iluminado pelo luar. Ele sorriu, confirmando para si mesmo: a luz do cilindro tinha a mesma cor dos olhos dela.

– O que foi? – ela perguntou, curiosa.

– Obrigado, meu amor.

– Pelo quê?

– Por existir.

Ela riu.

– Se você não me deixar dormir, amanhã eu serei uma morta-viva…

Ela o beijou e juntou seu corpo ao dele, buscando novamente o sono. Ele sorriu, feliz. E assim adormeceu, embalado pela melodia silenciosa que exalava da presença da mulher que tanto amava.

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– MATIAS?

Deitado no sofá, Matias abriu os olhos devagar, despertando de um sono profundo.

– Está tudo bem? Estava dormindo?

– Sim – ele respondeu. Tentou lembrar o que estava sonhando. Parecia ser um sonho interessante… Mas não conseguiu. Então sentou-se e calculou mentalmente os movimentos da companheira pela sala. – Que bom que você voltou. Deu tudo certo?

– Sim, aqui está o cilindro.

Lila tirou o embrulho da mochila e pôs sobre a mesa.

– Lembrei!

– O quê?

– O sonho.

– Que sonho?

– Foi tão real. Estávamos numa pousada na praia… Era um tempo bom, nós tínhamos amigos, éramos felizes. E eu enxergava.

– E o Controle?

– Não havia Controle.

Lila sorriu, comovida.

– Talvez esse outro mundo exista.

– Ele existe, Lila. Eu sei que existe.

Matias ergueu-se e caminhou até onde ela estava, ao lado da mesa.

– Este é o cilindro? – perguntou, apalpando o embrulho.

– Sim.

Ele abriu o embrulho e pegou o cilindro com cuidado.

– A luz dentro dele está acesa?

– Sim – ela respondeu. – E é mesmo azul.

– Da cor dos seus olhos… – ele sussurrou.

– Meus olhos são castanhos, meu amor, você esqueceu?

Ele sorriu. E seu sorriso era de pura tranquilidade.

– Não. São azuis.

No instante seguinte, ele abriu as mãos, deixando o cilindro cair…

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ENQUANTO DOIS HOMENS vigiavam a porta e a janela, outro homem examinava os corpos do casal no chão.

‒ Chegamos cinco minutos atrasados ‒ disse ele.

– Estão mortos? ‒ perguntou o outro homem, ao lado da mesa.

– Sim, chefe. Nenhuma marca, nada de sangue.

– Que merda.

Enquanto os outros três homens colocavam os corpos em sacos e os levavam, o chefe abaixou-se e começou a juntar os pedaços de vidro espalhados pelo chão. Aquilo estava deixando-o louco. Era sempre a mesma coisa: destoantes inexplicavelmente mortos, sempre com a expressão serena, como se estivessem dormindo, e o maldito cilindro espatifado no chão. Ele mesmo já quebrara alguns cilindros, mas nada acontecera. Que diabo de mistério era aquele?

Pôs os pedaços de vidro dentro da valise, fechou e caminhou até a saída. Deu uma última olhada na sala, apagou a luz e saiu, batendo a porta.

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Ricardo Kelmer 1997 – blogdokelmer.com

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GuiaDeSobrevivenciaCAPA-1cEste conto integra o livro
Guia de Sobrevivência para o Fim dos Tempos

O que fazer quando de repente o inexplicável invade nossa realidade e velhas verdades se tornam inúteis? Para onde ir quando o mundo acaba? Nos nove contos que formam este livro, onde o mistério e o sobrenatural estão sempre presentes, as pessoas são surpreendidas por acontecimentos que abalam sua compreensão da realidade e de si mesmas e deflagram crises tão intensas que viram uma questão de sobrevivência. Um livro sobre apocalipses coletivos e pessoais.

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Comentarios01COMENTÁRIOS

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01- Baita texto do meu amigo Ricardo Kelmer, um dos meus preferidos, e que deixaria até o mestre Philip K. Dick pra lá de orgulhoso. Marcelo Gavini, São Paulo-SP – ago2015


Pesquise antes de acreditar

06/08/2015

06ago2015

O ideal para a democracia é que esse imenso poder da mídia não se concentre nas mãos de poucos

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PESQUISE ANTES DE ACREDITAR

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Cada empresa de mídia tem seus interesses próprios e sempre tenderá a noticiar os fatos pelo ângulo e intensidade que lhe forem mais vantajosos, ou sequer os noticiará, fingindo que nada acontece. Elas têm esse direito, claro, até porque a total imparcialidade jornalística é algo que não existe, principalmente quando se trata de política. Em alguns casos, porém, o problema não é o ângulo, é a distorção do fato, ou seja, a mentira jornalística, o que é algo muito grave.

Caso deseje garantir para si próprio informações mais honestas, o cidadão só tem um caminho: pesquisar. Ele deve ter sempre em mente que a informação é um produto como outro qualquer, e que somente comparando as várias versões possíveis de um fato é que será possível adquirir uma compreensão mais abrangente da realidade.

O mercado da informação rende muito, muito dinheiro. Os grupos que o dominam convencem mais facilmente os políticos a defenderem leis que lhes beneficiam. Quanto mais poderoso é um grupo de mídia, mais ele pode influenciar eleições e direcionar os rumos de um país. Não é à toa que a imprensa é chamada de “o quarto poder”. Por isso, o ideal para a democracia é que esse imenso poder da mídia não se concentre nas mãos de poucos, e que a população tenha fácil acesso às várias versões possíveis dos fatos.

No Brasil, o mercado de mídia é bastante concentrado, principalmente por Rede Globo, Folha de São Paulo e Editora Abril, que dominam vários segmentos da mídia impressa e eletrônica, produzindo, distribuindo e exibindo informação e cultura. Como essas empresas também têm suas ideologias e preferências políticas, a versão dos fatos que elas apresentam todo dia para milhões de brasileiros obviamente jamais irá contra seus interesses, e em nome destes às vezes é preferível omitir, confundir e desinformar do que efetivamente esclarecer. É por isso que elas lutam contra a regulação da mídia no Brasil (tentando falsamente associá-la à censura, por exemplo), pois sabem que a regulação ocasionará, entre outras coisas, uma maior divisão de forças no mercado da informação, assim como ocorre nas grandes democracias, como França, Alemanha e Estados Unidos. Se o Brasil prosseguir avançando na consolidação de sua democracia, a regulação desse mercado acontecerá em breve, mas, independente disso, o que cabe ao cidadão é agir como o bom consumidor: pesquisar sempre antes de comprar, ou melhor, de acreditar.

Ao fim do texto seguem algumas sugestões para o consumidor que não se contenta apenas com as versões dos fatos vendidas pelos poderosos do mercado. Quem tiver outras, fique à vontade para sugerir, afinal quanto mais opções, melhor. Melhor para o consumidor, claro.

SUGESTÕES:

Observatório da Imprensa – Congresso em Foco – Jornalistas Livres
Diário do Centro do Mundo – Revista Fórum – El Pais Brasil
Jornal GGN – Carta Capital – Caros Amigos – Vi o Mundo
Conversa Afiada

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Ricardo Kelmer 2015 – blogdokelmer.com

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Ilustração: Fernando Vasqs. Argumento: Ricardo Kelmer.

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SAIBA MAIS

Regulação da mídia não é censura – Por Pedro Ekman e Bia Barbosa, 03.06.14

Mudanças aceleram regulamentação da mídia no mundo – Reportagem do Opera Mundi, 2010

Por que a dívida da Globo não é manchete de jornal? – Por Bruno Marinoni, 31.07.14

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LEIA NESTE BLOG

DemocraciaERegualacaoDaMidia-02Democracia e regulação da mídia – A informação é um produto, e o mercado da informação precisa de regras, caso contrário o grupo que tem mais dinheiro monopolizará a informação, para prejuízo da sociedade em geral

WikiLeaks e o nascimento da cidadania global – Quanto mais as pessoas se conectam à internet, mais elas se entendem como participantes ativos dos destinos do mundo e não apenas de seu país

Acabou a paciência – O povo está enfim deixando de ser tão conformista e alcançando um novo nível de conscientização política. É gol do Brasil

O protesto da babá negra – Talvez ela saiba que quando um governo tem como objetivo a equidade social e a redistribuição da riqueza do país, automaticamente atrai o ódio das elites econômicas, que lutarão para manter seus privilégios

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COMENTÁRIOS
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01- Aff. Anna Melo, Teresina-PI – ago2015

02- É MUITA [DES]INFORMAÇÃO, NÉ?!… Maria Gama, Vitória-ES – ago2015

03- É muita informação para pouca formação. Jessica Giambarba, Fortaleza-CE – ago2015

04- Nossa sacanagem, perto dessa gente tratada no texto, é pinto. Fernando Vasqs, São Paulo-SP – ago2015

05- se for veja e globo, não precisa nem se informar, É MENTIRA. Moacir Bedê, Fortaleza-CE – ago2015

06- DIRETO DO TÚNEL DO TEMPO: É CLARO QUE HOJE AS COISAS ESTÃO BEM PIOR… [TÍNHAMOS SÓ TV… HOJE TEMOS DE ‘FILTRAR’ TAMBÉM A INTERNET, QUE É BEM MAIS ‘VASTA’… youtube.com/watch?v=MtQTejGeL4M Maria Gama, Vitória-ES – ago2015

07- Pesquisem mesmo!!!! Maria José Figueiredo, Brasília-DF – ago2015

08- Pra quem ainda não entendeu….. Daniele Nóbrega Cavalcante, Fortaleza-CE – ago2015

09- Para quem ainda não entendeu o espírito da coisa… Antonieta Figueiredo, Fortaleza-CE – ago2015

> Postagem no Facebook

 

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As Preciosas do Kelmer – jul2015

31/07/2015

31jul2015

AsPreciosasDoKelmer201507

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As Preciosas do Kelmer é uma revista que criei no Facebook. Ela é feita de dicas e comentários sobre variados assuntos. A periodicidade é mensal, funciona por meio de uma única postagem que abasteço com subpostagens e os leitores podem comentar a qualquer momento e até sugerir assuntos. Por seu caráter dinâmico e interativo e por construir-se a cada dia, eu diria que é uma revista orgânica. A capa da revista é a própria imagem da postagem, que sempre trará imagens femininas.

Meu objetivo com As Preciosas é dar vazão à minha necessidade de comentar fatos do cotidiano. Pra mim o Facebook é ideal pra isso. Aqui no blog postarei a edição do mês e a atualizarei a partir das atualizações no Facebook, sempre com imagens. Espero que você goste.

> No Facebook (todas as edições)

> No Blog do Kelmer

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AsPreciosasDoKelmer201507AS PRECIOSAS DO KELMER

Dicas e pitacos para o mês
#34, jul2015
> Esta edição no Facebook

Capa do mês: Marion Zimmer Bradley (1930-1999), escritora estadunidense, autora da série As Brumas de Avalon

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*** A FEMINISTA, A PROSTITUTA E A MULHER LIVRE

“A pior ofensa para uma mulher é ter uma vida sexual, e uma vida sexual ativa, mudar de parceiros. Esse é o estigma da puta. Não tem a ver com cobrar por sexo. Tem a ver com regular o sexo das mulheres. Nós vigiamos a sexualidade uma da outra, nós mesmas reprimimos. Não entendo como nos convenceram disso”.

Quem diz isso é Monique Prada, uma feminista famosa por seu ativismo nas redes sociais. Monique é prostituta, mora em Porto Alegre e tem se destacado por mobilizar discussões públicas sobre a questão da prostituição, chamando a atenção para a importância da regulamentação do trabalho sexual, como prevê o Projeto de Lei (PL) Gabriela Leite, de Jean Wyllys (PSOL-RJ), que deverá ser votado em breve.

Monique tem razão. As mulheres, elas próprias, reprimem a sexualidade feminina. A liberdade sexual de uma mulher ainda amedronta a muitos homens, é verdade, mas incomoda a maioria das outras mulheres. Por quê? Será inveja? Será medo de ser trocada por uma mulher “mais fácil”? Ou será que é porque suas mães, suas próprias mães, as ensinaram a, desde criancinhas, temer e apedrejar as mulheres livres? Se a culpa é da educação, isso automaticamente não absolveria os homens, pelo menos em certa medida, que também são ensinados pelos pais a serem machistas? > Mais

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*** UMA FAÍSCA PARA TUDO PEGAR FOGO

O recente caso do grotesco adesivo da presidenta Dilma Rousseff de pernas abertas, sendo penetrada pela bomba de gasolina, nos revela algumas coisas sobre as quais vale a pena pensar:

1- Nas redes sociais, a maior parte das pessoas posicionou-se publicamente contra o adesivo, até mesmo as que não gostam do PT ou de Dilma. Isso mostra que, independente de ideologias políticas, ainda há pessoas EQUILIBRADAS o bastante para saber diferenciar o protesto legítimo e coerente do fanatismo político.

2- Muitas pessoas, inclusive mulheres e alguns sites, como o Mercado Livre, aplaudiram e até ajudaram a vender e espalhar o criminoso adesivo. Isso mostra que muitas pessoas, se for para atingir o PT, são capazes de QUALQUER COISA.

3- Muitas pessoas não apoiaram o adesivo, mas ficaram caladas (mesmo sendo mulheres, mães e avós, como Dilma), pois não gostam do PT. Isso mostra que há muitas pessoas que preferem ser CONIVENTES com as lamentáveis e crescentes atitudes de ódio político no país. A propósito, infelizmente ainda não vi líderes da oposição e veículos da grande mídia condenarem o adesivo, ao contrário do que aconteceu com a jornalista Maria Júlia Coutinho, da Rede Globo, que sofreu violência racista.

4- Se o presidente fosse homem, teriam feito um adesivo no mesmo modelo, mostrando um presidente da República de quatro, a receber uma bomba de gasolina? Certamente não. Fizeram isso com Dilma porque ELA É MULHER. É um triste caso de misoginia e que banaliza a violência sexual. Isso mostra muito sobre o que a direita fanática brasileira pensa sobre a mulher.

5- O ódio dos fanáticos antipetistas se manifesta em atitudes fascistas e cada vez mais violentas, como no caso do estudante brasileiro (admirador de Jair Bolsonaro), nos Estados Unidos, que driblou a segurança da comitiva e ameaçou a presidenta Dilma gritando: “Terrorista! Vai cair, hein! Terrorista que rouba a população tem mais é que ser morto. Comunista de merda!”. Ainda que o PT tenha suas culpas e ainda que o governo seja péssimo, isso não justifica ataques e ofensas pessoais. Manifestações de ódio como essas devem ser imediatamente combatidas, pois são um perigo para a LEGALIDADE DEMOCRÁTICA, e sabemos que é assim que começam muitos golpes de Estado. Sim, o massacre político faz parte do jogo na democracia, mas este caso do adesivo é um crime, e ele nos mostra claramente que, se é necessário protestar sempre que nossos políticos cometerem erros, é igualmente necessário manter o equilíbrio nos momentos de crise. Porque é justamente nesses momentos que basta uma faísca para provocar um terrível acidente. Um acidente que beneficia tão somente a quem quer ver tudo pegar fogo. > Mais

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***  MARION ZIMMER BRADLEY

Nossa homenageada do mês nasceu em Albany, capital do estado de Nova Iorque, em 1930. No auge da grande depressão econômica, seus pais eram muito pobres e não puderam lhe oferecer uma educação esmerada. Começou a trabalhar cedo, como garçonete e faxineira. Ao completar 16 anos, ganhou uma máquina de escrever da mãe e começou a escrever histórias. No início, para sobreviver, sujeitou-se a produzir uma série de romances sensacionalistas.

Nos anos 1950 era aquilo a que se chama uma “escritora de sucesso fácil”, vendia histórias de sexo e de mistério a revistas de grande tiragem, para sustentar marido e filhos. Por essa altura juntou-se ao grupo de ativistas lésbicas Daughters of Bilitis, considerada a primeira organização de direitos lésbicos dos Estados Unidos. Nos anos 1960 dedicou-se à produção de romances góticos.

As suas histórias de ficção científica do ciclo Darkover (um planeta onde os seres humanos, ao contato com os alienígenas, adquirem poderes extrapsíquicos) continuam a ter numerosos admiradores. Nos anos 1980, com a série As Brumas de Avalon, Marion tornou-se uma escritora de prestígio e uma das mais lidas no mundo inteiro. Prosseguiu no romance histórico de fantasia com O Incêndio de Troia, onde reescreve a guerra de Troia de uma perspectiva feminista. Com A Casa da Floresta (1983), regressou ao universo mítico da Bretanha druídica, desta vez em confronto com o Império Romano. Em 1985 lançou um livro especialmente destinado ao público infantil (A Filha da Noite, baseado na ópera A Flauta Mágica, de Mozart), mas muitos o consideraram uma obra adulta, e possivelmente imprópria para crianças: Deixou mais de meia centena de livros.

Marion Zimmer Bradley foi casada duas vezes e teve dois filhos. Morava em Berkeley, na Califórnia. Muito de sua notoriedade também se deve ao apoio que deu à comunidade de ficção científica americana. Morreu em 1999. (fonte: Wikipedia) > Mais

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*** LÁGRIMAS NA CHUVA

É uma espécie de ritual. Quando anoitece, faço uma pausa no trabalho, ponho para tocar a trilha sonora do filme Blade Runner (Caçador de Androides) e preparo um chazinho de hortelã. Vou tomá-lo sentado no banco de madeira, à janela, observando a paisagem cinzamente caótica de São Paulo. Enquanto bebo o chá quentinho, as canções se sucedem, misturando-se ao som da cidade lá fora e emprestando sua suave beleza melancólica ao movimento das ruas lotadas, todos apressados, um bando de autômatos correndo de um lado para outro…

Mas para mim tudo está em câmera lenta. Talvez porque nesse momento eu sou Rick Deckhard no alto daquele prédio, salvo da morte pelo replicante Roy Batty, totalmente rendido diante do grande mistério que é estar vivo e não saber até quando.

Acho que as pessoas correm tanto porque não sabem se amanhã estarão vivas. Mas será que correr tanto assim não faz apenas acelerar a paisagem que passa, deixando para o presente um mero cantinho desprezado, quase imperceptível, entre o que já foi e o que talvez não virá? Correndo tanto assim e vivendo no modo automático, em que momento essas pessoas poderão lembrar que estão vivas? E quando finalmente chegarem ao lugar para onde tanto correm, estarão em paz com as lembranças da vida que viveram? Do alto do prédio, em sua resignada lucidez de quem está morrendo, o replicante Roy tem mais uma pergunta: De que valerá tanta pressa se no fim a vida se perdeu no tempo como lágrimas na chuva?

Penso nisso enquanto tomo o último gole do chá. E renovo minha falta de fé no roteiro que criamos para esta nossa época frenética de humanos autômatos. Corram por mim, amigos, que eu prefiro curtir a paisagem do agora. Até a derradeira faixa do disco.

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*** VOLTE OUTRO DIA, BEIBE

Era 1965 e os Rolling Stones faziam uma turnê pelos Estados Unidos. Keith Richards acordou no meio da noite possuído por uma ideia musical. Ele ligou o gravador, gravou uns acordes e voltou a dormir. Depois ele e Mick Jagger finalizaram a música, inspirados pela frustração de estarem confinados em seus quartos de hotel e não poderem tocar. A música foi batizada de Satisfaction e rapidamente virou um grande sucesso no mundo inteiro, tornando-se uma das canções mais emblemáticas da história. Ainda hoje, 50 anos depois, ela é bastante executada, e mesmo quem não gosta nem conhece rock muito provavelmente reconhecerá aqueles três acordes básicos, o riff, que iniciam a música e voltam a cada retomada do refrão.

Além do riff, a letra também encontrou imediata receptividade entre o público jovem. Talvez essa não tenha sido a principal motivação para os versos, mas eles soam perfeitamente como contestação à cultura de consumo, que persegue insistentemente o personagem no rádio e na TV. Na estrofe final, a frustração do personagem e a fala da garota (volte semana que vem, pois tô numa fase difícil) deslocam o foco para o terreno sexual, e aí a “satisfação” ganha novos significados, ampliando os horizontes interpretativos e seduzindo de vez os ouvintes jovens, que naqueles dias viviam a revolução sexual dos anos 1960. Some-se a isso tudo o jeitinho de Jagger de cantá-la e… buuummmm!!!, a música explodiu.

No início, várias rádios se recusaram a tocá-la por seu suposto apelo sexual. Mas não havia como deter a onda. E hoje, 50 anos depois, Satisfaction parece não ter envelhecido nadinha, pelo contrário, pois a cultura do consumismo se intensificou a níveis impensáveis. Hoje, buscamos sedentos a satisfação nas novidades que a cada dia surgem nos anúncios publicitários, mas quando as alcançamos, a novidade seguinte já nos acena à frente, para nossa frustração.

O consumismo do nosso tempo é uma garota linda e sorridente a nos seduzir o tempo todo com maravilhosas promessas de satisfação. Mas que repete sempre: volte outro dia, beibe, volte outro dia… > Mais

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*** RELIGIÃO E POLÍTICA JUNTOS: PERIGO SEMPRE

Eu nada tenho contra religioso. Mas tenho tudo contra o fanatismo religioso e as mentiras e enganações da religião, e a interferência da religião no Estado laico. E parece que o padre Marcelo Rossi concorda comigo. Veja o que ele falou em 2014, a respeito da mistura de política com religião:

“Eu sou totalmente contra, seja padre ou pastor. Está errado. Ou você é um líder religioso, ou você é um líder político. Pode colocar minhas palavras: ´Nunca vote em nenhuma pessoa religiosa´. A Igreja Católica viveu isso, a união de Estado, política e religião. Foi a pior fase. Pode ver que a Igreja Católica é a única que não tem candidato. Ela pode até dizer que gosta, mas nunca indica. Eu tenho medo. A pior coisa é fanático. Fuja dessas pessoas, que são as mais perigosas e as que se corrompem mais facilmente.”

Aplausos, aplausos. > Mais

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***  EROTISMO SEGUE EM ALTA

Na relação atualizada dos livros mais vendidos de 2015, categoria ficção, do Publishnews, a série 50 Tons de Cinza, da inglesa E.L. James, continua fazendo bonito. Os três livros da trilogia estão entre os 10 primeiros lugares. E na relação há mais um erótico, o “Somente sua”, da série erótica Crossfire, de Sylvia Day.

As mulheres compõem a esmagadora maioria dos leitores das duas séries. Como a série de E.L. James foi lançada no Brasil em 2012, já se vão três anos de sucesso, com presença constante nos mais vendidos. Ô maravirilha! Bom demais saber que as mulheres começam a assumir publicamente que também apreciam uma sacanagem. Bem, a qualidade literária desses livros é outro papo, mas é sempre bom ver a literatura erótica fazendo sucesso. > Mais

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*** AH, ESSES DEUSES MACHÕES…

Nas tirinhas de humor de Carlos Ruas, os deuses de diversas religiões do planeta enchem a cara na taberna. E, como todo bebedor machão, não perdem uma oportunidade de enaltecer sua sagrada virilidade…

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*** RELAÇÕES POLIAFETIVAS: A FUTURA POLÊMICA

Até pouco tempo atrás, boa parte das sociedades ocidentais entendia que a mulher era propriedade do homem. Ainda hoje, muitos acreditam que a homossexualidade é uma doença ou obra do Diabo. O racismo, que antes era algo considerado normal e aceitável, hoje é crime. O casamento entre pessoas do mesmo sexo é o tema polêmico da vez, e a tendência aponta para uma crescente aceitação da sociedade. Isso mostra que os valores morais e éticos de uma sociedade são mutantes.

E no futuro, que temas polêmicos ocuparão as discussões? Um forte candidato surge no horizonte: a poliafetividade. Esse conceito defende que as relações não monogâmicas consensuais também devem ser legitimadas pela sociedade, tanto quanto as monogâmicas. Isso nos leva, naturalmente, a discutir a questão da definição de casamento, ampliando seu conceito para a união de duas OU MAIS pessoas.

Se, de fato, nós podemos gostar ou amar a mais de uma pessoa ao mesmo tempo, por que então somos obrigados a namorar ou casar com apenas uma pessoa? Por que seria imoral ou errada uma relação em que os participantes concordam em não serem exclusivos um do outro? Por que as mentiras e as traições das relações fechadas são geralmente mais aceitas que a franqueza dos que preferem relações abertas? > Mais

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*** OS NINGUÉNS DE GERALDO ALCKMIN

É verdade que a chuva abaixo da média contribuiu para a crise hídrica do estado de São Paulo. Mas a culpa maior é da própria Sabesp, que durante anos falhou na administração dos recursos naturais e financeiros. E esse papo de que ninguém ficou sem água em São Paulo não cola. Os bares, restaurantes e teatros da Praça Roosevelt, no centro, por exemplo, há meses convivem com a falta dágua diária. > Mais

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*** O EXEMPLO DE MALALA

“Hoje, no meu primeiro dia como adulta, em nome das crianças do mundo, eu peço aos líderes que devemos investir em livros ao invés de balas.”

Quem falou isso foi Malala Yousafzai, a paquistanesa que ganhou o Prêmio Nobel da Paz devido ao seu trabalho em pró do direito à educação para meninas. Ela vive na Inglaterra desde 2012, quando recebeu cuidados médicos após ser baleada na cabeça por militantes talibãs. Sua história será contada num documentário que deve estrear em outubro deste ano.

Putz. Se ainda precisamos lutar tanto assim para que mulheres tenham o direito de estudar, então temos poucos motivos para nos orgulhar de sermos humanos. Apesar disso, ou justamente por isso, o exemplo de Malala é inspirador. Parabéns, Malala. > Mais

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*** DAR OU NÃO DAR NA PRIMEIRA NOITE

elarua11Ainda hoje, século 21, às portas do Armagedom, tem mulher que se atormenta com esse dilema. Transar logo ou se fazer de difícil? Para muitas mulheres, a lógica ainda é aquela: se a gente transar logo, ele vai perder o interesse. Lógica estranha…

Mas vamos considerar as possibilidades. Se o cara perdeu o interesse após o sexo, certamente é porque ele não gostou, afinal quem gosta, quer de novo. Ou então, se ele é desses que perde imediatamente o interesse por mulheres que dão na primeira noite, nesse caso a mulher não tem nenhum motivo para se chatear, pois livrou-se de um babaca.

Tem mulher que jura que mantém o cara preso a ela enquanto o sexo tá difícil. Lógica doida… Prender alguém não me parece algo bom de se fazer, não importa em nome de quê. > Mais

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*** ATEUS SAINDO DO ARMÁRIO (16)

BETINHO – sociólogo

Herbert José de Sousa, conhecido como Betinho (1935-1997) foi um sociólogo e ativista dos direitos humanos. Concebeu e dedicou-se ao projeto Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida.

O jovem Betinho foi católico praticante, de comunhão diária. Alguns de seus amigos eram sacerdotes. Teve professores jesuítas. Ele fazia parte da ala mais à esquerda da Igreja. Foi da Juventude Estudantil Católica, onde começou a sua militância política. Depois, atuou na Juventude Universitária Católica, na Universidade Federal de Minas. Participou da criação da AP (Ação Popular), da qual foi o primeiro coordenador. Aos 27 anos de idade, tornou-se ateu.

Em 1986 Betinho descobriu ter contraído o vírus da AIDS em uma das transfusões de sangue a que era obrigado a se submeter periodicamente devido à hemofilia. Em sua vida pública esse fato repercutiu na criação de movimentos de defesa dos direitos dos portadores do vírus. Junto com outros membros da sociedade civil, fundou e presidiu até a sua morte a Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS. Dois dos seus irmãos, o cartunista Henfil e o músico Chico Mário, morreram em 1988 por consequência da mesma doença. Mesmo assim, não deixou de ser ativo até o fim de sua vida, dizendo que a sua condição de soropositivo o forçava a “comemorar a vida todas as manhãs”.

Betinho morreu em 1997, já bastante debilitado pela AIDS. Deixou dois filhos: Daniel, filho do seu primeiro casamento com Irles Carvalho, e Henrique, filho do segundo casamento com Maria Nakano, com quem viveu por 27 anos. Duas décadas após sua morte, a imagem de Betinho mantém-se no imaginário da população com uma aura positiva, de quem dedicou a vida a lutar pelos direitos básicos do cidadão. > Mais

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*** A CONTINÊNCIA NO PAN É, SIM, UM GESTO POLÍTICO

Nesta edição dos Jogos Pan-Americanos, em Toronto, Canadá, alguns atletas brasileiros, ao subirem ao pódio, fizeram o gesto militar de continência. Todos eles eram patrocinados pelas Forças Armadas. Isso provocou discussão.

O Comitê Olímpico Internacional não permite manifestações políticas, religiosas ou raciais, sejam elas organizadas ou espontâneas. E também não permite publicidade comercial. A continência dos atletas pode ser interpretada tanto como manifestação política como publicidade para seu patrocinador. Por isso, foi criticada. > Mais

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*** PORTUNHOL QUER SER RECONHECIDO COMO DIALETO

Portunhol (ou portuñol) é uma palavra que designa a interlíngua, ou língua de confluência, originada a partir da mistura de palavras da língua portuguesa e da espanhola. Ocorre sobretudo em cidades de fronteira entre países de língua portuguesa e espanhola.

Devido à semelhança entre a língua portuguesa e a espanhola derivada do fato de possuírem como língua materna o latim, é muito comum as pessoas que dominam uma dessas línguas sentirem-se confortáveis para falar a outra imaginando que basta trocar uma palavra de português para a sua correspondente em espanhol ou vice-versa, sem levar em conta a gramática e a concordância.

Com o intercâmbio cultural cada vez mais crescente promovido pelas viagens e pelas facilidades tecnológicas, falantes do português e do espanhol cada vez mais se arriscam na outra língua. Talvez, num futuro não tão distante, as duas línguas estejam tão misturadas que o portunhol acabe sendo considerado a segunda língua oficial de vários países da América do Sul.

Um grupo de intelectuais quer que a Unesco declare o dialeto Patrimônio Imaterial. Olhaí o portunhol botando as asinhas de fora… > Mais

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***  GREGÓRIO DUVIVIER SOFRE PEGADINHA E FICA PELADO

Gregório Duvivier é um exemplo de multitalento. Escritor, roteirista, ator e humorista, ele é um dos criadores do Porta dos Fundos, grupo que produz esquetes de humor na internet com grande sucesso de público. Gregório é um crítico contundente dos excessos da religião no Estado laico. Confira sua entrevista para a revista Serafina. > Mais

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