Um silêncio vindo de fora do tempo caiu sobre sua figura altiva, e naquele eterno segundo ela foi o anjo vingador: belo, justo e implacável
AS QUARENTA RAPOSAS
. O desfile chegara ao fim. A última modelo concluíra sua performance e a plateia ainda aplaudia, quando de repente cessaram a música e as luzes. Os aplausos silenciaram e ficaram todos em expectativa. Foi nesse exato instante, no vácuo dos pensamentos, que o anjo da morte surgiu, e sua presença arrepiou a todos. Surgiu no início da passarela. Parecia ser apenas mais uma modelo num casaco de pele da coleção de inverno. Mas não era. Mais tarde a produção simplesmente não saberia explicar quem era aquela mulher. A equipe de modelos também não a reconheceu, e os seguranças balbuciaram desculpas.
Ela postou-se à entrada, séria, e cravou seus olhos negros por sobre a plateia. Um frisson correu pelo ambiente. Um vento frio cruzou o salão. Mas não se ouviu nenhum rumor, absolutamente nada, e flash nenhum foi disparado. A vida ficou suspensa e nada mais existiu. Um silêncio vindo de fora do tempo caiu sobre sua figura altiva, e naquele eterno segundo ela foi o anjo vingador: belo, justo e implacável.
E, no entanto, era linda, irresistivelmente linda… E sua figura atraía os olhos feito ímã. O casaco de pele de cor castanho deixava à mostra seus joelhos e os pés tocavam descalços a passarela. O rosto tinha traços indígenas sul-americanos e o cabelo negro descia numa trança pelas costas. E era rude e imperturbável seu olhar.
Pôs-se então a caminhar. Seu andar lento e seguro seguiu pelo silêncio frio da passarela, como se pisasse o interior de cada um. E em cada um o negrume dos seus olhos cravou-se sem dó, como um justiceiro que desnuda os pensares e nada escapa de seu julgamento. De repente, todos sentiram-se indignos, e era como se sua presença os enchesse a todos de uma dolorosa vergonha, vinda de algum lugar dentro deles mesmos.
Completado o percurso, ela parou e levou as mãos às costas. De um gesto libertou os longos cabelos, que espalharam-se pelo ar e assentaram-se sobre os ombros, pousando macios nas costas. Nesse momento a música disparou e as luzes coloridas voltaram a piscar. E o angustiante silêncio foi finalmente preenchido.
Agora era o ritmo frenético da música em alto volume. Agora eram as cores dos holofotes, piscando alucinadas. Seu passo tornou-se mais rápido. Ela percorreu o segundo corredor, perpendicular ao primeiro. E desabotoou o pesado casaco. Após o derradeiro botão, começou a girar, a girar, e seu casaco, acompanhando o movimento, parecia uma hélice. Aos olhos pasmos de todos surgiu o seu corpo nu, inteiramente nu. E ninguém conseguiu desviar o olhar daquele exótico bailado.
As primeiras gotas de sangue salpicaram os fotógrafos à beira da passarela, eles que depois perceberiam não terem feito foto alguma. O sangue bateu-lhes no rosto, no peito e atingiu os equipamentos. Surpresos, contorceram-se agoniados e cheios de nojo enquanto os primeiros gritos explodiam na plateia. Nas mesas mais atrás aquelas pessoas finamente vestidas viram, de um segundo para outro, suas roupas respingadas de sangue e também seus rostos e as taças de champanhe.
Enquanto ela girava e girava na passarela, o terror explodiu num grande rumor abafado pela música estrondosa. Rostos ensanguentados, semblantes apavorados. Roupas salpicadas de vermelho e gritos de pavor. Uns choravam descontrolados, sem compreender de onde vinha tanto sangue, outros corriam pela multidão sem saber para onde ir. Era de repente um imenso pesadelo, absurdo e real.
Então ela parou de girar. Livrou-se do casaco. Seu corpo nu surgiu inteiro e vigoroso sob o piscar das luzes. E ela caminhou para o lugar por onde entrara. O corpo nu avançou em passos serenos e decididos enquanto o braço arrastava atrás de si o pesado casaco, feito uma longa cauda castanha, deixando pelo chão um largo rastro de sangue.
Ela chegou ao início da passarela e foi recebida pelo estilista idealizador da coleção, que tentou falar, mas nada conseguiu dizer. Seu olho negro o atingiu em cheio, imobilizando-o, e por um momento ele viu não uma mulher, mas um bicho. Ela depositou pesadamente em seus braços o casaco ensopado de sangue, e antes de sumir para sempre, disse, bem perto de seu ouvido, para que a música não o impedisse de compreender o mais importante:
– É preciso matar quarenta raposas para fazer um casaco desses.
O íncubo – Íncubos eram demônios que invadiam o sono das mulheres para copular com elas, uma popular crença medieval. Mas… e se ainda existirem?
As fogueiras de Beltane – A filha da deusa está pronta. O ritual do casamento sagrado vai começar
Minha noite com a Jurema – Nessa noite memorável fui conduzido para dentro de mim mesmo pelo próprio espírito da planta, que me guiou, comunicou-se comigo, me assustou, me fez rir e ensinou coisas maravilhosas
Cristal – Ele quer falar sobre tudo que viveu ali dentro, todos aqueles anos, os amores e desamores, o quanto sofreu e fez sofrer, perdeu e se encontrou… Mas não precisa, ela já sabe
Xamanismo de vida fácil – A tradição xamânica dos povos primitivos experimenta uma espécie de retorno, atraindo o interesse de pesquisadores e curiosos
O desejo da Deusa – Um encontro na praia, as forças da Natureza e um deus repressor
.
.
Seja Leitor Vip e ganhe:
– Acesso aos Arquivos Secretos – Descontos, promoções e sorteios exclusivos Basta enviar e-mail pra rkelmer@gmail.com com seu nome e cidade e dizendo como conheceu o Blog do Kelmer (saiba mais)
A ciência acaba de abrir a porta a outras dimensões da realidade – não há mais como voltar
A NOVA FRONTEIRA DA REALIDADE
. O cinema é uma arte que expressa muito bem uma das mais inquietantes questões do nosso tempo: o que é de fato a realidade? O filme 13º Andar, dirigido por Joseph Rusnak, junta-se assim à obra-prima Matrix e a eXistenZ e transforma 1999 num ano pródigo em filmes com essa temática.
Em 13º Andar, um cientista experimenta a realidade virtual para buscar pistas sobre um assassinato e isso o leva a uma grande transformação de seu entendimento da realidade. Assim como o filme faz o espectador viver as mesmas dúvidas do personagem, aqui na vida cotidiana os avanços tecnológicos estão nos fazendo repensar a atual noção comum de realidade. Talvez sejamos privilegiadas testemunhas de um salto quântico de consciência da espécie humana, onde começamos a perceber que o que entendemos por realidade é, na verdade, como uma sala com paredes de vidro, na qual o reflexo de tudo que há em nosso mundinho dificulta a visão do que pode existir além dele.
O enredo do filme não é mera ficção. A realidade virtual já é usada em várias áreas: temos os jogos, o treinamento de astronautas e terapeutas que a utilizam para tratar de fobias. Sabe-se que a psique não distingue realidade objetiva de subjetiva (veja o caso dos sonhos), o que leva o cérebro a se comportar como se estivesse no mundo das coisas físicas.
Vamos nos encontrar mais tarde no bar, você propõe à sua turma. Então, na hora combinada, vocês se encontram para tomar uma cerva, papear e dançar. A diferença é que você não precisou sequer sair do seu quarto: bastou conectar-se a um programa de realidade virtual disponível na internet, onde várias pessoas podem se encontrar ao mesmo tempo, podem se ver, se tocar e até transar. Será que o mundo da realidade virtual se transformará numa nova droga, levando-nos a passar horas conectado aos programas? Viajar, conhecer pessoas e viver em outra época… Vivenciar experiências de outros e até mesmo de bichos, plantas, rochas e átomos… Assumir outra identidade, um outro corpo… Parece não haver limites para essa tecnologia.
O novo mundo não será novidade para os que vivenciam estados alterados de consciência, por drogas ou experiências místicas. Estes já sabem da natureza múltipla da realidade, e que ela é infinitamente maior e mais absurda que nossa compreensão dela. Mas talvez a realidade virtual vá além. Ela pode estar nos conduzindo a uma nova fronteira do espaço-espaço, onde perceberemos enfim que não somos bonecos indefesos a mercê de suas leis. A ciência acaba de abrir a porta a outras dimensões da realidade – não há mais como voltar.
A realidade virtual pode ser também a porta que faltava para, enfim, ampliarmos a noção de “eu”. Os místicos nos falam há milênios da natureza múltipla do ser, que o que pensamos ser o eu é, na verdade, tão somente uma extensão de um eu maior. Em outras palavras: tudo é uma coisa só e está interconectado e interdependente de forma tal que o que se faz a algo ou alguém, se está a fazer com tudo e todos.
Mas isso a ecologia já nos diz, com sua teoria de Gaia. E a economia já nos revelou, com a globalização. E a psicologia também, com o inconsciente coletivo. O que parecia impossível está ocorrendo agora: tecnologia e misticismo convergem para as mesmas conclusões sobre a realidade. Feito viajantes que seguiram durante muito tempo por caminhos diversos e se encontram agora, com as mesmas constatações a respeito da vida.
Cientista que trabalha num revolucionário projeto sobre realidade virtual é assassinado e James, o melhor amigo, desconfia que ele próprio é o assassino. Para entender o que se passou, vai buscar pistas dentro da própria realidade virtual, o que termina levando-o uma completa transformação de sua compreensão da realidade.
O presente de Mariana – A cabocla Mariana, entidade da umbanda, propõe noivado ao moço Dedé. Ela garante estabilidade financeira mas em troca exige fidelidade absoluta
A imagem do século 20 – Vimos nossa morada flutuando no espaço. Vimos um planeta inteiro, sem divisões. Não vimos este ou aquele país: vimos o todo
Pesadelos reais – A realidade, em si, não existe, o que existe é nossa interação com ela. Filme: Alucinações do Passado
.
.
Seja Leitor Vip e ganhe:
– Acesso aos Arquivos Secretos – Descontos, promoções e sorteios exclusivos Basta enviar e-mail pra rkelmer@gmail.com com seu nome e cidade e dizendo como conheceu o Blog do Kelmer (saiba mais)
Os acontecimentos mostram que a Humanidade está se unificando, unindo seus opostos
A HUMANIDADE, O PSICÓLOGO E A ESPERANÇA .
A psicologia de Jung nos ensina bastante sobre o desenvolvimento psíquico do indivíduo, mas também pode ser um bom instrumento para entendermos melhor a Humanidade. Pela ótica da psicologia junguiana, é possível encarar com certo otimismo o atual momento de medo e incerteza que vive o mundo, apesar do fanatismo religioso, do terrorismo e da xenofobia. Ou melhor: justamente por causa disso.
Em determinado momento do desenvolvimento psíquico, o indivíduo descobre certos aspectos de si mesmo que antes eram inconscientes, mas agora o desagradam. É um conflito de identidade, alimentado pela recusa de aceitar a si próprio e não reconhecer a própria totalidade. Muitas pessoas não vencem o conflito interior e seguem divididas, enganando-se e brigando consigo mesmas, e a perpetuação dessa desunião interna destrói relações e traz insucessos, doenças e até incidentes fatais. A saída para o conflito é integrar os novos conteúdos à consciência, unindo os opostos e aumentando a percepção do que se é. É esse autoconhecimento que conduz à maturidade e traz harmonia ao ser.
No caso da Humanidade, não é nada harmonioso seu momento atual: as culturas se misturam cada vez mais e as diferenças incomodam a todos. Cada lado tem suas razões e seguirá lutando por elas. Até quando? Até o ponto em que a Humanidade, como um todo, reconhecer e integrar suas próprias diferenças, aumentando a compreensão do que ela é. Dessa forma, o que antes era feio, errado e ameaçador, passa a ser visto como pertencente à cultura humana.
Para superar sua crise, assim como qualquer um de nós, a Humanidade precisaria tornar-se mais transparente para si mesma. E é justamente o que acontece agora. Graças ao intenso entrelaçamento das culturas e ao fortalecimento da democracia, a Humanidade tem hoje um grau inédito de autoconhecimento, e isso impede que ela minta para si própria como antes fazia. Num mundo cada vez mais interconectado, essa transparência nos faz perder o medo daquilo que antes nos ameaçava do canto escuro da nossa própria ignorância sobre quem somos. A Humanidade torna-se, a cada dia, uma humana unidade.
Tornar-se uno… Eis um processo doloroso. Mas cada um de nós já passou por isso: na infância, a psique é uma massa inconsciente que aos poucos agrupa seus próprios conteúdos dispersos e forma o ego, a noção de eu. Depois de criado, a esse eu caberá a tarefa de continuar organizando-se vida afora sempre que novos elementos inconscientes surgirem à consciência. Na psicologia junguiana, isso se chama processo de individuação, que significa tornar-se um “in-divíduo”, ou seja, uma totalidade autoconsciente e não dividida.
É aqui onde mora o motivo para otimismo: os acontecimentos mostram que a Humanidade está se unificando, unindo seus opostos. Sua noção de eu está se ampliando. Sim, há focos de resistência, como a xenofobia, o ódio religioso e os preconceitos raciais e sexuais, mas isso faz parte do processo. O multiculturalismo e um novo senso de cidadania, a cidadania global, cada vez mais se impõem frente a percepções limitadas sobre quem somos.
Se a Humanidade de hoje fosse a uma consulta, seu psicólogo seguiria junto com ela pelas dores da crise, sim, mas por dentro sorriria esperançoso. Como certamente Jung faria.
. Ricardo Kelmer 2011 – blogdokelmer.com
.
.
LEIA NESTE BLOG
Pátria amada Terra – É animador ver as novas gerações convivendo mais naturalmente com essa noção de cidadania planetária
A imagem do século 20 – Vimos nossa morada flutuando no espaço. Vimos um planeta inteiro, sem divisões. Não vimos este ou aquele país: vimos o todo
WikiLeaks e o nascimento da cidadania global – Quanto mais as pessoas se conectam à internet, mais se entendem como participantes ativos dos destinos do mundo e não apenas de seu país
Eles estão na fronteira – Milhões de maltrapilhos famintos, perseguidos políticos, criminosos cruéis, terroristas suicidas, narcotraficantes e trombadinhas invadindo os países e quebrando tudo, estuprando nossas irmãs, matando todo mundo, o caos absoluto
– Acesso aos Arquivos Secretos – Promoções e sorteios exclusivos Basta enviar e-mail pra rkelmer@gmail.com com seu nome e cidade e dizendo como conheceu o Blog do Kelmer (saiba mais)
.
.
COMENTÁRIOS .
01- Rapaz, desde os incidentes de 2001 venho escrevendo sobre, particularmente sobre o fim do patriarcado (as torres gêmeas simbolizarem o falo ocidental do homem capitalista), a reviravolta nos conceitos e valores sociais e a quebra econômica (acompanhada de descrédito religioso). Pelo tarô, estamos caminhando em direção ao arcano 05 (Papa) e provavelmente teremos um ano recheado de conflitos religiosos e conturbadas crises morais. Um bom ano para a ciência, mas um ano de aprofundamento espiritual. Jung diria, se estivesse vivo, que estamos vivendo um tempo de confrontação com a sombra, de questionamento do self e de inversão de posição do animus com a anima. Certamente, um tempo de (re)descobertas, amigo Ricardo Kelmer! 🙂 Giancarlo Kind Schmid, Rio de Janeiro-RJ – out2011
02- Brigadão pelo presente do belo texto, companheiro!!! Jung é PEÇA FUNDAMENTAL na minha formação e na minha espiritualidade. Muito grato! 😉 Rógeres Bessoni, Recife-PE – out2011
03- Muito bom acordar de manhã e ler esse texto otimista sobre a aproximação entre os indivíduos e entre nós mesmos e que irá refletir em um mundo melhor, ou pelo menos mais tolerante. Muito bom mesmo! Beatriz Nousiainen, Fortaleza-CE – out2011
04- Que belo texto!!!!!!adorei! Silmara Oliveira, São Paulo-SP – out2011
05- Li seu texto ‘a humanidade, o psicólogo e a esperança’ e achei muito interessante!!! faço psicologia, então me agradou muito!! vou sempre ficar acompanhando!! Sáfia Maia, Fortaleza-CE – out2011
A tradição xamânica dos povos primitivos experimenta uma espécie de retorno, atraindo o interesse de pesquisadores e curiosos – e desvirtuando a essência da coisa
XAMANISMO DE VIDA FÁCIL
. – Lembra do Xamanismo? Pois é, caiu na vida fácil. Dia desses ele estava lá na Vênus Lilás, todo se oferecendo!
Quem diria… O antigo sistema das sociedades primitivas, que girava em torno do xamã e sua técnica do êxtase, é o novo xodó dos místicos de fim de semana. Agora, espaços esotéricos oferecem cursos de xamanismo e muitos até formam xamãs. É como fazer um curso para tornar-se gênio.
O xamanismo, a rigor, é um fenômeno religioso originário de sociedades primitivas da Ásia central e siberiana e que tem no xamã o centro da vida mágico-religiosa da comunidade. Por dominar as técnicas do êxtase e ser capaz de acessar mais facilmente estados especiais de consciência e, com isso, transitar com fluidez pelas dimensões da realidade, aos xamãs era atribuída a competência de intermediar os mundos físico e espiritual, usando o conhecimento adquirido nas incursões ao além para ensinar, curar, realizar atos milagrosos e entreter os membros da comunidade. O xamã encarnava em si as funções de professor, sacerdote, feiticeiro, médico e até mesmo poeta e artista.
Nessas sociedades não havia curso de fim de semana para formação xamanística. Excluindo-se raras exceções, alguém se tornava xamã por vocação natural: o indivíduo era simplesmente compelido a aceitar o fato, mesmo a contragosto. Era comum também a transmissão hereditária do ofício. Em qualquer das vias, antes de ser reconhecido como xamã, o indivíduo (em geral homem) inevitavelmente passava por um delicado e doloroso processo de iniciação, que podia ser desencadeado naturalmente por uma doença ou sistematicamente ritualizado sob orientação de um xamã experiente. Isso permitia ao futuro xamã efetuar uma notável reintegração psíquica, aflorando suas potencialidades e preparando-se convenientemente para as funções que desempenharia.
Não pense que essa preparação era algo festivo. Longe disso. Como todo verdadeiro processo de iniciação, nesse também havia dúvidas, temores e sofrimentos difíceis de suportar. O futuro xamã experimentava a morte e a ressurreição místicas, padecendo sob os horrores de seu inferno íntimo para depois emergir à vida cotidiana sobrevivido e triunfante, mais sábio e mais forte. Somente se submetendo a todos os rigores desse processo de morte e renascimento pessoal é que o indivíduo podia se tornar um xamã.
Para nós, ocidentais civilizados, entendermos melhor o que se convencionou chamar xamanismo, é preciso ter sempre em mente que os antigos compreendiam a Terra como um ser vivo, dotado de uma espécie de inteligência e vontade próprias, e os seres humanos, assim como animais, plantas e minerais, eram parte integrante do imenso organismo planetário, todos igualados em importância. Mais que um ser vivo, entretanto, a Terra era a Grande Mãe, que gera e nutre todas as suas criações com amor, ensinando e guiando os seres humanos vida afora. Assim sendo, a Natureza inteira era algo sagrado, e desrespeitar suas leis era atentar contra a própria vida, contra toda a comunidade e contra a Sagrada Mãe.
O xamã, nesse contexto de espontânea interação com a Natureza, é alguém dotado de poderes especiais para manter-se num contínuo estado de comunicação com o espírito da Terra, a quem jurou obedecer e defender até o último de seus dias. Como se possuísse antenas hiper-sensíveis, o xamã está intimamente conectado à alma da Terra, e por isso vive em si mesmo o equilíbrio vital do planeta, imperceptível à maioria: se a Terra adoece, ele adoece também.
Em reconhecimento à sua lealdade e reverência, a Grande Mãe põe à disposição do xamã segredos do mundo animal, vegetal e mineral, para onde ele, em espírito, vai frequentemente em busca de informações úteis ao bem-estar da comunidade. Quanto mais ele sabe, mais servo se torna. Quanto mais se anula, mais ele pode.
Em contraste com a humildade espiritual desses antigos guardiães da tradição xamânica, muitos dos que hoje se dizem xamãs ostentam o título feito um estandarte, anunciando as maravilhas que têm para oferecer. Se de fato entendessem o que significa a função a que tanto se pretendem, jamais vestiriam a antiga tradição com roupas tão vistosas e muito menos a exibiriam em poses tão constrangedoras nas vitrines coloridas de seus cursos.
xamanismo moderno
Esse milenar sistema místico-filosófico-religioso existiu e ainda existe em inúmeras sociedades de todo o planeta, inclusive na América e no Brasil, onde os pajés são os xamãs. O advento da civilização, invadindo e exterminando as culturas nativas, empurrou as tradições xamânicas para os escombros do que restou de suas sociedades, onde mantiveram um fio de vida suficiente para chegar aos dias de hoje.
Atualmente, a cultura xamânica dos povos primitivos experimenta uma espécie de retorno, atraindo o interesse de pesquisadores e curiosos. Apesar de atrair também, como não poderia deixar de ser, os mesquinhos interesses comerciais da mentalidade consumista, por trás disso tudo pode-se captar um legítimo anseio das pessoas em religar-se a antigos valores esquecidos por nosso mundo civilizado: uma vida mais simples e fluida, em harmonia com as leis e os ciclos da Natureza e respeitando todas as formas de vida. Num mundo onde a racionalidade impõe sua ditadura aos pensamentos e a tecnologia nos torna escravos de máquinas cada vez mais autônomas, essa busca por resgatar tradições ligadas à Terra é uma reação natural da espécie humana, que começa a entender, finalmente, o imenso perigo que criamos ao nos mantermos desconectados da alma do planeta e unilateralizados em nosso racionalismo, que despreza a sabedoria natural da vida.
É um anseio genuíno, sim, que faz com que as pessoas, na melhor das intenções, busquem satisfazê-lo em livros, cursos e vivências. É uma boa notícia. Infelizmente, se a facilidade das comunicações possibilitou a disseminação rápida e maciça da informação, trouxe também a tendência à banalização de todos os temas. Bilhões de informações circulam a todo instante, mas o conteúdo da maioria não enche uma colher. É como estar numa imensa feira de produtos, cercado de vendedores, ofertas e promoções por todo lado: na urgência de adquirir algo, as pessoas não têm discernimento suficiente para ver além da embalagem.
Com o xamanismo ocorre algo parecido. Confusas na imensa feira da salvação, as pessoas tendem a comprar qualquer produto que lhes prometa coisas diferentes e sensações excitantes, e, assim, vão a vivências, frequentam cursos, batem tambor, visualizam seu animal de poder e se dizem praticantes de xamanismo quando, na verdade, estão apenas saltitando pelos aspectos mais superficiais da antiga tradição, feito alguém que molha os pés nas ondinhas da praia e nunca experimenta, de fato, o que é o mar.
Sei que é impossível reproduzir atualmente as condições em que floresceram as milenares tradições xamânicas. O mundo mudou, as circunstâncias são diferentes. Nossa cultura se desfez dos antigos ritos de passagem e a maioria dos que ainda mantemos perdeu o significado mais profundo. A mentalidade civilizatória nos desconectou do espírito da Terra e hoje parecemos um bando de zumbis a vagar pela vida à procura do sentido que um dia tanto enriquecia e guiava nossa existência. Não temos que voltar ao passado: precisamos é reencontrar o caminho perdido e vencer o atual impasse evolutivo.
Atualmente, as festas chamadas raves, que se proliferam em países do mundo inteiro, parecem incorporar aspectos da antiga tradição xamânica, ainda que distante do contexto original. Embalados pela música eletrônica que remete às hipnóticas batidas tribais e pelo êxtase provocado pelas drogas sintéticas, as pessoas alteram o funcionamento ordinário da mente e do corpo e vivenciam intensas experiências, dançando e se abraçando a noite inteira. Por proporcionar isso, os DJs que controlam a trilha sonora das festas aceitam o rótulo de tecno-xamãs ‒ mais uma ridícula deturpação da tradição.
As raves são um fenômeno recente, merecedor de análises mais aprofundadas. Porém, à primeira vista, me chamam a atenção o êxtase grupal provocado pela combinação de música e droga, a presença de fogueiras e o fato de serem comumente realizadas longe dos edifícios das grandes cidades, mais próximas à Natureza. Parecem ser uma manifestação atual das antigas tradições, feito uma necessidade que emerge, espontânea mas distorcida, das profundezas da psique coletiva.
A antiga tradição está de volta. É uma boa notícia. Mesmo deturpada pela maioria das pessoas, ela ressurge, atravessando os séculos, para nos lembrar que precisamos urgentemente integrar em nossa consciência os antigos valores e, com isso, nos tornarmos seres mais inteiros. Precisamos nos reconectar ao espírito da Terra, voltando a tratá-la com reverência e gratidão, antes que atinjamos o fatídico ponto onde a Grande Mãe, exaurida em suas forças, já não pode mais nutrir seus filhos.
. Ricardo Kelmer 2002 – blogdokelmer.com
.
.
LEIA NESTE BLOG
Minha noite com a Jurema – Nessa noite memorável fui conduzido para dentro de mim mesmo pelo próprio espírito da planta, que me guiou, comunicou-se comigo, me assustou, me fez rir e ensinou coisas maravilhosas
A Jurema e as portas da percepção (VIP) – Relato detalhado da experiência narrada em Minha Noite com a Jurema. Exclusivo para Leitor Vip. Basta digitar a senha do ano da postagem
A vida na encruzilhada (filme: O Elo Perdido) – Essa percepção holística da vida é que pode interromper o processo autodestrutivo que nos ameaça a todos
O novo salto quântico da consciência – Por qual razão tantas pessoas ousam se submeter a uma experiência incerta, largando a segurança de sua mente cotidiana e desafiando o desconhecido de si mesmo?
O trem não espera quem viaja demais – Alguns captam o recado da planta, entendendo que a trilha da liberdade existe, sim, mas deve ser localizada no cotidiano de suas vidas e, mais precisamente, em seu próprio interior
. DICA DE LIVRO
Baseado Nisso – Liberando o bom humor da maconha Ricardo Kelmer – contos + glossário
Os pais que decidem fumar um com o filho, ETs preocupados com a maconha terráquea, a loja que vende as mais loucas ideias… RK reuniu em dez contos alguns dos aspectos mais engraçados e pitorescos do universo dos usuários de maconha, a planta mais polêmica do planeta. Inclui glossário de termos e expressões canábicos. O Ministério da Saúde adverte: o consumo exagerado deste livro após o almoço dá um bode desgraçado.
. DICA DE FILME
Carlos Castaneda – Especial da BBC sobre o polêmico antropólogo que estudou o xamanismo no México, escreveu vários livros e tornou-se um fenômeno do movimento Nova Era. Legendado.
O Elo Perdido (Missing Link) – Homem-macaco tem sua família dizimada por espécie mais evoluída e vaga sozinho pelo planeta, conhecendo e encantando-se com a Natureza. Ao comer de uma planta, tem estranha experiência que o faz compreender o que aconteceu.
.
ALMA UNA música de Ricardo Kelmer e Flávia Cavaca
.
.
.
Seja Leitor Vip e ganhe:
– Acesso aos Arquivos Secretos – Descontos, promoções e sorteios exclusivos
Basta enviar e-mail pra rkelmer@gmail.com com seu nome e cidade e dizendo como conheceu o Blog do Kelmer(saiba mais)
.
.
COMENTÁRIOS .
01– Sou fã dos seus escritos, inclusive vi hoje matéria no jornal O POVO fazendo um paralelo entre as raves e o xamanismo, muito legal. Em 2001 fiz um artigo publicado no antigo site do UNDERGROOVE, sobre Musica Eletrônica vs Xamanismo, e me identifiquei com o que vc expôs na matéria. Um abraço. Angel, Fortaleza-CE – ago2007
02- Olá Ricardo, já havia lido seu texto, em abril ou maio deste ano, qdo estava pra entrar num desses cursos de xamanismo, promovidos pela Paz Géia no meu caso. Hj este texto saiu no Jornal O Povo em Fortaleza e por algum motivo uma amiga me mostrou dnovo via msn. Tenho a dizer q dos “10 Pilares” (ou módulos) que eles propunham no curso, apenas 3 eram iniciáticos e os outros se tratavam de reproduções de técnicas de livros como Medicina Vibracional, A Cura pela Energia e outras obras que já tenho certa prática efetiva em consultório como terapeuta integral (sou psicólogo, iniciado em Reiki e na tradição Rosacruz, trabalho com 4 tradições em massoterapia, Qi Gong e técnicas de visualização – este último recurso terapeutico rotulado de técnica neo-xamanica pela Paz Géia). Concordo com suas críticas, mas pondero sempre extremos e, pelo preço pago pelo curso, até que não foi tão ruim. De fato haviam os tais místicos de fim de semana, muito loucos por sinal… alguns narcisistas entusiastas… poderia me perder nessa crítica rotulando cada um que convivi no curso, inclusive algumas instrutoras não tão iniciadas… Mas tb conheci uma ou outra pessoa de grande valor, não por serem “esotéricas”, mas pela simplicidade e humildade com que buscava conhecimento e evolução espiritual em meio a tantos “escombros de nossa solidez”, em meio a evolução da mentalidade instrumental do último século, que parece “progredir” para uma vida ciborgue que transforma nosso potencial inato em dependencia material (por exemplo atrofiando potencial telepático para depender de satélites e toda cultura de virtualidade que cá em baixo se massifica nesse meio material de “comunicação em tempo real”; ou numa metáfora mais simples o de não precisarmos desenvolver nosso raciocínio fazendo contas de cabeça pela dependencia material de uma calculadora)…
Em sendo experimento vivo de seu texto, tenho a dizer (com conhecimento de causa) que a existência desses cursos tem sim um apelo material de grana para os que promovem (como qq promoção de culturas q convivem com dinheiro) mas quem investe nisso pouco se importa com esse apelo, pois tb estão investindo em algo maior. Acredito q certos cursos e pessoas têm agido de má fé, mas não são grupos peçonhentos como grupos políticos, pois têm outras “conduções” ou “influências” que os fazem preparar com dedicação tanto material. Além disso existem sim ritos iniciáticos que se adequam a nossa cultura nada pajé de ser… não haveria como sermos xamãs sem sermos “índios”, nativos de culturas q convivem com a natureza! Mas algumas culturas, fraternidades esotericas e outros grupos como UDV e Santo Daime tentam há muito, com algum sucesso (dependendo do interesse efetivo de quem se propõe adentrar conscientemente em outras dimensões) auxiliar os que sentem alguma ancestralidade nisso tudo… pajés, assim como toda comunidade humana, me parecem ser outros de nós mesmos… com grau e função evolutiva diferenciada certamente… O que vejo é que esses aparentes conflitos “de idade média” entre oq é sagrado e profano têm sido menos tumultuado q antes. Isso me soa como uma evolçução lenta, gradual e de quem realmente se interessa mais em buscar sua conecção com a unidade do universo do que em ser ou não alvo de gente oportunista afim de ganhar dinheiro. Não está em meu poder julgar a ingenuidade de quem perde dinheiro com oq não sabe utilizar, como pessoas q se abarrotam de coisas inuteis mas não conseguem parar de comprar… penso mais no ganho que cada ser humano, no limite de seu conhecimento de si, recebe ao investir num grupo e dele partilha oq lhe apraz, com quem se sente convidado à partilhar.
Agradeço de coração pela oportunidade que sua reflexão me despertou em repensar este momento de minha vida. Espero que aceite meus adendos com ternura. Lembremos que o Criticismo significa em sua origem “lançar luzes” e não meramente uma vã oposição pelo desperdício do gozo pela discussão. E foi justamente por sentir um bom equilíbrio crítico em seu texto q resolvi escrever. Meu adendo é apenas com referência aos “místicos de fim de semana”, que em nosso contexto evolutivo não merecem ser infantilizados por nosso inconsciente coletivo, pois pelo que vi (testemunho), alguns deles estão melhores que muita gente. Cordialmente. Rodrigo Sol, Fortaleza-CE – ago2007
Não precisamos concordar com os outros. Mas podemos aceitá-los, tanto quanto quisermos também ser aceitos
.
ENCONTRO DA NOVA CONSCIÊNCIA – DIVERSOS E IGUAIS .
O horizonte incerto do futuro traz, neste exato momento, um grande desafio para a espécie humana: aceitar-se como é, igual, e ao mesmo tempo, diversa. Se somos iguais, como podemos ser diversos? E se somos diversos, como podemos ser iguais? É um paradoxo. Porém, como todo paradoxo, não temos que resolvê-lo. Temos que aceitá-lo. Somos iguais e diversos.
Foi aceitando a natureza desse paradoxo que, em 1992, nasceu o Encontro da Nova Consciência. Desde o início sua proposta de unir os diferentes parecia ser algo utópico demais para merecer crédito. Numa época marcada por tantos sectarismos e preconceitos, como acreditar que seja possível fazer as diferenças se abraçarem?
Os criadores do evento acreditaram que era possível. Eram uns loucos sonhadores, claro, mas sonharam tão fortemente sua loucura que ela se espalhou, cativou outros loucos e hoje, vinte anos depois, continua firme, mostrando a todos com seu exemplo que, sim, é possível unir os diferentes.
Não foi fácil. Dialogar com o diferente requer ouvidos para escutá-lo, e nem sempre estamos dispostos a ouvir o que não concorda conosco. Não é fácil. Abraçar o diferente só é possível se descruzarmos os braços das nossas posições tão arduamente conquistadas. Nunca será fácil. No entanto, é possível, sim, pois há algo em comum por trás da diferença que distingue.
Foi o tal algo em comum que, durante todos esses anos, manteve vivo o Encontro da Nova Consciência. É claro que as pessoas que participam do evento são diferentes e discordam sobre muitas coisas, e o que é sagrado para uns sequer faz sentido para outros. Essas pessoas, porém, se sentem acolhidas num ambiente que as aceita exatamente como são. Se é a diferença que faz única cada uma dessas pessoas, valorizando sua individualidade, é o algo em comum que permite que elas convivam em harmonia. Esse algo em comum é justamente a aceitação da diversidade.
O exemplo de Campina Grande é uma luz para todo o planeta. Na aldeia global em que se transformou nosso mundo, nunca teremos paz enquanto as diferenças se atacarem umas às outras. Não precisamos concordar com os outros. Mas podemos aceitá-los, tanto quanto quisermos também ser aceitos.
Parabéns ao Encontro da Nova Consciência. E longa vida à espécie humana.
Pátria amada Terra– É animador ver as novas gerações convivendo mais naturalmente com essa noção de cidadania planetária
A imagem do século 20 – Vimos nossa morada flutuando no espaço. Vimos um planeta inteiro, sem divisões. Não vimos este ou aquele país: vim o todo
.
.
Seja Leitor Vip e ganhe:
– Acesso aos Arquivos Secretos – Promoções e sorteios exclusivos Basta enviar e-mail pra rkelmer(arroba)gmail.com com seu nome e cidade e dizendo como conheceu o Blog do Kelmer.(saiba mais)
É provável que estejamos à beira de um grandioso marco evolutivo, onde a Humanidade alcançará o clímax dessa aceleração das transformações
. O REDEMOINHO DO FIM DO MUNDO
. Sei que corro o risco de parecer alarmista ou esquisotérico, mas eu sinceramente acho que em poucos anos a Humanidade poderá viver um acontecimento muitíssimo sério, desses que dividem a História em antes e depois. Antes de prosseguir, deixe-me dizer logo que sou ateísta e não tenho nenhuma religião, ok? Pois bem, continuemos. O motivo de eu pensar assim vem de vários lados, mas principalmente da análise dos grandes saltos evolutivos da Humanidade e do ritmo em que ocorrem.
Vejamos. O surgimento da linguagem (dois milhões de anos atrás), o controle do fogo (500 mil anos), a agricultura (12 mil anos), a escrita (5 mil anos), a democracia (3 mil anos), as grandes navegações (500 anos), a revolução industrial (200 anos), as comunicações (100 anos), a revolução digital (40 anos), a internet (15 anos)… Todos esses acontecimentos são marcos evolutivos da Humanidade e representam, inegavelmente, grandes e decisivas transformações no mundo. Há, porém, um detalhe intrigante: o ritmo em que eles ocorrem está cada vez mais veloz.
Essas grandes mudanças, que antes levavam milênios ou séculos para se sucederem, agora ocorrem a intervalos cada vez menores, a ponto de, atualmente, uma pessoa presenciar durante sua vida duas ou três imensas transformações no mundo, dessas que mudam tudo. Além disso, essas mudanças alcançam cada vez mais pessoas no mundo inteiro e são cada vez mais transformadoras. A continuar esse ritmo, como será? As sociedades conseguirão lidar com tantas e imensas transformações em tão pouco tempo? Como organizar a vida se tudo muda tão rápido e tão radicalmente?
Imagine um redemoinho. A cada volta, a água gira cada vez mais rápido, né? Pois bem. É como se a História fosse um redemoinho de transformações a ocorrer em ritmo cada vez mais acelerado, cada vez mais, até que… Até que o quê? Bem, num redemoinho, tudo que há nele é tragado quando chega ao fim. Estaremos chegando ao fim do redemoinho? E, depois, o que acontecerá?
Pô, se já é difícil falar do fim do mundo, imagine do que virá depois. Fiquemos, por enquanto, no redemoinho, mais precisamente no fim dele. A minha séria desconfiança é de que nos aproximamos do clímax dessa aceleração das transformações, e que o acontecimento, ou os acontecimentos que virão serão decisivos a tal ponto que significarão uma espécie de fim do mundo, ou melhor, o fim do mundo como o percebemos, o fim da realidade e de nós mesmos como até hoje entendemos.
O fim do mundo, então, seria isso, um violentíssimo choque de percepção coletiva. E o que exatamente ocasionará esse choque? Um inédito evento cósmico? Uma supercatástrofe ambiental? Ou uma guerra mundial de motivações religiosas? Seria um revolucionário experimento científico? A descoberta de novas formas de vida ou de novos níveis de realidade? O contato com uma forma desconhecida de inteligência? Um colapso do sistema financeiro? Ou o surgimento de uma noção de cidadania planetária capaz de derrubar governos e fronteiras? Tudo isso junto? Nada disso?
Não é apenas o ritmo cada vez mais acelerado das transformações que me faz desconfiar de que estamos no fim do redemoinho. A ciência, por exemplo, projeta para breve vários acontecimentos radicais como o esgotamento dos recursos naturais do planeta. A astrologia, por sua vez, nos diz que vivemos exatamente agora a mudança da Era de Peixes para a Era de Aquário. E há a questão das profecias. Sim, o fim do mundo já foi previsto várias vezes e o danado continua de pé, eu sei. Porém, entendo as profecias apocalípticas como a expressão natural de uma percepção inconsciente do fato de que um dia chegaremos ao fim do redemoinho. Em outras palavras: nós humanos sempre pressentimos, sem saber explicar direito, a chegada desse momento em que a aceleração das transformações chegará a tal ponto que, tchum!, isso significará o drástico fim do nosso senso comum da realidade. As datas estavam erradas, é verdade, mas a percepção sempre esteve correta.
Há algo mais na questão das profecias. Uma profecia tem mais chance de se realizar quanto maior for o número de indivíduos que acreditam nela, pois quem crê numa profecia naturalmente deseja, ainda que inconscientemente, que ela se realize. Isso significa que se boa parte da Humanidade atual crê que chegou o fim dos tempos, provavelmente muitos seriam capazes de fazer algo para provar que sua crença é verdadeira, que é essa a vontade de seu deus. A pergunta então é: que parcela da Humanidade acredita, e consequentemente deseja, que vivemos o fim do mundo? Bem, a julgar por tudo que se lê e ouve, os livros e filmes, as notícias, os discursos religiosos, a Humanidade está, no mínimo, obcecada pelo tema.
Por essas e outras é que desconfio que o fim do redemoinho está bem próximo. Talvez nos próximos anos. Quem sabe em 2012.
. Ricardo Kelmer 2010 – blogdokelmer.com
.
.
LEIA NESTE BLOG
> Guia de Sobrevivência para o Fim dos Tempos – O que fazer quando de repente o inexplicável invade nossa realidade e velhas verdades se tornam inúteis? Para onde ir quando o mundo acaba?
> As máquinas não são bobas – Já existe uma geração de máquinas com certo grau de autonomia necessária pra tomar decisões que podem ou não seguir o que lhes foi ensinado
.
LIVROS, FILMES E SITES
– O Buraco Branco no Tempo (Peter Russel)
Editora Aquariana, 1992
As ideias deste livro inquietante nos levam a pensar sobre o tempo de uma forma diferente e nos faz exercitar uma nova maneira de nos percebermos, como espécie, dentro do contexto da evolução e do Cosmos. O físico Peter Russel, numa linguagem acessível, mostra porque a atual crise da Humanidade é, na verdade, uma crise de percepção, e chama a atenção para o ritmo vertiginoso da atual evolução tecnológica. Podemos, neste momento, estar à beira de um decisivo salto de compreensão a respeito do tempo e de nós mesmos. Assista o filme (26 min).
– O Ponto de Mutação (Fritjof Capra) Editora Cultrix, 1983
Prosseguindo em seus estudos, Capra mostra como as ciências já estão falhando por insistir em seguir o modelo newtoniano/descartiano de interpretação da realidade e sugere que a Humanidade está vivendo uma decisiva transição em sua evolução. Especificando a situação de diversos ramos da ciência, como medicina, psicologia e economia, Capra escreveu uma das mais importantes obras do nosso século, indispensável ao estudioso do pensamento holístico e dos novos paradigmas que lentamente estão, não substituindo, mas complementando os atuais.
– Introdução ao Apocalipse (Robin Robertson) Editora Cultrix, 1997
A ideia de Deus é um dos principais arquétipos da Humanidade, existente em todas as culturas. Através da Bíblia, ainda que esse não seja seu objetivo oficial, é possível acompanhar como evoluiu a relação da Humanidade com sua ideia de Deus, desde Adão até os dias de hoje. Este livro narra de forma brilhante a saga da transformação da consciência humana e reabilita um dos mais importantes porém menos compreendidos documentos da civilização ocidental: o Livro do Apocalipse, esmiuçando todo o seu rico simbolismo através das delicadas ferramentas da psicologia junguiana.
> Zeitgeist (Direção: Peter Joseph. EUA/2007) – Este filme mostra o quanto a história é manipulada pelas elites religiosas e econômicas, que “criam” os fatos e nos fazem todos acreditarmos neles, lutarmos por eles, matarmos por eles. Veja o filme Zeitgeist
– Acesso aos Arquivos Secretos
– Descontos, promoções e sorteios exclusivos Basta enviar e-mail pra rkelmer@gmail.com com seu nome e cidade e dizendo como conheceu o Blog do Kelmer (saiba mais)
02- Paranóia delirante! Tudo isso q vc postou para levar à conclusão q vc deseja é fruto do conhecimento q vc possui. Agora imagina o q vc desconhece? Quem tem certezas está mal informado, pois sempre existe um fato que interfere no processo conclusivo, o que existe neste instante é o momento. E ele está em constante movimento. Adapte-se! Flua. Abandone as certezas. Vc e seus próximos serão mais felizes. O excesso de informações trava nosso processamento de pensar corretamente, aí nosso raciocínio nos engana levando-nos a conclusões erradas e muitas vezes em direção aos nossos medos. Esclareça-se: descubra seus pontos fracos para proteger-se de si mesmo. Paz, saúde, bons sonhos & saravá! 😀 Wener Marq, Alegre-ES – dez2010
03- É impressionante como os que se dizem “ateus” SÃO ESPIRITUALISTAS !!! Daria uma ótima tese !!! rsr sr O trecho abaixo relata muito bem o quanto que você inconscientemente e muito bem inspirado pelo NOSSO CRIADOR, descreve o que nós espíritas kardecistas já sabemos desde que o “consolador prometido por Jesus que chegou em 1857, ou seja, a doutrina espirita kardecista …. NAÕ COMO FIM TOTAL DO MUNDO ou do planeta terra, MAS, O FIM DE UM MUNDO DE PROVAS E EXPIAÇÕES .. e aos poucos tornando UM MUNDO DE REGENERAÇÃO … ESTAS MUDANÇAS SE FAZ NECESSÁRIAS CONFORME OS PLANOS DE “DEUS” Sds kardequianas. Lucimar Rabello, Vila Velha-ES – dez2010
RK: Sou ateu porque não creio na existência de divindades. Porém, não sou materialista no sentido de achar que não existe nada além da matéria. Quanto à questão do fim do mundo, essa ideia não começou com Kardec, nem com Jesus, nem com qualquer outro profeta. Ela é um arquétipo presente na psique humana, e isso nada tem a ver com religião. Entendo o Universo como uma mente, única, e as nossas mentes são expressões manifestadas dessa mente. Assim sendo, cada um de nós sabe, conscientemente ou não, dos ciclos de transformação do Universo e, por isso, “sabemos” que o mundo irá acabar. Mas o que irá acabar é o mundo como nossa mente o entende, a realidade como nós aprendemos a captá-la. Ou seja, o fim do mundo é uma transformação da percepção da realidade para um novo nível de percepção.
04- Adorei como sempre vc se supera…beijos amigo. Liz Fernandes, São Paulo-SP – dez2010
05- O que tu escreveu, brother maluquinho, sinto nas tripas. Sinto, tremo, farejo logo existo!!! 🙂 Patrícia Lobo, Salvador-BA – dez2010
É animador ver as novas gerações convivendo mais naturalmente com essa noção de cidadania planetária
PÁTRIA AMADA TERRA
. Honroso é morrer pela pátria. Militar adora dizer isso. Bem, morrer pelo Brasil eu particularmente nunca morri, mas já desmaiei por ele. Verdade. Tinha 12 anos e estudava no Colégio Militar. E como o colégio vive em função do Sete de Setembro, toda semana tinha treinamento para o grande desfile. Um dia, num desses treinos, nós todos metidos naquele pesado uniforme de gala e perfilados sob o solzão cruel, minha vista escureceu, o corpo fraquejou e… bufo!, desabei feito um armário, de cara no chão. Despertei na enfermaria, tudo bem, só uns arranhões. Novecentos e dezenove, você está liberado por hoje! Sim, senhor!
Se desmaiar já é ridículo, imagine morrer pela pátria. Isso não faz mais sentido num tempo em que ou nos unimos pelo bem geral do planeta e da espécie ou afundamos todos. Sim, sei que muitos ainda creem em superioridade étnica, racial, religiosa e outras ilusões. Porém, está em curso uma revolução que ameaça mudar tudo isso. Silenciosa e sem sangue, ela está fazendo com que a humanidade, cada vez mais, se veja como um único povo a habitar uma única pátria: o planeta Terra.
Estamos presenciando uma profunda transformação no modo da espécie entender a si mesma e ao mundo em que vive. Isso é tão sério que pode mudar o rumo evolutivo do Homo sapiens. Sempre que se aprofunda um pouco mais na maneira de entender a si mesmo, você adentra um novo nível pessoal de evolução. Você se transforma. E como tudo são espelhos a refletir tudo que há, nada fica imune à sua transformação. O mundo ao redor muda… porque você mudou. Este é o segredo da revolução: você não precisa transformar o mundo, basta mudar a si mesmo.
E quando esta revolução começou? Impossível precisar. No entanto, foi no século 20 que ela tomou impulso. E em 1969, quando divulgaram ao mundo aquela foto da Terra tirada da Lua, algo estalou na alma coletiva da humanidade. Foi um momento histórico muito significativo. A maioria não parou para refletir, mas o estalo aconteceu. Pela primeira vez olhamos para a imagem do planetinha azul e percebemos enternecidos como ele é lindo. E nos demos conta de algo incrível: do alto não há fronteiras! Habitamos todos o mesmo lar.
É animador ver as novas gerações convivendo mais naturalmente com essa noção de cidadania planetária. As comunicações fáceis e a internet incentivam os jovens a viajar mais, conhecer o mundo. Seus horizontes são mais amplos e não se conformam com fronteiras nem intolerâncias raciais, étnicas, sexistas ou religiosas. Veem os fanatismos nacionalistas atuais como os últimos espasmos da velha mentalidade que não quer morrer, mas que já está moribunda. Para eles, essa noção de patriotismo é mesquinha demais diante de uma pátria bem maior que se chama Terra.
A nova revolução traz em sua luta o clamor pela conscientização ecológica, pelas liberdades individuais e pelo respeito à vida e às diferenças. Pode soar ingenuamente otimista, mas são conceitos que a cada dia se espalham mundo afora feito um vírus benigno. A Terra é meu país e a humanidade minha família ‒ este é o grito de seus soldados que, desarmados, se denominam cidadãos do mundo, uma nacionalidade bem mais abrangente e que abraça toda a riqueza da diversidade cultural humana. São ainda minoria, sim, esses belos revolucionários, mas sua bandeira tremula com a cor de todos os povos, e eu me orgulho de dançar ao lado deles.
Sim, sei que a espécie humana está muito doente e que em seu delírio põe em risco a própria sobrevivência. Vejo tempos terríveis se anunciando no horizonte. Mas sei também que às vezes é preciso que a doença atinja seu clímax para, somente então, regredir. Entram aí os ideais revolucionários: eles é que nos manterão vivos durante a longa noite.
É por isso que quando assisto à parada do Sete de Setembro, tudo aquilo me parece tão pequeno… E é por isso que nada vejo de honroso em morrer pela pátria. Sim, adoro o Brasil e seu povo. Porém, nossa pátria verdadeira, de todos nós, é muito maior que o Brasil. E nossa família não são apenas brasileiros, brancos ou negros ou índios, muçulmanos ou cristãos, homo ou heterossexuais: nossa família é a humanidade inteira, bela e diversa.
A mensagem de Avatar ao Povo da Terra – Temos de compreender o que os antigos já sabiam e nós esquecemos: a Terra é um ser vivo e nós fazemos parte dele
Eles estão na fronteira – Milhões de maltrapilhos famintos, perseguidos políticos, criminosos cruéis, terroristas suicidas, narcotraficantes e trombadinhas invadindo os países e quebrando tudo, estuprando nossas irmãs, matando todo mundo, o caos absoluto
A ilha – Talvez uma ilha na verdade fosse uma… montanha! Sim, uma montanha com o pico fora dágua
A imagem do século 20 – Vimos nossa morada flutuando no espaço. Vimos um planeta inteiro, sem divisões. Não vimos este ou aquele país: vimos o todo
WikiLeaks e o nascimento da cidadania global – Quanto mais as pessoas se conectam à internet, mais elas se entendem como participantes ativos dos destinos do mundo e não apenas de seu país
Uma bandeira diferente – As pessoas saudavam o nascimento do novo símbolo que emergia do fundo da alma de todos falando de paz e unicidade, de um mundo unido e sem divisões
.
.
Seja Leitor Vip e ganhe:
– Acesso aos Arquivos Secretos
– Descontos, promoções e sorteios exclusivos
Basta enviar e-mail pra rkelmer@gmail.com com seu nome e cidade e dizendo como conheceu o Blog do Kelmer (saiba mais)
.
.
COMENTÁRIOS .
.01- “do alto não há fronteiras! “ – Isso me fez ter umas idéias malucas sobre o papel da distância, ou melhor, do distanciamento… O seu artigo é um simples e belo manifesto. É incrível como todos os nossos problemas de espécie parecem ‘ se resumir’ a uma questão de conceito, de linguagem, de olhar. É quase mágico. Lilia Costa, Fortaleza-CE – set2006
02- Aprender a cuidar do planeta… Márcia Daré, São Paulo-SP – set2010
03- Espetacular, Ricardo. De longe , olhando oplanetinha azul- de fato- não há fronteiras. Isso é muito significativo…Por que todo mundo não percebe????” Lia Aderaldo Demétrio, Fortaleza-CE – set2010
Talvez uma ilha na verdade fosse uma… montanha! Sim, uma montanha com o pico fora dágua
A ILHA
. Era uma ilha que vivia no meio do oceano. Levava uma vida tranquila, sem grandes questionamentos. Conhecia outras ilhas e com elas se comunicava. Um dia, porém, uma ideia a inquietou: se toda vez que a maré baixava, uma porção de terra se descobria, então até que ponto haveria terra? Até que ponto a ilha existia?
Isso lhe tirou o sono por várias noites. De repente seu conceito sobre si mesma começou a mudar. Sempre se considerara uma porção de terra boiando à superfície da água, todas as outras ilhas também pensavam assim. Mas agora já não podia acreditar nisso. Uma ilha não terminava logo abaixo da linha das ondas. Claro que não. Continuava para baixo. Talvez uma ilha na verdade fosse uma… montanha! Sim, uma montanha com o pico fora dágua.
Saber que ela continuava além daquilo que sempre julgou ser era algo espantoso de se pensar. Assim, dia após dia, a ilha prosseguiu em seus esforços de autoinvestigação – precisava saber até onde existia. Mas à medida que sua atenção mergulhava em si mesma, as águas ficavam mais escuras, e era preciso cada vez mais concentração para não se perder. Ela prosseguiu, mais atenta, e descobriu que aquilo que existia sob a superfície continuava sendo ela mesma, sim, mas parecia ter vida própria.
Cada vez mais surpresa, a ilha constatou que aquela parte mais profunda de si mesma levava uma existência semi-independente, porém interagindo com a superfície, influenciando e sendo influenciada por ela. A ilha então soube a razão porque se comportava dessa ou daquela maneira, e muitas coisas ficaram mais claras a respeito de si mesma, de seus relacionamentos com outras ilhas e da vida de modo geral. E a cada descoberta que fazia, outras mais se anunciavam, e de repente era como se o Universo se expandisse para dentro dela mesma!
Muito tempo passou até que se convencesse, verdadeiramente, de que ela era mesmo uma montanha com o pico emerso. Estava presa a uma base, uma enorme extensão de terra que funcionava como chão. Vinham de lá todas as ilhas. E para lá voltariam todas quando os movimentos da terra, dos ventos e das águas as forçassem a isso. Mas a grande maioria das ilhas não sabia que todas elas continuavam para baixo, e por isso não entendiam as reais motivações de muito do que faziam. A parte acima da superfície era tudo que sabiam sobre si mesmas, e isso era pouco. A parte submersa, a montanha, era a parte inconsciente de cada ilha, aquilo que desconheciam de si mesmas. E o fundo do mar era o inconsciente maior, único, de todas elas, o lugar de onde vinham.
Ao entender esse fato, a ilha lembrou do tempo que sua consciência de si própria se limitava àquela minúscula porção de terra à superfície. Todas as ilhas vêm do mesmo lugar – ela repetiu, intrigada com suas descobertas – porque são feitas da mesma terra… A areia e os nutrientes que as raízes de suas plantas colhem, vem tudo do mesmo chão… Todas as ilhas que existem são no fundo uma coisa só, que se experimenta em várias extensões de si própria… e cada extensão possui consciência de si, mas esta consciência é limitada pois quase nunca desce em direção ao fundo, acomodando-se na parte mais superficial… Se cada ilha se aprofundasse em sua noção de si própria, acabaria se conhecendo melhor e, por virem todas do mesmo lugar, conheceria melhor a todas as outras ilhas.
A ilha viu que eram ideias grandes demais, confundiam a mente. Aquela autoinvestigação era importante, mas requeria muita atenção para não se perder durante o processo. Só assim poderia transitar com êxito entre as duas camadas de realidade, a que ficava à superfície e aquela mais escura e misteriosa que prosseguia rumo a seu próprio interior.
Enquanto tudo isso acontecia, as outras ilhas observavam seu comportamento e não entendiam o que ela tentava lhes dizer. A ilha sentiu-se só. Viu-se então pensando do ponto de vista da terra: se elas não se conhecem e elas todas são parte de mim, então eu ainda não me conheço tão bem… Assim sendo, como poderia condená-las? Não, não poderia. Deveria entender e aceitar o ritmo natural de cada uma das ilhas. Deveria agir com a mãe sábia e bondosa que incentiva todos os seus filhos, mas tem de respeitar o caminho individual de cada um deles…
Foi então que, subitamente, a ilha percebeu, num intenso clarão de compreensão, que toda aquela vasta extensão de terra lá embaixo funcionava como um útero a expulsar pedaços de si mesma, forçando-os à superfície. Uma vez lá, eles se entendiam ilhas e começavam sua aventura individual em busca de saber quem de fato eram, de onde vieram e por que existiam. Mas por que a terra fazia isso? Talvez para ela própria aprender com a experiência individual de cada ilha. Ao morrer, uma ilha levava à terra sua própria experiência que serviria para formar as futuras ilhas. Assim, toda ilha continha em si, sem se dar conta, a mesmíssima areia das que a antecederam. Através da vida de cada uma das ilhas, a terra como um todo estava aprendendo cada vez mais sobre si mesma…
Se isso era verdade, então cada ilha possuía uma enorme responsabilidade: conhecer-se a fundo, viver a vida da melhor forma possível e aprender o máximo que pudesse, pois tudo o que vivesse formaria o material do qual seriam feitas as ilhas que a sucederiam.
A vida é mesmo uma tremenda aventura! – pensou a ilha enquanto se divertia com os olhares estranhos que as outras lhe lançavam. Uma aventura de cada ilha. Mas também da terra inteira. .
Carl Gustav Jung (26.07.1875 – 06.06.1961) Psiquiatra e pensador suíço. Fundador da psicologia analítica, também conhecida como psicologia junguiana. Jung, assim como Joseph Campbell (1904-1987), ajudou a reacender o interesse sobre a mitologia, situando os mitos como elementos essenciais na busca do indivíduo por sua essência e completude
Jung – a jornada do autodescobrimento– Vídeo com um resumo da vida e das ideias de Carl Jung, o psicólogo e pensador suíço criador da teoria do inconsciente coletivo
Livros: He, She, We – Os rios de nossas vidas na verdade correm por leitos muito, muito antigos – os mesmos leitos que outras águas, ou outras pessoas, percorreram do mesmo modo
Mulheres na jornada do herói – É ainda mais interessante ver o relato das mulheres pois elas sempre foram, mais que os homens, historicamente reprimidas na busca pela essência mais legítima de suas vidas
.
.
Seja Leitor Vip e ganhe:
– Acesso aos Arquivos Secretos – Descontos, promoções e sorteios exclusivos
Basta enviar e-mail pra rkelmer@gmail.com com seu nome e cidade e dizendo como conheceu o Blog do Kelmer (saiba mais)
.
.
COMENTÁRIOS .
01- Oi Ricardo, parabéns pela concepção da ilha. Nem Jung teria feito melhor! Abraços. Angela Schnoor, Rio de Janeiro-RJ – nov2004
02- Caro Ricardo , Fiquei sendo seu fã desde que em 1999 qdo assiti a uma palestra tua no auditório do colegio capital sobre o filme MATRIX. Na tua palestra fizeste uma analogia de espelhos dentro de uma bola de vidro a refletir a luz do sol com nós seres humanos e perguntaste: O que é necessário fazer para mudar o modo do globo de vidro refletir a luz do sol? Ao que respondeste… basta mudar um só espelho. Assim querias dizer que não precisamos mudar ninguém somente a nós mesmo. Cara vc não sabe o quanto já falei de vc para as pessoas a quem conto esta analogia. O fato é que ouvir aquelas tuas palavras me levou a uma pesquisa igual “A ILHA”. Continue sempre assim… em constante questionamento consigo mesmo pois acredite foi assim que passei a ser uma pessoa melhor. Luiz Ferreira de Sousa Junior, Fortaleza-CE – nov2004
03- Mais um que a Amandinha aqui se Identifica… A Ilha!!! Belíssimo!!! hehehee Bkjão bom carnaaaaaaa aeeeeee hehehe. Amanda Gallindo Borges, Florianópolis-SC – fev/2007
04- Olá Xará, Há dias que quero te prestar um elogio. Encontrei em seu site um conto. A Ilha. Se eu pudesse limitar em uma única palavra o que dali absorvi, eu diria que INSPIRAÇÃO seria ela. Sua mensagem provoca o despertar. Oxalá o despertar coletivo. Mas, se assim não for, que seja o individual. Ilhas somos todos, alguns já sabem, outros ainda não. Gosto de pensar que já sei. Creio que cada um de nós tem um talento único, porém é muito difícil descobrir qual. Talvez o meu seja contemplar. Há tantas coisas belas por aqui nesta vida que muita gente não vê, ou se vê, não dá a atenção devida. Mas, quem sou eu para dizer quão atento alguém deve ser ?! Eu também procuro ser uma ilha que se diverte com esses pensamentos. Seu conto é uma coisa bela. Parabéns. Ricardo Rodriguez, São Bernardo do Campo-SP – fev2007
05- Li o primeiro texto do seu livro (“A Ilha”) e gostei da abordagem, da ilha como um ser pensante. Vou ler os outros com a calma que a leitura exige…rs De minha parte, tenho um blog (link no rodapé do e-mail) e um fotolog (http://cidadeembaixa.nafoto.net) ansiosos por comentários. Quando tiveres um tempinho, visite. Alessandro Pinesso, São Paulo-SP – ago2007
06- Que bom reler isso! Dos teus livros que eu li, o que eu mais gosto é o Arte Zen, porque lá eu encontro os meus dois RKs prediletos: aquele cara com um humor cruelmente puro e um outro, que me leva pra navegar nas águas densas da alma e da mente. Eu adoro essa crõnica da ilha que, como outros textos teus, tem sido um guia precioso nos mares que essa ilhazinha aqui habita. Beijos da tua leitora mais taradinha! Kdela, Fortaleza-CE – abr2009
07- Prarabéns Kelmer pelo texto da “ilha” Adorei! Seus escritos estão sempre contribuindo para meus estudos! Dóris Burlamaqui, Fortaleza-CE – nov2010
08- É muito difícil baixar a maré e enxergar toda a extensão de nós mesmos. Mas quando nos dispomos a fazer isso é muito recompensador. Maravilhoso texto!!! Maria do Carmo Antunes, São Paulo-SP – abr2011
09- Adorei esse trecho: “Se isso era verdade, então cada ilha possuía uma enorme responsabilidade: conhecer-se a fundo, viver a vida da melhor forma possível e aprender o máximo que pudesse pois tudo o que vivesse formaria o material do qual seriam feitas as ilhas que a sucederiam.” Paula Izabela, Juazeiro do Norte-CE – abr2011
A maconha terráquea, melhor da galáxia, está faltando no mercado. Os culpados são os mulgélicos, fanáticos religiosos que tomaram o poder no planeta. O Conselho Galático precisa decidir o que fazer .
A SRA. ZIEGR, PRESIDENTA do Conselho da Confederação Galática, entrou na sala e ocupou sua poltrona à grande mesa. Ela trazia o semblante sério e nas mãos alguns envelopes.
– Conselheiros, bom dia. Convoquei-os a esta reunião extraordinária porque acabo de receber o relatório do Centro de Registros. Como é de conhecimento de todos, fatos preocupantes estão acontecendo no planeta Terra. Por causa deles seremos obrigados a cortar o suprimento da canabis terráquea a todos os planetas confederados por tempo indeterminado.
O rumor na sala foi geral.
– Silêncio, por favor, silêncio!
Mas os rumores cresciam e a presidenta Ziegr teve de bater na mesa. Ela entendia perfeitamente o porquê da indignação. Todos já haviam protestado em reuniões anteriores pela diminuição da cota de canabis terráquea para seus planetas e alertavam para o perigo do corte definitivo.
– Eu sabia que isso ia acontecer! – protestou o conselheiro Baqt. – Todos sabiam. Menos o Centro de Registros.
– Por favor, conselheiros. Deixem-me mostrar o relatório antes de discutir o que faremos.
As vozes se calaram e a presidenta Ziegr passou a ler o relatório. Ele dizia que a canabis já não podia ser encontrada com facilidade no planeta Terra e que já se estudava a possibilidade de pesquisar outros planetas para o plantio.
– Bobagem! – levantou-se Baqt, irritado. – Todo mundo está cansado de saber que, exceto a Terra, nenhum planeta desta zona da galáxia reúne condições perfeitas para o plantio da canabis!
– Isso mesmo! – complementou uma conselheira. – Por que gastar verbas com pesquisas inúteis? Precisamos intervir antes que a canabis terráquea seja totalmente extinta.
– Exatamente! Minha família, por exemplo, não fuma um baseado que preste faz mais de um ano – disse Reuzaramon, o mais velho dos conselheiros.
Ziegr escutou com paciência mais algumas considerações. Estavam todos revoltados. Então prosseguiu:
– Conselheiros, a canabis terráquea é material estratégico para a galáxia, todos nós sabemos. Foi ela que propiciou o desenvolvimento ecológico dos planetas confederados e lhes permitiu superar a delicada fase do término dos combustíveis fósseis. Para isso, no entanto, durante milênios as naves da Confederação abordaram a Terra e, na calada da noite, de lá retiraram a canabis para abastecer nossos mundos.
– Eram os deuses astronautas? Não. Eram os deuses maconheiros – sussurrou Reuzaramon para o colega ao lado.
– Agimos assim porque precisávamos da canabis, claro, mas também porque os terráqueos não estavam preparados para nos conhecer – continuou Ziegr. – Agora, porém, grandes mudanças operam naquele planeta e exigem que tomemos uma posição.
– São os mulgélicos, aposto!
– Eles mesmos – respondeu Ziegr.
– Calhordas! – gritou Baqt, erguendo-se. – Por causa deles só estou fumando maconha de Fens, aquela porcaria.
– Conselheiros, semana passada a nave da Monitoria 54 resgatou, da órbita da Terra, uma pequena cápsula contendo informações valiosas. São textos e imagens sobre o momento atual da Terra e que confirmam as informações do relatório do Centro de Registros.
Ziegr entregou a cada um dos conselheiros um óculos projetor, pediu que cada um assistisse com atenção e encerrou a reunião, avisando que prosseguiriam à tarde.
Reuzaramon, o mais velho dos conselheiros, rumou para o jardim dos fundos do prédio, lá era mais agradável. Sentou-se num banco, pôs o óculos projetor e ligou. Enquanto as imagens tridimensionais se formavam à sua frente, ele escutava…
. A Ecologia toma impulso no planeta Terra no fim do segundo milênio da era cristã com a constatação de que a sociedade industrial e tecnológica produzia riqueza e conforto, mas também gerava um enorme perigo ao planeta e a todas as formas de vida. A partir daí uma crescente conscientização ecológica desenvolveu-se e direcionou os rumos de uma nova noção de desenvolvimento para o planeta: o desenvolvimento sustentável, onde a prioridade é manter os avanços tecnológicos sem abrir mão do equilíbrio ambiental.
No primeiro século do terceiro milênio um acontecimento crucial vem somar-se a toda essa revolução: a canabis, até então criminalizada em quase todo o planeta, é reconhecida oficialmente pela maioria dos blocos geopolíticos como matéria-prima estratégica para a sociedade. O baixo custo, a alta performance produtiva, a não necessidade de agrotóxicos e o seu caráter limpo e renovável a credenciam como a grande alternativa ecológica para a crise dos combustíveis fósseis que se instalara no mundo.
Assim, sob recomendação da ONU, os blocos geopolíticos mudam suas leis e legalizam a canabis. Cultivar, comercializar e consumir maconha deixa de ser crime, e as leis referentes a ela se inspiram nas leis que regulamentam outras drogas legalmente aceitas como o álcool. Dessa planta altamente estratégica extraem-se milhares de produtos essenciais ao dia a dia da sociedade, permitindo que o mundo respire aliviado após décadas de medo e incertezas quanto à saúde do planeta. A planta mostra-se eclética a ponto de ser utilizada também, e com muita eficácia, na medicina terapêutica.
Junto à canabis, outros recursos naturais também passam a ser utilizados dentro dos princípios do desenvolvimento ecológico. A canabis, porém, logo apresenta-se como carro-chefe dessa transformação, pois à sua intensa utilização industrial vem juntar-se o tema das liberdades individuais, gerando providenciais discussões sobre a relação do ser humano com as drogas e a questão do tráfico, da violência e dos interesses econômicos, além de questionar a eficácia dos programas de saúde pública e o tratamento policial dispensado ao usuário.
Nem todos, porém, concordam com isso. Ocorrem protestos em vários setores da sociedade e uma nova organização político-religiosa surge para combater o que ela entende por “exageros da democracia”, como o uso livre da maconha. São os autodenominados mulgélicos (multidões angelicais), fanáticos religiosos de caráter ultraconservador que cultuam a tecnologia máxima e defendem o terrorismo como forma de garantir seus valores. A eles se juntam todos aqueles que discordam da legalização da canabis, e assim a organização cresce e promove atos terroristas por todo o mundo, utilizando tecnologia química e biológica contra a população. Com discurso sedutor às mentes religiosas e amedrontando a muitos com sua política ultrarradical, tomam o poder em alguns blocos e aos poucos conseguem exterminar os principais líderes democráticos.
Estamos sob domínio dos mulgélicos há uma década. Eles governam o mundo globalizado, convocando todos a se entregar aos braços de seu deus, que em breve, creem eles, voltará para carregar os abençoados consigo rumo ao Paraíso, abandonando na Terra os seguidores de Satanás. Os mulgélicos perseguem aqueles que não comungam da crença de seu deus e castram as liberdades individuais conquistadas. Para eles, a canabis é a personificação do Mal e precisa ser combatida com toda a força e métodos possíveis. De nada adiantam os argumentos médicos e sociológicos, de nada valem os direitos humanos: os usuários passam a ser perseguidos pelo mundo inteiro e mortos com crueldade. E o cultivo da canabis, novamente proibido, abre caminho para o retorno de antigas, caras e poluentes formas de produção industrial, intoxicando novamente o planeta e pondo em risco o equilíbrio ambiental.
O culto exacerbado da tecnologia torna cegos os mulgélicos e eles não percebem que estão conduzindo a espécie humana ao seu extermínio. Contra esses argumentos, e até mesmo contra todos os fatos, eles respondem que seu deus está chegando para resgatá-los e assim ficará provado quem está certo.
Hoje, vivemos num planeta praticamente esgotado de recursos naturais e a grande alternativa foi bloqueada pela política repressora dos mulgélicos. O ar, os rios e os oceanos estão sujos. A preservação da fauna e da flora não é mais importante – importante é tentar converter os infiéis. Catástrofes naturais acontecem todos os dias, mas os mulgélicos veem nisso o legítimo cumprimento de suas profecias, o sinal dos últimos dias que antecedem a tão esperada chegada de seu deus.
A única possibilidade que nós, os resistentes dessa ditadura teocrática, vislumbramos foi pedir ajuda a outros planetas. Certamente, há vida em outros mundos, e talvez eles tenham passado por problemas semelhantes aos nossos. Talvez seus habitantes possam ajudar a Terra a reencontrar o caminho das liberdades individuais e do desenvolvimento autossustentável.
Isso é um pedido de socorro interplanetário. Talvez ainda haja tempo de salvar este planeta que já foi tão belo. Ainda podemos reaprender a respeitar as liberdades que pertencem ao ser humano. Clandestinamente, ainda cultivamos os últimos exemplares da canabis em plantações disfarçadas, o que nos proporciona raros momentos de prazer e a esperança de que ainda podemos retomar o crescimento interrompido. Mas tudo está por um fio, pois não sabemos até quando o planeta suportará.
Nosso plano é soltar esta mensagem no espaço, feito uma mensagem de náufrago. Talvez consigamos. É uma operação arriscada e com poucas chances de sucesso. Mas talvez alguma nave a recolha e esta mensagem alcance boas mãos.
. Reuzaramon retirou o óculos projetor e olhou para o céu. Terra…, sussurrou ele. Era realmente um belo planeta. Lembrou que seu planeta natal vivera problemas semelhantes aos que os terráqueos agora viviam e que a história da evolução das espécies era sempre marcada por momentos cruciais onde velhos e novos valores protagonizavam o dramático teatro do mito do Juízo Final. Antes da criação da Confederação Galática muitos planetas morreram, e com eles o seu povo, por não saber encontrar seu próprio caminho de democracia e desenvolvimento sustentável. Hoje, a Confederação, ciente de que a morte de um planeta empobrece o Universo, estava sempre atenta para tentar ajudar – mas somente quando isso representava a última chance, pois o sagrado princípio da soberania dos mundos regia a Constituição Galática.
O velho conselheiro levantou-se do banco, guardando o óculos no bolso. Olhou mais uma vez para o céu e depois seguiu para a sala. Talvez fosse mesmo o momento da Confederação intervir.
.
– MUITO BEM, CONSELHEIROS – falou a presidenta Ziegr, contando os votos. – A maioria considerou que o Conselho deve intervir no planeta Terra. E que não podemos mais continuar roubando maconha de lá.
– Exatamente. O que está em jogo são os interesses da Galáxia.
– Isso mesmo! Os desvarios de um grupo de fanáticos religiosos não podem interromper a evolução do Universo.
– Mas como interviremos no planeta sem desrespeitar sua soberania? – insistiam os que não concordavam com a intervenção.
Reuzaramon pediu a palavra.
– Conselheiros, nenhum planeta é autônomo no último sentido do termo. Sabemos que todos os mundos estão ligados numa interdependência sutil, mas vital, e o que é feito a um repercute em todos. A Terra é apenas um dos elos dessa imensa corrente que se chama galáxia, que por sua vez é apenas um dos elos do Universo, que por sua vez é apenas um dos muitos universos possíveis. Quanto mais abrangemos nossa compreensão da realidade, mais percebemos o quanto tudo está ligado. O que acontece na Terra está influenciando o destino de outros mundos, e por isso a Confederação deve intervir.
– Você fala assim porque não é o seu mundo que será invadido!
– Conselheiros, por favor, deixem-me terminar. A espécie humana já está madura o suficiente para compreender que não está sozinha no Universo. Além disso, a canabis da Terra é a melhor de todas e ela é indispensável à evolução do planeta. Sem ela, não haverá desenvolvimento autossustentável. Sem ela, a Terra corre o risco de se destruir. E sem a Terra, senhoras e senhores deste Conselho, a Via Lactea enfrentará um grave desequilíbrio.
Reuzaramon foi aplaudido pela maioria. E mesmo os reticentes quanto à intervenção viram sentido em seus argumentos.
– A intervenção já foi decidida – falou Ziegr. – Mesmo assim, resta uma dúvida. Como faremos? Não podemos atacar os mulgélicos, nem podemos plantar canabis no planeta às escondidas.
– Que tal envolver o planeta numa grande baforada de maconha? – brincou alguém. – Assim todos finalmente experimentarão e tirarão suas próprias conclusões…
– O verdadeiro efeito estufa!
– Ou podemos fornecer armas com balas de canabis para os resistentes atirarem nos mulgélicos…
– Conselheiros, por favor. Precisamos de um plano de intervenção pacífica, sem comprometermos nossa carta de princípios. E não dispomos de muito tempo.
– Talvez possamos convencer os mulgélicos a retomar o crescimento ecológico – propôs uma conselheira. – Eles têm de entender que não há outra saída para o planeta deles.
– É inútil, minha senhora – falou Reuzaramon. – Para um fanático religioso, quem não está com ele, está de mãos dadas com o Mal.
Chegaram ao incômodo impasse. A intervenção se fazia necessária, mas parecia não haver maneira de realizá-la sem ferir os princípios éticos da Confederação. Até que Reuzaramon ergueu o braço.
– Amigos, acho que vislumbrei a saída do labirinto.
Todos olharam curiosos para ele.
– Nós sabemos o que pensam os terráqueos, sabemos sobre suas crenças e suas profecias. Isso é tudo que precisamos.
– Explique melhor, Reuzaramon – pediu Ziegr.
– Muitas profecias terráqueas falam do Juízo Final. Parte dos terráqueos já entendeu que a linguagem das profecias é simbólica, que “fim do mundo” é só o fim de uma fase, uma espécie de renascimento para a nova fase, tanto no âmbito individual quanto num âmbito social. Mas outros entendem ao pé da letra e acham que a salvação virá de fora. Estes se acham os eleitos e creem que seu deus, de fato, irá resgatá-los.
Todos ouviam atentos, curiosos por ver onde o velho conselheiro queria chegar.
– Ora, ora… As profecias se realizam porque no fundo as pessoas creem nelas. Se existe a profecia, então ela deve ser realizada.
– Sábias palavras, Reuzaramon. Mas quem vai realizar a profecia? E de que modo?
– Conselheiros… Esqueceram que quem acredita em deuses, precisa de deuses para viver?
Reuzaramon sorriu ao perceber que finalmente começava a ser compreendido.
.
NAQUELA MANHÃ, as nuvens do planeta Terra se abriram e dos céus desceram naves gigantescas, milhares delas, espalhadas por todos os países. Trombetas soaram ensurdecedoras, para todos ouvirem, em todos os cantos do mundo. De cada uma delas saiu um anjo com roupa prateada e grandes asas reluzentes para avisar que o grande dia chegara e que os eleitos seriam levados.
– Aí está! – berravam os líderes mulgélicos com lágrimas nos olhos. – Aí está o Deus Todo Abençoado que veio resgatar seu rebanho querido!
A imprensa do mundo inteiro transmitia o fim do mundo. Nas residências, nas repartições, nas academias, todos se mantinham em frente à TV. Audiência total. Até os botequins estavam lotados.
– Ô, seo Manel! O fim do mundo chegou. Desce aí a saideira.
– Só se você primeiro pagar o que deve.
Os mulgélicos atenderam ao chamado e ocuparam rapidamente os assentos das naves, emocionados, gratificados por sua fé finalmente recompensada. Muitos tentaram se converter de última hora, mas não havia mais lugar nas naves.
– Eu até que queria ir, mas os cambistas estão explorando!
– Que dia pro fim do mundo! Deus podia pelo menos esperar passar o réveillon.
Ao fim da manhã, as naves partiram, levando todos os mulgélicos ao paraíso prometido. Uma nave, porém, a maior de todas, permaneceu no pátio da sede da ONU. Suspense. Bilhões de pessoas acompanhando pela TV. Uma voz ecoou, vinda da nave:
– Amigos terráqueos. Ouviremos agora o pronunciamento da excelentíssima presidenta do Conselho da Confederação Galática, sra. Ziegr.
A presidenta surgiu à porta da nave, de microfone à mão. Pigarreou discretamente e começou a falar:
– Serei breve, amigos terráqueos.
Ela fez uma pausa, juntou as mãos como quem implora, e perguntou:
– Acesso aos Arquivos Secretos – Descontos, promoções e sorteios exclusivos Basta enviar e-mail pra rkelmer@gmail.com com seu nome e cidade e dizendo como conheceu o Blog do Kelmer (saiba mais)
Os dados da ONU e a pesquisa de Phil Zuckerman desmentem uma velha crença dos religiosos e teístas, a de que uma sociedade sem Deus fatalmente descambará para a criminalidade e infelicidade geral
O ARMÁRIO DOS ATEUS
.
A ONU, através de seu Relatório do Desenvolvimento Humano de 2005, apontou os países cujas sociedades são as mais saudáveis do mundo, segundo os indicadores de expectativa de vida, alfabetização, renda per capta, nível educacional, igualdade entre os sexos, taxa de homicídio e mortalidade infantil. São eles: Suécia, Dinamarca, Noruega, Islândia, Canadá, Suíça, Bélgica, Japão e Holanda. Esses países, porém, têm mais um ponto em comum: eles estão entre os menos religiosos do planeta.
Em 2005 e 2006, o sociólogo estadunidense Phil Zuckerman morou durante 14 meses na Escandinávia e entrevistou, em profundidade, 149 dinamarqueses e suecos de todas as classes sociais. Ele escolheu Suécia e Dinamarca porque queria descobrir como os dois países menos religiosos do mundo podiam ser os que possuíam os mais altos índices de qualidade de vida, com economias fortes, baixas taxas de criminalidade, alto padrão de vida e igualdade social. Sua pesquisa está em seu livro Society Without God – What the least religious nations can tell us about contentment (Sociedades sem Deus – O que as nações menos religiosas podem nos dizer a respeito da satisfação). “Eu quis mostrar aos meus conterrâneos norte-americanos que é possível que uma sociedade seja relativamente irreligiosa e, ainda assim, forte, saudável, moral e próspera”, explicou Zuckerman numa entrevista.
Os dados da ONU e a pesquisa de Phil Zuckerman desmentem uma velha crença dos religiosos e teístas, a de que uma sociedade sem Deus fatalmente descambará para a criminalidade e infelicidade geral. Os defensores desse tipo de argumento creem que somente a religião pode dotar o indivíduo de sólidos valores morais. A realidade, porém, não sustenta essa tese, e nem é preciso recorrer a pesquisas: dê uma olhada nas notícias ou lembre das pessoas que você conhece e encontrará tanto ateus e religiosos honestos quanto ateus e religiosos trambiqueiros. Toc.
Caso o Brasil mantenha sua curva ascendente de desenvolvimento, continuará aumentando em sua população o percentual de ateus e não religiosos, que era menos de 1% em 1970 e hoje é aproximadamente 7,5% (censo IBGE 2000). Com isso, ateus e não religiosos terão mais visibilidade na sociedade, ganharão maior representatividade, inclusive política, e sofrerão menos preconceito. Toc, toc.
Muita gente que se diz religiosa está apenas repetindo o que aprendeu na infância, sem se dar conta de que poderia ter outra religião caso houvesse nascido em outro país ou crescido com outra família. Muita gente adoraria largar sua religião ou assumir-se ateu, mas tem medo da desaprovação e do preconceito que pode sofrer. De fato, não é fácil ser minoria. Porém, assim como os homossexuais e os negros conquistaram seus direitos, os ateus e não religiosos precisam se assumir para que possam também ser vistos, respeitados e votados. Como nos mostram os suecos e dinamarqueses, não é a crença em deuses, mas sim o respeito à dignidade humana o valor imprescindível à saúde e prosperidade de uma sociedade.
Toc, toc, toc. É hora de sair do armário. .
Ricardo Kelmer 2010 – blogdokelmer.com
.
.
LEIA NESTE BLOG
A água milagrosa do pastor pilantrão – Putz, a que nível chegou a picaretagem religiosa. Esses pastores fazem mais milagres que o próprio Jesus!
Memórias de um excomungado – Eu jamais havia cogitado a ideia de que era possível não ter religião ou não acreditar em Deus
Quem tem medo do desejo feminino? – Você consegue imaginar Nossa Senhora tendo desejos sexuais? Alguma vez na vida você a imaginou fodendo?
Nem tudo evolui, Darwin – Para os religiosos radicais, por exemplo, o conhecimento deve continuar preso num calabouço medieval, de onde jamais deve sair
Entrevista com o ateu – Um pregador evangélico entrevista um escritor ateu. O que pode sair desse mato?
Entrevista com Phil Zuckerman (para o site do Instituto Humanitas Unisinos, ligado à Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, em São Leopoldo-RS)
– Acesso aos Arquivos Secretos – Descontos, promoções e sorteios exclusivos Basta enviar e-mail pra rkelmer(arroba)gmail.com com seu nome e cidade e dizendo como conheceu o Blog do Kelmer.(saiba mais)
Temos de compreender o que os antigos já sabiam e nós esquecemos: a Terra é um ser vivo e nós fazemos parte dele
A MENSAGEM DE AVATAR AO POVO DA TERRA
. Muitos aplausos merece James Cameron por seu filme Avatar. Se o cinema já é uma experiência meio onírica, agora, com as técnicas de filmagem para a tecnologia 3D criadas pelo diretor, avançamos ainda mais dentro do sonho. Pena que, quando acaba o filme, estamos de volta ao nosso pesadelo terráqueo, do qual não conseguimos acordar.
A história de Avatar é simples: os humanos, interessados num valioso mineral existente na lua Pandora, invadem a terra de um povo humanoide, que se defende bravamente e conta com a ajuda fundamental de um humano que vira a casaca e passa a lutar ao seu lado. O roteiro não tem atrativos maiores e chega a ser previsível. Os personagens vestem os velhos modelões: tem o mocinho que se transforma ao longo da história, a mocinha que gosta dele, outro cara que gosta dela, o vilão malvado que morrerá no embate final…
Então, Avatar teria como único destaque os efeitos especiais, aperfeiçoados pela nova tecnologia 3D? Não. O filme tem o grande mérito de focar com competência na questão ecológica, e o faz em duas frentes: no visual exuberante do mundo de Pandora e na conexão mística de seu povo, os Na´vi, com a Natureza. Em Avatar, o 3D nos entretém e sempre rouba a cena, é verdade, mas a mensagem ecológica fica em nossa mente após o filme. E é isso que importa.
Toda a força do povo Na´vi vem do fato deles entenderem Pandora como um ser vivo que se comunica com tudo que nele vive, inclusive com os Na´vi, que não apenas o habitam mas são parte integrante desse ser. Eles vivem de forma harmoniosa com Pandora porque é assim que se sentem, unos com ela, e por isso sua relação com tudo que vive é de um respeito carregado de sacralidade, devoção e gratidão, como se fosse uma religião. Ops! Chegamos a uma das melhores coisas de Avatar: a religião dos Na´vi, se é que podemos chamar de religião, é a própria Natureza.
E aqui na Terra, fora da tela? Aqui, seguimos em nosso pesadelo real. O Homo sapiens, a única espécie sobrevivente da linhagem hominídea, vive um momento evolutivo decisivo: ou se entende já com a Natureza ou então procura outro lugar para morar. Putz, por que chegamos a esse ponto lamentável? A resposta estaria prontinha na boca de qualquer Na´vi: Porque vocês se separaram da Natureza. E não poderemos discordar. É justamente porque nos entendemos separados da Natureza que desrespeitamos as leis do planeta onde vivemos, e achamos que escaparemos impunes. Não escaparemos porque, sendo parte da Terra, ao destruí-la estamos também destruindo a nós mesmos.
Repensar a forma como nos percebemos em relação à Terra e a nós mesmos, é disso que precisamos, urgente. Temos de compreender o que os antigos já sabiam e nós esquecemos: a Terra é um ser vivo e nós fazemos parte dele. Se você pensou agora na teoria de Gaia, é isso mesmo. Segundo a teoria, a Terra é um superorganismo vivo, autoconsciente, dotado de inteligência própria, capaz de se autorregular e que, como tudo que vive, busca o equilíbrio interno. E nós, assim como tudo que vive na Terra, fazemos parte desse equilíbrio. Infelizmente, o Homo sapiens civilizado desprezou o que seus antepassados sabiam, e o preço disso pode ser seu próprio extermínio, como outras tantas de espécies que não souberam se adaptar ao equilíbrio geral do organismo maior.
Religiões gostam de cultuar deuses distantes, entidades inalcançáveis, tudo muito longe daqui. Talvez seja o momento de focar mais perto em nossa busca pelo Sagrado. Se existe algum tipo de religiosidade que pode nos salvar a todos, ela se resume ao amor pelo planeta e pela Humanidade. Uma religiosidade sem deuses, templos ou dogmas. Sem salvadores, pecados originais, guerras santas, e sem dízimo. Uma religiosidade cuja salvação virá de uma profunda mudança de percepção – ou não virá.
Ah, mas como cuidar de algo que não é de ninguém e no qual todo mundo mete a mão? De que adianta alguns terem essa noção sagrada da Terra se outros não têm e esses continuam a desrespeitá-la? Chegamos à conclusão inevitável, que é a mensagem mais importante de Avatar: só cessaremos o desequilíbrio do organismo geral se agirmos como organismo geral. Em outras palavras, é somente nos entendendo como um povo só, o Povo da Terra, que poderemos cuidar devidamente da Terra e de nós mesmos. Enquanto formos vários povos, vários países e várias religiões, não alcançaremos a visão do todo. Enquanto houver fronteiras, religiões e outras noções separatistas, não nascerá a unidade necessária para agirmos em conjunto. Somente quando surgir o Povo da Terra é que haverá salvação para o Homo sapiens.
. Ricardo Kelmer 2010 – blogdokelmer.com
.
PALESTRA Este texto é o resumo da palestra que fiz no Encontro de Cinema, um dos eventos integrantes do 17o Encontro da Nova Consciência, festival de caráter multicultural que acontece desde 1992, durante os dias de Carnaval, na cidade de Campina Grande, na Paraíba.
.
.
AVATAR – TREILER
.
AVATAR – FICHA TÉCNICA
Avatar
Diretor: James Cameron Elenco: Sam Worthington, Sigourney Weaver, Michelle Rodriguez, Zoe Saldana, Giovanni Ribisi, Joel Moore Produção: James Cameron, Jon Landau Roteiro: James Cameron
Fotografia: Mauro Fiore Trilha Sonora: James Horner
Duração: 150 min Ano: 2009 – País: EUA Gênero: Ação – Distribuidora: Fox Film Estúdio: Twentieth Century-Fox Film Corporation / Lightstorm Entertainment / Giant Studios Classificação: 12 anos
.
.
LEIA NESTE BLOG
A imagem do século 20 – Vimos nossa morada flutuando no espaço. Vimos um planeta inteiro, sem divisões. Não vimos este ou aquele país: vimos o todo
Minha noite com a Jurema – Nessa noite memorável, fui conduzido para dentro de mim mesmo pelo próprio espírito da planta, que me guiou, comunicou-se comigo, me assustou, me fez rir e ensinou coisas maravilhosas
Xamanismo de vida fácil – A tradição xamânica dos povos primitivos experimenta uma espécie de retorno, atraindo o interesse de pesquisadores e curiosos
Pátria amada Terra – É animador ver as novas gerações convivendo mais naturalmente com essa noção de cidadania planetária
WikiLeaks e o nascimento da cidadania global – Quanto mais as pessoas se conectam à internet, mais elas se entendem como participantes ativos dos destinos do mundo e não apenas de seu país
Uma bandeira diferente – As pessoas saudavam o nascimento do novo símbolo que emergia do fundo da alma de todos falando de paz e unicidade, de um mundo unido e sem divisões
.
DICA DE LIVRO
O Buraco Branco no Tempo
Peter Russel – Editora Aquariana, 1992
As ideias deste livro inquietante vão além de muitas compreensões padronizadas que temos a respeito da vida. Elas nos levam a pensar sobre o tempo de uma forma diferente e nos fazem exercitar uma nova maneira de nos percebermos, como espécie, dentro do contexto da evolução e do Cosmos. O físico Peter Russel, numa linguagem acessível, mostra porque a atual crise da Humanidade é, na verdade, uma crise de percepção, e chama a atenção para o ritmo vertiginoso da atual evolução tecnológica. Podemos, neste momento, estar à beira de um decisivo salto de compreensão a respeito do tempo e de nós mesmos.
– Acesso aos Arquivos Secretos – Descontos, promoções e sorteios exclusivos Basta enviar e-mail pra rkelmer@gmail.com com seu nome e cidade e dizendo como conheceu o Blog do Kelmer (saiba mais)
.
.
COMENTÁRIOS .
01- adorei o artigo sobre Avatar. Voce pegou o ponto central da questao… e o pior é que esta é uma sindrome bem comum desde uma escala pequena (ruas e pracas) ate a escala global. Temos esta ideia que somos meros visitantes, com bilhete pago e direito a faxineiro para colocar tudo de volta como era quando a gente sair… ahh tolos mortais :- ) … Desenvolvemos inteligencias incriveis em tantos campos da vida, mas ficamos tao especializados que estamos cada vez menos sabios para entender o todo e como nos relacionamos com este todo! Roberta Lossio, Recife-PE – jan2010
02- Sintetizadissimo! Depois faço um comentário mais aprofundado. Massa demais. Gabriel Sousa, São Paulo-SP – jan2010
03- êêê…a menina de olhos puxados ressuscitou tua consciencia cósmica!!! Edgar Powrczuk, Porto Alegre-RS – jan2010
04- Gostei muitíssimo. Houve uma sinapse em mim, por volta de dezembro, que me faz viver hoje, justamente, o fim da era separatista e o renascimento pela Unidade… Vou repassar, viu? Amei. Um cheiro. Ana Karla Dubiela, Fortaleza-CE – jan2010
05- Você é simplesmente DEMAIS. Gosto de tudo o que vc escreve, me identifico com seu pensamento holistico de vida e espiritualidade.Te adoro! Beijos. Sandra Neves, Belo Horizonte-Mg – jan2010
06- NÃO TENHO O MENOR INTERESSE NESSA BABAQUICE NEW AGE E MUITO MENOS NAS IDIOTICES PRETENSAMENTE LITERÁRIAS E PRETENSAMENTE ERÓTICAS QUE VC ESCREVE. DESCULPE-ME, MAS VC É UMA FRAUDE! QQ SER HUMANO CAPAZ DE DIZER QUE AVATAR “FICARÁ MARCADO NA HISTÓRIA DAS ARTES” SÓ PODE SE UM DÉBIL MENTAL OU NÃO ENTENDER ABSOLUTAMENTE NADA DE CINEMA OU ARTE. Marcos K, São Paulo -SP – jan2010
07- Que liiindo!!! Não tinha vontade nenhuma de ver este filme, mas este seu artigo me convenceu. É deste Ricaredo que eu gosto, quando fala sério, do universal. Os dois últimos parágrafos estão divinos. Parabéns e muito sucesso nesta palestra do Encontro da Nova Consciência. Muito obrigada. Até que enfim uma luz no fim do túnel. Gilvanilde Oliveira Falcão, Fortaleza-CE – jan2010
08- Amei a cronica sobre a visao de Avatar. Vc ja me fez despertar duas visoes diferentes de filmes: Matriz e agora Avatar. eu amei e ja repliquei. Fabiano Brilhante, Fortaleza-CE – jan2010
09- Todo verdadeiro Xamã é profundamente RELIGIOSO no sentido original e etimológico do que significa ser religioso. Ele e a Natureza são um só. O Espírito Católico/Javético DESLIGA e o Espírito Xamã RELIGA. Hey xamã nordestino!!!!!, Me likes muitão tua ALMA. Tua PANDORA/HELENA/SHERAZADE/PROSTITUTA SAGRADA… Patrícia Lobo, Salvador-BA – jan2010
10- Ainda não assisti ao filme, mas depois dessa crônica, desse final de semana não passa! Mônica Burkleward, Recife-PE – jan2010
11- Caro amigo, é sempre um prazer compartilhar esta percepção de unicidade e de – SINTO-ME FELIZ EM USAR ESTA PALAVRA QUE HÁ TEMPOS EVITO – religiosidade. Sim Na’vi poderia ser nossa Gaia. Somos uno e estamos conectados com o planeta, não compreender isso é buscar o próprio fim. Também tenho feito algumas palestras sobre o tema, e vinculado a educação a distância nesse paradigma de integração. José Lins Jr., Juazeiro do Norte-CE – jan2010
12- O próprio filme, a tecnologia, o cinema como arte, são separações/criações de algo do humano que não estão na natureza. Nós não somos naturais, desde a metáfora da “saída do paraíso”. Não estamos como água na água, como os outros seres vivos, como dizia o George Bataille. E também Hegel: “o homem é a doença do animal”. Diante disso, a única saída é nos conscientizarmos do nosso alto poder destrutivo, inclusive contra nós mesmos e procurarmos soluções de controle e auto gestão pela força, que é a única coisa que é respeitada. Direito, justiça e leis, como coação, desde Kant. O problema é que o capitalismo se tornou maior que os Estados e a sua possível força. A coisa é muito complexa. Adianta o que cada um pode fazer e que, de certa forma, lentamente demais, mas simplesmente impossível de ter-se visto há poucos anos atrás, o discurso ecológico está aí, nem que os que não queiram, que vão utilizá-lo politicamente, não o queiram. O discurso ecológico é o velho silêncio da morte. Contra a morte, ninguém pode, e é isso que acontecerá com o planeta e com a raça humana. Diante da morte, própria, dos amados e odiados, o “povo da terra” vai ter que se unir. Se há alguma coisa ainda natural para o homem é a morte. Então, unam-se “o povo da morte”. Retornarão para a terra, “metafóricaliteralmente”….. Abraço, do amigo. Ronald Paula, Fortaleza-CE – jan2010
13- Adorei, querido! Vou reenviar para meus amigos!!!!! Liz Cristal, São Paulo-SP – jan2010
14- Adorei!!! Linda Mascarenhas, Fortaleza-CE – jan2010
15- Parabens Ricardo pelo seu blog. Maria Christina, Brasília-DF – jan2010
16- Bem, gostei bastante desta mensagem pois olha, assisti ontem a noite o filme Avatar… Muito lindo. Você tem toda razão, é tudo isso e mais um pouco. Realmente a mensagem ecológica fica na memória de quem assisti o filme, e para os mais sensíveis, fica ainda a consciência buscando algo a fazer em prol da natureza. Parabêns, esteja em Paz, sucesso em sua vida. Jaqueline Lima, Ariranha-SP – fev2010
Adorei, querido! Vou reenviar para meus amigos!!!!!Adorei, querido! Vou reenviar para meus amigos!!!!!
Como não temer algo que tem o poder de gerar e nutrir a vida? E, caramba, como não temer um bicho que sangra durante dias e não morre?
MEDO DE MULHER
. Homens que agridem mulheres… Homens que atacam prostitutas, saem na rua atirando em travestis… O que leva um homem a tais selvagerias? Diversos fatores podem estar envolvidos. Mas há um fator mais profundo que todos, mais antigo… É o medo da mulher.
Instintivamente, todo homem teme a mulher. É claro que a maioria dos homens, se perguntado, certamente negará, ou levando a coisa para o lado da piada jocosa ou se irritando com o que ele pensa ser um questionamento de sua masculinidade, oh, a sagrada masculinidade. Calma, meu amigo macho. Esse medo nada tem a ver com homossexualidade. Trata-se do velho temor do feminino, um sentimento arquetípico, que sempre esteve em nossa psique, tão natural quanto o desejo sexual que sentimos pela mulher.
Esse temor existe, sim, e se não o reconhecemos, o danado nos acompanha vida afora, se refletindo em nossa relação com as mulheres. Pior que isso: o medo do feminino faz surgir religiões e sociedades machistas, que reprimem violentamente as mulheres, negando-lhes direitos básicos, tornando-as propriedade dos homens e até mesmo queimando-as em fogueiras. Mas… por que esse temor?
A mulher é um imenso mistério, que o homem jamais alcançará. É o mistério sagrado da própria vida. É através do corpo feminino que a vida se concretiza no plano físico. A mulher é a Natureza humanamente representada em suas curvas, saliências e reentrâncias: ela é o rio sinuoso que hipnotiza o olhar, montes que se elevam graciosos da superfície, cavernas escuras que guardam segredos… É feita de ciclos a mulher, renovando-se a cada lua para em seguida oferecer-se novamente fértil e receptiva. Como não temer algo que tem o poder de gerar e nutrir a vida? E, caramba, como não temer um bicho que sangra durante dias e não morre?
É bem antigo o medo da mulher. Milhões de anos atrás, percebemos que viemos todos de dentro dela – e até hoje isso nos maravilha e assusta. Percebemos também que ela se comporta como a Natureza em suas estações, alternando ciclos, e isso nos fez entender que o masculino é Sol enquanto o feminino é Lua. Se aquele é o mesmo todos os dias, esta não cansa nunca de se experimentar em sua natureza mutante. Se elas são naturalmente iniciadas pela vida, eles não, eles precisam inventar iniciações.
Ao menstruar, a mulher está a repetir, mesmo sem consciência disso, seu íntimo ritual sagrado de fertilidade. Isso tem o poder de conectá-la com a sabedoria instintiva de seu corpo e com os ciclos naturais do planeta. O sangue é o fluxo da vida, que vem da caverna escura, lá onde se guarda o feminino misterioso e profundo. E são poucos, bem poucos, os homens que têm coragem de ir lá. Fisicamente eles vão, sim, mas apenas tocam o feminino, nunca dançam com seu mistério. Homens fazem guerra porque a guerra vem do Sol. Mas poucos, bem poucos, são homens o suficiente para fazer amor com a Lua.
E, no entanto… a Lua sempre esteve dentro deles!, desde o momento em que os princípios masculino e feminino se uniram para gerá-los. São homens simplesmente porque neles a porção masculina é a dominante, e é isso que os faz mais agressividade e razão e menos suavidade e sentimento – mas se não houvesse também em sua alma a porção feminina, seriam uma inconcebível aberração psicológica. Ao negar o feminino em si, esses pobres homens negam também, sem perceber, sua própria totalidade, e assim buscarão inutilmente mil coisas pela vida, sem que nada os possa completar, e morrerão frustrados, sem sequer entender o que lhes faltou. E o que lhes faltou foi sua própria alma inteira.
Homens agridem mulheres porque elas são o próprio princípio feminino encarnado diante de seus olhos fascinados e temerosos. Sua presença os faz lembrar, inconscientemente, do que eles temem admitir. Sim, temer o feminino é normal, é humano. Mas negá-lo, não. O homem que nega o feminino, meu amigo macho, declara guerra contra si próprio. Bem melhor, mas muuuito melhor, é fazer amor com o feminino. .
MEDO DE MULHER Esta crônica foi lida pelo autor no encerramento do 21o Encontro da Nova Consciência (Campina Grande-PB, fev2012) e dedicada às mulheres violentadas e mortas em Queimadas-PB (12.02.12)
.
.
MAIS SOBRE LIBERDADE E O FEMININO SELVAGEM
A mulher selvagem– Ela anda enjaulada, é verdade. Mas continua viva na alma das mulheres
A mulher livre e eu – A liberdade dessa mulher reluz no seu jeito de ser o que é – e ela é o que todas as outras dizem ou buscam ser, mas só dizem e buscam, enquanto ela tranquilamente… é
Em busca da mulher selvagem – Era por ela que eu sempre me apaixonava, essa mulher que era quem ela mesma desejava ser e não a mulher que a família, religião e sociedade impunham que ela fosse
Amor em liberdade – O que você ama no outro? A pessoa em si? Ou o fato dela ser sua propriedade? E como pode saber que ela é só sua?
As fogueiras de Beltane – As fogueiras estão acesas, a filha da Deusa está pronta. O casamento sagrado vai começar
Alma una – Eu faço amor com a Terra / Sou a amante eterna / Do fogo, da água e do ar / Sou irmã de tudo que vive / Ninfa que brinca com a vida / Alma una com tudo que há
Quem tem medo do desejo feminino? (1) – A maternidade, a castidade e a mansidão de Nossa Senhora como bom exemplo, e a força, a independência e a liberdade sexual da puta como exemplo contrário, a ser jamais seguido
Marchando com as vadias – Se ser vadia é ser livre para exercer a própria sexualidade, então todas as mulheres precisam urgentemente assumir sua vadiagem, para o seu próprio bem e o de suas filhas
LIVROS
Mulheres que correm com os lobos– Mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem (Clarissa Pinkola Estés – Editora Rocco, 1994)
A prostituta sagrada – A face eterna do feminino (Nancy Qualls-Corbert – Editora Paulus, 1990)
– Acesso aos Arquivos Secretos – Descontos, promoções e sorteios exclusivos Basta enviar e-mail pra rkelmer@gmail.com com seu nome e cidade e dizendo como conheceu o Blog do Kelmer (saiba mais)
.
.
COMENTÁRIOS .
01- achei muito linda! Andrea Boni, Brasília-DF – jul2007
02- Ai, Rica… o cerrado te deu muita inspiracao hein? Discutir o principio feminino… se saiu bem na escolha do tema. Vai atrair o maior publico, de mulheres, todas querendo ser desvendadas pelas palavras do escritor. Vai dar pano pra muita manga histerica 😉 Beijo. Fabiana Vasconcelos, Boston-EUA – ago2007
03- Belíssimo texto. Como só vc sabe escrever. Ah, agora que vc parou pra respirar, quero ver as nossas fotinhas!!!!!! Beijos e saudades. Patrícia Meireles, Fortaleza-CE – ago2007
04- bacana rick… André Monteiro, Campinas-SP – ago2007
05 – Adorei o texto. Inspiradíssimo Ricardo. Poucos são os homens que conseguem esta sintonia vibratória conosco, por nos conhecer tão bem. Bom saber que existem! Um bj grande. Helga Lima, Rio de Janeiro-RJ – ago2007
06- Rapá, por causa das chatices e duns quilinhos a mais (dela e… meus tb!), eu já tava aqui na peinha de nada pra plantar a mãozada na muié — q me prometeu ser sempre linda, com aquele corpinho enxuto, como era qdo eu a conheci — qdo chegou esse seu email e me livrou de tirar umas férias vendo o sol nascer quadrado… Isso é q é amigo, viu! Wander Frota, Fortaleza-CE – ago2007
07- Kelmerrr! Amei seu texto! E puxa vida…tava com saudades de ler suas crônicas. Marisa Vieira, Rio de Janeiro-RJ – ago2007
08- Ainda mais quando essa mulher é cearense! Aí o homem tem é que correr de medo! Bjs. Gatalôca, Rio de Janeiro-RJ – ago2007
09- Lindo, como sempre. O texto, e você, claro! Fabiana Polotto Figueira, São José do Rio Preto-SP – ago2007
10- Parabéns pelo blog, pelo belo texto e também pela sua intensidade! Gosto do jeito que vc fala do feminino… ajuda-me a fazer as pazes com a minha própria feminilidade e também com os princípios do Sol. Quando eu te dei aquele Sol e fiquei com uma Lua, eu não pensei -ao menos conscientemente- na união entre o masculino e o feminino…rsrs. Kátia, João Pessoa-PB – ago2007
11- Ricardo. Achei maravilhoso este texto que você escreveu e me tocou profundamente. Beatris Rocha, Campinas-SP – ago2007
12- A sua cronica mais linda ate hj…. Christina Alecrim, Rio de Janeiro-RJ – ago2007
13- Rapá, por causa das chatices e duns quilinhos a mais (dela e… meus tb!), eu já tava aqui na peinha de nada pra plantar a mãozada na muié — q me prometeu ser sempre linda, com aquele corpinho enxuto, como era qdo eu a conheci — qdo chegou esse seu email e me livrou de tirar umas férias vendo o sol nascer quadrado… Isso é q é amigo, viu! Desleixo é falta de amor, é o contrário ou são os dois na mesma medida, pergunto eu? Vale! Wander Nunes Frota, Fortaleza-CE – ago2007
14- tambem tenho tenho medo!! e tu?? ainda lembro quando rosalia berrava, cesarinhooooooooo pra dentro!!!cara, corria p não apanhar!! (risos) concordo com a cronica!! +, e se no àpice do sexoroller (sexo no skate) mui bom, camarada!!! ela, olha na tua cara e ordena, bate porra!! quero gozar apanhando, +, bate devagar, que fazes??? hem, hem??? (risos) César de Cesário, Campina Grande-PB – ago2007
15- Olá Ricardo…tudo em Paz? Li e amei esta cronica…afinal como não temer o que nunca se tentou aprender? Como não fugir daquilo que nunca se transparece por inteiro…que nunca se desnuda do sabor de se ver tão diferente? Parabens e bom te ler novamente…um abraço carinhoso!!!! Sandra Abou Dehn, Cuiabá -MT – ago2007
16- Olá Ricardo. tudo bem? Parabéns, adorei sua crônica, muito inteligente e profunda. Todos nos temos nosso lado feminino hibernado. Poucos são aqueles que vivem em paz. Com sua permissão vou passar essa crônica para meus amigos interautas. Obrigado pela lembrança. Abs. Liano Silva Veríssimo, Fortaleza-CE – ago2007
17- QUER CASAR COMIGO??? Isso é tudo que tenho a dizer sobre sua crônica, linda de morrer… melhor, linda de viver. Vc já leu Cartas do caminho sagrado, que fala do xamanismo e da “carta da lua” (a “função” da menstruação no “eu” da mulher)? Outro livro que eu achei interessante, cujo autor é um homem que pensa como nós, é “A corrida do membro”. Saiu no Jô, mas não lembro o nome do jornalista. Ainda não li mas deve ser interessante. Sempre me disseram que todos os homens que amei (e amo) só falta um chip para gay. Não sou chegada a aberrações psicológicas que me jogariam na parede e chamariam (se tivessem chance) de lagartixa! Tô fora! Beijim daquela que está se viciando nas suas crônicas. No meu próximo curso sobre crônica, onde quer que seja, vou apresentar à turma um autor que desmente categoriacamente essa história dos estudiosos de literatura que dizem que a crônica morreu: Ricardo Kelmer é o nome dele. Ana Karla Dubiela, Fortaleza-CE – ago2007
18- Dear Ricardo, Fico a imaginar como consegues escrever com tanta clareza sobre um assunto tao dificil pra muitos que e’ essa relacao de homem e mulher. Quase todos os meus clientes estao completamente perdidos , e’ um trabalho arduo mostrar-lhes alguma outra visao das coisas vividas por eles. Adorei o seu texto , sou sua tiete e por isso suspeita mas acredito ser Super!!! Raquel Araújo, Los Angeles-EUA – ago2007
21- Esse texto tá bom demais,Ricardo.Adorei! Mônica Burkle Ward, Recife-PE – ago2007
22- É as vezes tm homens que sõa muito machões mais na hora que tem que ser homem mesmo não é digo iso num termo geral. E os homens principalmente falam que nós mulheres somos frageis e é ao contrario, vcs homens que são frageis por ex: vcs não tão a luz e gera uma criança durante nove meses ae nos mulheres temos essa benção e a graça divina. Bom quero ler mais coisas que vc escreve e se quizer mandar pra mim eu leu pode ter certeza ah!! fiz um blog para colocar as minhas histórias se quizer dar uma lida e uma opinião é sempre bom saber mais. Olha o endereço do meu blog: http//amandareisgomes .arteblog.com.br. Amanda Reis, Osório-RS – ago2007
23- Oi, Ricardo… Crônica pouco poética. São Paulo, às vezes, nem é Sol nem Lua… é assim, digamos… quase sempre nublada. Será que percebes a influência na (ou falta) de poesia? Que tal escrever uma crônica biológica para “eles” informando a partir da fecundação até aquele momento em que por definição génetica os órgãos sexuais determinantes se desenvolvem e se atrofiam simultaneamente… mas, com poesia. Beijos. Marly Rodrigues, São Paulo-SP – ago2007
24- Olá Ricardo! Recebi seu e-mail com a sua crânica sobre o Medo que os homens têm das mulheres, e achei uma obra de arte, achei que você falou tudo sem fiucar cansativo e monótono… na minha humilde opinião de leitora hehe! Além de ser um assunto que me chama muita atenção, essa coisa toda do machismo que perdura até hoje em uma sociedade tão moderna como é a que vivemos, fico boquiaberta com esse tipo de coisa que ainda acontece no mundo! Não há como entender!! Eu li, e adorei seu texto, achei que não podia deixar passar em branco no meu e-mail, não resisti em responder, embora não à altura do seu texto! Achei magnífica a forma como vc trata o corpo da mulher em constante ligação com a natureza (o que não deixa de ser verdade em nada), ficou sensacional! Vc escreve por hobby ou por profissão mesmo? No mais, seguem meus singelos elogios… achei que você tem um grande futuro (se é que já não o tem)! Caso haja mais alguma coisa que tenha em mãos, mande-me, é sempre bom ler esse tipo de coisa e saber que a situação também incomoda a outrs pessoas!Abraços! Pamela Bathory, Juiz de Fora-MG – set2007
25- adorei a crônica, vc sempre escreve o que gosto de ler sou sua fa bj. Lu Resende, Fortaleza-CE – set2007
26- MOCINHO COMO VC ESCREVE GOSTOSO!!! LIVRE, LEVE E SOLTO RSRS ADOREI. E VOU REPASSAR… UM OTIMO FIM DE SEMANA BEIJO Junia Drummond, Brasília-DF – set2007
27- caraaaaaaaaa !!!!!!!!!!!!!!!!! eu não me engano. Apasar de ter conversado muito pouco com vc tive a carteza de q vc é um cara muito sensível . e esse texto so vema confirmar . beijos. Júnia Turturro, Brasília-DF – set2007
28- Crônica interessante… Vc gosta muito de falar sobre as mulheres, não? Um abraço. Fernanda da Silva Xavier, Rio de Janeiro-RJ – set2007
30- Parabéns menino! Só quem tem sua porção feminina bem resolvida pode ser o super homem que tão bem cantou Gil. Abraço carinho procê! Regina Coeli Carvalho, Rio de Janeiro-RJ – set2007
31- Tá bom vou começar. Recém cheguei da ópera Carmem de Bizet, apresentada ao ar livre pelo bobão do Silvio Barbato… o espetáculo foi lindo, os comentários dele, absolutamente desnecessários. Mas, não é isso para agora. Uma sugestão: que tal o título ser: Medo do Homem: Mulheres. Pq o medo? o medo é o pai de todas as dores e essencialmente nasce da necessidade de proteção diante da ameaça da morte…O nascimento é, se não o primeiro, um dos mais importantes eventos ameaçadores à vida, visto q apresenta de cara o desconhecido. Ao nascer, homens e mulheres CAEM no desconhecido absoluto… entretanto, a mulher traz consigo o potencial de parir, de continuar o ciclo… o homem nasce com o vazio do sentido da existência. Será? Este medo é primitivo, e inerente ao ser humano, mas segue se desenvolvendo no macho, será? este ódio, este repúdio, esta resistência de entrega do macho – confiar… não sei, tudo isso está me ocorrendo agora… vou sentir mais um pouco depois escrevo mais. Obrigada pela oportunidade. Não houve ritual da Lua. Eu me empaturrei de macarrão e dormi. Um beijo. Suely Andrade, Brasília-DF – set2007
32- Kra, muito legal essa crônica!!! Axu muita coisa legal na mitologia pagã tb. Daniel Gargas, Fortaleza-CE – set2007
33- muito bom! pena q apenas uma parcela mínima de homens se toca disso… Luciana, São José dos Campos-SP – set2007
34- Linda, sábia e profunda sua crônica Medo de Mulher. Parabéns por mais esta pérola! Gilvanilde Oliveira Falcão, Fortaleza-CE – set2007
36- Olá Kelmer, Muito interessante o seu texto. A Mãe Natureza é grandiosa, mas também esconde muito tesouros. Acho que a mulher tem um pouco disso, claro, dessa coisa incomensurável que nos faz tremer nas bases. E talvez Freud quisesse também dizer que o Complexo de Édipo é, para o menino, a grande ameaça que ele precisa passar para descobrir que sua mãe é uma caverna oculta aos seus propósitos libidinais. O primeiro obstáculo que vai precisar remover sem nunca conseguir transpor o mistério, talvez por isto, como você mesmo escreve, surja o medo. É realmente surpreendente. Um grande abraço e parabéns pelo texto. Felipe Moreno, São Paulo-SP – set2007
37- Graaaaaaaaaaaaaande verdade!!! Disse tudo meu Guru!!! Marcos André Borges, Fortaleza-CE – set2007
38- Oi bom dia !!! adorei essa crônica sua, linda !! adorei o uso dos conceitos do sol e da lua , do sagrado feminino, da fertilidade !! lindo!! por isso que eu sou sua fã!! Se puder me mandar de novo mulher selvagem(que eu adoro) e estou louca pra mandar pras minhas amigas eu agradeço!! Como sempre vc é como o vinho: a cada dia que passa fica melhor !!! beijos. Josylene, São Paulo-SP – set2007
39- Oi Ricardo..obrigada por agraciarnos com estas pérolas…adorei a palestra e mais ainda, adorei saber que ainda existem homens assim…deste jeitinho…da forma que deve ser…vc percorreu o caminho p/ o feminino que existe dentro de todos os homens… Li ” Para GAIA com Amor” …adorei tb…vc pensa muito parecido comigo…só que não consigo traduzir em “letrinhas”…meus sentimentos…Bjs e até a próxima!!!!! Mônica Rivera, Brasília-DF – set2007
40- OI, Kelmer! Muito legal a cronica sobre Medo de mulher! Adorei! Fabrícia Viana, Fortaleza-CE – set2007
41- Muito bom Morga, já estou copiando e mandando pra alguém especial. Ainda n tinha lido nada de Ricardo Kelmer, fiquei encantada… Angélica Belchote Trocoli, Salvador-BA – Comun. Orkut Mulheres Repensando Conceitos – set2007
42- lindo! vai de encontro a tudo que acredito sobre a natureza da mulher. Devíamos enviar este artigo para todos os homens que conhecemos. Obrigada pela oportunidade de tomar conhecimento deste autor.Cadê o endereço do blog dele?beijo. Kátia G, Belo Horizonte-MG – Comun. Orkut Mulheres Repensando Conceitos – set2007
44- o cara é simplesmente demais cada vez que o lei ele me surpreende e anima… lindo demais Ricardo Kelmer ! Parabéns! Andréa Magnoni, São Paulo-SP – Comun. Orkut Mulheres Repensando Conceitos – set2007
45- Adorei a cronica Ricardo!!! eh a pura verdade! beijao. Carmen Rangel, Barcelona-Espanha – set2007
46- Se as mulheres ainda se sentem oprimidas e agredidas, depois de tudo o que conquistaram, é porque elas permitem, mtas vezes até escolhem. Pois, perante todos estes problemas mtas ainda insistem em igualar-se aos machos, fazendo o que eles fazem, falando como eles falam, vestindo-se como eles se vestem, brigando como eles brigam. São verdadeiros homens debaixo de belas roupas, maquiagem e salto alto. E se há sensibilidade é puramente interesseira e vítima. Giovana Milozo, São Carlos-SP – set2007
47- Você é muito talentoso e escreve muito bem. Considere isso mesmo um elogio, porque eu já li à beça e tenho faro pra essas coisas. abraço forte. Deco, Rio de Janeiro-RJ – set2007
48- Já divulguei para minha lista de amigos. abraços. Regina Coeli, Rio de Janeiro-RJ – set2007
49- Kélmer, gostei muito desse texto, parabéns!! Só você consegue nos fazer pensar em assuntos importantes de maneira irônica e divertida. Sheryda Lopes, Fortaleza-CE – set2007
50- Obrigada pelo texto com interessantes reflexões!!! Parabéns!!! Aproveito a oportunidade e compartilho com você a indicação de um livro que acabei de ler. Chama-se “A Ciranda das Mulheres Sábias”. Dê-se a oportunidade de ler este livro. É da Clarissa, mesma autora do livro “Mulheres que Correm com os Lobos”. Abraço. Iolanda Santos, Fortaleza-CE – set2007
51- Lendo seu texto, lembrei-me menininho, escondendo-me quando a prima bonitinha entrava lá em casa. Como um bichinho que se esconde do predador na mata, mas fica observando-o da penumbra, envolto naquele sentimento novo, inexplicável naquele primeiro momento, de medo e fascínio. Enquanto não aprendermos a conviver com esse sentimento, o que você tão bem descreve e ensina, estaremos sempre no meio termo entre algoz e vítima, julgando-as santas ou profanas, causadoras de nossa tragédia ou fortuna, nossa salvação ou desgraça. Por isso quando eu nasci, veio um anjo e disse: – Vai, Paulo, vai ser voyeur na vida… Paulo Marcelo, Brasília-DF – set2007
52- Ricardo, como é bom sentir vc se superar cada vez mais!Esta crônica nos anima e acalenta em um mundo tão desconectado com nossos princípios naturais. Muitos beijus das “Rosas do Cariri” para nosso cearense querido. Lisiene Bezerra, Juazeiro do Norte-CE – out2007
53- já tinha gostado do livro que me enviaste, o “Blues da vida crônica”, mas esse texto gosto de reler, principalmente nos tais meandros cíclicos em que até nós mesmas tememos o dito “feminino”, rs. Um abraço! Jamile Mileipe, Recife-PE – dez2007
54- Gostaria de lhe parabenizar pela grandiozidade dos textos que compõe o leu livro “Vocês Terráqueas”. Mas, em particular, gostaria de lhe parabenizar pela crônica “Medo de Mulher”. Poucos homens seriam tão capazes de reconhecer esse medo de forma tão explícita. Menos ainda seriam capazes de assumi-lo publicamente editando em um livro. Isso mostra, no mínimo, a segurança que você tem quanto a sua masculinidade, não tendo medo de expor o que pra muitos seria um “fraqueza”. Mostra também a cumplicidade que você tem com nós mulheres, nos orientando e esclarecendo os motivos pelos quais muitos homem não desceram da árvore. Talvez os “ETs” tenham maior domínio desse medo e por isso as mulheres brasileiras se deixam abduzir. Parabéns: pelo grande escritor, pelo grande homem e pela grande pessoa que você é. Maria do Carmo, São Paulo-SP – ago2010
55- lindo,lindo lindo…vc diz o que eu gostaria de ter dito. KELMER querido, em sua homenagem vou soltar a minha loba…rsrs mudar minha fotinha… Maria Sá Xavier, Niterói-RJ – fev2011
56- Puta merda!!!! Tão seguro da sua masculinidade foi muito profundo. Rsrsrsrsr… Rsrsrsrsrsrsr… Rsrsrsrsrs… Essa eu vou contar na próxima rodada de pôquer. Rsrsrsrsr…. Mardonio Veras, São Luís-MA – fev2011
57- Ah, vai, Mardonio, ele sabe das qualidades dele, não precisa de incentivo. Mas como lider da ALK – Associação das Leitorinhas Kelméricas, faço qualquer coisa pra ele continuar enchendo nossos olhos com suas hitórias deliciosas. Kel, bota a imaginação pra funcionar! Maria do Carmo, São Paulo-SP – ago2010
59- Que texto lindo, Ricardo Kelmer! Sempre percebi esse medo dos homens em relação às mulheres. Alguns mais, outros menos. Um homem que tem medo de mulher, nunca vai amá-la plenamente, porque não se entrega, não confia, não relaxa. Amor e medo são antagônicos.Que bom que vc tocou nesse assunto, pois é a causa de muita desgraça entre homens e mulheres! Vanessa Martins de Souza, Curitiba-PR – fev2012
60- veja o exemplo na idade media, depois joana dárc… as mulheres q faziam parto, sabiam o segredo das ervas… e estoria eh lon ga… sempre o medo da caverna escura dos ancestrais… a mulhr eh yin eh ternura e força… nao devemos querer parecer homem. Dhara Bastos, Fortaleza-CE – fev2012
61- achei tão fantástico, que joguei lá no V&P, prá modo daqueles brucutos ignaros aprenderem alguma coisa… – rsrsrsrsrsrs. Eduardo Ramos, Rio de Janeiro-RJ – fev2012
62- Maravilha! Não lembro de ter lido algo tão profundo sobre nossas ‘diferenças’ (prosapoética da melhor qualidade!); grata por compartilhar, e vamos compartilhar! : ) Mônica Mello, São Paulo-SP – fev2012
63- eu li. É TDO DE BOM. Renata Regina,São Paulo-SP – fev2012
64- Parabéns pelo texto e pela sensibilidade. Mob Cranb, Campina Grande-PB – fev2012
65- Rios sinuosos que hipnotizam o olhar… Se todos fossem iguais a você,q maravilha seria. Izabel Castro, São Paulo-SP – dez2013
66- Risos…até eu tenho medo de mulher, mulher é muito perigosa, se não te pega acordado, te pega dormindo. Mas lhe vinga! Por isso, bato em homem, espanco até…mas não relo o dedo numa mulher. Regina Zamora, São Paulo-SP – dez2013
67- (…) a mulher é a natureza humanamente representada em suas curvas, saliências e reentrâncias (…) aaaaadorei Kelmer brilhante como sempre. Cynthia Martins, Fortaleza-CE – dez2013
68- Como diz um ditado antigo “Falou e disse ” ou seja falou tuuuuuuuuuuudo. Marcos Felix, Ceilândia-DF – dez2013
70- “Se elas são naturalmente iniciadas pela vida, eles não, eles precisam inventar iniciações.” Absolutamente genial!!! Meu amigo Ricardo Kelmer, apesar de eu ter ido a esse ENC, não ouvi o texto lá. Estou lendo pela primeira vez e não encontro palavras para comentá-lo. Talvez o melhor texto seu que eu já li, e com certeza está dentre os melhores sobre esse tema. Minhas reverências, meu querido! Rógeres Bessoni, Recife-PE – dez2013
71- Estupro é a prova de não saber nada sobre conquistas é uma condição de reprovar a si mesmo na condição de ser comunicável é retirar a capacidade de inteligência nas entrelinhas! Resumindo: __ FALTA DE COMPREENSÃO !!!!!!!! Hyara Ougez, São Paulo-SP – dez2013
72- Lindo texto Ricardo! O mais triste é ver mulheres negando também a sua ligação com a natureza, sentindo nojo e vergonha de seus corpos e dos seus ciclos, e colaborando para que uma visão sexista seja mantida. O machismo não tolhe apenas as mulheres, mas também os homens que passam a ter que se mutilar emocionalmente e espiritualmente para se encaixar em uma visão limitada do masculino. O masculino e o feminino são lindos, cada um da sua forma. Marina LF, Porto Alegre-RS – dez2013
73- Bravo! Reflexão consistente, sincera, densa, verdadeira, profunda, ampla, EM SINTONIA COM A REALIDADE NACIONAL. PARABÉNS!! ASSINO EMBAIXO. EM COMUNHÃO. Luca Vianni, Fortaleza-CE – dez2013
74- Gratidão Ricardo!! Sou fã de teus escritos, sabes. Clordana Aquino, Campina Grande-PB – abr2014
Vimos nossa morada flutuando no espaço. Vimos um planeta inteiro, sem divisões. Não vimos este ou aquele país: vimos o todo
A IMAGEM DO SÉCULO 20
. Qual é a imagem do século 20 para você? Foi essa a pergunta que me fizeram. E fiquei dias e dias pensando. O século 20 é repleto de imagens marcantes: cinema, descobertas científicas, guerras, competições esportivas, maravilhas tecnológicas, o 14 Bis de Santos Dumont, Gandhi e a roda de fiar, aquela menina vietnamita correndo nua pela estrada bombardeada, aquele cidadão chinês a desafiar os tanques na Praça da Paz Celestial (o nome da praça, que ironia…), a ovelha Dolly… Tantas imagens, tantas coisas inesquecíveis. Acabei escolhendo duas imagens.
A primeira é o cogumelo atômico, a bomba jogada sobre Hiroxima e Nagasaki em 1945. A bomba atômica, a rosa com cirrose, sem cor, sem perfume, sem rosa, sem nada. Devemos guardar para sempre a imagem do cogumelo maldito em nosso álbum de recordações, para não esquecer que chegamos bem perto de nos exterminar. A imagem nojenta da destruição de duas cidades e do assassinato de milhares de inocentes. A imagem suprema da estupidez humana.
O vergonhoso cogumelo atômico simboliza também mais uma mordida no fruto proibido do conhecimento, essa iguaria que sempre nos atiçará a curiosidade. O problema não é o fruto em si, pois o conhecimento existe para ser acessado e a evolução sempre nos levará ao nível seguinte da informação. O problema é o que fazemos do conhecimento adquirido. Descobrimos o poder dos átomos e que ele pode nos ser útil ‒ mas descobrimos também que serve para exterminar populações inteiras num segundo. Um segundo que deixou eternamente projetada, feito uma sombra na parede de nossa história, a estupidez e a vergonha de sermos humanos.
E a segunda imagem? Bem, ela não é vergonhosa, muito pelo contrário. Enquanto o cogumelo atômico nos entristece, essa outra nos enche o coração de esperanças num futuro melhor. É a foto da Terra, vista do espaço. A foto (na verdade, uma série de fotos) que os astronautas tiraram quando de sua chegada à Lua, em 1969. Naquele momento, a humanidade, pela primeira vez na História, punha os pés fora de seu planeta e via a Terra de outro ângulo. A imagem é linda, mas não é somente isso. Ali, naquele instante mágico, eternizado na fotografia, a humanidade botou a cabeça para fora de seu mundinho de divisões, superficialidades e mesquinharias, e conseguiu pela primeira vez distanciar-se… e olhar para si mesma.
E o que vimos? Vimos nossa morada flutuando no espaço. Vimos um planeta inteiro, sem divisões. Não vimos este ou aquele país: vimos o todo. Não vimos divisões de raças, culturas, credos e ideologias. O que vimos foi uma coisa só, feita de coisas diferentes, sim, mas uma coisa só. Vimos pela primeira vez o nosso planeta e descobrimos que ele é azul e é lindo, suspenso no espaço a flutuar pela imensidão do Universo. Ô momento iluminado! Quantas implicações filosóficas e metafísicas e sociológicas e econômicas e tudo o mais essa imagem de repente detonou!
Antes, muitos intuíram que por baixo da extrema diversidade corre o rio da unicidade. Mas a foto da Terra de repente mostrava isso no papel e resumia numa imagem tudo o que precisávamos urgentemente por em prática. Ficou claro, de um instante para outro, que vivemos num único lugar, ocidentais e orientais, negros, brancos, índios, amarelos, cristãos, judeus, muçulmanos, hinduístas. De repente, ficou claro que não mais faz sentido nos massacrarmos e dividirmos o mundo em capitanias, e que devemos agora dar prioridade máxima àquela visão do todo em vez de privilegiar este ou aquele país, esta ou aquela cultura.
A partir dessa foto, a humanidade passou a pensar diferente a respeito de si mesma e do lugar onde mora. Deu-se um estalo no inconsciente coletivo. Ativou-se de vez o novo mito da unicidade. De repente, nos vimos do alto e entendemos que, num mundo cada vez mais interconectado, tudo o que fizermos localmente terá consequências globais, mesmo que não as percebamos de imediato. Ficou claro que o planetinha azul é tudo que possuímos e que se ele adoecer, nós, como parte integrante, também adoeceremos. Ficou muito claro que o que fizermos a Gaia estaremos fazendo a nós mesmos.
As fronteiras geopolíticas, essas linhas artificiais que separam as pessoas em todo o mundo, simplesmente não existem naquela foto. Nela, o mundo está livre de divisões. Hoje, décadas depois, os blocos econômicos, a crescente indústria do turismo, as comunicações de massa e a internet cada vez mais acessível afrouxam ainda mais essas fronteiras, fragilizando a noção de país que possuímos. Essa fragilização causa em muita gente, principalmente nos mais velhos, certo incômodo e insegurança, pois nossa noção de país e de identidade cultural foi construída à custa de muitas guerras e conquistas sangrentas e se encontra enraizada a ferro e fogo em nossas mentes. Dói ter de largá-la por uma noção planetária que ainda não sabemos como exatamente irá funcionar.
Dói, mas talvez não haja outra alternativa. O curso natural da evolução parece agora nos solicitar uma noção mais abrangente de nós mesmos e do lugar onde vivemos. Sei que o processo de globalização é irreversível e que, com ele, há o perigo de culturas inteiras serem devoradas pelos interesses comerciais, enriquecendo alguns poucos mas empobrecendo a espécie humana. Será um grande desafio que teremos de superar.
Por enquanto, fico com minha esperança nesse mundo sem fronteiras que nos revelou aquela foto tirada do espaço. Um mundo mais inteiro e harmonioso, sem divisões internas a enfraquecê-lo. E é exatamente por causa dessa esperança que não morre que, entre as duas imagens, escolho a imagem da Terra, nossa casa vista do espaço, redonda e azul, como a minha imagem do século 20. E torço para que, no futuro, essa imagem simbolize o momento mágico em que o mito da unicidade foi finalmente despertado, feito uma revolução em massa que ainda está em seu início, mas que não pode mais ser derrotada.
. Ricardo Kelmer 2000 – blogdokelmer.com
.
. em italiano
L´IMMAGINE DEL 20o SECOLO Ricardo Kelmer 2000
Qual è l’immagine del 20° secolo secondo te? Fra tutte le immagini del secolo, e ce ne sono state tante perché la tecnologia ha facilitato la loro divulgazione istantanea al mondo, quale sceglieresti per rappresentare questa fase della storia della nostra specie e del nostro pianeta?
Questa domanda mi è stata fatta qualche giorno fa. Sono rimasto a pensare per giorni. Il 20° secolo è pieno di immagini significanti: cinema, scoperte scientifiche, guerre, competizioni sportive, meraviglie tecnologiche, il 14 Bis di Santos Dumont, Gandhi che gira il “charkha”, la bambina vietnamita che corre nuda lungo la strada bombardata, lo studente cinese che sfida la fila di carri armati nella Piazza della Pace Celestiale (il nome della piazza, che ironia…), la pecora Dolly… Tante immagini, tanti avvenimenti indimenticabili. Finalmente ho scelto due immagini.
La prima è il fungo atomico, la bomba lanciata sulle città di Hiroshima e Nagasaki nel 1945. La bomba atomica, la rosa con cirrosi, senza colore, senza profumo, senza rosa, senza niente.* Dobbiamo tenere per sempre nel nostro album di ricordi l’immagine di questo maledetto fungo per non dimenticare che siamo arrivati molto prossimi al nostro sterminio. L’immagine ripugnante della distruzione di due città e dell’assassinio di migliaia di persone innocenti. L’immagine suprema della stupidità umana.
Il vergognoso fungo atomico simbolizza inoltre un morso in più al frutto proibito della conoscenza, il frutto che ci ha sempre acceso e accenderà la curiosità. Il problema non è con il frutto in sé perché la conoscenza esiste proprio per essere accessibile, il frutto ci aspetta sempre e l’evoluzione delle cose ci porterà sempre al livello successivo della conoscenza. Il problema è quello che facciamo con la conoscenza acquisita. Non esiste modo per fermare l’evoluzione del sapere; si tratta di una necessità della specie. Abbiamo scoperto il potere degli atomi e che loro possono esserci utili, ma abbiamo scoperto, inoltre, che servono per sterminare popolazioni intere, gente innocente, in un secondo soltanto. Un secondo che ha lasciato eternamente proiettata, come un’ombra sul muro della nostra storia, la stupidità e la vergogna di essere umani.
E la seconda immagine? Beh, lei non è vergognosa, al contrario. Mentre il fungo atomico ci rattrista, quest’altra ci riempie il cuore di speranza per un futuro migliore. È la foto della Terra vista dallo spazio. È la foto che gli astronauti hanno fatto nell’occasione dell’arrivo sulla Luna, nel 1969. In quel momento l’umanità, per la prima volta nella Storia, metteva i piedi in un posto fuori dal proprio pianeta, guardando indietro vedeva la Terra da un’altra angolazione. L’immagine è bella, bellissima, ma non è soltanto questo. Lì, in quel magico istante, raccolto eternamente in una fotografia, l’umanità ha messo la testa fuori del suo piccolo mondo di divisioni, superficialità e meschinerie e riuscì, per la prima volta…allontanarsi e guardare se stessa.
E che cosa abbiamo visto? Abbiamo visto la nostra casa che fluttua nello spazio. Abbiamo visto un pianeta intero, senza divisioni. Non abbiamo visto questo o quel paese: abbiamo visto un tutt’uno. Non abbiamo visto divisioni razziali, culturali, religiose o ideologiche. No. Quello che abbiamo visto è una cosa sola, fatta di cose diverse, sì, ma un’unica cosa. Abbiamo visto per la prima volta il nostro pianeta e scoperto che è azzurro e bellissimo, sospeso nello spazio che fluttua nell’immensità dell’Universo. Ah, che momento illuminato! Quante implicazioni filosofiche, metafisiche, sociologiche, economiche e tutto il resto quest’immagine ha fatto esplodere di botto!
Prima di questa foto molti intuivano già che sotto l’estrema diversità correva il fiume dell’unicità. Ma la fotografia della Terra improvvisamente mostrava questo sulla carta e condensava in un’immagine tutto ciò che dovevamo urgentemente mettere in pratica. In un attimo è stato chiaro che viviamo in un unico posto, tutti noi, occidentali ed orientali, neri, bianchi, indigeni, gialli, cristiani, ebrei, musulmani, induisti. Immediatamente è stato chiaro che non aveva più senso combattere fra noi e dividere il mondo in nazioni, e che dovevamo dare adesso la massima priorità a quella visione del tutto invece di privilegiare questo o quel paese, questa o quella cultura.
Dopo questa foto l’umanità iniziò a pensare diversamente riguardo se stessa e riguardo il luogo dove vive. C’è stato uno scatto nell’inconscio collettivo. Si è attivato definitivamente il mito dell’unicità. Improvvisamente ci siamo visti dall’alto ed abbiamo capito che, in un mondo sempre più collegato ed interconnesso, tutto ciò che faremo localmente porterà conseguenze globali, anche se non ce ne rendiamo conto nell’immediato. È diventato chiaro che quel pianetino azzurro è tutto ciò che possediamo e che se lui si ammala, anche noi, perché parte integrante, ci ammaliamo. È diventato molto chiaro che quello che facciamo a Gaia lo facciamo a noi stessi.
Le frontiere geopolitiche, queste linee artificiali che separano le persone in tutto il mondo, semplicemente non esistono in quella foto. Lì il mondo è libero da divisioni. Oggi, più di trent’anni dopo, i blocchi economici, la crescente industria del turismo, le comunicazioni di massa e l’internet sempre più accessibile allentano ancora di più queste frontiere, indebolendo la nozione di paese che tutti noi abbiamo. Questa debolezza provocò in molte persone, principalmente nei più grandi, un determinato disagio ed insicurezza certamente perché la nostra idea di nazione e di identità culturale è stata costruita a costo di molte guerre e di sanguinose conquiste e si trova definitivamente radicata nelle nostre menti. Fa male dover abbandonare questa nozione per una planetaria che non sappiamo ancora come funzionerà esattamente.
Fa male ma forse non esiste un’altra alternativa. Il corso naturale dell’evoluzione sembra che ci stia sollecitando una conoscenza più ampia su noi stessi e sul luogo dove tutti viviamo. So che il processo di globalizzazione è irreversibile e che, con lui, esiste il pericolo che intere culture siano divorate dagli interessi commerciali, arricchendo alcuni pochi ma depauperando la specie umana. Sarà una grande sfida che dovremo superare.
Per ora, rimango con la mia speranza in questo mondo senza frontiere rivelato da quella foto fatta dallo spazio . Un mondo più intero ed armonico, senza divisioni interne che lo indeboliscono. Ed è esattamente per questa speranza che non muore che, fra le due immagini, scelgo quella della Terra, la nostra casa vista dallo spazio, rotonda ed azzurra, come l’immagine del 20° secolo. E spero che, nel futuro, quest’immagine simbolizzi il magico momento in cui il mito dell’unicità è stato finalmente svegliato, come una rivoluzione in massa che è ancora all’inizio ma che non può più essere sconfitta. .
Ricardo Kelmer è scrittore, paroliere e sceneggiatore ed abita a São Paulo
* N.T.: Tratto dalla poesia “ROSA DE HIROSHIMA” di VINICIUS DE MORAES.
Pensem nas crianças mudas telepáticas/Pensem nas meninas cegas inexatas/Pensem nas mulheres rotas alteradas/Pensem nas feridas como rosas cálidas/Mais, oh, não se esqueça da rosa, da rosa/Da rosa de Hiroshim,a a rosa hereditária/Da rosa radioativa, estúpida, inválida/A rosa com cirrose, a antirrosa atômica/Sem cor nem perfume/Sem rosa, sem nada.
.
.
LEIA NESTE BLOG
Pátria amada Terra – É animador ver as novas gerações convivendo mais naturalmente com essa noção de cidadania planetária
Eles estão na fronteira– Milhões de maltrapilhos famintos, perseguidos políticos, criminosos cruéis, terroristas suicidas, narcotraficantes e trombadinhas invadindo os países e quebrando tudo, estuprando nossas irmãs, matando todo mundo, o caos absoluto
A mensagem de Avatar ao Povo da Terra – Temos de compreender o que os antigos já sabiam e nós esquecemos: a Terra é um ser vivo e nós fazemos parte dele
A ilha – Talvez uma ilha na verdade fosse uma… montanha! Sim, uma montanha com o pico fora dágua
WikiLeaks e o nascimento da cidadania global – Quanto mais as pessoas se conectam à internet, mais elas se entendem como participantes ativos dos destinos do mundo e não apenas de seu país
.
DICAS DE LIVRO
.
Iniciação à visão holística (Clotilde Tavares, Record/Nova Era)
Holística é um daqueles termos que de repente, quando você vê, ele já está por aí, na mídia e na boca das pessoas. Mas, cá pra nós, quem sabe mesmo o que significa exatamente isso? A professora Clotilde Tavares, que também é médica e terapeuta floral, faz um agradável passeio pelas noções básicas que formam o pensamento holístico, cada vez mais importante pra humanidade deste tempo.
O novo paradigma (Walter de Souza, Cultrix)
À procura de entender a realidade, a humanidade fragmentou o conhecimento, valorizando as especializações. Isso trouxe conquistas indispensáveis, é verdade. No entanto já é visível a necessidade de voltarmos a reunir o conhecimento espalhado. É alentador ver que vários ramos da ciência já seguem a mesma direção. Nesta curta mas significativa obra, o autor nos revela os novos caminhos que já estão expandindo a consciência humana.
O Tao da Física (Fritjof Capra, Cultrix)
Novas descobertas da f ísica quântica promovem um verdadeiro rebuliço na compreensão dos cientistas a respeito da realidade e muitos até se recusam a acreditar nas constatações filosóficas e metafísicas a que seus experimentos os conduzem. O físico Fritjof Capra mostra as impressionantes coincidências entre as novas descobertas da Física a respeito da matéria e as antigas filosofias orientais como o Taoísmo e o Budismo.
O ponto de mutação (Fritjof Capra, Cultrix)
Prosseguindo em seus estudos, Capra mostra como as ciências já estão falhando por insistir em seguir o modelo newtoniano/descartiano de interpretação da realidade e sugere que a humanidade está vivendo uma decisiva transição em sua evolução. Especificando a situação de diversos ramos da ciência, como medicina, psicologia e economia, Capra escreveu uma obra indispensável ao estudioso do pensamento holístico e dos novos paradigmas que lentamente estão, não substituindo, mas complementando os atuais.
.
.
Seja Leitor Vip e ganhe:
– Acesso aos Arquivos Secretos – Descontos, promoções e sorteios exclusivos Basta enviar e-mail pra rkelmer@gmail.com com seu nome e cidade e dizendo como conheceu o Blog do Kelmer(saiba mais)
Fiz esta música em 2006 com Flávia Cavaca. Quem canta é Lila Shakti. Os instrumentos e a programação ficaram a cargo do Rodrigo Larese, um fera. Em algumas cidades há grupos que usam esta música em rituais xamânicos ou de celebração do Feminino Sagrado. Ótimo! É pra isso mesmo, fiquem à vontade.
.
ALMA UNA .
Celebrar o milagre de ser O assombro de viver Na doce magia da noite Minha alma é noiva desse ritual
O fogo me aquece num abraço amigo As fagulhas são reflexos do infinito Eu danço o mistério da Lua Linda, nua e natural
Eu faço amor com a Terra Sou a amante eterna Do fogo, da água e do ar
Sou irmã de tudo que vive Ninfa que brinca com a vida Alma una com tudo que há
Salamandras brincam na fogueira… Guerreiras aladas trazem oferendas… Se aproximam os animais de poder… Planta-mestra, eu quero aprender… Guardiães, abençoem meu caminho… Tambores do xamã, toquem para mim… Grande Mãe, estou aqui…
A mulher selvagem– Ela anda enjaulada, é verdade. Mas continua viva na alma das mulheres
A mulher livre e eu – A liberdade dessa mulher reluz no seu jeito de ser o que é – e ela é o que todas as outras dizem ou buscam ser, mas só dizem e buscam, enquanto ela tranquilamente… é
Em busca da mulher selvagem – Era por ela que eu sempre me apaixonava, essa mulher que era quem ela mesma desejava ser e não a mulher que a família, religião e sociedade impunham que ela fosse
Amor em liberdade – O que você ama no outro? A pessoa em si? Ou o fato dela ser sua propriedade? E como pode saber que ela é só sua?
As fogueiras de Beltane – As fogueiras estão acesas, a filha da Deusa está pronta. O casamento sagrado vai começar
Medo de mulher– A mulher é um imenso mistério, que o homem jamais alcançará
Alma una – Eu faço amor com a Terra / Sou a amante eterna / Do fogo, da água e do ar / Sou irmã de tudo que vive / Ninfa que brinca com a vida / Alma una com tudo que há
Quem tem medo do desejo feminino? (1) – A maternidade, a castidade e a mansidão de Nossa Senhora como bom exemplo, e a força, a independência e a liberdade sexual da puta como exemplo contrário, a ser jamais seguido
LIVROS
Mulheres que correm com os lobos– Mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem (Clarissa Pinkola Estés – Editora Rocco, 1994)
A prostituta sagrada – A face eterna do feminino (Nancy Qualls-Corbert – Editora Paulus, 1990)
As brumas de Avalon(Marion Zimmer Bradley – Editora Imago, 1979) – A saga arturiana pela ótica das mulheres
Mulheres na jornada do herói (Beatriz Del Picchia e Cristina Balieiro – Editora Ágora, 2010) – É ainda mais interessante ver o relato das mulheres pois elas sempre foram, mais que os homens, historicamente reprimidas na busca pela essência mais legítima de suas vidas
.
.
Seja Leitor Vip e ganhe:
– Acesso aos Arquivos Secretos
– Descontos, promoções e sorteios exclusivos Basta enviar e-mail pra rkelmer@gmail.com com seu nome e cidade e dizendo como conheceu o Blog do Kelmer (saiba mais)
.
.
COMENTÁRIOS .
01- OBRIGADA, OBRIGADA, OBRIGADAAAAAAAAAAAAAAAA… Me emocionei… demais… Espero poder usá-la em meus trabalhos… A sensibilidade das palavras somadas ao ritmo é de fazer com que, nos esqueçamos, por alguns momentos, de onde estamos…Parabéns! Abraço carregado de Boas vibrações e gratidão, também, por suas palavras. Carinhos. Stella Petra, Curitiba-PR – dez2010
02- Sem palavras! É absolutamente estonteante. D´nara Rocco, Montevidéu, Uruguai – nov2012
03- O poeta arrasa na mitologia… 🙂 Muito bom! Ninfas… Sempre elas, hein…? 🙂 Dalu Menezes, Fortaleza-CE – dez2012
04- 20.12.12 Belo dia para transcender o óbvio! As palavras não se prestam ao que realmente se propõem! Incompletas, indefinidas, elas se esquivam dos meus sentimentos, do meu SENTIR. Ah! essa vontade de escrever pra ninguém. Esse desejo de mostrar a ALMA NUA pra quem?
Espanto! Sonhos! Desejos! Vontade quase eufórica de embrenhar-me na mata, subir montanhas, atravessar riachos e mangues. Bruxaria! As palavras escritas, desenhadas com se fora uma serpente me enroscando, tragando-me para o interior de um universo particular, paralelo, (sei lá)! Mostrar quem sempre SOU e não tenho ESTADO!
Magia! Bruxaria! Letras, palavras, histórias, crônicas, contos….. coisas de bruxo?????? Alma de Bruxo travestido de escritor, insano, devasso e ateísta????? E essa vontade de correr rios, matas, montanhas… e ao mesmo tempo SER tudo isso!? Alma Desnuda, Fortaleza-CE – dez2012
06- Mágico. Parabéns ao autor. Felipe Nobrega,Florianópolis-SC – mar2014
07- Tchê, musica e composição de imagens lindas. Do carayyyy…… Isadora Meirelles, Porto Alegre-RS – mar2014
08- Que lindo Ricardo Kelmer! Amei o presente. Tudo a ver!E adoro a voz da Lila Shakti, tenho um cd dela. Vou usar! Valéria Rosa Pinto, Rio de Janeiro-RJ – mar2014
09- muito brigada Ricardo Kelmer por saber captar nossa escencia. Sandra Buongarzini, Buenos Aires-Argentina – mar2014
10- Quando eu li esse poema e vi o vídeo.. então parte de mim pegou o caminho de volta à floresta que já havia esquecido.. rsrsrs. Adoro! Ivonesete Rodrigues, Fortaleza-CE – jul2014
11- Na veia F.C.&R.K. Dedé Calixto, Fortaleza-CE – jul2014
12- amei! Socorro Sousa, Fortaleza-CE – jul2014
13- Para curtir com una mujer do lado como a Syl. Dedé Calixto, Fortaleza-CE – jul2014
14- Lindo. Dorah Andrade, São Paulo-SP – jul2014
15- Eu danço o mistério da lua linda, nua e natural / Sou amante eterna do fogo, da água e do ar… / Sou irmã de tudo que vive / Salamandra na fogueira / Algo diz que essa canção foi feita para mim / Alma una. Edy Paiva, Valparaíso de Goiás-GO – set2017
Milhões de maltrapilhos famintos, perseguidos políticos, criminosos cruéis, terroristas suicidas, narcotraficantes e trombadinhas invadindo os países e quebrando tudo, estuprando nossas irmãs, matando todo mundo, o caos absoluto
ELES ESTÃO NA FRONTEIRA
. A família muda-se para uma ilha e lá passa a viver. Constrói casas, cria bichos, tem filhos, netos e bisnetos. Um ramo da família acumula riquezas e passa a ter mais poder, impondo suas regras. Cada vez mais poderoso, causa admiração, mas atrai antipatia e cobiça. Então, cerca-se num canto da ilha para se proteger dos que desejam participar de suas riquezas e facilidades. Quanto mais enriquece, mais atua na ilha inteira e mais gera conflitos. Finalmente, para evitar ameaças a seu patrimônio, passa a atacar antes que possa ser atacado. E, para evitar represálias, fortifica ainda mais suas fronteiras…
A Terra é bem maior que uma ilha, sim, mas é um único planeta, e a cada dia está menor, suas distâncias mais curtas, tudo mais rápido. O que acontece num lugar provoca automaticamente uma onda que logo atinge os locais mais distantes. Nosso mundo atual é uma interconexão dinâmica de culturas, cada vez mais em contato entre si pelo comércio, transporte, arte, comunicação, religião… Quanto mais nos desenvolvemos, mais a Terra se parece com uma ilha. Num mundo assim ninguém consegue se isolar totalmente. E mesmo com muito dinheiro, é impossível erguer um muro para viver lá dentro, seguro e separado dos demais, usufruindo de sua riqueza acumulada.
Faz anos que queimo meus neurônios, que já não são muitos, pensando nisso. E ultimamente o tema dos imigrantes clandestinos tem provocado manchetes diárias no mundo todo, gerado livros e filmes e até uma novela televisiva no Brasil. Recentemente li a aventura de Pedro, que se torna um atravessador de brasileiros que tentam cruzar a fronteira dos Estados Unidos (Clandestinos na América, de Dau Bastos, editora Relume Dumará, 2005). Foi a gota dágua, decidi me meter na discussão. Trago uma ideia polêmica, como é tudo que nasce contra a correnteza. Mas estou cada vez mais convencido de sua coerência. A ideia é esta: assim como não existe raça, coisa que os cientistas já provaram, também não existe país. País é uma convenção caduca. Devemos acabar com todos os países. Jogando uma bomba? Não, abolindo as fronteiras. Se não há país, não pode haver fronteira.
Sem fronteiras? Você está louco?! Hummm, já estou vendo a cara de alguns leitores, alarmados com a imagem de milhões de maltrapilhos famintos, perseguidos políticos, criminosos cruéis, terroristas suicidas, narcotraficantes e trombadinhas invadindo os países e quebrando tudo, estuprando nossas irmãs, matando todo mundo, o caos absoluto. Os mais apavorados devem estar vendo descamisados bolivianos se esbaldando na Daslu. Esfomeados etíopes devorando os macdônaldis. Torcedores argentinos lotando o Maracanã. Calma, gente, eles ainda estão na fronteira, calma…
O que provoca esse medo todo vem de muito tempo atrás: a concentração das riquezas do mundo. Se houvesse mais equilíbrio de riqueza entre os países, haveria menos problemas sociais e econômicos e, assim, menos necessidade de emigrar. Aí você pensa: que culpa tem meu povo se o povo vizinho não tem recursos naturais nem indústrias nem nada? Em princípio, não tem culpa, é verdade, mas quem tem muito deve dividir com quem tem pouco, ou então pagar o preço. Que preço? Esse que pagamos atualmente, a cada minuto: medo, preconceito, insegurança, violência, terrorismo, guerras preventivas…
É um terrível ciclo vicioso. Para se prevenir de imigrantes, os povos ricos gastam fortunas com suas fronteiras militarizadas. Se investissem uma pequena parte nos países desafortunados, até mesmo a vida dos povos ricos seria mais tranquila. E a ilha inteira lucraria.
Utopia, eu sei. É, sempre fui um cara sonhador. Mas talvez em breve essa tal utopia se revele uma necessidade urgente. Então, nesse dia, lembraremos finalmente que, assim como na historinha da ilha, nós também viemos da mesma família, que se ramificou bastante, sim, mas que ainda é a mesma família. Nesse dia, veremos os outros povos como aqueles parentes que há tempos não vemos, gente meio esquisita, sim, mas com tanta coisa em comum com a gente que todo o tempo será pouco para botar o papo em dia.
A ilha – Talvez uma ilha na verdade fosse uma… montanha! Sim, uma montanha com o pico fora dágua
A mensagem de Avatar ao Povo da Terra – Temos de compreender o que os antigos já sabiam e nós esquecemos: a Terra é um ser vivo e nós fazemos parte dele
A imagem do século 20 – Vimos nossa morada flutuando no espaço. Vimos um planeta inteiro, sem divisões. Não vimos este ou aquele país: vimos o todo
Religião no esporte é gol contra – Se nada for feito, a religião invadirá os campos e quadras e o esporte virará uma cruzada entre os jogadores e seus deuses
Pátria amada Terra– É animador ver as novas gerações convivendo mais naturalmente com essa noção de cidadania planetária
WikiLeaks e o nascimento da cidadania global – Quanto mais as pessoas se conectam à internet, mais elas se entendem como participantes ativos dos destinos do mundo e não apenas de seu país
.
.
Seja Leitor Vip e ganhe:
– Acesso aos Arquivos Secretos – Descontos, promoções e sorteios exclusivos Basta enviar e-mail pra rkelmer@gmail.com com seu nome e cidade e dizendo como conheceu o Blog do Kelmer(saiba mais)
Nessa noite memorável fui conduzido para dentro de mim mesmo pelo próprio espírito da planta, que me guiou, comunicou-se comigo, me assustou, me fez rir e ensinou coisas maravilhosas
MINHA NOITE COM A JUREMA
. Em 1999, participei de um ritual no Santo Daime, com a Ayahuasca. Foi uma experiência intensa e reveladora ‒ mas extremamente difícil, que me exigiu muito esforço físico e mental por horas. Dia seguinte, ainda assustado, estava convicto que jamais me meteria com isso novamente, que o melhor era manter meu interesse por estados especiais de consciência apenas nos livros e filmes.
Porém, mudei de opinião após refletir bastante sobre tudo que me ocorrera. Entendi que esse tipo de experiência podia, de fato, me ajudar a entender melhor a vida e a mim mesmo. Concluí que alguns fatores me impediram de usufruir melhor a oportunidade, como o orgulho, as regras e filosofia da seita e o medo de perder o controle. Eu precisava de outra chance. Estava disposto a tomar novamente o chá e empreender nova viagem ao interior de mim mesmo. No entanto, só tentaria novamente se fosse fora do ambiente das seitas.
A chance chegou no ano seguinte com o convite de uma amiga antropóloga para participar de um ritual xamânico com o chá de Jurema, outra planta psicoativa, que cresce no semiárido nordestino. O ritual ocorreria na casa de um seu amigo, também antropólogo, e seria algo mais descontraído e desvinculado dos dogmas religiosos que costumam compor as seitas que utilizam chás de plantas de poder.
Nessa noite memorável fui conduzido para dentro de mim mesmo pelo próprio espírito da planta, que me guiou, comunicou-se comigo, me assustou, me fez rir e ensinou coisas maravilhosas. Sim, sei perfeitamente que afirmar isso soa como atentado à racionalidade. Mas não me importo. Aprendi definitivamente nessa noite que o que chamamos razão é apenas uma das ferramentas humanas para apreender a realidade e que deve ser descartada em certas situações onde precisamos ampliar a percepção da vida. Se nessa noite eu insistisse para que meu lado racional se mantivesse no controle, repetiria o mesmo erro da experiência anterior, com a Ayahuasca, quando usei a orgulhosa racionalidade durante horas, num esforço ingênuo, inútil e doloroso tão somente para barrar o curso natural da experiência. A racionalidade é vital para a vida, sim, mas infelizmente ela se convenceu que a realidade deve ter seu exclusivo carimbo para poder existir.
Nessa noite de 2000, uma hora após ingerido o chá de Jurema, eu estava deitado tranquilo e confortável no sofá da sala e experimentava um intenso fluxo de ideias que se sucediam sem que eu tivesse total controle sobre elas. Foi aí que senti uma forte presença e entendi que se tratava da própria planta, ou melhor, o espírito da planta. Evitando racionalizar sobre o que me ocorria, logo percebi que deveria deixar que a própria Jurema me conduzisse pela experiência, e isso significava confiar inteiramente no fluxo natural das ideias e sensações, abdicando de qualquer controle racional sobre elas. Então fechei os olhos e soltei-me das últimas resistências. Mesmo ainda um pouco temeroso, depositei toda minha confiança na estranha força feminina que se apresentava e que em seguida, como se apenas esperasse minha concordância, passou a me conduzir pelas mais diversas ideias, sensações, sentimentos e revelações.
Mal a Jurema se manifestou, fui tomado de um imenso respeito por ela, uma reverência que jamais sentira em minha vida. Entendi logo que ela era sábia e poderosa, além de muito, muito antiga. E era bastante amorosa, sem deixar de ser dura se necessário. Ela não falava, pelo menos não como entendemos o “falar”, mas eu me sentia inteiramente envolto pela grandiosidade de sua presença como, imagino, um peixe “sente” o mar, e era através desse sentir que se processava a comunicação. Eu me sentia protegido e muitíssimo grato por ser tocado por sua imensa sabedoria e generosidade. Se abria os olhos, essa comunicação perdia a força em meio às tantas informações do ambiente ‒ por esse motivo mantinha-os fechados e bastava isso para me sentir novamente amado, compreendido e protegido pela espírito da Jurema.
Durante as quatro horas seguintes o espírito da planta esteve bem presente, me conduzindo, com firmeza mas amigavelmente, por um corredor cheio de portas. A cada porta que se abria eu me deparava com uma nova experiência interior, vivenciando sensações, ideias, sentimentos e revelações importantes sobre minha vida, meus relacionamentos e meu trabalho. Houve momentos de alegria e êxtase, mas também momentos de tensão em que me vi forçado a repensar questões delicadas de minha personalidade. Houve também um momento em que me deparei com uma porta fechada e fui tomado de um terror nunca antes sentido. Eu não sabia o que me esperava além da porta, mas sabia que era algo terrível. Então, tremendo de pavor, implorei à planta para me dispensar daquela experiência, fosse qual fosse. Para meu imenso alívio, ela me atendeu.
A Jurema mostrou-me também a urgente necessidade de respeitarmos o planeta e de cuidarmos dele, e nesses momentos o espírito da Jurema era o próprio espírito da Terra. Em vários momentos me emocionei e chorei baixinho. Sem dúvida, foi a experiência mais intensa e mais incrível que vivi em minha vida.
Pela manhã não consegui dormir, ainda eufórico. Sentia-me renascido, mais vivo e disposto do que jamais fui, maravilhosamente bem. Era como despertar de um longo sono.
A experiência dessa noite me transformou em outra pessoa. O senso de estar atavicamente ligado à Terra trouxe-me uma notável segurança e tornou-me mais confiante e tranquilo, ciente de minhas origens e de meu papel no mundo. Minha vida ganhou um novo sentido. É difícil explicar, mas algo deslocou-se dentro de mim, mudando para sempre minha noção de quem sou eu, minha relação com o mundo e também minha noção do que é este planeta. Entendi que tudo tem uma espécie de consciência e que é possível se comunicar com animais, plantas e minerais e aprender com eles. Como, porém, esta comunicação não se processa no nível da racionalidade, é muito difícil para o intelecto aceitar tal fato, preferindo tratá-lo com desdém e descartá-lo como fantasia ou patologia.
Mas para mim não há dúvidas. Nessa noite abri minha alma para a sabedoria da Jurema e, através da planta, reconectei-me à minha verdadeira origem, à força sagrada que me gerou e que me nutre dia após dia: a Terra. Senti a imensidão de seu amor e me surpreendi por ter vivido tanto tempo sem senti-lo. Em termos junguianos, posso dizer que vivi uma profunda experiência com o arquétipo da Mãe Terra, sendo envolvido por sua imensa força e vivenciando-o em ambas as polaridades, positiva e negativa, êxtase e terror. Porém, gosto de entender a coisa assim: vivi um íntimo encontro com o espírito da Terra, essa mãe generosa e compreensiva que ama a todos os filhos, mesmo que eles tenham esquecido de onde vieram e o que devem fazer. Mas ela alerta: o preço que o filho pode ter de pagar por esse esquecimento é a sua própria destruição.
Os antigos já sabiam e os cientistas de hoje já reúnem provas: a Terra é um imenso organismo vivo. Além disso, é dotada de um tipo de autoconsciência que ainda não entendemos bem, dona de um avançado senso de autorregulação bioquímica e capaz de se comunicar perfeitamente com tudo que nela existe, inclusive os seres humanos. Animais, vegetais e minerais, tudo que há na Terra são como células de um corpo que precisam estar em harmonia para que o todo funcione bem. Infelizmente, as células chamadas humanos cortaram a ligação com sua origem e se desconectaram do todo, passando a se entender como algo separado, e isso tem causado sérios problemas ao organismo inteiro.
Plantas mestras como a Jurema e a Ayahuasca têm o poder de despertar as pessoas. Mas entendo o medo que a maioria tem de largar sua racionalidade e saltar no escuro de suas próprias possibilidades psíquicas. Entendo também o pavor que as religiões cristãs têm da Natureza, sempre demonizando-a. No fundo, é o velho medo de ser livre. Porém, já que isso ocorre, seria maravilhoso se ao menos educássemos nossos filhos no respeito sagrado à Natureza e eles entendessem que a Terra é nossa casa. Ensinar isso já seria uma forma de lhes deixar um mundo muito melhor.
A Jurema e as portas da percepção (VIP) Relato detalhado da experiência narrada em Minha Noite com a Jurema. Exclusivo para Leitor Vip. Para ler, basta digitar a senha do ano da postagem.
.
LEIA NESTE BLOG
Xamanismo de vida fácil – A tradição xamânica dos povos primitivos experimenta uma espécie de retorno, atraindo o interesse de pesquisadores e curiosos
Rio Droga de Janeiro – Série de três artigos sobre a questão da proibição das drogas
A vida na encruzilhada (filme: O Elo Perdido) – Essa percepção holística da vida é que pode interromper o processo autodestrutivo que nos ameaça a todos
O trem não espera quem viaja demais – Alguns captam o recado da planta, entendendo que a trilha da liberdade existe, sim, mas deve ser localizada no cotidiano de suas vidas e, mais precisamente, em seu próprio interior
.
DICA DE FILME
Carlos Castaneda (vídeo)– Especial da BBC sobre o polêmico antropólogo que estudou o xamanismo no México, escreveu vários livros e tornou-se um fenômeno do movimento Nova Era
O Elo Perdido (Missing Link, 1988) Homem-macaco tem sua família dizimada por espécie mais evoluída e vaga sozinho pelo planeta, conhecendo e encantando-se com a Natureza. Ao comer de uma planta, tem estranha experiência que o faz compreender o que aconteceu. Roteiro e direção: Carol Hughes e David Hughes. Com Peter Elliott.
O ELO PERDIDO Trêiler em português
.
PLANTAS PSICOATIVAS E DEPENDÊNCIA QUÍMICA
São poucos, mas já há estudos científicos sobre o uso de plantas psicoativas no tratamento da dependência química, como o alcoolismo. A experiência com a planta levaria o indivíduo, por meio de experiências interiores, a alcançar níveis profundos de autopercepção para, desse modo, conseguir livrar-se do vício. É comum que alguns desses tratamentos estejam diretamente associados à religião, como, por exemplo, em comunidades do Santo Daime. Por minhas experiências com a Ayahuasca e a Jurema, sei que esse tipo de tratamento é possível, e pode ser bastante eficaz, e torço para que num breve futuro ele esteja ao alcance de todos os que sofrem de dependência química ou outros vícios. Porém, espero que o tratamento possa ser feito também fora de qualquer contexto religioso, pois nem todos sentem-se à vontade com esta associação. (RK)
Os pais que decidem fumar um com o filho, ETs preocupados com a maconha terráquea, a loja que vende as mais loucas ideias… O autor reuniu em dez contos alguns dos aspectos mais engraçados e pitorescos do universo dos usuários de maconha, a planta mais polêmica do planeta. Inclui glossário de termos e expressões canábicos. O Ministério da Saúde adverte: o consumo exagerado deste livro após o almoço dá um bode desgraçado.
.
.
Seja Leitor Vip e ganhe:
– Acesso aos Arquivos Secretos – Descontos, promoções e sorteios exclusivos Basta enviar e-mail pra rkelmer@gmail.com com seu nome e cidade e dizendo como conheceu o Blog do Kelmer(saiba mais)
.
.
COMENTÁRIOS .
01- sobre Minha Noite com a Jurema, a riqueza e o cuidado nos detalhes do ambientes e sentimentos, me fez sentir tudo que você viveu…achei demais… Teca Baima, Fortaleza-CE – mar2005
02- Adorei, muito, mas muito interessante essa sua experiência com a planta Jurema. Acredito bastante nesse tipo de experiência de encontro consigo mesmo e acho extremamente importante e válido, principalmente não sendo esse encontro ligado a nenhuma seita religiosa, por ele ser somente entre vc e a natureza… um dia será a minha vez… Daniela Cecchi, Rio de Janeiro-RJ – jun2005
03- Nem imagina como foi importante para mim ler sua experiência c Jurema. Desde 1ª dia q frequentei santo daime aqui em portugal q senti e “vi” que deveria estar incluída num ritual diferente em que, tal como você, poderia aproveirtar melhor a experiência. Infelizmente aqui em Portugal não é possível. Tudo que existe acaba por não ser uma variante do Daime onde os comandantes se conhecem. E se eu fosse a falar dos preços que praticam aqui, entao, vc ficaria abismado. Tenho uma pós-graduação (sou antropóloga) para finalizar sobre o assunto e por falta de apoio e oportunidade de recorrer a outras experiências não me é possível fazê-lo. Obrigada por seu texto. Anabela, Portugal – jul2006
04- Olá! estive lendo seus trabalhos e adorei! e sobre a experiência com a Jurema.. sabe me informar como é feito o chá e em que dosagem? sabe de algum site que explica isso ? ou tem algum contato que possa me ajudar? desde já muito grato! abraços e parabéns pela iniciativa.Felipe, Rio de Janeiro-RJ – dez2006
05- Gostei do seu relato sobre a Jurema. Engraçado. Talvez meio cósmico. Justamente há algumas semanas tive duas experiências com a Jurema e coincidentemente ao navegar em seu site dei de cara com esse texto. Vou relatar meu lance com a Jurema. As duas experiências tiveram intuitos opostos. Em uma, quis algo mais espiritualizado, por assim dizer. Na outra, química pura. A primeira foi fantástica. A segunda, bad trip. Talvez pelo fato de eu ter encarado a segunda tentativa sem o respeito inerente à sagrada planta. Eu deveria ter feito o contrário, ou melhor, nem deveria ter feito a segunda. O primeiro contato foi brando, poucas visões e muito tato. Senti uma ampliação incomensurável do toque. Ao me tocar, sentia toda minha essência e significado, chegando ao ponto de suscitar em saber minha existência nessa Terra maravilhosa. Sem pretensão alguma, senti o quanto eu era importante, especialmente para mim mesmo. Nem parei muito para pensar sobre ego, mas acho que tal experiência tocou nevralgicamente nele.
Na segunda experiência, apenas dei enfoque ao lado químico da planta. Pretendi sentir as moléculas de DMT me invadindo e apoveitar o que isso me traria. Foi péssimo. A onda veio muito turbulenta. Tive várias visões alucinadas. Exemplo, a parede do meu quarto que é branca ficou completamente dourada, e um relógio que fica nela sobressaiu-se, tornando se fluorescente, quase que saltando dela. Um prédio vizinho de fundos transformou-se num daqueles monumentos da Ilha de Páscoa e aproximou-se da minha janela a ponto de espiar para ver o que estava acontecendo comigo. Noutras horas o prédio se afastava e eu o via distante como um farol de navegação. O “som” do silêncio chegava a incomodar. Parecia o Ohm, ecoando fundo e intermitente. O mal estar físico foi grande. Muita náusea. Uma sensação de estar bêbado com cachaça. Daqueles porres que você quer “sarar” e não consegue. Durante toda viagem tive consciência do meu estado e procurava me acalmar para que a pira passasse logo. Demorou umas cinco horas. Quando acabou, contabilizei o lado bom da coisa e concluí que a Jurema deve ser encarada com propósitos mais elevados. Ricardo Rodriguez, São Bernardo do Campo-SP – jan/2007
06- olá!!! Kelmer sou uma leitora sua de Fortaleza e tb estudante de Jornalismo “ tô na luta´´´ já estive em umas de suas palestras q por sinal, me fez refletir muito sobre a vida sua palestra era uma reflexão sobre o filme Dom Juan com uma visão dos vários eu dentro de nós mesmo .enfim… pra mim foi em um momento de bloqueios q vida nos cria e q me ajudou muito ………Mas essa agora sobre uma noite com Jurema….rsrsrs cara vc é muito bom no escreve isso é muito louco !!!!!!!!!! mas como ñ ter sentido. Essa porra de racionalidade q muitas vezes nos impedi de viver e fazer algo ..sei lá tb pq tô te escrevendo isso….. Mas sucesso!!!!!!! Waleska Thompson, Fortaleza-CE – jun2007
07- Olha, hj li um texto seu sobre a sua experiência com a Jurema e, nossa, me tocou completamente! Como vc adentrou na essência da experiência…Parabéns pelo respeito e pela vivência que, imagino, tenha sido muito válida p ti… Estamos nos preparando para comungar com ela no próximo sábado…Apareça!!!rsrsrsrs!!! Rerlyn, Garanhus-PE – jan2009
08- Conheci o site procurando sobre autoconhecimento. Li um texto intitulado “Minha noite com Jurema”. Achei louco… bacana… Vou continuar visitando sempre o site!! Jana, Belo Horizonte-MG – mar2010
09- Maravilhoso o seu texto, as plantas mestras são como mães, duras quando preciso, mas sempre acolhedoras…eu nunca tomei Jurema, mas já tomei várias vezes a ayhuasca, e entendo perfeitamente o que escreveu, em uma experiência dessa a entrega é primordial, mas se entregar deve ser um dos atos mais difíceis do ser humano, na minha opinião….linda experiência sua, me emocionei lendo, porque me enxerguei também nela, gratidão por partilhar…tenho muitos relatos de quem já tomou a ayhuasca, que um dia quero transformar em um livro, é gostoso de ler e ver que as pessoas também sentem o que a gente sente…Obrigada… Silmara Oliveira, São Paulo-SP – ago2011
10- A razão não passa de uma porta trancada… O seres humanos são corpos estranhos no organismo Terra… Humm, gostei desse texto! Maria do Carmo Antunes, São Paulo-SP – jan2012
11- Vesti a carapuça com seu relato, e concordo que a mente/razão pode ser uma grande traíra quando buscamos um caminho de ampliação de consciência da realidade, mesmo sem o auxílio de plantas de poder (na meditação, por exemplo)…E como disse a Maria, esse assunto dá muuuito pano pra manga, afff…. Sheila Bombonato, Fortaleza-CE – jan2012
12- Huasca.. Huasca.. tenho vivências com essa belezinha. Quando desocupar aqui eu conto 🙂 Nathalie Sterblitch, Resende-RJ – jan2012
13- Estive no Céu do Mapiá, o centro do Santo Daime no Rio de Janeiro por duas vezes. Cantei, rezei, dancei e tomei o chá a noite toda em intervalos de duas horas e a rigor não senti muita diferença. Só um leve torpor. Em alguns amigos a coisa funcionou… Fernando Veras, Camocim-CE – jan2012
14- Li seu texto e me recordei de uma experiência similar que tive em 1988 com uma amiga que dividia uma kitnet comigo em Ribeirão Preto, foi muito parecido com seu relato, inclusive revivi a experiência, como se o tempo que passou não existisse mais e eu ainda pudesse sentir as sensações que ficaram tão marcadas naqueles dias, tudo muitíssimo parecido, apenas a droga foi outra e a experiência foi em dupla e durou quase uma semana, pois nos empolgamos, conseguimos sentir juntas tudo que vc sentiu e ainda telepatizamos nossas impressões e trocamos muitas sensações indescritíveis e inesquecíveis, as impressões que isso deixou em mim foram tão profundas que mudaram o curso da minha vida e todas as pessoas com quem falei sobre isso até hoje deboxaram de mim, mas eu tenho plena certeza que foi transcendental e único, meio surreal, pois essa amiga não tinha tanta afinidade comigo, mas conseguimos juntas um canal de sintonia fora do normal e vivemos muitas sensações além juntas. Cibele Baptista, Barretos-SP – jan2012
As fogueiras estão acesas, a filha da Deusa está pronta. O casamento sagrado vai começar
AS FOGUEIRAS DE BELTANE
. Já conheço este vento. Sei o que ele traz. Fecho os olhos, ainda ansiosa. Respiro profundamente, tentando espantar o medo… Todo ano é sempre a primeira vez.
Uma pequena serpente se aproxima, trazendo sua bênção. A Lua descansa por trás de uma nuvem. Toda a floresta está em respeitoso silêncio. Ouço apenas o murmúrio do fogo à minha frente e acompanho a dança suave das labaredas. E ao redor, mais afastadas, vejo brilharem as outras fogueiras. Não estou só.
Logo escuto o som de sua chegada, os cascos de seu cavalo pelo chão da floresta. Um arrepio me percorre o corpo sob o vestido, como um prenúncio do que virá… Estou pronta para o ritual.
Imponente, enfim ele surge entre os carvalhos, o porte altivo de cavaleiro. Aproxima-se em passo lento. Não vejo seu rosto, mas sei que está compenetrado, pois é um iniciado e sabe a importância do que fará.
A Lua então comparece, deitando seu manto prateado sobre a relva, e sua presença me fortalece. Ele desce do cavalo e caminha em minha direção, o passo pesado de homem, a espada cruzada sobre suas costas.
Nesse momento, o vento lhe dá as boas vindas e o fogo crepita seu nome. Ele para diante de mim. É mais jovem do que eu esperava. E é tão belo… Ele põe-se de joelho, reverente. Toco sua fronte e através de mim a Grande Mãe abençoa o cavaleiro, permitindo que ele participe dos mistérios dessa noite. Eu vim, filha da Deusa…, ele pronuncia as palavras do ritual. Mas percebo que está nervoso, talvez seja sua primeira vez. Então ergo meu cavaleiro e falo docemente para seus olhos: Desde o início dos tempos eu te esperei…
As labaredas crescem quando nos damos as mãos e saudamos a Deusa, agradecendo a dádiva de sermos instrumentos de sua vontade. Ofereço-lhe morangos e cerejas e entoamos baixinho a cantiga que fala da Terra fecunda. Em nossos corpos se celebrará mais uma estação, o mistério da vida que se renova.
Chamo-o para perto do fogo. Ponho-me de pé à sua frente. Ele faz cair meu vestido, que desliza suave sobre meu corpo até o chão. Nua e entregue, sinto a presença divina e fecho os olhos para recebê-la. E mais uma vez o mistério se renova: sou a própria Deusa, sem deixar de ser sua serva. E sei que é assim que agora ele me vê, a mistura inexplicável, mãe e filha num só corpo.
As mãos do cavaleiro me tocam os cabelos como se pedissem licença. Depois emolduram meu rosto e assim ficam, como se me quisessem guardar no quadro da memória. Sinto sua boca em meus seios, eu árvore generosa, carregada de frutos maduros para sua fome. Sou posta no chão por seus braços fortes, eu cálice e oferenda, deitada no altar da relva macia. Vem, meu cavaleiro…
Muitos são os mistérios que habitam a alma feminina, tantos quanto as estrelas do firmamento. E poucos os homens que ousam percorrê-los. Porque instintivamente sabem que se perderão. Mas meu cavaleiro já consagrou sua vida à Deusa e é ela quem lhe permite conhecê-la mais de perto, sentir seu aroma, tocar-lhe a fenda que protege a gruta da vida e da morte, afastar as cortinas do santuário e unir-se a ela em carne e espírito…
Percebo que ele vacila, extasiado, atingido em cheio pela imagem do mistério. Então, pela autoridade a mim atribuída, puxo-o com força e meu grito acende de vez a fogueira dentro do meu corpo. O cavaleiro me abraça e me envolve e nossos suores e salivas se misturam e já não sei mais o que é ele e o que sou eu. É a alquimia sagrada que transmuta a matéria, que faz de um mais um, três.
Ele percorre meu interior como a ávida planta que fuça a terra. E eu, terra fértil, recebo sua raiz e me deixo preencher. Ele serpenteia por dentro do meu corpo como o alegre rio que dança sobre a terra. E eu, terra sedenta, recebo sua água e me deixo inundar.
Luas, muitas luas… Estrelas, milhões delas luzindo pelo meu ser… Assim em cima como embaixo… Sou a noiva do casamento sagrado entre a Terra e o Céu…
Lentamente, o corpo do cavaleiro se separa do meu. Ele me dá um último beijo e adormece abraçado a mim, criança bela e pura. Ao amanhecer, ele irá e eu recolherei o orvalho das flores, saudando a primavera e agradecendo pela boa colheita que teremos.
O fogo ainda queima, protegendo nossos corpos do frio da madrugada. Abençoada e feliz, agradeço à Deusa a honra de servi-la. E me uno ao belo cavaleiro no descanso sagrado dos filhos da Terra.
A mulher selvagem– Ela anda enjaulada, é verdade. Mas continua viva na alma das mulheres
As quarenta raposas – Um silêncio vindo de fora do tempo caiu sobre sua figura altiva e naquele eterno segundo ela foi o anjo vingador: belo, justo e implacável.
A mulher livre e eu – A liberdade dessa mulher reluz no seu jeito de ser o que é – e ela é o que todas as outras dizem ou buscam ser, mas só dizem e buscam, enquanto ela tranquilamente… é
Em busca da mulher selvagem – Era por ela que eu sempre me apaixonava, essa mulher que era quem ela mesma desejava ser e não a mulher que a família, religião e sociedade impunham que ela fosse
Amor em liberdade – O que você ama no outro? A pessoa em si? Ou o fato dela ser sua propriedade? E como pode saber que ela é só sua?
Medo de mulher– A mulher é um imenso mistério, que o homem jamais alcançará
Alma una – Eu faço amor com a Terra / Sou a amante eterna / Do fogo, da água e do ar / Sou irmã de tudo que vive / Ninfa que brinca com a vida / Alma una com tudo que há
Quem tem medo do desejo feminino? (1) – A maternidade, a castidade e a mansidão de Nossa Senhora como bom exemplo, e a força, a independência e a liberdade sexual da puta como exemplo contrário, a ser jamais seguido.
.
LIVROS
Mulheres que correm com os lobos– Mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem (Clarissa Pinkola Estés – Editora Rocco, 1994)
A prostituta sagrada – A face eterna do feminino (Nancy Qualls-Corbert – Editora Paulus, 1990)
O feminino e o sagrado– Mulheres na jornada do herói (Beatriz Del Picchia e Cristina Balieiro – Editora Ágora, 2010)
.
CLIPE “ALMA UNA”
.
.
.
Seja Leitor Vip e ganhe:
– Acesso aos Arquivos Secretos
– Descontos, promoções e sorteios exclusivos
Basta enviar e-mail pra rkelmer@gmail.com com seu nome e cidade e dizendo como conheceu o Blog do Kelmer (saiba mais)
.
.
COMENTÁRIOS .
01- Ola Ricardo Lindo texto…de suave expressão mas com forte alma da realidade! Sandra A. Dehn, Cuiabá-MS – fev2006
02- Ricardo: Depois de ler o conto do mês ( acho que é mais que crônica este ), achar que um homem ,que escreve como vc, sobre os mais íntimos sentimentos femininos é gay é brincadeira! Bjs. Guinha Lima, Rio de Janeiro-RJ – fev2006
03- Maravilhoso!!!!! Não sei explicar o motivo, mas fiquei arrepiada ao ler esse conto, li duas vezes e tive a mesma sensação, não se é pq foge do convencional ou pq é um mundo desconhecido… Lua Morena, Brasília-DF – fev2006
04- Olá Rick, Lndo!!! muito bom! parabéns. Gênea Garcia, Porto Alegre-RS – fev2006
05- Ôi, que coisa linda! Baixou Chico Buarque foi? Muito lindo. nem parece ter sido escrito por um homem… bjs, Íris Medeiros, Campina Grande-PB – fev2006
06- Ricardo, parabéns! Texto perfeito. Vc captou com aguda sensibilidade o momento do Encontro Sagrado. Tou pasma! É isso mesmo! Simone Abreu, Rio de Janeiro-RJ – fev2006
07- Essa estoria tem poder de encantamento !!! E’dessas que da vontade de filmar … Eu queria ser a personagem principal ( hum ! ) Nao sobra nada parecido com isso pra atriz aqui? Andrea Paola, Rio de Janeiro-RJ – fev2006
08- Esse texto tem alguma coisa a ver com As Brumas de Avalon?? parece uma cena do filme, só que com mais detalhes de uma passagem do mesmo… Bjs. Rosângela, São Paulo-SP – fev2006
09- beleza, tava com uma grande inspiração. muito bonita. José Everton de Castro Junior, Brasília-DF – fev2006
10- Vim para dizer que fiquei extremamente apaixonada pelo seu conto AS FOGUEIRAS DE BELTANE… é apaixonante.. fiquei completamente envolvida por ele… Faço faculdade de Historia e a parte dela que mais amo é a Historia Antiga e Medieval.. minhas Pós-Graduações serão nessas áreas.. E como seu conto tem cavaleiros.. Florestas.. e sem contar o fato da “Deusa”, é maravilhoso!!!!!! Caso tenha mais contos, historias ou livro nesse assunto, por favor, não exite em me mandar.. rsrs Estou ficando super fã do seu trabalho e ainda desejo um dia poder te conhecer. Karyne Goulart, Nova Iguaçu-RJ – fev2006
11- Olá… obrigada pela Crônica… foi p mim (rssssssss)??? bjos e é + q linda!!! Rose Gasparetto, São Paulo-SP – fev2006
12- Que qué isso, meu amigo… Arriégua, maxu… Nan.. Chega me deu foi um calor… rsrs. Jéssica Giambarba, Fortaleza-CE – fev2006
13- Fiquei extasiada pelo texto. É muito bonito e especial. Parabéns!!!! Obrigada por me premiar com textos seus. Bjinhos. Mariucha Madureira, Brasília-DF – fev2006
14- Esse seu conto está mesmo lindo! mt mágico, etéreo mesmo. Edilene Barroso, Campinas-SP – mar2006
15- O texto mais lindo que li de uns tempos para cá. Não sei quanto, pode ser um mês ou 10 anos. Muito obrigado. Pedro Camargo, Rio de Janeiro-RJ – mar2006
16- Ler sua inspiração é poder viajar e transceder para uma terceira dimensão,A sua musa inspiradora é no mínimo abençoada pa ra poder gerar tamanha criatividade.Grato sou a existência da internet que me possibilitou chegar até vc e grata te sou por me permitir compartilhar com o fruto do teu ser, através de tuas palavras escritas. Diva, Macapá-AP – mar/2006
17- Oi Ricardo.Cara, tinha que te adicionar depois do conto que li na comunidade”AS Brumas de Avalon”.O que posso dizer?Simplesmente lindo, perfeita descrição da sexualidade como sagrada.Tudo que vc escreve é tão bom assim?rs…Sou psicóloga junguiana, e acho que podemos ter assunto para bons papos.Abraços. Daniela Bernardes, São Paulo-SP – mar2006
18- Acabei de ler “As fogueiras de Beltane” li ,re-li.. perdi a conta de quantas vezes voltei a ler.. igual acontece com “Mulher Selvagem”.É mágico…lindo! Entro no conto.. e sonho 😉 Sei que é pretensão, mas me vejo nos textos…rs (todas nós nos vemos não é?) Bjs. Joana d`Arc, São Bernardo do Campo-SP – mar2006
19- Olá Ricardo, tudo bem? conheci seu trabalho hoje, e me encantei com sua leveza e inteiro envolvimento com a alma feminina e os assuntos da alma, de modo geral. não sei lhe explicar o motivo, mas ao ler seu conto As Fogueiras de Beltane, me invadiu uma “inspiração” em reescrevê-la, se me permites? Como o cavaleiro, narrando esse encontro…
O FOGO DE BELENOS (trecho)
Que o fogo nos aqueça, que o fruto sagrado brote, que a força da vida cresça
Sou o Deus cornudo, meu falo aguça tua terra preparando-a para o plantio, te invado!
Deleite, puro… ó Deusa
Sinto jorrar a luz do meu ser, no chão verde em ti sou o consorte viril, fálico
Exausto, ergo-me lentamente e despeço-me de seus lábios macios e tenros.
O ciclo se fecha, para o recomeço, é a roda da vida!
Que venha a colheita!!!
Assim seja!!! Angélica Gonçalves, São Paulo-SP – mai2006
20- Olá Ricardo, gostei muito do seu conto “AS fogueiras de Beltane!” Muito bom mesmo! Eu me interessei em ler seu conto por ter uma amiga pagã e ela muitas vezes me explica como eram os rituais. Além disso, já li algumas coisas a respeito. Bom, e foi uma surpresa saber que além do conteúdo interessante, você (o narrador) encarna o espírito feminino de uma forma única. Adorei suas figuras de linguagem, principalmente para descrever “certas” cenas. Um grande abraço! Raquel Souza, Poços de Caldas-MG – out2006
21- nossa que fantástico adorei….. hummmm.. sinto-me vivendo este momento…como uma dança cósmica…o conto me inspira a continuar….o intimo é difícil de explicar..somente um artista sabe expor com clareza… Elaine Simione, São Paulo-SP – mai2007
22- Se você ainda tem muito a aprender não sei, mas está na estrada certa. Impressionante a tua sensibilidade com relação ao sagrado feminino. Digo com certeza que consegue sentir mais até que muitas mulheres que eu conheço. Interessante pro teu livro falar sobre o resgate do sagrado feminino, da harmonia da mulher com suas fases e faces, com seus ciclos e luas. Mas, me diga, e você, quem levaria para as fogueiras de Beltane? Um abraço! Fabiane Ponte, Curitiba-PR – set2007
23- Adoro esse texto! Maria do Carmo Antunes, São Paulo-SP – set2011
25- Adoro esse conto. Alana Alencar Goodwitch, João Pessoa-PB – out2011
26- Juliana Silva Acho que ele é Wiccano *–* Juliana Silva, Salvador-BA – jan2014
27- ah, Ricardo. Eu amo o seu trabalho!!! Sempre que esbarro em um texto desse porte, vou verificar o autor e vejo teu nominho lá. Já não é de hoje!!! Thalita Leal, Osasco-SP – jun2020
Esse negócio de ser correspondente da Confederação Galática tá começando a ficar muito sério…
Esta madrugada tive outro contato. E dessa vez não foi em sonho, eu tava acordadinho, trabalhando no computador. A mensagem veio de repente, feito uma enxurrada de ideias no pensamento. É tão intenso que a vontade natural é de narrar o que chega, falar pra quem estiver perto, escrever…
Digitei a mensagem do jeito que me veio. Arquivei e agora, dia seguinte, tô escrevendo esta apresentação. Não sei dizer se o estilo de quem enviou é este mesmo ou se a mensagem foi filtrada pelo meu próprio estilo. Mas me parece que esses etês têm um certo senso de humor interessante…
Será que eu tô ficando louco, quer dizer, mais louco ainda do que já sou? Bem, taí a mensagem. Tire suas próprias conclusões.
(contribuição: Luciano Hamada)
…
Salve Terraqueo Kelmer ! Saudaçoes Cosmicas !
Voce foi um dos terraqueos escolhidos para o debate sobre o seu planeta , a Terra e suas terraqueas.
Os escolhidos para o debate terao o direito de participar do 7.852.004 º Encontro Cosmico no planeta ¨Q-h¨¨)vbb’><I==O’ , onde na unica cidade deste ‘Uooeuooummmm…’ seres de varios planetas, asteroides, luas e cosmonaves colonias irao debater sobre os seguinte tema ” Terraqueos sao humanos ou cosmicos?
O nosso contato na terra avaliou o seu trabalho sobre o ser humano, considerado muito bom pelos nossos organizadores e participantes deste encontro. Aguardamos seu contato para confirmar sua estimada presença . Os topicos que serao abordados sao:
1–Humanos sao Cosmicos? Com tendencias belicas o ser terraqueo pode se tornar cosmico?
2– Os terraqueos sao fedidos? Assunto polemico e misterioso para alguns ,o palestrante do planeta ‘BommmArrrrrr’ SachePinho enumera aqui os mais variados cheiros que o ser humano exala e suas consequencias. Depoimentos chocantes! ! !
3– As terraqueas. A visao Kelmerica sobre o ser Mulher (terraquea). Que bicho e esse? Palestrante Ricardo Kelmer (terraqueo) da Terra e sua visao “galatica” sobre o ser humano. Por favor confirmar presença com antecedenciao junto ao seu contato na terra.
– Tambem teremos eventos paralelos na 5º ,9º e 13º dimensoes!!!
– Traduçao simultanea em 4882 linguas.
– Lançamento do livro “Voçes Terraqueas” de Ricardo Kelmer , saiba aqui o que e´a mulher terraquea ,venda de livros Kelmericos em 3776 linguas.( brevemente em 4430 linguas!!!)
– Tour turistico gratuito nas famosas 9 luas de “Q-hvbb’><I==O’ (taxas a parte)
– Show intimista (muuuuuuinto intimista) de Spok e os Vulcanos!!!
.
Sem mais
HamadadamaH ( contato na terra )
para contato trans cosmico digite: |'<+-=~~}ÕXOXO>>//§
.
Este encontro tem o apoio da:
Federaçao Cosmica – Confederaçao Galatica – Grupo Mulheristico da Via Lactea
.
Ricardo Kelmer 2008 – blogdokelmer.com
.
.
Seja Leitor Vip e ganhe:
– Acesso aos Arquivos Secretos – Descontos, promoções e sorteios exclusivos
Basta enviar e-mail pra rkelmer@gmail.com com seu nome e cidade e dizendo como conheceu o Blog do Kelmer.(saiba mais)
As pessoas saudavam o nascimento do novo símbolo que emergia do fundo da alma de todos falando de paz e unicidade, de um mundo unido e sem divisões
UMA BANDEIRA DIFERENTE
. Como a tevê lá de casa agora capta imagens de planetas distantes, eu acabo minha lição da escola e ligo para ver as Olimpíadas da Terra. É tão emocionante! Já disse a meus pais que quando eu crescer, quero ser pesquisadora. Do planeta Terra.
Meu interesse começou durante a excursão que fizemos pela Via Láctea. Num dos sistemas solares conhecemos a Terra, um planetinha azul. Achei lindo, cheio de nuvens branquinhas, oceanos, rios e montanhas. A professora explicou que era um planeta novo, com vida abundante e milhões de espécies. Aprendi que sua espécie dominante, o Homo sapiens, está no estágio inicial da tecnologia digital e ainda não descobriu como vencer as longas distâncias nas viagens pelo cosmos. Vimos no telão cenas de sua história, momentos marcantes, guerras, descobertas. Vimos o cogumelo atômico. Vimos os humanos pisando na Lua. No fim, para nossa decepção, a professora explicou que o planetinha está morrendo, uma morte prematura causada pelo próprio Homo sapiens, que não sabe cuidar do lugar onde vive.
Fiquei chocada. Foi a primeira vez que vi um planeta morrendo, e isso me fez chorar. A professora me acalmou e disse que isso ocorre quando a espécie dominante não respeita as leis da vida. Perguntei se não podíamos salvá-lo e ela explicou que a Confederação Galática não aprova interferências em planetas não confederados. Mas já que eu havia gostado tanto do planetinha azul, ela disse que eu poderia ser uma pesquisadora e, quem sabe, um dia poderia ajudá-lo. Isso me alegrou.
Vejo que os terráqueos são orgulhosos de suas Olimpíadas. É mesmo uma linda festa, os países representados, o colorido das bandeiras, todos reunidos pelo ideal olímpico. Faz-me lembrar da história do meu planeta… Antigamente meu povo não se considerava uma só raça, e por isso nos dividíamos em nações, guerreando por riquezas e religião. Tínhamos medo de quem era diferente, e nos matávamos uns aos outros. É uma parte muito vergonhosa de nossa história.
Então um dia, durante as Olimpíadas do meu planeta, algo incrível aconteceu. Uma atleta campeã subiu ao pódio, recebeu a medalha de ouro e ergueu sua bandeira. Mas não era a de seu país. Era uma bandeira diferente, com a imagem do nosso planeta visto do espaço, e no centro dele pessoas de cores diferentes de mãos dadas. Foi uma grande surpresa. O estádio inteiro aplaudiu e o mundo todo comentou. Outros atletas fizeram o mesmo, e assim, durante aqueles dias, a bandeira do nosso planeta foi a mais fotografada de todas.
Foi como uma reação em cadeia. A partir desse dia, em todos os países as pessoas saíram às ruas com a nova bandeira. Ela apareceu nas camisetas, nos carros, na televisão, como o símbolo de um novo ideal, um ideal de todos os povos cansados da guerra, do preconceito e do desrespeito à vida e ao planeta. As pessoas saudavam o nascimento do novo símbolo que emergia do fundo da alma de todos falando de paz e unicidade, de um mundo unido e sem divisões.
Mas houve resistências, pois nem todos queriam a unificação. Houve conflitos e mortes. Porém, nada pôde deter o movimento, e a partir daí as pessoas passaram a se considerar cidadãs, não de seus países, pois já não havia fronteiras, mas cidadãs do planeta. E passaram também a se considerar membros da mesma família, pois lembraram que todos eram o povo do mesmo planeta. Algum tempo depois, não tínhamos mais guerras e, então, finalmente unificados, fomos admitidos na Confederação Galática e passamos a participar de uma Olimpíada muito maior e mais bonita.
Tenho que entregar agora minha redação. Meus colegas escreveram sobre planetas próximos, mas eu preferi escrever sobre a terceira pedrinha ao redor daquele Sol, que um dia tanto me cativou. Agora irei para casa, quero ver os jogos da Terra. E torcer muito. Para qual país? Eheheh… Para nenhum. Torcerei para que um dia, de repente, algum atleta suba ao pódio e erga uma bandeira diferente. Será tão emocionante!
Medalhista olímpica exibe bandeira da União Europeia – Durante as Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016, a esgrimista italiana Elisa Di Francisca, derrotada na final pela russa Inna Deriglazova, subiu ao pódio e se tornou a primeira atleta a comemorar usando a bandeira da União Europeia (UE) e não a de seu país. O gesto simbólico da atleta ao receber a medalha de prata tem uma razão: a luta contra o terrorismo.
.
LEIA NESTE BLOG
A mensagem de Avatar ao Povo da Terra – Temos de compreender o que os antigos já sabiam e nós esquecemos: a Terra é um ser vivo e nós fazemos parte dele
Pátria amada Terra – É animador ver as novas gerações convivendo mais naturalmente com essa noção de cidadania planetária
A ilha – Talvez uma ilha na verdade fosse uma… montanha! Sim, uma montanha com o pico fora dágua
A imagem do século 20 – Vimos nossa morada flutuando no espaço. Vimos um planeta inteiro, sem divisões. Não vimos este ou aquele país: vim o todo
WikiLeaks e o nascimento da cidadania global – Quanto mais as pessoas se conectam à internet, mais elas se entendem como participantes ativos dos destinos do mundo e não apenas de seu país
Eles estão na fronteira – Milhões de maltrapilhos famintos, perseguidos políticos, criminosos cruéis, terroristas suicidas, narcotraficantes e trombadinhas invadindo os países e quebrando tudo, estuprando nossas irmãs, matando todo mundo, o caos absoluto
– Acesso aos Arquivos Secretos – Descontos, promoções e sorteios exclusivos
Basta enviar e-mail pra rkelmer@gmail.com com seu nome e cidade e dizendo como conheceu o Blog do Kelmer(saiba mais)
Escritor, ateu, socialista, antifascista. Amante da arte, devoto do feminino, ébrio de blues. Fortaleza Esporte Clube. Simpatizo Amor de Bar. Fortaleza-CE.
VIAJANDO NA MAIONESE ASTRAL
Um grupo de amigos que viveu na Dinamarca do sec. 14 se reencontra no sec. 20 no Brasil para salvar o mundo de malignas entidades do além. Resumo de filme? Não, aconteceu com o autor. Líder desse grupo aloprado, Kelmer largou uma banda de rock e lançou-se como escritor com um livro espiritualista de sucesso, que depois renegou: Quem Apagou a Luz? – Certas coisas que você deve saber sobre a morte para não dar vexame do lado de lá. As pitorescas histórias desse grupo são contadas com bom humor, entre reflexões sobre carreira literária, amores, sexo, crises existenciais, prostituição e drogas ilegais. Kelmer conta também sobre sua relação com o feminino, o xamanismo, a filosofia taoista e a psicologia junguiana e narra sua transformação de líder de jovens católicos em falso guru da nova era e, por fim, em ateu combatente do fanatismo religioso e militante antifascista.
PENSÃO DAS CRÔNICAS DADIVOSAS
Nesta seleção de textos, escritos entre 2007 e 2017, Ricardo Kelmer exercita seu ofício de cronista das coisas do mundo, ora com seu humor debochado, ora com sobriedade e apreensão, para comentar arte, literatura, comportamento, sexo, política, religião, ateísmo, futebol, gatos e, como não poderia deixar de ser, o feminino, essa grande paixão do autor, presente em boa parte desta obra.
SEJA LEITOR VIP
Leitor Vip tem a senha dos Arquivos Secretos, recebe mensalmente as novidades kelméricas, ganha descontos e participa de promoções exclusivas. É grátis. Envie mensagem (título: Leitor Vip) com seu nome e cidade para rkelmer@gmail.com e conte como conheceu o Blog do Kelmer.
INDECÊNCIAS PARA O FIM DE TARDE
Contos eróticos. As indecências destas histórias querem isso mesmo: lambuzar, agredir, provocar e surpreender a sua imaginação.
Agenda
jul22 – Região do Cariri (CE)
Lançamento do livro Para Belchior com Amor, 3a edição (Assaré, Crato, Juazeiro do Norte, Nova Olinda e Campos Sales)
ago a dez22 – Várias cidades
Lançamento do livro Para Belchior com Amor, 3a edição (Fortaleza e outras cidades)
O IRRESISTÍVEL CHARME DA INSANIDADE
Romance. Dois casais, nos séculos 16 e 21, vivem duas ardentes e misteriosas histórias de amor, e suas vidas se cruzam através dos tempos em momentos decisivos. Ou será o mesmo casal?
Junte-se a 241 outros assinantes
GUIA DE SOBREVIVÊNCIA PARA O FIM DOS TEMPOS
Contos. O que fazer quando de repente o inexplicável invade nossa realidade e velhas verdades se tornam inúteis? Para onde ir quando o mundo acaba?
PESQUISE NESTE BLOG
PARA BELCHIOR COM AMOR
Organizada pelos escritores Ricardo Kelmer e Alan Mendonça, esta terceira edição foi enriquecida com ilustrações e novos autores, com mais contos, crônicas e cartas inspirados em canções de Belchior. O livro traz 24 textos de 23 autores cearenses, e conta com a participação especial da cantora Vannick Belchior, filha caçula do rapaz latino-americano de Sobral, que escreveu uma bela carta para seu pai.
Usando a mitologia e a psicologia do inconsciente numa linguagem descontraída, Kelmer nos revela a estrutura mitológica do enredo do filme Matrix, mostrando-o como uma reedição moderna do antigo mito da jornada do herói, e o compara ao processo individual de autorrealização, do qual fazem parte as crises do despertar, o autoconhecer-se, os conflitos internos, as autossabotagens, a experiência do amor, a morte e o renascer.
Ciganas, lolitas, santas, prostitutas, espiãs, sacerdotisas pagãs, entidades do além, mulheres selvagens... Em cada um dos 36 contos e crônicas deste livro, encontramos o brilho numinoso dos arquétipos femininos que fazem da mulher um ícone eterno de beleza, sensualidade, mistério… e inspiração.
Os pais que decidem fumar um com o filho, ETs preocupados com a maconha terráquea, a loja que vende as mais loucas ideias… RK reuniu em dez contos alguns dos aspectos mais engraçados e pitorescos do universo dos usuários de maconha, a planta mais polêmica do planeta. Inclui glossário de termos e expressões canábicos. O Ministério da Saúde adverte: o consumo exagerado deste livro após o almoço dá um bode desgraçado…