Alma selvagem

11/03/2013

11mar2013

Ela celebra a vida em rituais… Bendiz os ciclos naturais… Ela sabe, o ser não cabe na definição

AlmaSelvagem-1

ALMA SELVAGEM

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Ela tem a alma selvagem
E o vento sopra liberdade
Na mecha do cabelo
Brinca de beijo, pede afago
Mas cuidado
Ela gosta de arranhar

Ela segue seu destino
No fluxo feminino
Deita com a lua nova
E o seu corpo se renova
À noite chora por amor
Sonhos que ainda não realizou

Ela celebra a vida em rituais
Bendiz os ciclos naturais
Ela sabe, o ser não cabe na definição
Abraça o mundo com carinho
Mas só vai pelo caminho
Onde tem um coração

Alma selvagem, liberdade de ser
Alma selvagem, coragem de viver

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Ricardo Kelmer 2005 – blogdokelmer.com

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> O feminino em mim – Poemas e músicas sobre o feminino

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MAIS SOBRE O FEMININO SELVAGEM

figamulherselvagem01A mulher selvagem – Ela anda enjaulada, é verdade. Mas continua viva na alma das mulheres

A mulher livre e eu – A liberdade dessa mulher reluz no seu jeito de ser o que é – e ela é o que todas as outras dizem ou buscam ser, mas só dizem e buscam, enquanto ela tranquilamente… é

Em busca da mulher selvagem – Era por ela que eu sempre me apaixonava, essa mulher que era quem ela mesma desejava ser e não a mulher que a família, religião e sociedade impunham que ela fosse

Amor em liberdade – O que você ama no outro? A pessoa em si? Ou o fato dela ser sua propriedade? E como pode saber que ela é só sua?

As fogueiras de Beltane – As fogueiras estão acesas, a filha da Deusa está pronta. O casamento sagrado vai começar

Medo de mulher – A mulher é um imenso mistério, que o homem jamais alcançará

Alma una – Eu faço amor com a Terra / Sou a amante eterna / Do fogo, da água e do ar / Sou irmã de tudo que vive / Ninfa que brinca com a vida / Alma una com tudo que há

Quem tem medo do desejo feminino? (1) – A maternidade, a castidade e a mansidão de Nossa Senhora como bom exemplo, e a força, a independência e a liberdade sexual da puta como exemplo contrário, a ser jamais seguido.

LIVROS

vtcapa21x308-01Vocês Terráqueas – Seduções e perdições do feminino
Ricardo Kelmer – Contos e crônicas

Ciganas, lolitas, santas, prostitutas, espiãs, sacerdotisas pagãs, entidades do além, mulheres selvagens – em todas as personagens, o reflexo do olhar masculino fascinado, amedrontado, seduzido… Em cada história, o brilho numinoso dos arquétipos femininos que fazem da mulher um ícone eterno de beleza, sensualidade, mistério… e inspiração.

Mulheres que correm com os lobos – Mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem (Clarissa Pinkola Estés –  Editora Rocco, 1994)

A prostituta sagrada – A face eterna do feminino (Nancy Qualls-Corbert – Editora Paulus, 1990)

As brumas de Avalon (Marion Zimmer Bradley – Editora Imago, 1979)

Mulheres na jornada do herói (Beatriz Del Picchia e Cristina Balieiro – Editora Ágora, 2010) – É ainda mais interessante ver o relato das mulheres pois elas sempre foram, mais que os homens, historicamente reprimidas na busca pela essência mais legítima de suas vidas

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Comentarios01 COMENTÁRIOS
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01- belissíma. Fada Helena, Fortaleza-CE – mai2013

02- Amei. Mara Monteiro, Fortaleza-CE – mai2013

03- Adorei… Elisabete Claudio, São Paulo-SP – mai2013

04- Um viva para a essência da mulher selvagem. Silvana Alves, Fortaleza-CE – mai2013

AlmaSelvagem-1c



Os apuros do homem feminista

07/11/2012

07nov2012

Minha busca por relações igualitárias foi dificultada também pelas próprias mulheres, pois muitas, mesmo oprimidas, preferiam relações baseadas no velho modelo machista

OsApurosDoHomemFeminista-2

OS APUROS DO HOMEM FEMINISTA

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Sou um homem feminista, sim, pois atuo pela liberdade da mulher e para que o princípio feminino seja resgatado em nossa cultura, principalmente no homem. Porém, discordo quando dizem que no patriarcado apenas a mulher é violentada em seu direito à autorrealização. Claro que ela é muitíssimo mais prejudicada, mas muitos homens também são penalizados.

Como a grande maioria das crianças da minha geração, que nasceram nos anos 1960, eu fui educado numa cultura patriarcal e cristã, que condiciona as pessoas, desde pequenas, a ver na mulher um ser inferior e de natureza maligna. Tal condicionamento leva os homens, inconscientemente, a temer o feminino e a tentar controlar a mulher. Eu fui treinado assim. Porém, algo deu errado.

Adolescente na Fortaleza de 1980, comecei a viver uma contradição pessoal que me incomodaria por muito tempo. De um lado, a educação e os amigos tentavam me convencer de que mulher é incompetente e não merece confiança, que as que dão na primeira vez não servem para casar, que o homem deve ter amantes e a mulher não, que nós não sabemos por que batemos mas elas sempre sabem porque apanham… De outro lado, porém, algo em mim discordava dessas regras. A mulher me causava sensações de reverência e fascínio, me provocava o êxtase da beleza e me inspirava a fazer poemas e canções… A mulher era algo especialíssimo, havia nelas um quê de mistério e sagrado, e eu não as via como inferiores, pelo contrário: elas pareciam ter mais poder que qualquer homem.

Meus amigos contavam piadas machistas, e eu já não via tanta graça nelas. Eles namoravam garotas passivas que faziam o estilo futura-mãe-e-dona-de-casa, e eu buscava mulheres participativas e de sexualidade livre. Porém, infelizmente para mim, a maioria das mulheres se contentava em seguir os modelos de passividade preestabelecidos para elas. E eu me recusava a aceitar o modelo pré-moldado para mim, o de macho provedor e sempre forte, proibido de demonstrar fragilidade. Meu desacordo com as regras e a sensibilidade artística faziam algumas pessoas acharem que eu era homossexual, e muitas mulheres não entendiam que eu não ligava para virgindade, não concordava que a mulher mudasse o sobrenome após casar, nem queria tomar a iniciativa toda vez e nem sempre podia pagar sozinho a conta do motel.

Hoje, quase cinquentão, vejo claramente que minha busca por relações igualitárias foi dificultada também pelas próprias mulheres, pois muitas, mesmo oprimidas, preferiam relações baseadas no velho modelo machista, o que é uma triste contradição, sim, mas também é um cruel efeito do patriarcado. Vejo também que minha inadequação aos padrões culturais inevitavelmente contribuiu para a sensação de solidão que sempre me acompanhou. Somente hoje, liberto de vários condicionamentos da cultura cristã-patriarcal, é que me sinto livre para ser quem realmente sou e viver minhas próprias verdades, que não são as verdades misóginas com as quais fui criado. Hoje, ainda luto contra as sobras de minha formação machista, mas tenho um bom convívio com o feminino em mim, e isso me torna um homem mais inteiro, e ainda mais amante da mulher.

A cultura menos machista de hoje gerará pessoas mais equilibradas, que bom. E os homens que não temem o feminino livre serão mais felizes, pois haverá mais mulheres livres. Será um mundo mais feminino. Será um mundo melhor.

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Ricardo Kelmer 2012 – blogdokelmer.com

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LEIA NESTE BLOG

AMulherSelvagem-11aA mulher selvagem – Ela anda enjaulada, é verdade. Mas continua viva na alma das mulheres

A mulher livre e eu – A liberdade dessa mulher reluz no seu jeito de ser o que é – e ela é o que todas as outras dizem ou buscam ser, mas só dizem e buscam, enquanto ela tranquilamente… é

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Amor em liberdade – O que você ama no outro? A pessoa em si? Ou o fato dela ser sua propriedade? E como pode saber que ela é só sua?

As fogueiras de Beltane – As fogueiras estão acesas, a filha da Deusa está pronta. O casamento sagrado vai começar

Medo de mulher – A mulher é um imenso mistério, que o homem jamais alcançará

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Quem tem medo do desejo feminino? (1) – A maternidade, a castidade e a mansidão de Nossa Senhora como bom exemplo, e a força, a independência e a liberdade sexual da puta como exemplo contrário, a ser jamais seguido

Quem poderá me salvar? – Heroínas e heróis da minha vida

Marchando com as vadias – Se ser vadia é ser livre para exercer a própria sexualidade, então todas as mulheres precisam urgentemente assumir sua vadiagem, para o seu próprio bem e o de suas filhas

Me estupra, meu amor – Fantasiar ser estuprada é uma coisa – querer ser estuprada é outra coisa totalmente diferente

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LIVROS

LivroMulheresQueCorremComOsLobos-01Mulheres que correm com os lobos – Mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem (Clarissa Pinkola Estés –  Editora Rocco, 1994)

A prostituta sagrada – A face eterna do feminino (Nancy Qualls-Corbert – Editora Paulus, 1990)

As brumas de Avalon (Marion Zimmer Bradley – Editora Imago, 1979)

O feminino e o sagrado – Mulheres na jornada do herói (Beatriz Del Picchia e Cristina Balieiro – Editora Ágora, 2010) – É ainda mais interessante ver o relato das mulheres pois elas sempre foram, mais que os homens, historicamente reprimidas na busca pela essência mais legítima de suas vidas

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01- Vamo Apoiar! Alberto Marsicano Rodrigues, São Paulo-SP – nov2012

02- O presidente Sukarno da Indonesia declarouque so vai permitir carta de habilitação para mulheres (proibida no pais) quando inventarem o ‘poste de borracha’. Alberto Marsicano Rodrigues, São Paulo-SP – nov2012

03- Adorei, Ricardo Kelmer Do Fim Dos Tempos, e que esses tempos de machismo e patriarcado que nos fere a todas e todos esteja mesmo no fim!!! Cristina Balieiro, São Paulo-SP – nov2012

RK: Obrigado a Wanessa B e às amigas e amigos do grupo Relações Livres pelos comentários e sugestões, que me fizeram alterar trechos do texto para evitar interpretações errôneas. Veja os comentários aqui. (jul2013) 

04- Belo texto do Ricardo Kelmer Do Fim Dos Tempos !!! Rainha Frágil, Fortaleza-CE – jul2013

RK: Esta crônica tem despertado reações curiosas. As meninas do grupo Movimento Iuzômi, que se autodeclaram feminazis e misândricas, não gostaram nadinha. Postaram a crônica no grupo e os comentários sobre o texto e seu autor foram bem desfavoráveis. Seguem alguns comentários (preferi por as iniciais dos nomes):

SF: ééééé iuzômi + friendzone + mulheres são interesseiras + eu sou feminista e por isso sou bonzinho e to te fazendo um favor = essa merda de texto

SF: na parte de dividir conta de motel, ou das mulheres preterirem ele porque preferem um modelo machista de relacionamento. Isso é base do discurso ‘eu sou bonzinho, mas ela prefere o mauzinho’

SF: Não, o texto dele nem fala sobre não ser mono, ou ser mono… Ele fala da culpa das mulheres pela própria solidão e como muitas não querem ser igualitárias. Aliás, pelo que ele fala aí só ele quer ser igualitário no mundo HAHAHAHAH.

AM: tem tanta coisa ridícula nesse texto que tá difícil de mensurar

AM: se diz feminista mas é aquele típico machista benevolente que vê as mulheres como musas

RP: Vou comerr meu nescau cereal lendo isso pq ACORDAR SABOREANDO MALE-TEARS É TER UM DIA REPLETO DE ALEGRIA

RP: “E os homens que não temem o feminino livre serão mais felizes pois haverá mais mulheres livres para eles.” WAIT, WHAT?

LO: Culpando as mulheres loucamente! Como ele é sofrido, nossa!

CM: ESSE cara, falou um monte de merda sexista na pagina do evento de não monogamia, o tal do ricardo kelmer, lembra Yasmin?

NF: “A cultura menos machista de hoje gerará pessoas mais equilibradas, que bom. E os homens que não temem o feminino livre serão mais felizes pois haverá mais mulheres livres. Será um mundo mais feminino. Será um mundo melhor.” = homens sejam feministas pra garantir mais fodas

NF: “susanaxmota disse: Concordo com a Aline. Para mim, também o feminismo é um extremo sexista a evitar, tam-bém aprisiona. Aliás, como todos os “ismos”. Nada como ser realmente livre!” A mulher machista oprimindo o homem feminista, gente

05- Grande Kelmer, vc escreveu de forma simples e clara… Eu ainda vivo e convivo com este mesmo problema, tanto com a mulher, quanto comigo mesmo, devo dizer, porque o tal “modelo” é difícil de ser modificado qdo um outro ainda está em profunda construção e tb já apresenta outros problemas… No mais, somos sempre incompreendidos… Grande abraço. Ronald de Paula, Fortaleza-CE – jul2013

06- “Eu me considero um homem feminista”, já é, politicamente, bastante coisa! Jamile Mileipe, São Carlos-SP – jul2013

07- Sei não. Mas acho que vale a pena pesar algumas considerações: igualdade pressupõe direitos e deveres. então, por que não assumir posturas de sim ou não e pronto? e não jogar pra o outro a responsabilidade que pesa nos próprios ombros? é sempre mais fácil acusar e punir do que observar e depois bradar, se for o caso. Elieldo Trigueiro, Fortaleza-CE – jul2013

08- Feminismo é uma postura política, social e filosófica adotada por mulheres e homens sim. Está, em geral, relacionada a romper com a estrutura patriarcal de poder. No entanto, existem vários feminismos…. Considerar uma mulher frágil é negar o direito dela ocupar determinados cargos, justamente, cargos onde elas são agredidas e/ou violentadas. Pra mim, é aí que reside a seriedade da discussão machista/feminista. E quanto mais os homens reconhecerem a existência dessa violência e discutirem o absurdo cultural disso, melhor! Quanto à flor, gentileza deve gerar gentileza. Mas, infelizmente, muitas vezes, há interesses de dominação ou “panos quentes” por trás do singelo ato. É preciso inteligência, de ambos os lados, para discernir a situação. Kelmer, eu acompanho teu trabalho e creio que você deve continuar ofertando flores sem se preocupar com as opiniões. Principalmente, flores em forma de textos que nos salvam, mulheres e homens, do “machismo nosso de cada dia”. Um abraço! Jamile Mileipe, São Carlos-SP – jul2013

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Quem poderá me salvar?

15/10/2012

15out2012

Heroínas e heróis da minha vida

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QUEM PODERÁ ME SALVAR

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Meu super-herói da infância foi o Tarzan. Eu adorava ler os livros com as aventuras do homem-macaco criado por Edgar Rice Burroughs, e o imitava até quando queria chamar meu vizinho para brincar: subia no muro, punha as mãos em torno da boca e mandava o famoso berro: Ôôô-uôôô-uôôôôô!!! Como você pode ver, desde pequeno que me falta a noção do ridículo.

Na adolescência, veio o Homem-Aranha, criação de Stan Lee e Steve Ditko. Desajeitado com as mulheres e sempre à volta com dilemas existenciais, o Aranha era eu. Felizmente, nunca precisei lutar contra o cruel Duende Verde preocupado com a hora de chegar em casa porque cuidava da tia doente.

Aí eu cresci e meus heróis passaram a ser feitos de arte. Primeiro, Raul Seixas e sua sociedade alternativa, com quem perdi o medo da chuva. Depois, Jim Morrison, o cantor da banda The Doors. Poeta, literato, pinguço – eu agora era Jim pelas noites da cidade. E veio também Bukowski, o escritor que bebia, vomitava e publicava o próprio vômito, e eu sorvia tudo com gosto.

O herói seguinte era feito de vento, e nas manhãs de domingo me ensinava sobre autossuperação e não desistir jamais: Ayrton Senna. Aos 30, descobri Carl Jung, o psicólogo e pensador suíço que nos legou um valioso mapa para a autoexploração psicológica, e que me guiaria pelas tempestades do amadurecimento. Jung me levou ao mitologista Joseph Campbell e nunca mais esqueci que devo seguir a minha bem-aventurança, onde quer que ela esteja.

Overman é outro super-herói querido. Criação da genial Laerte, Overman mora numa pensão do Ipiranga, vive grilado com seu uniforme e tem inimigos como o Passador de Trote e o Maníaco Flatulento, que matou seus pais num elevador. Quando não venta, ele precisa do ajudante para balançar sua capa. Infelizmente, até hoje Overman não sabe qual é sua identidade secreta, pois sempre que vai tirar a máscara em frente ao espelho… a campainha toca. Ah, tem também o Capitão Presença, o único super-herói que assume que fuma maconha. Sim, pois o que tem de herói maconheiro no armário é um horror. Criado por Arnaldo Branco, o corajoso Presença é o único super-herói que realmente salva: sempre chega trazendo um baseado para livrar a humanidade da secura. Ele bem que podia passar por aqui no sábado…

E heroínas? Tive algumas. Morgana, a sacerdotisa pagã, irmã do rei Arthur. Taí, eu casaria com Morgana, e morreríamos juntinhos, defendendo Avalon da invasão do cristianismo. Personificando a beleza e a poesia, Bruna Lombardi foi outra heroína: me vali muito de seus poemas para amolecer certas resistências femininas. Casaria também, claro, mas o Riccelli chegou primeiro. E também teve Druuna, ai, Druuna. Personagem da série de quadrinhos de ficção científica-erótica do Serpieri, ela é uma gostosa linda e ninfômana que encara o que vier, sem importar a galáxia do pretendente ou da pretendente ou de quantos sejam. Eu casava facim, e sem exigir exclusividade.

Putz. Num só parágrafo casei três vezes. Deve ser influência dele, Vinicius de Moraes, que em 2009 ressurgiu direto da minha adolescência, romântico e eternamente apaixonado, e hoje é meu guru. Foi ele que me reconduziu aos palcos, para falar de poesia, amor, amizade e alegria. E assim como ele, entendo finalmente que se a arte dá sentido à minha vida, é só a mulher que pode, de verdade, me salvar. Se é que ainda tenho salvação.

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Ricardo Kelmer 2010 – blogdokelmer.com

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VINICIUS, O GURU

Vinicius Show de Moraes – Um show que homenageia Vinicius com suas músicas, seus poemas e as histórias da sua vida
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HERÓIS E HEROÍNAS

Jung: a ciência revolucionária – Como pesquisador da consciência, psicoterapeuta, antropólogo e pensador, Jung levou suas descobertas a uma abrangência notável, refletindo sempre sua preocupação com o futuro da Humanidade

Minha vida com Jim Morrison – Acordar e pegar logo uma cerveja pois o futuro é incerto e o fim estará sempre por perto

O herói e a princesa – Para Ayrton Senna, herói do Reino da Terra

As Brumas de Avalon – Identifiquei-me tanto com Morgana, com sua luta em preservar Avalon, seu sofrimento e sua solidão, seu amor não correspondido, que me peguei desejando voltar no tempo pra me casar com ela

Maluquice beleza – Já que a formiga só trabalha porque não sabe cantar, Raulzito pegou a linha 743 e foi ser cigarra

Druuna (Blog do Gutemberg) – (Blog HQ Quadrinhos)

Charles Bukowski na Wikipedia

Tarzan na Wikipedia

Homem Aranha na Wikipedia

Bruna Lombardi na Wikipedia

Capitão Presença – Herói às avessas (texto do blog Almanaque Virtual)

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LEIA NESTE BLOG

A celebração da putchéuris – A história fuleragem da Intocáveis Putz Band

A volta da Intocáveis – Oh não! – Um show com os restos mortais da Intocáveis Putz Band

Roque Santeiro, o meu bar do coração – Uma homenagem ao bar Roque Santeiro

Ser mulher não é pra qualquer umÉ dada a saída, lá se vai o trenzinho. Num vagão as Belas, abalando nos modelitos, no outro as Madrinhas, abalando com o isopor e o estojinho de primeiro-socorro

Breg Brothers com fígado acebolado – Encher a cara, curtir dor de cotovelo e brindar a todas as vezes em que fomos cornos…

A pouca vergonha do escritor peladão – Foi minha vizinha louca de Botafogo, a Brigite, quem me deu a ideia: Por que você não faz um ensaio fotográfico peladão pra comemorar seus 40 anos?

O dia em que morri no Rock in Rio – O primeiro baseado que fumei daria um filme. Um não, vários

Galinha ao molho conjugal – Então fizemos uma aposta. Qual dos três conseguiria resistir mais tempo ao casamento?

Confissões de um míope – O míope então restringe suas relações visuais com as pessoas a um raio de dez metros e quem estiver além disso não faz parte de seu mundo. E acaba ganhando uma imerecida fama de boçal

> Postagens no tema “biográfico”

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01- os heróis do meu herói. = ) Wanessa Bentowski, Fortaleza-CE – out2013

02- Postagem oficial no Facebook



Cabaré Soçaite ago2012 – Vídeo

09/10/2012

Ricardo Kelmer 2012

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O Cabaré Soçaite chegou à sua 12a edição em Fortaleza. A festa aconteceu em 25ago, na Órbita, na Praia de Iracema. De modo geral foi a mais organizada de todas as edições, desde a pré-produção. A estratégia de motivar as pessoas a produzirem seu visual funcionou e os modelitos fizeram a festa ficar ainda mais bonita e divertida.

A dupla de DJ e VJ foi mantida (Guga de Castro e Spin), o que garantiu qualidade na trilha sonora, nas luzes e no telão. Fadinha abalou o cabaré com seu sempre aguardado número sensual e, além disso, atuou como assistente de palco, ou seja, o palco ficou bem mais bonito.  A banda foi a Kris Kabaretti, que fez seu show de estreia tocando pop, rock e disco e homenageando a banda Intocáveis Putz Band com duas músicas, uma delas o Manifesto Neomaxista Liberal com a participação do dono do cabaré, que era um dos integrantes da Intocáveis. O grupo Karolyne Coelho & Cia apresentou dois belos números de dança burlesca. E o concurso Musa e Muso do Cabaré agitou novamente a festa com as incríveis performances dos candidatos, premiando os vencedores com um fim de semana em Jericoacoara-CE (Pousada Casa do Ângelo), crédito no Bar Butiquim e corset da Srta Milfont.

Quem foi com visual sensual ou fantasia  de qualquer tema teve desconto no ingresso, concorreu a sorteios de cerveja e pôde fotografar no estúdio da festa, montado pela Maria dos Prazeres Sex Shop. As melhores fotos particparam do concurso Melhor Foto (no Facebook) e a mais votada ganhou uma supercesta erótica e um fim de semana para casal na Praia das Fontes, no Hotel das Falésias.

Na lojinha da festa (obrigado, Raquel e Roberta) as pessoas puderam comprar livros, DVDs da festa e camisetas, e também acessórios pra compor o visual. Quem comprou R$ 15 em produtos ganhou automaticamente ingresso pro próximo Cabaré. Denise Borges e Íris de Oliveira fizeram as fotos oficiais da festa e a filmagem foi feita por Levy Mota e Davi Lázaro.

A próxima edição em Fortaleza será em mar2013, novamente na Órbita. E a 2a edição paulistana ainda não tem data pra acontecer. Se você deseja sugerir um local, entre em contato.

> Veja as fotos desta edição

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PARCEIROS DESTA EDIÇÃO:

Pousada Casa do Ângelo (Jericoacoara-CE)
Maria dos Prazeres Sensual e Erótica (Fortaleza-CE)
Hotel das Falésias (Praia das Fontes-CE)
Bar Butiquim (Fortaleza-CE)

Bar do Papai (Fortaleza-CE)
Floresta Bar (Fortaleza-CE)
Creperia Ladeira Castro Alves (Fortaleza-CE)
Srta Milfont
(Fortaleza-CE)

FACEBOOK – Grupo Cabaré Soçaite
– Arte erótica, sorteio de livros, DVDs e ingressos

TWITTER
– @cabaresocaite

MAIS FOTOS E VÍDEOS E A HISTÓRIA DA FESTA

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Banda Kris Kabaretti

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Palco liberado: você é a estrela da festa

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Karolyne Coelho & Cia

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Concurso Musa do Cabaré

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Concurso Muso do Cabaré

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Fadinha

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MAIS FOTOS E VÍDEOS E A HISTÓRIA DA FESTA

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Ricardo Kelmer – blogdokelmer.wordpress.com

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SEXUALIDADE FEMININA NESTE BLOG

> O íncubo – Íncubos eram demônios que invadiam o sono das mulheres para copular com elas – uma difundida crença medieval. Mas… e se ainda existirem?

> Lolita, Lolita – Ela é uma garotinha encantadora. E eu poderia ser seu pai. Mas não sou…

> A gota dágua – A tarde chuvosa e a força urgente do desejo. Ela deveria resistir mas…

> A torta de chocolate – Sexo e chocolate. Para muita gente as duas coisas têm tudo a ver. Para Celina era bem mais que isso…..

> O mistério da cearense pornô da California – Uma artista linda e gostosa, intelectual e transgressora, que adora perversões e, entre uma e outra orgia, luta pela liberação feminina

> Vocês Terráqueas – Seduções e perdições do feminino – Livro de contos e crônicas sobre a mulher

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SÉRIES ERÓTICAS DESTE BLOG

> As aventuras de Diametral e Ninfa Jessi– A mais bela e safada história de amor jamais contada.

> As taras de Lara – Desde pequena que Lara só pensa naquilo. E ai do homem que não a satisfaz.

> Um ano na seca – O que pode acontecer a um homem após doze meses sem sexo?

> O último homem do mundoO sonho de Agenor é que todas as mulheres do mundo o desejem. Para isso ele está disposto a fazer um pacto com o diabo. Mas há um velho ditado que diz: cuidado com o que deseja pois você pode conseguir…

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 COMENTÁRIOS
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01- Muito boa a festa ontem!!!! Arrasou Ricardo 🙂 Raflesia Pequeno, Fortaleza-CE – ago2012

02- A FESTA FOI IRADA MESMO FOI PAPOCOKKKKKKKK. Serafim Sccp, Fortaleza-CE – ago2012

03- Simplesmente a melhor festa que já fui 🙂 inesquecível! Jéssica Poliana, Fortaleza-CE – ago2012

04- Um otimo cabaré e nada mais a dizer !!! ^^ Lano Lima, Fortaleza-CE – ago2012

05- Owwww Cabaré maraaa! 🙂 Josy Eliziane Ramos, Fortaleza-CE – ago2012

06- Essa festa… ja estou ansioso pela próxima!!! Por favor diga-me a data da proximaaaa D; kkkkkkkkkkk Foi foda demais u.u. Victor Yuri, Fortaleza-CE – ago2012

07- Me diverti muito lá, essa foi a melhor edição! Valeska Cavalcante, Fortaleza-CE – ago2012

08- A primeira vez a gente nunca esquece não é mesmo? hehe e a minha foi fantástica. =) Natália Aragão, Fortaleza-CE – ago2012

09- Nada como chegar as 5hs da manhã e ainda está com todas as músicas na cabeça,kkkk. Parabéns Ricardo Kelmer, mais uma vez uma ótima festa e um repertório maraaaaavilhoso, amei TODAS as músicas. Anne Katiuscia Leão, Fortaleza-CE – ago2012

10- Ainda to com energiaaaaaaa \o/ Foi muuuuuuito show! Ilanna Muniz, Fortaleza-CE – ago2012

11- Dos trÊs Cabarés Soçaite que fui, essa foi a melhor!! Eu achei maravilhosa. Mais pessoas com fantasias, mais empolgação, mais alegria. A banda do ano passado, nem sei se foi a mesma desse ano, achei mais empolgada, mas não deixou de ser boa. A festa em si, perfeita!! P.s: ainda acho injusto quem não tá fantasiado ganhar ‘-‘ Larah Pimenta, Fortaleza-CE – ago2012

12- Sério ???? pois gostei mais do ano passado. Não gostei da banda achei muito fraca. Carol Nobre, Fortaleza-CE – ago2012

13- Também achei a banda muito fraca e forró e beto Barbosa não dá, né? Agora o povo foi mais a carater…. e a programação em geral foi melhor… Lucélia Souto, Fortaleza-CE – ago2012

14- Satisfação sempre garantida! ; ] Quel Raquel, Fortaleza-CE – ago2012

15- A escolha da Cristiane Fiuza, Flavio Rangel e sua banda foi perfeita. Abrilhantaram ainda mais a festa do CABARÉ SOÇAITE. Sandra Alves Ribeiro, Fortaleza-CE – ago2012

16- E a noite foi simplesmente perfeita. Tchago Almeida, Fortaleza-CE – ago2012

17- E A NOITE… FOI DAS MULHERES! uhsushushushushushsus. Tamara Colares, Fortaleza-CE – ago2012

18- Adoreeei a festa! Mas acho q o premio Musa e Muso deveriam ser para as pessoas que se fantasiaram.. E achei melhor o Diamante Cor de Rosa da edição passada em Março.. Eles cantaram musicas mais animadas.. Josy Eliziane RamosFortaleza-CE – ago2012

19- Adooooooooorei, Inesquecível! Foi minha primeira vez e já quero outra festa linda dessa! Ansiosa pela próxima edição… Ana J Sousa, Fortaleza-CE – ago2012

20- simplesmente a melhor!!! Natália Aquino, Fortaleza-CE – ago2012

21- Axei maravilhosa, apenas a fila de quem já havia comprado o ingresso antecipado estava grande o q foi um pouco chato!!! E axo q a próxima não vai ser possível ser no mesmo local q num vai caber de gente, pq a com uma festa dessas a tendencia é sempre aumentar a qnt de gente!!! Mônica Guimarães, Fortaleza-CE – ago2012

22- Eu gostei muito da festa, muito mesmo, minha turma sempre vai em peso, desta vez foram mais de 30 pessoas vestidas a caráter, como sempre. A festa é muito divertida, mas o mesmo defeito se repete a varias edições, simplesmente acho que não existe uma valorização a quem vai a caráter. Mais uma vez o concurso de muso e musa tem gente que compete sem nem ao menos estar a caráter, pior ainda GANHAM! Fiquei muito triste ao ver a ” de roxo” ganhando. Sim, era MUITO GATA, mas vestidinho roxo e dança onde mostra tudo era pra vencer? Gostaria que a produção da festa fizesse uma analise disso ( e de outros fatores) e vejam que isso desmotiva completamente quem vai a caráter. Lembrem – se o pessoal que vai a caráter é parte da graça da festa. No mais parabéns ara todos!!!! Mauricio Aragao, Fortaleza-CE – ago2012

23- Sinceridade? até antes de ler o post tinha achado q minha festa não tinha sido lá esses balaios não. Tive contratempos, irritações, uma amiga foi “convidada a se retirar”, vulgo EXPULSA da festa pq a sandália dela quebrou e os seguranças, por normas da casa[/ só agora entendo, embora não aceite, pois haviam outras formas de contornar o problema…] tinham q evitar q ela circulasse num ambiente onde poderia haver vidro q cortasse seus pés. Tive pequenas irritações, perdi meu celular[/que AINDA BEM foi encontrado por um participante da festa e me foi devolvido ontem!] e, por fim, tivemos um acidente de carro na volta, do qual foi muita sorte escaparmos com vida e bem, eu, meu namorado e um amigo. Chegueia conclusão, depois de ler o post que, msm assim, a festa foi boa, sim. Eu não estava num dia bom… Mas a produção da festa tava ótima, tentei ir o mais bonita possível[/e eu tava me achando linda mesmo, haha!] estive com amigos e amigas e, se não estava num dia/noite bons, por outro lado vi gente suuuper feliz, curtindo muito e pondo seu lado cabaré para fora. Valeu. E valeu muito. E vou de novo! E mais uma vez e mais outra! Kaliza Holanda, Fortaleza-CE – ago2012

24- Linda festa e apetitosa! Parabéns Kelmer guerreiro! Musica boa,gente educada apesar de bêbada,garçons maravilhosos….enfim perfeito. Amei conhecer esse povo sensual e hospitaleiro,bis proces também ! Izabel Castro, São Paulo-SP – ago2012

25- Eu simplesmente adoreeiiii…Ricardo Kelmer…vc é a excelência em pessoa…a festa super organizada e aconchegante. Tô louca pra ir de novo..bjs… Anna Stefânia Maia, Fortaleza-CE – ago2012

26- SHOW!!! e a banda foi massa!!! Adriano Horácio, Fortaleza-CE – ago2012

27- Esperando a próxima , vc Ricardo Kelmer arrasou dei altas risadas com vc . parabéns ! Marina Arrais, Fortaleza-CE – ago2012

28- Foi tudo muito legal! Adorei!!! e so recebi bons comentarios. Arrasaram. Karolyne Coelho, Fortaleza-CE – ago2012

29- A Cristiane Fiuza é boa intérprete. Mas o que se está levantando é a questão de que nas outras edições do Cabaré, as bandas, em seu conjunto, eram mais animadas! E a vocalista da “Diamante Cor de Rosa” arrasou nos bregas clássicos! Tereza Cristina, Fortaleza-CE – ago2012

30- Muito legal o Cabaré! Mônica Burkle Ward, Recife-PE – out2012


Cabaré Soçaite ago2012 – Fotos

09/09/2012

Ricardo Kelmer 2012

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O Cabaré Soçaite chegou à sua 12a edição em Fortaleza. A festa aconteceu em 25ago, na Órbita, na Praia de Iracema. De modo geral foi a mais organizada de todas as edições, desde a pré-produção. A estratégia de motivar as pessoas a produzirem seu visual funcionou e os modelitos fizeram a festa ficar ainda mais bonita e divertida.

A dupla de DJ e VJ foi mantida (Guga de Castro e Spin), o que garantiu qualidade na trilha sonora, nas luzes e no telão. Fadinha abalou o cabaré com seu sempre aguardado número sensual e, além disso, atuou como assistente de palco, ou seja, o palco ficou bem mais bonito.  A banda foi a Kris Kabaretti, que fez seu show de estreia tocando pop, rock e disco e homenageando a banda Intocáveis Putz Band com duas músicas, uma delas o Manifesto Neomaxista Liberal com a participação do dono do cabaré, que era um dos integrantes da Intocáveis. O grupo Karolyne Coelho & Cia apresentou dois belos números de dança burlesca. E o concurso Musa e Muso do Cabaré agitou novamente a festa com as incríveis performances dos candidatos, premiando os vencedores com um fim de semana em Jericoacoara-CE (Pousada Casa do Ângelo), crédito no Bar Butiquim e corset da Srta Milfont.

Quem foi com visual sensual ou fantasia  de qualquer tema teve desconto no ingresso, concorreu a sorteios de cerveja e pôde fotografar no estúdio da festa, montado pela Maria dos Prazeres Sex Shop. As melhores fotos participaram do concurso Melhor Foto (no Facebook) e a mais votada ganhou uma supercesta erótica e um fim de semana para casal na Praia das Fontes, no Hotel das Falésias.

Na lojinha da festa (obrigado, Raquel e Roberta) as pessoas puderam comprar livros, DVDs da festa e camisetas, e também acessórios pra compor o visual. Quem comprou R$ 15 em produtos ganhou automaticamente ingresso pro próximo Cabaré. Denise Borges e Íris de Oliveira fizeram as fotos oficiais da festa e a filmagem foi feita por Levy Mota e Davi Lázaro.

A próxima edição em Fortaleza será em mar2013, novamente na Órbita. E a 2a edição paulistana ainda não tem data pra acontecer. Se você deseja sugerir um local, entre em contato.

> Veja o vídeo desta edição

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PARCEIROS DESTA EDIÇÃO:

Pousada Casa do Ângelo (Jericoacoara-CE)
Maria dos Prazeres Sensual e Erótica
Hotel das Falésias (Praia das Fontes-CE)
Bar Butiquim (Fortaleza-CE)

Bar do Papai (Fortaleza-CE)
Floresta Bar (Fortaleza-CE)
Creperia Ladeira Castro Alves (Fortaleza-CE)
Srta Milfont

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TWITTER:@cabaresocaite

MAIS FOTOS E VÍDEOS E A HISTÓRIA DA FESTA

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FOTOS OFICIAIS
Denise Borges e Íris de Oliveira. Clique pra ampliar.

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Ricardo Kelmer e Fadinha, os apresentadores do Cabaré

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Banda Kris Kabaretti

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Cris Fiúza, cantora da banda Kris Kabaretti

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Kris Kabaretti homenageia a banda Intocáveis Putz Band (1994-1999) tocando o famigerado Manifesto Neomaxista Liberal com participação do dono do Cabaré

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Palco liberado pras cabaretes brilharem

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Loira quente ganha loira gelada. Quem foi com visual produzido concorreu a sorteios de cerveja

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Outra cabarete que ganhou cerveja no sorteio pra quem estava com visual produzido

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Todo o charme, a graça, a poesia, a brejeirice e a malemolência das cabaretes

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Karol Coelho arrancando suspiros com seu número solo

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Garotas do grupo Karolyne Coelho & Cia incendiando o Cabaré

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Beleza e sensualidade na dança burlesca

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Concurso Musa do Cabaré: o palco mais bonito da cidade

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T
orcida incentivando as candidatas

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Finalistas do concurso: é hora de dar tudo

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A estonteante musa do Cabaré ganhou um fim de semana pra casal em Jericoacoara (Pousada Casa do Ângelo), crédito de R$ 50 no bar Butiquim e corset da Srta Milfont

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Juri dos concursos Musa e Muso do Cabaré

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Concurso Muso do Cabaré: a vez dos marmanjos

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Finalistas estraçalhando

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O Muso do Cabaré ganhou um fim de semana pra casal em Jericoacoara (Pousada Casa do Ângelo) e crédito de R$ 50 no bar Butiquim

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Fadinha, a freira pecadora

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Maltrata, Fadinha, maltrata

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Casal levado leva chicotadinha da Fadinha

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FOTOS DO ESTÚDIO
(Rildson Valmont)
Veja mais fotos do estúdio no Facebook da Sex Shop Maria dos Prazeres

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A SEGUIR, MAIS FOTOS OFICIAIS
(Denise Borges e Íris de Oliveira)

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Ricardo Kelmer 2012 – blogdokelmer.com

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MAIS FOTOS E VÍDEOS E A HISTÓRIA DA FESTA

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TELÃO LITERÁRIO
O telão da festa exibe trechos de filmes, vídeos das edições anteriores e também poemas sobre erotismo e paixão. Para copiar o texto, vá até o fim da página.

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MOTO-CONTÍNUO
Bruna Lombardi

Eu não sabia o que fazer e abri a blusa
mais tarde eu ia dizer foi sem pensar
ele me achou desnorteada, confusa
como acharia qualquer mulher que abre a blusa
e faz tudo que fiz só pra agradar

Minha cabeça não era mesmo muito certa
mulher esperta eu nunca fui, mas deveria
saber me colocar no meu lugar
não adiantava nada, eu era assim desatinada
o tipo de mulher que faz as coisas sem pensar

Você agora, me ouvindo contar essas histórias
talvez me ache, também, um pouco confusa
e eu, que faço tudo para agradar
já sem saber o que fazer abro minha blusa
como faria qualquer mulher confusa no meu lugar.

> sobre Bruna Lombardi

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FOME DE TI
Ricardo Kelmer

Teus olhos são duas amoras
Que namoram os meus
E os seios, fartos cachos
Acho que anseio colher
Ah, eu sou todo saliva
Nascida da fome de te ter

E o desejo escorre pela boca
A polpa do lábio carmim
E a língua, cereja que surge
E se insurge e se lambe assim

Homem não chora
Mas quem não chora não come
Vem que esse desejo tem nome
É fome de ti

> poemas e músicas de RK

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SONETO DE INFIDELIDADE
Sandra Regina

Nem sempre, meu amor, esteja dentro
Antes, saiba fazê-lo entre tantos
Que mesmo em fase de algum lamento
Estremeça em meu corpo vibrando

Quero tê-lo nos vãos em movimento
E nesse calor me lambuzar de encantos
E rir sem siso, te desejar num canto
do meu delírio de acasalamento

Assim, em cada vez que te procuro
Quem sabe, com sorte, eu ainda salive
Quem sabe, com tesão, na minha cama

Eu possa ter teu membro em riste:
Que não seja só rápido, mas sacana
Que esteja interno enquanto duro

> + de Sandra Regina

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ELE, ESCRITOR, EU. (trecho)
Camila Briganti

Gosto de dançar tango ao som de samba. Esse é meu ritmo. Escuto jazz e beijo homem. De língua. Sinto os seios baterem levemente nos meus e me entrego violentamente a arte bruta de amar.

Tapa na cara, junto com o orgasmo.

Lembro subitamente de Fernando Pessoa. Ele sim já dizia que todo poeta é um fingidor. Não lembro mais quem sou. Sou as minhas palavras ou a essência delas? Talvez nada disso.

Deixo o coração bater, sentindo cada batida carregar essa dose de sangue que me faz gozar.

Esqueci, sou virgem.

E puta!

> texto na íntegra

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SEXUALIDADE FEMININA NESTE BLOG

> O íncubo – Íncubos eram demônios que invadiam o sono das mulheres para copular com elas – uma difundida crença medieval. Mas… e se ainda existirem?

> Lolita, Lolita – Ela é uma garotinha encantadora. E eu poderia ser seu pai. Mas não sou…

> A gota dágua – A tarde chuvosa e a força urgente do desejo. Ela deveria resistir mas…

> A torta de chocolate – Sexo e chocolate. Para muita gente as duas coisas têm tudo a ver. Para Celina era bem mais que isso…..

> O mistério da cearense pornô da California – Uma artista linda e gostosa, intelectual e transgressora, que adora perversões e, entre uma e outra orgia, luta pela liberação feminina

> Vocês Terráqueas – Seduções e perdições do feminino – Livro de contos e crônicas sobre a mulher

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SÉRIES ERÓTICAS DESTE BLOG

> As aventuras de Diametral e Ninfa Jessi– A mais bela e safada história de amor jamais contada.

> As taras de Lara – Desde pequena que Lara só pensa naquilo. E ai do homem que não a satisfaz.

> Um ano na seca – O que pode acontecer a um homem após doze meses sem sexo?

> O último homem do mundoO sonho de Agenor é que todas as mulheres do mundo o desejem. Para isso ele está disposto a fazer um pacto com o diabo. Mas há um velho ditado que diz: cuidado com o que deseja pois você pode conseguir…

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 COMENTÁRIOS
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01-Muito boa a festa ontem!!!! Arrasou Ricardo 🙂 Raflesia Pequeno, Fortaleza-CE – ago2012

02- A FESTA FOI IRADA MESMO FOI PAPOCOKKKKKKKK. Serafim Sccp, Fortaleza-CE – ago2012

03- Simplesmente a melhor festa que já fui 🙂 inesquecível! Jéssica Poliana, Fortaleza-CE – ago2012

04- Um otimo cabaré e nada mais a dizer !!! ^^ Lano Lima, Fortaleza-CE – ago2012

05- Owwww Cabaré maraaa! 🙂 Josy Eliziane Ramos, Fortaleza-CE – ago2012

06- Essa festa… ja estou ansioso pela próxima!!! Por favor diga-me a data da proximaaaa D; kkkkkkkkkkk Foi foda demais u.u. Victor Yuri, Fortaleza-CE – ago2012

07- Me diverti muito lá, essa foi a melhor edição! Valeska Cavalcante, Fortaleza-CE – ago2012

08- A primeira vez a gente nunca esquece não é mesmo? hehe e a minha foi fantástica. =) Natália Aragão, Fortaleza-CE – ago2012

09- Nada como chegar as 5hs da manhã e ainda está com todas as músicas na cabeça,kkkk. Parabéns Ricardo Kelmer, mais uma vez uma ótima festa e um repertório maraaaaavilhoso, amei TODAS as músicas. Anne Katiuscia Leão, Fortaleza-CE – ago2012

10- Ainda to com energiaaaaaaa \o/ Foi muuuuuuito show! Ilanna Muniz, Fortaleza-CE – ago2012

11- Dos trÊs Cabarés Soçaite que fui, essa foi a melhor!! Eu achei maravilhosa. Mais pessoas com fantasias, mais empolgação, mais alegria. A banda do ano passado, nem sei se foi a mesma desse ano, achei mais empolgada, mas não deixou de ser boa. A festa em si, perfeita!! P.s: ainda acho injusto quem não tá fantasiado ganhar ‘-‘ Larah Pimenta, Fortaleza-CE – ago2012

12- Sério ???? pois gostei mais do ano passado. Não gostei da banda achei muito fraca. Carol Nobre, Fortaleza-CE – ago2012

13- Também achei a banda muito fraca e forró e beto Barbosa não dá, né? Agora o povo foi mais a carater…. e a programação em geral foi melhor… Lucélia Souto, Fortaleza-CE – ago2012

14- Satisfação sempre garantida! ; ] Quel Raquel, Fortaleza-CE – ago2012

15- A escolha da Cristiane Fiuza, Flavio Rangel e sua banda foi perfeita. Abrilhantaram ainda mais a festa do CABARÉ SOÇAITE. Sandra Alves Ribeiro, Fortaleza-CE – ago2012

16- E a noite foi simplesmente perfeita. Tchago Almeida, Fortaleza-CE – ago2012

17- E A NOITE… FOI DAS MULHERES! uhsushushushushushsus. Tamara Colares, Fortaleza-CE – ago2012

18-Adoreeei a festa! Mas acho q o premio Musa e Muso deveriam ser para as pessoas que se fantasiaram.. E achei melhor o Diamante Cor de Rosa da edição passada em Março.. Eles cantaram musicas mais animadas.. Josy Eliziane RamosFortaleza-CE – ago2012

19- Adooooooooorei, Inesquecível! Foi minha primeira vez e já quero outra festa linda dessa! Ansiosa pela próxima edição… Ana J Sousa, Fortaleza-CE – ago2012

20- simplesmente a melhor!!! Natália Aquino, Fortaleza-CE – ago2012

21- Axei maravilhosa, apenas a fila de quem já havia comprado o ingresso antecipado estava grande o q foi um pouco chato!!! E axo q a próxima não vai ser possível ser no mesmo local q num vai caber de gente, pq a com uma festa dessas a tendencia é sempre aumentar a qnt de gente!!! Mônica Guimarães, Fortaleza-CE – ago2012

22- Eu gostei muito da festa, muito mesmo, minha turma sempre vai em peso, desta vez foram mais de 30 pessoas vestidas a caráter, como sempre. A festa é muito divertida, mas o mesmo defeito se repete a varias edições, simplesmente acho que não existe uma valorização a quem vai a caráter. Mais uma vez o concurso de muso e musa tem gente que compete sem nem ao menos estar a caráter, pior ainda GANHAM! Fiquei muito triste ao ver a ” de roxo” ganhando. Sim, era MUITO GATA, mas vestidinho roxo e dança onde mostra tudo era pra vencer? Gostaria que a produção da festa fizesse uma analise disso ( e de outros fatores) e vejam que isso desmotiva completamente quem vai a caráter. Lembrem – se o pessoal que vai a caráter é parte da graça da festa. No mais parabéns ara todos!!!! Mauricio Aragao, Fortaleza-CE – ago2012

23- Sinceridade? até antes de ler o post tinha achado q minha festa não tinha sido lá esses balaios não. Tive contratempos, irritações, uma amiga foi “convidada a se retirar”, vulgo EXPULSA da festa pq a sandália dela quebrou e os seguranças, por normas da casa[/ só agora entendo, embora não aceite, pois haviam outras formas de contornar o problema…] tinham q evitar q ela circulasse num ambiente onde poderia haver vidro q cortasse seus pés. Tive pequenas irritações, perdi meu celular[/que AINDA BEM foi encontrado por um participante da festa e me foi devolvido ontem!] e, por fim, tivemos um acidente de carro na volta, do qual foi muita sorte escaparmos com vida e bem, eu, meu namorado e um amigo. Chegueia conclusão, depois de ler o post que, msm assim, a festa foi boa, sim. Eu não estava num dia bom… Mas a produção da festa tava ótima, tentei ir o mais bonita possível[/e eu tava me achando linda mesmo, haha!] estive com amigos e amigas e, se não estava num dia/noite bons, por outro lado vi gente suuuper feliz, curtindo muito e pondo seu lado cabaré para fora. Valeu. E valeu muito. E vou de novo! E mais uma vez e mais outra! Kaliza Holanda, Fortaleza-CE – ago2012

24- Linda festa e apetitosa! Parabéns Kelmer guerreiro! Musica boa,gente educada apesar de bêbada,garçons maravilhosos….enfim perfeito. Amei conhecer esse povo sensual e hospitaleiro,bis proces também ! Izabel Castro, São Paulo-SP – ago2012

25- Eu simplesmente adoreeiiii…Ricardo Kelmer…vc é a excelência em pessoa…a festa super organizada e aconchegante. Tô louca pra ir de novo..bjs… Anna Stefânia Maia, Fortaleza-CE – ago2012

26- SHOW!!! e a banda foi massa!!! Adriano Horácio, Fortaleza-CE – ago2012

27- Esperando a próxima , vc Ricardo Kelmer arrasou dei altas risadas com vc . parabéns ! Marina Arrais, Fortaleza-CE – ago2012

28- Foi tudo muito legal! Adorei!!! e so recebi bons comentarios. Arrasaram. Karolyne Coelho, Fortaleza-CE – ago2012

29- A Cristiane Fiuza é boa intérprete. Mas o que se está levantando é a questão de que nas outras edições do Cabaré, as bandas, em seu conjunto, eram mais animadas! E a vocalista da “Diamante Cor de Rosa” arrasou nos bregas clássicos! Tereza Cristina, Fortaleza-CE – ago2012


As quarenta raposas

27/02/2012

27fev2012

Um silêncio vindo de fora do tempo caiu sobre sua figura altiva, e naquele eterno segundo ela foi o anjo vingador: belo, justo e implacável

AS QUARENTA RAPOSAS

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O desfile chegara ao fim. A última modelo concluíra sua performance e a plateia ainda aplaudia, quando de repente cessaram a música e as luzes. Os aplausos silenciaram e ficaram todos em expectativa. Foi nesse exato instante, no vácuo dos pensamentos, que o anjo da morte surgiu, e sua presença arrepiou a todos. Surgiu no início da passarela. Parecia ser apenas mais uma modelo num casaco de pele da coleção de inverno. Mas não era. Mais tarde a produção simplesmente não saberia explicar quem era aquela mulher. A equipe de modelos também não a reconheceu, e os seguranças balbuciaram desculpas.

Ela postou-se à entrada, séria, e cravou seus olhos negros por sobre a plateia. Um frisson correu pelo ambiente. Um vento frio cruzou o salão. Mas não se ouviu nenhum rumor, absolutamente nada, e flash nenhum foi disparado. A vida ficou suspensa e nada mais existiu. Um silêncio vindo de fora do tempo caiu sobre sua figura altiva, e naquele eterno segundo ela foi o anjo vingador: belo, justo e implacável.

E, no entanto, era linda, irresistivelmente linda… E sua figura atraía os olhos feito ímã. O casaco de pele de cor castanho deixava à mostra seus joelhos e os pés tocavam descalços a passarela. O rosto tinha traços indígenas sul-americanos e o cabelo negro descia numa trança pelas costas. E era rude e imperturbável seu olhar.

Pôs-se então a caminhar. Seu andar lento e seguro seguiu pelo silêncio frio da passarela, como se pisasse o interior de cada um. E em cada um o negrume dos seus olhos cravou-se sem dó, como um justiceiro que desnuda os pensares e nada escapa de seu julgamento. De repente, todos sentiram-se indignos, e era como se sua presença os enchesse a todos de uma dolorosa vergonha, vinda de algum lugar dentro deles mesmos.

Completado o percurso, ela parou e levou as mãos às costas. De um gesto libertou os longos cabelos, que espalharam-se pelo ar e assentaram-se sobre os ombros, pousando macios nas costas. Nesse momento a música disparou e as luzes coloridas voltaram a piscar. E o angustiante silêncio foi finalmente preenchido.

Agora era o ritmo frenético da música em alto volume. Agora eram as cores dos holofotes, piscando alucinadas. Seu passo tornou-se mais rápido. Ela percorreu o segundo corredor, perpendicular ao primeiro. E desabotoou o pesado casaco. Após o derradeiro botão, começou a girar, a girar, e seu casaco, acompanhando o movimento, parecia uma hélice. Aos olhos pasmos de todos surgiu o seu corpo nu, inteiramente nu. E ninguém conseguiu desviar o olhar daquele exótico bailado.

As primeiras gotas de sangue salpicaram os fotógrafos à beira da passarela, eles que depois perceberiam não terem feito foto alguma. O sangue bateu-lhes no rosto, no peito e atingiu os equipamentos. Surpresos, contorceram-se agoniados e cheios de nojo enquanto os primeiros gritos explodiam na plateia. Nas mesas mais atrás aquelas pessoas finamente vestidas viram, de um segundo para outro, suas roupas respingadas de sangue e também seus rostos e as taças de champanhe.

Enquanto ela girava e girava na passarela, o terror explodiu num grande rumor abafado pela música estrondosa. Rostos ensanguentados, semblantes apavorados. Roupas salpicadas de vermelho e gritos de pavor. Uns choravam descontrolados, sem compreender de onde vinha tanto sangue, outros corriam pela multidão sem saber para onde ir. Era de repente um imenso pesadelo, absurdo e real.

Então ela parou de girar. Livrou-se do casaco. Seu corpo nu surgiu inteiro e vigoroso sob o piscar das luzes. E ela caminhou para o lugar por onde entrara. O corpo nu avançou em passos serenos e decididos enquanto o braço arrastava atrás de si o pesado casaco, feito uma longa cauda castanha, deixando pelo chão um largo rastro de sangue.

Ela chegou ao início da passarela e foi recebida pelo estilista idealizador da coleção, que tentou falar, mas nada conseguiu dizer. Seu olho negro o atingiu em cheio, imobilizando-o, e por um momento ele viu não uma mulher, mas um bicho. Ela depositou pesadamente em seus braços o casaco ensopado de sangue, e antes de sumir para sempre, disse, bem perto de seu ouvido, para que a música não o impedisse de compreender o mais importante:

– É preciso matar quarenta raposas para fazer um casaco desses.

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Ricardo Kelmer 1996 – blogdokelmer.com

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vtcapa21x308-01> Este texto integra o livro Vocês Terráqueas – Seduções e perdições do feminino

 

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O íncubo – Íncubos eram demônios que invadiam o sono das mulheres para copular com elas, uma popular crença medieval. Mas… e se ainda existirem?

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O desejo da Deusa – Um encontro na praia, as forças da Natureza e um deus repressor

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O Mestre e a Cigana

30/07/2011

30jul2011

Jaqueline tem um jeito sedutor, ela e sua alma de cigana, altiva e escorregadia. Mas até os Mestres amam o perigo, por que não?

O MESTRE E A CIGANA

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Cesar é Mestre em Reiki, e mês passado veio ministrar um curso por aqui. Tem seus trinta e tantos, é um cara tranquilo, equilibrado e faz uma ótima massagem. Após a última noite do curso, levei-o para conhecer uns bares, o que ele aceitou de pronto, afinal por que um Mestre de Reiki não poderia curtir também certos burburinhos da noite?

Lá pelas tantas, nos aparece a bela Jaqueline, ela e seus olhos escuros, cabelos negros pelos ombros, os lábios vermelhos, o decote mal intencionado. Olhei de canto de olho para o Mestre e ele me sorriu, cúmplice. Jaqueline sentou, pediu uma Cuba Loca e convidou Cesar para beber com ela. O Mestre, coitado, não come açúcar, mas aceitou o sacrifício. Minutos depois, já estavam sintonizados, um papo animado, interesses em comum, essas coisas, você sabe como é. Jaqueline tem um jeito sedutor, ela e sua alma de cigana, altiva e escorregadia. Mas até os Mestres amam o perigo, por que não?

Esticamos até o Alambique e lá mostrei a ele, nas prateleiras do bar, as duzentas marcas de cachaça à nossa disposição. O Mestre olhou impressionado e me perguntou se eu conhecia todas. Só algumas, Mestre, mas experimente esta aqui que é muito boa. Brindamos à nossa saúde naqueles copinhos pequeninos e, enquanto eu e Jaqueline provávamos nossas doses com cuidado, o Mestre virou a dele de uma talagada só: crau! E ainda pediu outra. Olhei surpreso, sem saber o que pensar. O Mestre tomando cachaça. E daquele jeito.

‒ Agora me animei! – ele exclamou, rindo. – Dá-me o prazer de uma dança, senhorita?

E lá se foram os dois para o dancing, divertir-se com as músicas do Abba. No primeiro intervalo ele pediu outra dose. Temi pela sorte do Mestre. Que nada. Ele pressentiu o que eu pensava, olhou em meus olhos e falou que a hora era de diversão, que eu não me preocupasse, pois ele sabia de seus limites. E me aprontou outra: pegou meu copo no balcão com a boca, prendeu-o entre os lábios e, sem usar as mãos, numa rápida inclinada de pescoço, virou minha dose de Capão Grosso, vupt! E depois voltou ao dancing, feliz da vida. A mim me restou sorrir daquela peripécia corporal – quem diria que o Mestre possuísse tais habilidades?

– Que amigo interessante… – confidenciou-me Jaqueline. O Mestre havia ido ao banheiro. – Será que ele topa me fazer uma massagem?

Olhei praqueles olhos dissimulados que já desnortearam muita gente boa nessa vida, inclusive eu, e sorri. Aproveitei para dizer que estava cansado, que ela ficasse com meu amigo e o deixasse no hotel. Passei no banheiro e avisei a Cesar que seus serviços de massagista seriam requisitados aquela noite. Ele respondeu que já desconfiava e agradeceu. Desejei-lhe boa sorte e saí.

Enquanto voltava para casa, pensava no inusitado daquele encontro: um Mestre e uma cigana. Ele com seu equilíbrio e ponderação. Ela e seu destempero, o signo da urgência… Bem, ambos eram maiores e vacinados, que se entendessem. Só as fofoqueiras dos plantões das janelas é que sabem o que é bom ou ruim para os outros, eu não sei. E, afinal, ali estava um homem. Onde está escrito que ciganas não podem fazer parte do caminho de um Mestre?

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Ricardo Kelmer 1998 – blogdokelmer.com

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> Esta crônica integra o livro A Arte Zen de Tanger Caranguejos

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MAIS SOBRE SEXUALIDADE FEMININA

Religião certa e sexualidade errada – Com exceção daquelas mais ligadas à Natureza, as religiões atuais foram criadas por homens e refletem a mentalidade patriarcal dominadora

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O desejo da Deusa – Ela, ele, o desejo da Natureza e um deus repressor

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01- adorei o da cigana e o mestre rs…conheço uma história parecida!kkkkk obrigada! Silmara Oliveira, São Paulo-SP – ago2011



Estão abduzindo nossas mulheres

22/07/2011

22jul2011

Abdução em massa de brasileiras! E bem debaixo do nosso nariz. Alguém precisa fazer algo, senão só vai sobrar homem aqui

ESTÃO ABDUZINDO NOSSAS MULHERES

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Beleza? Sensualidade? O jeitinho de andar? Não sei exatamente o que a mulher brasileira tem, mas algo deve ter. Senão não tinha tanto ET cobiçando. Já reparou, meu amigo, que os ETs estão levando nossas mulheres? É um escândalo! Abdução em massa de brasileiras! E bem debaixo do nosso nariz. Alguém precisa fazer algo, senão só vai sobrar homem aqui.

Rumino sobre isso desde que fiz as contas e descobri, alarmado, que quinze amigas minhas já estavam vivendo com ETs. Quinze! É mais que um time inteiro. Elas levavam suas vidas normais e tinham suas profissões quando um dia… foram abduzidas. Num momento estavam ali, ao nosso lado, e no instante seguinte, puff, lá se iam na nave, pra sempre, viver em Modena, Boston, Munique…

Ah, não é nada agradável ver nossas meninas, tão lindas e poéticas, cultivadas com tanto carinho na estufa aconchegante da amizade tropical, de repente trocarem tudo pelo frio e por um branquelo gosmento que nem de futebol gosta. Que injustiça! Elas são alimentadas desde pequeninas com uma cultura alegre e morena, onde aprendem a ondular o corpo no ritmo natural das palmeiras ao vento, sabem deixar aquele cabelinho mimoso sobrando na nuca, têm aquele jeitinho brejeiro de chupar picolé de cajá enquanto falam no orelhão… e aí desce uma nave, sai lá de dentro uma criatura desengonçada com umas roupas estranhas e leva as meninas embora? Não, isso não tá certo. Tudo bem que fulana sempre teve fama de Maria Passaporte, só namorava ET. Mas a maioria não é assim.

Só pra piorar, um dia busquei quantos amigos homens foram abduzidos por ETeias. Encontrei um, unzinho. Quinze pra um? Tá desproporcional. As ETeias nada veem de interessante em nós homens brasileiros? Buáááá!

Imagino que sempre houve uniões entre pessoas de mundos diferentes, desde que, milhões de anos atrás, a tataravó da Chita viu aquele pitecanthropus pintosus da outra tribo se aproximando pra perguntar se ela tinha fogo. Mas a internet, a rapidez dos transportes e o aumento do turismo aproximaram mais as culturas e, com isso, as uniões interculturais aumentaram. Principalmente envolvendo as nossas chitas.

Lana, Fabiana, Isabella, Silvana, Michele, Andrea, Cris, Aninha… E as abduções prosseguem, mostrando que as brasileiras são altamente valorizadas no mercado abdutório. Antigamente, os ETs diziam: Leve-me ao seu líder. Eles eram meio gays. Hoje, eles endureceram a munheca e elas é que são levadas.

Estive pensando… Cá pra nós, meu amigo, será que não estamos dando conta do recado? Será que a exuberância da fauna local é tanta que nossos olhos já não a percebem como os de fora que aqui chegam? Estaremos sendo desatenciosos com nossas orquídeas?

Infelizmente a situação tá crítica, companheiro. Devemos reunir o alto comando e discutir o tema, urgente. Que tal sábado? Ah, é, não vai dar, tem a pelada. Hummm… Essas peladas, por exemplo. Todo sábado tem, são cinquenta e duas por ano. Que tal abdicarmos de uma pelada por um jantar romântico? Não, pra nós dois não, imbecil. Um jantar romântico com nossas mulheres. Vamos tentar, companheiros. Sacrificar uma pelada é muito? Você sugere meia pelada? Ah, entendi, a gente joga o primeiro tempo e sai no intervalo pro jantar. Claro, jantar romântico suado é o máximo.

Rudes… Será que somos brucutus demais? Mas rudeza é biológico, faz parte da natureza do macho. Menos dos ETs, claro, eles têm outra biologia. Então, derrotemo-los biologicamente! Hoje à noite, companheiro, você vai chegar batendo o pé na porta, pega ela pelos cabelos e arrasta pro jantar romântico. Aí, no motel, após o nheco-nheco, naquele doce momento do depois, você libera o cavalheiro que existe em você e diz assim: Amor, perdi a peladinha mas ganhei a peladona… Humm, esquece, essa foi péssima. Mas o importante é a bola dentro. Hummm, piorou.

Ah, quer saber? Elas gostam de ETs? Então que fiquem com eles. Nós ficaremos com as ETeias. Vamos atraí-las pro nosso país. Com subsídios e isenção de impostos. Isso mesmo! Vamos ensiná-las a ser como as brasileiras. Elas aprenderão a chupar picolé de cajá daquele jeitinho mimoso e a tirar piolho da nossa cabeça vendo a novela das seis. Saberão chegar na praia naquela poética alegria meio blasé, o andar deixando um rastro de bossa nova no ar, e depois estenderão jeitosamente a canga na areia e ajustarão o biquininho, mesmo o biquininho já estando no ponto, é só charme mesmo, e depois, e depois… Hummm, esquece. Jeitinho de brasileira não se aprende por decreto. Suspende os subsídios. Estamos fudidos.

Só nos resta partir pra ignorância: vamos junto com nossas meninas. É isso aí! A gente se esconde na bagagem. Lá a gente faz faxina, lava prato pro ET, dá-se um jeito. Longe delas é que não dá pra ficar…

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Ricardo Kelmer 2006 – blogdokelmer.com

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> Este texto integra os livros Vocês Terráqueas – Seduções e perdições do Feminino e Blues da Vida Crônica.

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01- Taí, não concordo com vc não. Os gringos têm mais é que levar a mulherada mesmo. Tem muita mulher nessa terra. Assim pelo menos diminui a concorrência rss. Agora falando sério, gostei do texto, assim como gosto de todos os seus textos. bjão. Sandi Nunes, Salvador-BA – jun2006

02- Gostei de “Estão abduzindo nossas mulheres”,mas isso é muito previsível,né?Achei o tema interessante e o questionamento do texto bem inteligente.Os marmanjos precisam ler isso. Sidiany Colares, Fortaleza-CE – jun2006

03- meu amor, vc foi brilhante!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! devo dizer que exprimiu perfeitamente a situação ! concordo com tudo o que vc falou, e na condição de menina com ET , devo dizer que o lance da pelada com os amigos me encheu muito o saco, mas por uma estranha sacanagem do destino encontrei um fanatico por futebol. o cara olha até o campeonato de futebol de botão da groelandia, pode? e eu volto a chupar o dedo ( não ria dessa expressão ! ) então devo dizer que se vc homen não uer ser trocado por qualquer outra raça ou não, domingo a tarde é bom pra ficar na cama ! mulher brasileira é tarada e todo mundo sabe ! quando estava com brasileiro, os caras ou eram doces demais ou selvagens demais…por que não um meio termo ? será pedir demais ? e quanto as femeas ETeias, posso dizer que são muito diferentes de nós tupiniquins. estão sempre preocupadas com a decoraçao da cama e etc. e nós só pensando e como arrancar a roupa dele , a nossa e os lençois ao mesmo tempo ! deu pra sacar a diferença? Michele Diamanti, Taranto-Itália – jul2006

04- O texto esta divino! Uma senhora homenagem a mulher brasileira. Adorei. Fabiana Vasconcelos, Boston-EUA – jul2006

05- Amigo, ficou maravilhoso! Sério mesmo. Suspeito que em muitas das suas leitoras – que por venturam já foram abduzidas – vai bater uma nostalgia do planeta natal… (Afinal, pegando carona nas associações tipo “troquei uma pelada mas ganhei uma pelada”, ou a da “bola dentro”, acrescentaria que é sempre bom levar na bagagem um ricardão) (Por acaso estava, Valéria ao meu lado quando abri seu e-mail. Daí foi só comentar com ela que era uma crônica sua que ela parou pra ouvir minha leitura – só foi interrompida pra darmos umas boas risadas e recuperarmos o fôlego, degustando cada linha até o desfecho de “macho derretido”. Valéria, que – ufa! -por pouco escapou de uma abdução no passado, mandou dizer que adorou.) Abração. Marcelo Pinto, Rio de Janeiro-RJ – jul2006

06- Li a crônica das abduzidas novamente e gostei, eu ja tinha gostado bastante do primeiro, mas ele era mais serio entao o final estava um pouco decepcionante porque acho que – ao menos nos mulheres – estavamos esperando uma solucao… agora ele esta mais leve e divertido de ler e o final acompanha o texto. Tantos causos no mundo sem solucao, por que eh que esse tem que ter uma, ne ? Mas seu questionamento foi muito valido, a ideia to texto eh original, e esqueci de comentar da outra vez o quanto adoro as surpresinhas nos seus escritos como a da bisavo da Chita pedindo fogo – hahaha! Eh tao inesperado no meio do texto, uma graca so, como a menina chupando picole de caja no orelhao… acho que para ver isso hoje em dia so no interior do Ceara, hein? Continue escrevendo e fazendo graca, ah, eu tenho visitado seu site mas nao tenho visto muitos apideiti… viciada no site do RK!!!!!!! KKKKKKKKKKK. Ana Claudia Domene, San Diego-EUA – jul2006

07- Olá! Olha, recebi seu artigo através de uma amiga e, sinceramente, tá show! Brilhante mesmo, interessante e super inteligente e olha q não perco tempo na net lendo coisas, rsrsrsrs Vc soube captar algo q é uma realidade em nosso país, o triste é a fama q se formou lá fora o q me deixou mt triste pq n sabia d nada disso, mas é isso aí, cada um escolhe seu destino.. De outra banda, falando como esposa d ET (rsrsrsr) s ele ver isso me mata (rsrsrs), olha nem todos são gosmentos e desengonçados, mt pelo contrário (toda regra tem excessão né) mas nós brasileiros somos especiais em todos os pontos pq somos uma perfeita miscigenação e disto se originou esse mix d qualidads q possuímos… quanto às Etéias (rsrsrs) n aconselho (rsrsrsr) são mesmo Etéias, algumas até mt belas, mas o q vale é o presente e não a embalagem (rsrsrs), são desengonçadas e nada femininas, não se iludam, nós brasileiras somos o q há d melhor neste mundo (ai caramba!!!!)! Mais uma vez Parabéns!!!! Anddy Sampaio – set006

08- POR FAVOR ETS: ABDUZAM MINHA SOGRA!!! Alberto Marsicano, São Paulo-SP – set2006

09- estava aqui me alegrando ao ler o delicioso texto de Ricardo Kelmer (é, seus textos são sempre deliciosos, a gente lê saboreando) desta vez de forma especial pelo fato de saber que já existe uma preocupação por parte do representante masculino brasileiro com relação às abduções de suas fêmeas. E enquanto indivíduo do sexo feminino posso atestar: O homem brasileiro é que nem o gordo iludido. Explico: Enquanto o magro saboreia lenta e atenciosamente seu prato favorito, ele (o gordo), falsamente reconhecido como expert gourmet, abocanha feroz e velozmente várias guloseimas, engolindo-as inteiras sem prestar atenção na quantidade, textura, tempero, temperatura e outras tantas nuances…todas apropriadas às suas papilas gustativas. Sem falar nos estímulos: visual, tátil, olfativo… Estão nos engolindo sem nos saborearem, enquanto os magros autênticos se deliciam com todas as nossas qualidades. O Homo Sapiens brasileiro perdeu sua conexão com seus instintos básicos e desenvolveu outra lógica e razão para sua existência. Vejam que sábio: Cerveja, futebol e rodinhas de outros homens. Desse jeito acabam mesmo “fodidos com u”. E nós, fêmeas com nossa peculiar malemolência brasileira, sabiamente, continuaremos a perpetuar a espécie preservando a miscigenação com os E.T’s “Uber Sexuais”. Refleti, homens brasileiros de boa vontade, antes que vós também sejais abduzidos!!!!!!! Karla Karenina, Fortaleza-CE – set2006

10- eu te adorei! adorei ler adorei que me mandou mail 🙂 obrigada querido! boa noite bom saber que existem pessoas maravilhosas como vc que da valor as mulheres brasileiras nem q seja…escrevendo heuheuh bju. Gisele Tavares, Porto Alegre-RS – set2006

11- Mto legal, eu mesma vou acabar indo para a Turquia…já estou com um pé lá. bjo. Christina Alecrim, Rio de Janeiro-RJ – set2006

12- Hahaha……adorei, e acho que você tem toda razão! Vou contar um segredo, eu a tempos atras, quase, quase fui abduzida, mas abri meus olhos a tempo. E agora tenho certeza, desta terra aqui, que chamamos Brasil, só saio pra fazer turismo. bjcas. Edna Mello, Fortaleza-CE – set2006

13- Maravihoso! Que texto leve , bem humoradíssimo e ao mesmo tempo sério , pque é a pura verdade . Nós somos mesmo tudo isso , mas , os brasileiros , cearenses principalmente esquecem de ser cavalheiros , romanticos e aí acabam dançando legal. Acho q. em qualquer lugar do mundo , nós gostamos de atenção , elogios , percepção aguçada … ser cortejadas , conquistadas a cada dia . Acho q. vc. vai namorar sempre brasileiras brejeiras . Pque vc. sabe bem do q. gostamos. Isabela Pinto, Fortaleza-CE – set2006

14- É… Estão abduzindo nossas mulheres e deixando a Heloísa Helena. Roberto Maciel, Fortaleza-CE – set2006

15- Caro Ricardo,Sensacionais seus textos !! Você está se superando. Eduardo Macedo, Recife-PE – set2006

16- É Kelmer, estou precisando ser abduzida mas não pra fazer trabalhos braçais, pesados sem graça. Queria sim se fosse para fazer algo em prol da humanidade; apesar de ter quase certeza que estamos chegando ao final e que as pessoas não estão muito preocupadas com isso! Mas eu ainda acredito na felicidade, na humanidade, na perseverança, na alegria e principalmente no altruismo. Estas pessoas que pensam que ir resolve problemas ou amenizam estão enganadas. Acho que são pessoas egoístas, preguiçosas e que passam por esta vida sem saber as suas missões, deveres e obrigações. Eu tento fazer da minha vida um paraíso! Beijosssssss! Paula Rabello, Rio de Janeiro-RJ – set2006

17- oi meu querido adorei, muito engraçado aliás eu adoro os tudo que vc faz vc sabe. como esta o meu escritor? olha eu não sei se foi só impressão mais acho que pelo ou menos 1% de ” estão abduzindo nossas mulheres” tem um pouco a ver comigo não???? rsrs kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk bjsssssssssss. Bell Rodrigues, Rio de Janeiro-RJ – set2006

18- ESSA SUA CRÔNICA SE É QUE EU POSSO CHAMAR ASSIM SOBRE MULHERES SENDO ABDUZIDAS POR ETS. SE DEVE AO FATO DE NOSSOS HOMENS NÃO ESTAR SABENDO COMO CUIDAR E TRATAR BEM DE UMA MULHER ACHO QUE NÃO É O SEU CASO MAS VAMOS COMBINAR QUE ESSE PAPO QUE ELES DIZEM DE PEGAR A MULHER NÃO ESTÁ COM NADA ENTÃO FAÇA UMA CAMPANHA PRA SERMOS MAIS VALORIZADAS COMO VC FAZ CONOSCO E NÃO SEREMOSA MAIS LEVADAS DAQUIIII BJOS. Silvia Helena Souza, Sta. Bárbara do Oeste-SP – set2006

19- Fui abduzida e com orgulho!!!!! Fui seduzida, não pelo gringo maravilhoso, alto, loiro de olho azul, educado, com grana, falando 5 línguas, viajado e inteligente, mas sim por um país, cultura, oportunidade de trabalho, valorizacão pessoal, direitos humanos e civilizacão adiantada. Acho que as mulheres que fizeram opcão por serem abduzidas são as mulheres desbravadoras, que nao querem pertencer a um só espaço. Fomos abduzidas não só pelo amor do homem que amamos, mas pelo amor a nós próprias, pela procura de respostas para todas as perguntas em todas as línguas que pudermos falar e se expressar, para que sejamos ouvidas nos quatro cantos do mundo. Amo meu país, e muito mais a minha cidade, sempre disse (engracado pensar nisso agora) que só sairia de Fortaleza se fosse para o mundo, como fiz… Quanto aos homens… A vantagem de ser abduzida por outro país é que além do descobrimento próprio, tem ainda a vantagem de encontrarmos o tal homem, maravilhoso, loiro de olho azul, educado, com grana, falando 5 linguas, viajado e inteligente. E como estamos morando na nave-mãe, tem muito mais alien interessante aqui do que aí. Nao é nada pessoal homem brasileiro, é só uma questao de aventura. Ivna, abdicada de Fortaleza – CE, no ano de 1997. Ivna Ramos, Boston-EUA – set2006

20 – Ricardo, adorei seus textos. Gostaria de saber se vc permite que eu publique aqui no Jornal de Hoje. Abs. Ailton Medeiros, Natal-RN – set2006

21- ei kelmer, o pobrema é a falta do material testoterônico brasileurooooo quem nao é viado é podi di feio barrigudo ou entao casado e tem a desproporcao das contas do ibge o negocio tá feio pras nossas muié inda bem q eu tenho meu macho e nao vendo nem troco bjs adoro receber teus escrito, leio sempre tudim e dou risada. Clarisse Ingelfritz, Fortaleza-CE – set2006

22- Porra! Se eu chamar um negro de negro, vão olhar torto pra mim. Se eu chamar de neguinho, vão dizer que é preconceito. Se eu chamar de neguinho catinguento … vou preso por racismo. E você, candidamente, chama os meus de “branquelo gosmento” E acha que vai ficar impune? Vai uma ova. Vou meter processo. Vou à TV. Vou me queixar pro Mainardi. E chega! Scaico, o ancião branquelo e revoltado. Marcos Scaico, Serra Negra-SP – set2006

23- Kelmer, adorei! Ana Lúcia Castelo, Newark-EUA – set2006

24- Olá, Adorei seu texto sobre abdução,hehehe, simplesmente ótimo. Patrícia Costa Pinto, Barbacena-MG – set2006

25- Acredito que estejam abduzindo a delicadeza dos brasileiros, que acabo por entender o porquê de nossas meninas estarem se encantando com os ETS que encontram pela frente . Afinal, muitas delas são ou foram mal tratadas pela vida e pela ilusão do amor. Minha constatação deve-se ao fato d?eu ser uma pessoa madura, independente, criando filho sozinha, esperando outro, inteligente, bonita, mas que vez por outra passa por situações muito esquisitas junto ao ?macharal?- Olha que fico atenta!- e vez por outra testemunho outras, inacreditáveis. Uma vez estava num salão de belezas daqui, em Fortaleza. Um local freqüentado pelas peruas mais endinheiradas da capital alencarina. ( O que não é o meu caso). Havia uma mulher de meia idade, bonita, escovando os cabelos. Quando ela se dirigiu para o balcão de pagamento, depois do cabelo arrumado e da maquiagem discreta, entra um homem, rude, mal educado e feio fazendo o seguinte comentário em sua direção: _ Esta demora todinha para ficar com esta cara! A senhora quedou-se tão constrangida que esqueceu de efetuar o pagamento, para voltar em seguida, mais constrangida ainda, pelo o que passou e pelo pagamento que esquecera de efetuar diante da sensibilidade rinocerontica do marido. (Suponho que seja!) Diante desses fatos Kelmer, viva os ETs! É bem verdade que muitas vezes essas meninas-jovens-senhoras se estrepam junto aos alienígenas, mas saiba que qualquer mulher, independente da idade, corre o risco que for para se saber amada, mesmo que ela uma dia perceba que fora só ilusão. Já valeu a tentativa! Daniele Bezerra, Prof/ Escritora/Gente/ Mãe/ Mulher/ Ser pensante/Carente/Forte/ Eu mesma/Alegre/Triste. Daniele Bezerra, Fortaleza-CE – set2006

26- gostei pra te ser franca,s nao entendi de que lado vc estar..mas pensando bem achoq ue vc nao estar de lado nenhum……mas gostei bem escrito bem pensado carol(cearensce-estudante de Iternacoinal Business ,levada pelo um ET com as mais pura e perigosas da doencas AMOR)rsrsrssrsr….. Carolina Holanda, Munster-Alemanha – set2006

27- Adorei…hehe muito engraçadinho…tambm não vejo sentido mulheres quererem “ets” rsrs…sou muito mais os brasileiros,belos,animados e com um toq de safadesa… e não acho que homens brasileiros não sejam romanticos,só falta se entregarem ao amor,quando isso acontece, vcs homens esquecem até a pelada… Amei sua crônica….beijos. Fernanda Dias de Castro, Ponta Grossa-PR – set2006

28- Bastante interessante o seu artigo !!!! Irei prestar mais atenção para ver se ao meu redor tem algum ET. rsrsrs……. Afinal…eles não curtem o futebol,né??? beijos. Fabiana Santos, Campo Grande-MS – set2006

29- Adorei o texto, muito bom, parabéns, tbm fui abduzida por vontade propria, mas detalhe: meu ET adora futebol, nao larga por nada sao duas vezes por semana, mas enfim tô satisfeita. Nao posso mentir que os Ets aqui olham mais pras mulheres que abduzem afinal as tiraram de seu planeta, e as valorizam por isso, nao sei se todos, mas nos casos em que conheco. Uma crítica inteligente, mas nao acho que os homens brasileiros estao nem aí pra isso, afinal o que nao falta é mulher no Brasil, quando se olha apenas pra embalagem sem se preocupar com o conteúdo, e há sempre uma embalagem mais bonita,especialmente se a que tinha antes já estava gasta…ai…ai…ai… a troca é constante, acho que isso as brasileiras coitadinhas bem conhecem. Um forte abraco e parabéns pela valorizacao da populacao feminina do Brasil. Risa, Augsburg-Alemanha – set2006

30- Amei o texto do comeco ao fim. Fui abduzida mas sou eu que tenho o nome “Alien” nos documentos. Os homens brasileiros nao estao piores ou estao se esquecendo de gostar e cuidar mais das mulheres. Eles nunca foram de fazer isso. Sao as mulheres que estao mais seletivas. Nao somos mais tao passivas e vamos em busca de um amor verdadeiro. Vamos a luta. E procuramos antes de tudo alguem que alem de ser bom amante seja bom marido e bom pai. No melhor sentido da frase “perpetuacao da especie”. E as diferencas culturais??? Dividimos curiosidades e adaptacoes culturais com outras “abduzidas” pelo orkut (comunidade “Meu Marido e Gringo). E Viva o novo planeta!! Etiene Sayger, Chicago-EUA – set2006

31- Li a sua crônica, achei sua visão analítica, poética, porém, real, proveitosa, eternizada no ponto de vista masculino.srsr Se Isaac Newton ainda estive entre nós , diria que , a gravidade da “Pelada” é o resultado que faz alguns homens “NUS” e nos deixam à busca dos “ET’s”, que crescem e nos acompanham na evolução humana! Ah! Se todos fossem “Ricardos” não iríamos na nave..srsr Beijão, estou na comunidade “Meu namorado é italiano” no orkut.srsr. Conceição Henrique Santos, Campinas-SP – set2006

32- rsrsrs quando entrei no site dele foi a primeira crônica que li… realmente esse cara sabe das coisas… e dá-lhe valor à essa mulherada de fibra e cheia de graça. Andréa, Orkut, Comunidade Mulheres Repensando Conceitos – set2006

33- Putz,adorei este texto.Recebi-o no meu email e fiquei feliz em vê-lo aqui. Eu fui abduzida meninas ahahaha que delícia. Só ele mesmo. Acho que o Ricardo deveria estar nesta comunidade,porque ele fala a mesma linguagem das mulheres apesar de ser homem.Eu adoraria! Celinha, Orkut, Comunidade Mulheres Repensando Conceitos – set2006

34- kkkkkkkkkk Agora li o texto completo..Adorei.Muito bem escrito. Os homens que se cuidem. Silene, Orkut, Comunidade Ich Liebe einen Deutschen – set2006

35- O rapaz fez uma cronica bem humorada e ao mesmo tempo crítica sobre a atitude de muitos homens brasileiros, que costumam serem exigentes com as mulheres sem no entanto oferecerem nada em troca.Estou generalizando, claro, mas posso dizer isso por experiencia própria e por experiencia de amigas, algumas esperando ja ha muitos anos por uma definicao do „namoro eterno“. Inês, Orkut, Comunidade Ich Liebe einen Deutschen – set2006

36- isto é realmente interessante! Deve-se mesmo refletir sobre o fato. Rejane, Orkut, Comunidade Meu amor é Alemão – set2006

37- eu nao troco meu E.T. por brasileiro nenhum nesse mundo! Gostei da abducao! Lígia, Orkut, Comunidade Meu amor é Alemão – set2006

38- Achei o texto machista, mas o cara escreve bem, em um tom jocoso sem ser ofensivo e uma coisa ele tem razão, é impressionante como há brasileiras casadas com estrangeiros. Érica, Orkut, Comunidade Meu amor é Alemão – set2006

39- aABDUZIDA??? è uma mistura de ABDICAR + SEDUZIDA???? Ana Flávia, Orkut, Comunidade Divã – set2006

40- rsrsrs quando entrei no site dele foi a primeira crônica que li… realmente esse cara sabe das coisas… e dá-lhe valor à essa mulherada de fibra e cheia de graça. Andréa Magnoni, São Paulo-SP – Comun. Orkut Mulheres Repensando Conceitos – set2006

41- Amei receber um texto seu! Quem sabe, com tantas abduções vcs aprendem a nos tratar um pouco melhor. Nada pessoal!!!! rsrsrs Manda sempre, assim eu mato as saudades. Qdo vc vem à São Paulo? bj no coração. Iara Cristina Costa Pinto, São Paulo-SP – out2006

42- Calma, amigo Kelmer. Isso acontece. É uma… polinização natural das espécies. Pois eu conheço quatro mulheres que abduziram, isto é, trouxeram seus ETs para vir morar aqui. E conheci dois homens que foram abduzidos. Talvez eu conheça mais casos, só estou lembrando estes poucos agora. Acho que mulher se desloca mais porque faz parte daquele velho paradigma do príncipe encantado, aquela definição paternalista de “homem”, que pega a mulher e meio que “adota”, e ela vai viver mais a vida dele que a vida própria. Acho que isso acontece mais com mulheres e, vejamos… já faz uns séculos. Sempre foi assim. Mas seu texto é maravilhoso como sempre! “meninas, tão lindas, tão poéticas, cultivadas com tanto carinho na estufa aconchegante da amizade tropical, de repente trocarem tudo pelo frio e por um branquelo gosmento que nem de futebol gosta” Quá quá qua! Tu tens a manha, companheiro. Luciano Es, São Paulo-SP – jul2011

43- Os rapazes brasileiros estão ameaçados hein! kkkkkk Cuidem bem dessas preciosidades rapazes, pois mulher brasileira é joia rara que o mundo todo quer: de biquini fio dental, pele bronzeada, andar dançante, cheiro de pirraça, olhar travesso e jeitinho alegre de ser. Quem não quer?! Renata Kelly, Fortaleza-CE – jun2014

44- hahahaha!Minhas amigas estão nessa mesma onda de sair pra passear e ver os gringos!hahaha.Mas não sei sabe, acho q eles têm um certo preconceito com a gente, de sermos saidinhas demais, e não feitas para casar, para não dizer outra coisa…Não sei até que ponto muitos gostariam de estar com minhas amigas.hehe. Ilana Dubiela, Fortaleza-CE – jun2014

45- Bom, muito bom, Kelmer! Cristiana Moura, Fortaleza-CE – jun2014

46- Todas as paga-pau de gringo que eu conheci tinham cabeça oca e rei na barriga. Deixe que levem, é um favor que nos fazem. Luc Lic, São Paulo-SP – jun2014

47- Não troco o homem brasileiro, principalmente o nordestino por homem de lugar nehum! Sou afortunada de ser brasileira e nordestina!hehe! Anosha Prema, Campinas-SP – jun2014

48- escreve muito bem esse carinha! Gisela Symanski, Porto Alegre-RS – jun2014

49- É por aí!!! Celina Beserra, Fortaleza-CE – jul2014

50- Nossa, incrível. Atenção rapazes… Suelen Brasil, Fortaleza-CE – jul2014

51- Achei um ótimo texto. Raquel Paiva, Fortaleza-CE – jul2014


Mulheres que adoram

18/02/2011

18fev2011

Dar prazer a uma mulher, fazê-la dizer adoro mil vezes por dia…

MulheresQueAdoram-02

MULHERES QUE ADORAM

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Elas agora estão com uma mania que eu, particularmente, acho saborosa. É o tal do “Adoro”. Quando querem dizer que gostam de algo, elas dizem simplesmente: adoro. Às vezes marcam bem as sílabas, pra serem enfáticas, a-do-ro. E quando gostam mesmo, puxam na sílaba tônica, adoooooooooro, o que ocasiona um ligeiro e lindo biquinho. Algumas preferem adorar de um jeitinho diferente, deslocando a tônica pro final, adorooooo. E se gostam muito mesmo, alucinadamente, capricham nas duas sílabas, adoooooroooooo!!! E as mais exageradas, aquelas que não querem deixar qualquer dúvida, descarregam a adoração na palavra inteira, aaaaadooooorooooo!!!

Já flagrei algumas a dizer adoro enquanto balançam a cabeça e reviram os olhinhos, como se estivessem em transe. Ou será que estão mesmo em transe e nós homens, tão limitados em nossa capacidade de entendê-las, achamos que estão fazendo tipo? E elas não apenas falam, mas também escrevem adoro em seus recadinhos pelo celular e na internet, perfumando a comunicação mundial com suas mimosas expressões de prazer. Dá vontade de agarrar a criatura, eu também te adoooroooooo!!!

Dar prazer a uma mulher, fazê-la dizer adoro mil vezes por dia… O que pode haver de mais recompensador na vida? Fazê-la rir, gargalhar, deixá-la toda molinha de tanto dar risada ‒ isso é uma diliça. Talvez eu tenha alma de palhaço, é bem provável, mas o fato é que mulher rindo é uma coisa maravilhosa de se ver, você não acha? Ouso dizer que uma mulher rindo é tão bonito e poético quanto uma mulher gozando. Bem, há gozos e gozos, eu sei, e há até os que vêm misturados com choro. Aliás, que louco isso, há mulheres que choram tanto quando gozam… Que prazer louco será esse que leva alguém às lágrimas? E por que só elas têm direito a esse nível de prazer? No começo, quando eu via uma mulher chorando no gozo, não sabia o que fazer e achava que estava machucando a moça ou que, sei lá, vai ver ela é louca. Mas ela dizia que não, tá machucando não, continua. Tem certeza?, eu perguntava, desconfiado. E ela, enfática: Continuaaaa!!!

E eu continuava, claro, doido é quem não obedece a uma mulher nesse momento.

Putz, desviei demais do assunto. Comecei falando da mania do adoro e terminei em orgasmos chorosos. Pensando bem, as duas coisas até que têm um pouco a ver. Só não pode é querer entender, aí já é pedir demais.

– Sninf…

– Tô te machucando, Jéssica Priscila?

– Sninf… sninf…

– O que foi, meu amor?

– Adoro.

– Ahn?

– Sninf…

– Não tô entendendo.

– Buááááá!!!

– O que foi agora?

– Aaaaadoooooorooooo!!!
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Ricardo Kelmer 2010 – blogdokelmer.com

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LEIA NESTE BLOG

InsightsECalcinhas-03Insights e calcinhas Uma calcinha rasgada pode mudar a vida de uma mulher? Ruth descobriu que sim

O íncubo – Íncubos eram demônios que invadiam o sono das mulheres para copular com elas – uma difundida crença medieval. Mas… e se ainda existirem?

Marchando com as vadias – Se ser vadia é ser livre para exercer a própria sexualidade, então todas as mulheres precisam urgentemente assumir sua vadiagem, para o seu próprio bem e o de suas filhas

A torta de chocolate – Sexo e chocolate. Para muita gente, as duas coisas têm tudo a ver. Para Celina, era bem mais que isso…

Suvinando priquita – Pois você acredita que tem mulher que suvina priquita? Parece mentira, mas é verdade

Me estupra, meu amor – Fantasiar ser estuprada é uma coisa – querer ser estuprada é outra coisa totalmente diferente

Kelmer Para Mulheres – Nesta seção do blog, homem fica de fora

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 COMENTÁRIOS
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01- simmmm, muito bom é assim mesmo. adoroooo! existem homens como vc, chico buarque, que observam muito o universo feminino e acabam sabendo mais de nós, do que nós mesmas. Arlene Amorim, Rio de Janeiro-RJ – fev2011

02- Ah, Ricardo Kelmer, se todos fossem no mundo iguais a você…Que maravilha viver! :)))) Parabéns pelo texto, pela leveza (liberdade) e pela sensibilidade. Adooooooooooooooro! :D. Márcia Oliveira, Fortaleza-CE – jul2011

03- Kelmer, eu adooooooooro essa sua crônicas!!!!!! Bjssssssssss. Ana Luiza Cappellano, Juandiaí-SP – jul2011

04- Ai, Kelmer, até você já percebeu isso? Pois eu ADORO, a-do-ro, adorooooooooooooo !!! rsrsr. Meire Viana, Fortaleza-CE – jul2011

05- A-DOOOO-ROOOOOO. Luciana Pessoa, São Paulo-SP – jul2011

06- Só agora, depois de “curiar” o seu blog é que entendi a história de mulheres que adoram….rs…pois é, aaaaddddoooooorrrrooooo seus textos. Rosângela Aguiar, Fortaleza-CE – ago2011

07- Adorei… Aliás Adooooooro Kkk muito boas palavras e vc tem razão! Compartilhei no meu face. Emile Rodrigues, Mogi das Cruzes-SP – jul2015


Mulheres na jornada do herói

15/09/2010

15set2010

É ainda mais interessante ver o relato das mulheres pois elas sempre foram, mais que os homens, historicamente reprimidas na busca pela essência mais legítima de suas vidas

A primeira vez que topei com o livro O Feminino e o Sagrado – Mulheres na Jornada do Herói foi quando eu lia a revista da Livraria da Vila. Lá estava ele num canto da página, a capinha e a sinopse, olhando todo manhoso pra mim, ei, cara, sabia que eu existo? Curioso, pedi ao atendente da livraria que me trouxesse um pra eu dar uma olhada. Ele procurou mas não encontrou nenhum exemplar na loja. Tudo bem, agradeci, vou pesquisar sobre ele na internet. E levei a revista pra casa. Ela, porém, terminou sumindo no meio da papelada sobre a mesa. E eu esqueci do livro.

Semanas depois eu tô no Espaço Cultural Alberico Rodrigues, em Pinheiros, e de repente vejo o livro sobre o balcão, sabia que eu existo, heim, sabia? Dessa vez peguei o danadinho nas mãos e li alguns trechos. E entendi porque nossos caminhos insistiam em se cruzar: esse livro tem muito a ver com meu trabalho. As autoras usaram as análises de Joseph Campbell pra desenvolver uma perspectiva feminina sobre o mito da jornada do herói, contando a história de 15 mulheres brasileiras e as transformações que elas viveram a partir do momento em que a força do mito irrompeu em suas vidas. É realmente um livro sensível e profundo, que pode inspirar a muitas mulheres e homens.

O livro queria que eu o levasse pra casa. Livros são muito carentes, sempre querem ser adotados, você sabe. Mas eu não tinha dinheiro e tive que deixá-lo lá. Dias depois minha amiga Bia me deu o livro de presente. Eu havia lhe falado dele e ela, que admira meu trabalho com cinema e mitologia, achou que poderia me ser útil.

Tô lendo o livro aos poucos. Vez em quando largo das dez mil coisas a fazer, escapulo do meu mundo de criações intermináveis e me deixo levar pela história de uma daquelas mulheres, seus caminhos percorridos, as crises, as superações… É sempre tocante saber como alguém um dia tornou-se o herói de sua própria vida. Porém, é ainda mais interessante ver o relato das mulheres pois elas sempre foram, mais que os homens, historicamente reprimidas na busca pela essência mais legítima de suas vidas.

Um dia conheci pessoalmente as autoras, Beatriz e Cristina. Tomamos um café e batemos um papo muito agradável. Elas me contaram sobre a experiência de entrevistar aquelas mulheres e de escrever o livro. Falaram também da palestra que fazem e sobre como é gratificante levar ao público aquelas ideias sagradas. Vi que são mulheres bem cientes do imenso poder de transformação do mito e do quanto o mundo precisa de pessoas que seguem seu verdadeiro caminho de autorrealização ou, como diria Campbell, seguem sua bliss. Parabéns, Cristina e Beatriz.

O Feminino e o Sagrado – Mulheres na Jornada do Herói
Beatriz Del Picchia e Cristina Balieiro
Editora Ágora, 2010

> Blog do livro

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Ricardo Kelmer 2010 – blogdokelmer.com

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Mais sobre liberdade e o feminino selvagem:

AMulherSelvagem-11aA mulher selvagem – Ela anda enjaulada, é verdade. Mas continua viva na alma das mulheres

A mulher livre e eu – A liberdade dessa mulher reluz no seu jeito de ser o que é – e ela é o que todas as outras dizem ou buscam ser, mas só dizem e buscam, enquanto ela tranquilamente… é

Em busca da mulher selvagem – Era por ela que eu sempre me apaixonava, essa mulher que era quem ela mesma desejava ser e não a mulher que a família, religião e sociedade impunham que ela fosse

Amor em liberdade – O que você ama no outro? A pessoa em si? Ou o fato dela ser sua propriedade? E como pode saber que ela é só sua?

As fogueiras de Beltane – As fogueiras estão acesas, a filha da Deusa está pronta. O casamento sagrado vai começar

Medo de mulher – A mulher é um imenso mistério, que o homem jamais alcançará

Alma una – Eu faço amor com a Terra / Sou a amante eterna / Do fogo, da água e do ar / Sou irmã de tudo que vive / Ninfa que brinca com a vida / Alma una com tudo que há

Quem tem medo do desejo feminino? (1) – A maternidade, a castidade e a mansidão de Nossa Senhora como bom exemplo, e a força, a independência e a liberdade sexual da puta como exemplo contrário, a ser jamais seguido.

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LIVROS

figlivrovocesterraqueas01Vocês Terráqueas – Seduções e perdições do feminino – Livro de contos e crônicas sobre a mulher

Mulheres que correm com os lobos – Mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem (Clarissa Pinkola Estés –  Editora Rocco, 1994)

A prostituta sagrada – A face eterna do feminino (Nancy Qualls-Corbert – Editora Paulus, 1990)

As brumas de Avalon (Marion Zimmer Bradley – Editora Imago, 1979)

Mulheres na jornada do herói (Beatriz Del Picchia e Cristina Balieiro – Editora Ágora, 2010) – É ainda mais interessante ver o relato das mulheres pois elas sempre foram, mais que os homens, historicamente reprimidas na busca pela essência mais legítima de suas vidas

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A Entrega – Memórias eróticas

14/06/2010

A Entrega – Memórias eróticas
Toni Bentley (editora Objetiva/2005)

Resumo extraído do site da editora:

Poucas mulheres praticam, e um número menor ainda admite fazê-lo. Desde “A História de O” até “O Beijo e A Vida Sexual de Catherine M.”, leitores se deixam fascinar por memórias subversivas escritas por mulheres. Mas nem mesmo esses clássicos eróticos ousaram desbravar o terreno que Toni Bentley explora em “A Entrega”. Ao conhecer um amante que lhe apresenta ao sexo anal, ato que ela define como “sagrado”, ela descobre um prazer radical e inesperado que a faz “despertar” e descobrir os caminhos de sua própria sexualidade. Nestas memórias ousadas e íntimas, escritas em primeira pessoa, a autora afasta o véu que esconde a experiência erótica proibida desde os tempos bíblicos e celebra “a felicidade que existe do outro lado das convenções, onde o risco é real e onde reside o êxtase”. Este livro é uma exploração sagaz, inteligente e eloquente da obsessão de uma mulher que fará os leitores questionarem seus próprios desejos. Trata-se de um relato sagaz e corajoso do percurso de uma mulher pelos labirintos do desejo e da alma.

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POUCOS E ESPERTOS LEITORES
Ricardo Kelmer 2007

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Uau, que livro!!! Erotismo subversivo de primeira. Dificilmente se verá tanta franqueza e coragem como no relato autobiográfico dessa bailarina que se aventura pelas possibilidades sexuais de seu corpo, fazendo-o altar sagrado e profano de sua busca angustiada por si mesma.

Solidão, insegurança, o trauma paterno, as categorias de homens, a competição com as mulheres, orgasmos, fetiches… está tudo lá, escancarado, feito as pernas de Toni dobradas para o alto, expondo toda sua intimidade ao deus-demônio que ela tanto busca. O mais interessante é a relação de Toni com o sexo anal, mostrando como a prática-tabu, inesperadamente surgida em sua vida, ensinou-lhe o caminho da libertação e da redenção através do prazer da submissão – olha que louco. Louco e deliciosamente pornográfico. Toni filosofa sobre sua irresistível preferência com graça, humor e profundidade (ops), mostrando como o homem certo pode quebrar os paradigmas de uma mulher, abrindo-lhe as portas para um mundo de prazeres que ela sequer sonhava existir.

É surpreendente a descontração com que Toni conta suas transas anais. É quase chocante a naturalidade com que ela fala de seu cu. Essa surpresa e esse choque que A Entrega provoca nos faz perceber que ele, o cu, está na fronteira de nossa sexualidade. Falamos de seios, paus e bucetas sem os velhos pudores de antigamente. No teatro há os monólogos da vagina e os diálogos dos pênis. Até mesmo o universo do sadomasoquismo é mostrado nos programas da tevê. Mas o cu não. Nem seu nome é bem vindo. E o sexo anal continua nos constrangendo nas rodas de conversa: quem não faz, diz que não gosta, e quem gosta, diz que não faz. Um tabu que resiste ao tempo.

O livro de Toni recebeu prêmios literários nos Estados Unidos, onde foi lançado em 2004, além de provocar certo escândalo. Aqui no Brasil, com a nossa fixação em bunda, ele provavelmente fará uma boa carreira, certo? Nem tanto. Talvez o tabu fale mais alto e a leitura de A Entrega fique restrita a poucos leitores. Poucos e espertos leitores.

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Ricardo Kelmer 2010 – blogdokelmer.com

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LIVROAEntrega-02LIVROAEntrega-04aLIVROAEntrega-03a.

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Capa do livro de Toni em edições de outros países

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Entrevista com Toni Bentley – jan2004 (em inglês)

Baixe o livro (pdf, 750 kb)

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LEIA NESTE BLOG

Por trás do sexo anal (1) – Se esotérico significa a parte mais oculta de uma tradição ou ensinamento, aquilo que somente iniciados alcançam após muito estudo e dedicação, então o sexo anal é o lado esotérico do sexo

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MAIS SOBRE SEXUALIDADE FEMININA

OIncubo-06O íncubo – Íncubos eram demônios que invadiam o sono das mulheres para copular com elas – uma difundida crença medieval. Mas… e se ainda existirem?

As Taras de Lara – Começando por trás – Por medo de engravidar, a menina Lara iniciou sua vida sexual pela porta dos fundos, e gostou

Lolita, Lolita – Ela é uma garotinha encantadora. E eu poderia ser seu pai. Mas não sou

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Vocês Terráqueas – Seduções e perdições do feminino – Livro de contos e crônicas sobre a mulher

A noiva lésbica de Cristo – Se hoje a sexualidade feminina ainda apavora a mentalidade cristã, no século 17 ela era algo absolutamente demoníaco

O Diário de Marise – A vida real de uma garota de programa

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Quem tem medo do desejo feminino? (1)

04/05/2010

04mai2010

Você consegue imaginar Nossa Senhora tendo desejos sexuais? Alguma vez na vida você a imaginou fodendo?

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Na Idade Média o desejo sexual feminino foi demonizado pela Igreja Católica, servindo de pretexto para levar muita mulher ao fogo da Santa Inquisição. Coisa de homem que morre de medo de mulher. Coisa de uma religião altamente repressora da natureza, inclusive a natureza humana. Coisa de uma sociedade comandada por homens que não conseguem lidar bem com o princípio feminino em si próprios e, por consequência, ao redor deles.

Mas a Igreja Católica não está sozinha nessa perseguição ao tesão feminino. Em todas as culturas patriarcalistas o feminino é reprimido e o tesão das mulheres então, nem se fala. Essas sociedades fazem de conta que suas mulheres não sentem desejo, não pensam em sexo, e assim tratam de convencê-las de que mulher deve apenas casar, ser uma esposa prendada e fiel, cuidar do marido e dos filhos… E isso não se discute, tá, minha senhora, é assim porque Deus quer, e agora reze dois pai-nossos e três ave-marias pra senhora tirar esses pensamentos malignos da cabeça.

O mais triste é que a maioria das mulheres dessas tais sociedades, ao menos no nível da consciência, realmente se convence de que seu desejo sexual é algo errado. E como não se discute o assunto, pronto, está criado o tabu, um bicho que se alimenta do silêncio. E se o desejo feminino é um tabu, o prazer feminino é um tabu ainda maior…

– Senhores do Conselho. Não podemos permitir que esse assunto seja sequer comentado. Perderemos as rédeas de nossos casamentos se as mulheres descobrirem que podem ter prazer.

– Pior. Perderemos as rédeas do mundo!

– E vamo levar chifre pra caramba…

Esse último comentário aí foi do faxineiro, que estava varrendo o corredor e escutou o papo. Foi despedido no mesmo dia.

Se você é muito jovem, leitorinha querida, talvez se surpreenda, mas até algumas décadas atrás ainda discutíamos seriamente sobre se existia ou não orgasmo feminino. Eu juro!

bendita sois vós

Como todos os arquétipos, o arquétipo feminino possui variados aspectos. Em nossa cultura ocidental, que ainda é patriarcal-cristã, o aspecto mais valorizado do feminino sempre foi o maternal, aquele ligado à reprodução e ao cuidado com a prole. Durante séculos o maior ícone feminino foi Maria, a mãe de Jesus. Você consegue imaginar Nossa Senhora tendo desejos sexuais? Alguma vez na vida você a imaginou fodendo? Certamente não. Porque Nossa Senhora é um símbolo que evoca apenas aspectos do feminino ligados não somente a maternidade mas também a pureza e castidade, além de mansidão e passividade. Nossa Senhora é uma imagem inteiramente assexuada.

Se maternidade é apenas um aspecto do arquétipo feminino, onde estão outros aspectos como força, sabedoria e desejo sexual? Afinal sabemos que uma mulher também é e sempre foi capaz de ser forte, sábia e de sentir tesão. Esses outros aspectos foram reprimidos, tão reprimidos que só lhes restou morar no inconsciente das mulheres. E mais: a Igreja, estrategicamente, as projetou em imagens negativas, principalmente na da prostituta, o que fez dela o maior símbolo da sexualidade feminina, ela e toda a negatividade automaticamente associada. Estava formada a dicotomia: a maternidade, a castidade e a mansidão de Nossa Senhora como bom exemplo, e a força, a independência e a liberdade sexual da puta como exemplo contrário, a ser jamais seguido.

Pra reforçar a repressão sobre o feminino sexualmente livre, a Igreja ainda transformou a Madalena dos evangelhos numa puta pecadora – mas uma puta que se arrepende, aaah bom, e que por isso tem seus pecados perdoados, ooohhh, e de bandida vira mocinha, louvado seja Deus!!! Bastante didático, admitamos. E que funcionou durante muito tempo. Porém…

dominando a natureza selvagem

Hoje, com a mudança dos valores, a emancipação das mulheres e a Igreja e seus ditames enfraquecidos, esses outros aspectos do arquétipo feminino se manifestam mais facilmente. As mulheres atuais podem exercer sua sexualidade de forma bem mais livre, sem medo de serem vistas como putas, pois aspectos como força, independência e desejo sexual não são mais privilégios das prostitutas. As mulheres podem agora ser fortes, ativas e senhoras de seus desejos livremente, e podem ser tudo isso ao mesmo tempo que são doces e maternais. A dicotomia foi finalmente quebrada, que bom.

A sexualidade livre e a independência são aspectos que ligam a mulher à sua natureza selvagem, ao seu lado animal, naturalmente livre, forte e sábio, conectado aos ciclos de crescimento. É o arquétipo do feminino selvagem, que durante séculos esteve reprimido no inconsciente. É por isso que os homens medrosos, o cristianismo e a sociedade patriarcal temem e reprimem o tesão feminino, porque sabem que não se domestica facilmente o que é selvagem. Uma mulher que tem consciência de sua natureza selvagem – como convencê-la a se aprisionar?

Para manter o domínio, a sociedade teve que fazer as mulheres esquecerem de sua natureza selvagem. E ainda hoje faz isso pois o medo da mulher independente continua existindo entre os homens – e até entre muitas mulheres. Mas mesmo presa e amaldiçoada, a mulher selvagem nunca morreu. O feminino selvagem está vivo, como sempre esteve. A diferença agora é que seus valores deixam o escuro do inconsciente das mulheres e aos poucos são incorporados pela consciência, tornando-as mulheres mais livres e independentes, mais fortes e ligadas à sabedoria natural. O mundo será mais belo e mais justo quanto mais o arquétipo do feminino selvagem for reativado em nossas mulheres, quanto mais elas perderem o medo de correr com os lobos.

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Ricardo Kelmer 2008 – blogdokelmer.com

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O texto a seguir foi publicado em 04.06.10, em minha coluna Kelméricas, no O Povo Online.
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O DESEJO FEMININO APRONTOU DE NOVO
Ricardo Kelmer

Esta semana usarei o espaço da Kelméricas pra me desculpar. Tenho um grande respeito por meus leitores e sei que aqueles que acompanham de perto meu trabalho acessam O POVO Online às sextas-feiras pra ler a coluna atualizada, bem fresquinha. Portanto, você que tá aí me lendo, desculpa pela coluna não ter sido atualizada semana passada. Vou explicar.

O texto não publicado se chama “Quem tem medo do desejo feminino?” e fala sobre a histórica repressão à sexualidade feminina. Ele foi enviado ao O Povo On Line mas não foi publicado. A resposta oficial do portal foi:

“Todas as colunas são lidas e publicadas apenas se estivem de acordo com a linha editorial do grupo. A coluna Kelméricas que deveria ter ido ao ar sexta-feira passada no O POVO Online continha expressões ofensivas aos devotos de Maria e palavrões e, portanto, optamos em não publicar em respeito aos leitores que professam o catolicismo.”

Foi-me sugerido que eu reescrevesse o texto. Decidi não reescrever. Agradeci e expliquei que não posso pautar meu trabalho pelo receio de que algumas pessoas se sintam ofendidas. Pra mim, escrever pensando nisso é um tipo de contorcionismo ideológico mais difícil que lamber o próprio cotovelo. E olhe que eu tenho a língua grande.

Sou leitor do jornal O Povo há 37 anos e desde 1993 escrevo em suas páginas. Do O Povo Online sou colunista desde 2004, com quase 300 textos publicados. Somando tudo, são muitos anos de uma boa relação de parceria que, mesmo sem envolver dinheiro, me traz muita satisfação e me mantém ligado às minhas raízes cearenses. E tenho um orgulho danado por todos os leitores que conquistei ao longo de todos esses anos, cada um deles. Sim, inclusive os religiosos raivosos que adoram me insultar, afinal eles também vêm aqui me dar a honra de sua leitura.

Mas e o tal texto? Ele tá em meu blog, disponível pra ser lido, avaliado e criticado.

O jornal tem suas razões, eu sei. E eu tenho as minhas. Mas entre as duas razões, estará sempre o leitor, a nossa razão maior.

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MAIS SOBRE SEXUALIDADE FEMININA

OIncubo-06O íncubo – Íncubos eram demônios que invadiam o sono das mulheres para copular com elas – uma difundida crença medieval. Mas… e se ainda existirem?

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O mistério da cearense pornô da California – Uma artista linda e gostosa, intelectual e transgressora, que adora perversões e, entre uma e outra orgia, luta pela liberação feminina

Lola Benvenutti e a coragem de viver – A única salvação possível é sermos quem verdadeiramente somos. Parabéns, Lola, por sua coragem e autenticidade

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MAIS SOBRE LIBERDADE E O FEMININO SELVAGEM

AMulherSelvagem-11aA mulher selvagem – Ela anda enjaulada, é verdade. Mas continua viva na alma das mulheres

A mulher livre e eu – A liberdade dessa mulher reluz no seu jeito de ser o que é – e ela é o que todas as outras dizem ou buscam ser, mas só dizem e buscam, enquanto ela tranquilamente… é

Em busca da mulher selvagem – Era por ela que eu sempre me apaixonava, essa mulher que era quem ela mesma desejava ser e não a mulher que a família, religião e sociedade impunham que ela fosse

Amor em liberdade – O que você ama no outro? A pessoa em si? Ou o fato dela ser sua propriedade? E como pode saber que ela é só sua?

As fogueiras de Beltane – As fogueiras estão acesas, a filha da Deusa está pronta. O casamento sagrado vai começar

Medo de mulher – A mulher é um imenso mistério, que o homem jamais alcançará

Alma una – Eu faço amor com a Terra / Sou a amante eterna / Do fogo, da água e do ar / Sou irmã de tudo que vive / Ninfa que brinca com a vida / Alma una com tudo que há

Os apuros do homem feminista – Minha busca por relações igualitárias foi dificultada também porque muitas mulheres, mesmo oprimidas, preferiam relações baseadas no velho modelo machista

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LIVROS

Vocês Terráqueas – Seduções e perdições do feminino – Livro de contos e crônicas sobre a mulher

Mulheres que correm com os lobos – Mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem (Clarissa Pinkola Estés –  Editora Rocco, 1994)

A prostituta sagrada – A face eterna do feminino (Nancy Qualls-Corbert – Editora Paulus, 1990)

As brumas de Avalon (Marion Zimmer Bradley – Editora Imago, 1979)

O feminino e o sagrado – Mulheres na jornada do herói (Beatriz Del Picchia e Cristina Balieiro – Editora Ágora, 2010) – É ainda mais interessante ver o relato das mulheres pois elas sempre foram, mais que os homens, historicamente reprimidas na busca pela essência mais legítima de suas vidas

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Inspiración, essa vadia

12/04/2010

12abr2010

E não adianta argumentar, seu signo é a urgência. Desejo não é coisa que se adie, ela sempre diz

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INSPIRACIÓN, ESSA VADIA

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Inspiración… Os poetas de todos os tempos, eles sabem: não há nada, absolutamente nada igual a uma noite com ela. Por isso é que, apesar de não estar quente, achei necessário um bom banho. Troquei as calças e a camisa, mas mantive o cabelo molhado e sem pentear, do jeito que ela gosta. Pus lençóis novos na cama e até pedi a uma das meninas da taberna, a Ruiva, que me emprestasse a escova de cabelos, uma do cabo de osso trabalhado, bem bonita, que ela ganhou do marroquino.

Eu empresto, mas só se o poeta fizer um verso pra mim – a Ruiva negociou. As meninas adoram poesia. Sorri, fingindo que não esperava por aquilo. Mas era uma troca justa, uma escova por um verso. Então improvisei quatro linhas, a dona da escova sentada em meu colo, e, ao fim, ganhei um beijo e a escova. E deixei a taberna, levando uma garrafa de vinho debaixo do braço e uma alegria mal disfarçada no canto da boca. Que ficassem e se divertissem eles, os amigos lascivos e as amigas embriagadas. Eu iria para casa, esperar por Inspiración. Nada como uma boa isca para atrair a cigana do imprevisível, os poetas sabem.

Maria de la Inspiración… Foram as meninas que me contaram que ela andava pelas ruas do povoado hoje de manhã. Que bela notícia…, pensei enquanto o som de seu nome me remetia às tantas alegrias que essa cigana desatinada me proporcionou durante a vida. Quantos versos lhe dediquei, cavalgando-a com paixão noites adentro? Poemas de saliva, rimas de sêmen, sonetos de suor…

É uma vadia, eu sei, eu sei, não precisa repetir. Todos sabem, e não há poeta que não o saiba deveras. O povoado inteiro a conhece, e as nossas pudicas mulheres a evitam quando ela, para alegria dos homens daqui, resolve aparecer. Mas isso certamente se trata de uma inassumida inveja por parte dessas respeitáveis senhoras recatadas e sem graça. Por não terem os homens na mão como os tem a cigana adorável. Tão bonita que nem precisava tanto. Ardente como nenhuma delas jamais poderá ser, de tão preocupadas com a vida alheia. E o vinho mais forte, creia, não embriaga tanto quanto a visão de seu corpo nu.

Mas, vadia. Dona de uma inconstância irritante. Como adivinhar o que pensa, saber o que realmente quer? Costumo dizer-lhe que ela é como são todos os felinos: aparecem quando não se espera, e se os chamamos, não vêm. Ela? Apenas ri, vaidosa da própria crueldade. Sim, ela é muito cruel. Usa e abusa de decotes generosos, servindo os seios em bandeja para a fome da noite. E se realiza, sim, como se realiza, sob os olhares dos homens. Então creio mesmo que deva se alimentar dos desejos alheios, a danada.

É fácil percebê-la numa festa: duas ou três canecas de vinho e lá está Inspiración a caminhar por entre as mesas, toda faceira e provocante, aceitando de bom grado tragos e elogios. Claro, desnecessário dizer que sua simples presença deixa enlouquecidos os árabes: da última vez presenciei meia dúzia de confusões. Os mais velados arregalam os olhos e coçam os bigodes – mas lhes transparece na cara o que lhes passa pela cabeça. Não creia, no entanto, ser possível subjugá-la. Ouse dominá-la e verá que escapole feito água entre os dedos. Submete-se apenas se lhe for vantajoso. Inspiración é tão fugaz quanto o brilho daquela estrela cadente.

E quando tenho a certeza de que homem nenhum a fará abrir as pernas dessa vez, eu inclusive, eis que vejo a vadia deixar a taberna de braços com o embriagado catalão, tão deslumbrado com a sorte que pagou bebida a meio mundo.

Eu a amo. Com desprezo, doçura e paixão, não nego. Mas essa sua volubilidade eterna nunca me dá tempo de me preparar. Aparece de surpresa em lugares ou situações que eu jamais esperaria. Surge de repente e eu, desprevenido, sinto-a insinuar-se lânguida pela minha virilha, as costas, o pescoço. E não adianta argumentar, seu signo é a urgência. Desejo não é coisa que se adie, ela sempre diz. E não é mesmo, não é mesmo, descobre a cada vez meu corpo vertido em beijos, minha alma convertida em versos.

Às vezes me enche de ciúmes, a diaba. Vejo-a na mesa de outros homens, sorridente, generosa. Mas não me permito levá-la tão a sério. Sorrio e entendo sua alma alegre e infantil. E quando inventa de dançar? Aí sim, é a própria expressão da felicidade. Solta os cabelos negros e com eles chicoteia o ar. Joga longe os sapatos e vai, rodopiando ao ritmo das palmas, tão cheia de graça e tão exata que penso se realmente não terá sido a dança inventada para ela. Seus movimentos aprisionam os olhares, e os homens se deliciam com a mais remota possibilidade de possuírem-na, e babam e gesticulam e se ensurdecem de tantos gritos e exclamações desvairadas. As meninas da casa são suas amigas, e ela sempre lhes traz roupas e enfeites e faz revelações pelas cartas sem cobrar. É uma dádiva essa cigana.

Marca encontros e me faz esperar em vão. Outras vezes acha de aparecer na pior hora possível. Rejeita meus versos em noites sem lua e em outras noites se deleita com eles e os deposita carinhosa em seu decote enluarado. Não tem jeito, previsível é coisa que Inspiración jamais conseguirá ser.

Mas certas iscas costumam dar resultado, sim. Por isso é que vim para casa mais cedo, deixei para trás a festa na taberna. A noite agradável, o vinho, o azeite da candeia renovado, meu corpo de banho tomado… Mel de atrair abelha.

“Armadilha”…, Inspiración dirá, já posso ouvir, o sorriso que eu bem sei nos lábios vermelhos. Então servirei mais vinho, apaixonado pelo seu pentear-se ao espelho, o cabelo negro dengosamente acariciado pela escova bonita a que ela não resiste. O corpo inflamável sob o vestido de pano fino… Candeia acesa em monte de feno seco… – eu já me vejo escrevendo depois sobre suas costas nuas, inspirado.

“O poeta está ficando ordinário” – ela sussurrará, virando-se na cama e me roubando um beijo. E eu, que certos escrúpulos já perdi:

“A gente se merece…”

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Ricardo Kelmer 1989 – blogdokelmer.com

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Este conto integra os livros:

> Vocês Terráqueas – Seduções e perdições do feminino
> Indecências para o Fim de Tarde

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MAIS SOBRE LIBERDADE E O FEMININO SELVAGEM

AMulherSelvagem-11aA mulher selvagem – Ela anda enjaulada, é verdade. Mas continua viva na alma das mulheres

Sexo tinto – Palmas para a musa dos inebriados

A mulher livre e eu – A liberdade dessa mulher reluz no seu jeito de ser o que é – e ela é o que todas as outras dizem ou buscam ser, mas só dizem e buscam, enquanto ela tranquilamente… é

Em busca da mulher selvagem – Era por ela que eu sempre me apaixonava, essa mulher que era quem ela mesma desejava ser e não a mulher que a família, religião e sociedade impunham que ela fosse

Amor em liberdade – O que você ama no outro? A pessoa em si? Ou o fato dela ser sua propriedade? E como pode saber que ela é só sua?

As fogueiras de Beltane – As fogueiras estão acesas, a filha da Deusa está pronta. O casamento sagrado vai começar

Medo de mulher – A mulher é um imenso mistério, que o homem jamais alcançará

Alma una – Eu faço amor com a Terra / Sou a amante eterna / Do fogo, da água e do ar / Sou irmã de tudo que vive / Ninfa que brinca com a vida / Alma una com tudo que há

Quem tem medo do desejo feminino? (1) – A maternidade, a castidade e a mansidão de Nossa Senhora como bom exemplo, e a força, a independência e a liberdade sexual da puta como exemplo contrário, a ser jamais seguido
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MAIS SOBRE INSPIRAÇÃO

O chamado da caverna – Mas talvez não, talvez se decida por entregá-la ao mundo, mãe que não pode criar o filho porque sua missão termina em parir

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DICA DE LIVROS

vtcapa21x308-01Vocês Terráqueas – Seduções e perdições do feminino
Ricardo Kelmer – contos/crônicas

Com que propriedade um homem pode falar sobre o universo feminino? Neste livro RK ousou fazer isso, reunindo 36 contos e crônicas escritos entre 1989 e 2007, selecionados em suas colunas de sites e jornais, além dos textos inéditos. Usando o humor e o erotismo, eles celebram a Mulher em suas diversas e irresistíveis encarnações, seja através de instigantes personagens femininos ou através do olhar e do discurso masculinos.

Ciganas, lolitas, santas, prostitutas, espiãs, sacerdotisas pagãs, entidades do além, mulheres selvagens – em todas as personagens, o reflexo do olhar masculino fascinado, amedrontado, seduzido… Em cada história, o brilho numinoso dos arquétipos femininos que fazem da mulher um ícone eterno de beleza, sensualidade, mistério… e inspiração.

Mulheres que correm com os lobos – Mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem (Clarissa Pinkola Estés –  Editora Rocco, 1994)

A prostituta sagrada – A face eterna do feminino (Nancy Qualls-Corbert – Editora Paulus, 1990)

As brumas de Avalon (Marion Zimmer Bradley – Editora Imago, 1979)

Mulheres na jornada do herói (Beatriz Del Picchia e Cristina Balieiro – Editora Ágora, 2010) – É ainda mais interessante ver o relato das mulheres pois elas sempre foram, mais que os homens, historicamente reprimidas na busca pela essência mais legítima de suas vidas

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Comentarios01COMENTÁRIOS
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01– Achei lindo o conto da cigana. Como diria Oswaldo Montenegro em sua musica, “Virtuosa e profana Pra cantar o sol. Dança, dança, dança pra cantar o sol Todo ao amor que emanar, pra cantar o sol Fiz do meu corpo cabana Pra cantar o sol…” e por aí vai. Acho que essa coisa de mistério que envolve os nômades é que faz tudo ficar ainda mais encantador, lindo!! Marcia Morozoff, Brasília-DF – jan2006

02- Viva a você, caro amigo. Nos delicia com tuas linhas sempre sinuosas como uma bela e incomível cigana. Viva o Phoder da palavras bem ditas e mal ditas idem Só para te passar um grande abraço. Maninho (Aluisio Martins), Fortaleza-CE – jan2007

03- costumo fugir do mundo real ás madrugadas no bate papo do meu estado…meu personagem é esssa mulher sobre quem ecreveu…assim me visto assim me imponho. sou conhecida como “vadia”. meus devaneios ficam apenas alimentando ou atormentando espíritos inocentes me sinto gostosa faço meus parceiros delirarem…é tudo virtual, não permito encontros mas eles só descobrem isso quando já estão envolvidos enebriados, seduzidos…e eu me vou deixando-os livres…para sonharem comigo. bjs amigo. Diva, Macapá-AP – abr2007

04- Curioso. Será a musa, sempre feminina? Se pensarmos nela como “Inspiracion”, sim. Sempre sim. Alma, fada, algo diáfano que se deixa penetrar pelo espírito masculino. Mas quem (ou o quê) inspira as mulheres a escrever? Levanto a peteca porque o Ricardo nos dá uma imagem feminina da inspiração assim como fizeram os escritores de todo o Mundo. Digamos então que existe a ECLOSÃO. E que esta, apesar de substantivo feminino, é notoriamente masculina. Assim se chama meu “muso”. E ele chega como um Cavaleiro do Fogo, um Príncipe de Bastões me obrigando a fazer sua vontade. E escrever que nem uma louca, num astral de emergência. Por falar nisso, por onde andará meu cavaleiro? Monica Berger, Curitiba-PR – ago2007

05- A colocação da mulher, que mesmo sendo vadia, tem todo o encantamento do homem… lindo! Será que todas nós temos um pouco de Inspiración? Mulheres masculinizadas… isso no sexo masculino agora tem até nome, e é: metrossexualismo! Concordo no ponto em que mulheres devem exigir direitos iguais, mas não perder o jeito feminino! Talvez isso pareça contraditório para algumas pessoas… Pamela Bathory, Juiz de Fora-MG – set2007

06- O texto da Inspiración é um de meus favoritos. Aprecio a Espanha (que duplo sentido! rs) e, como danço Salão, já me arrisquei no flamenco…Enfim. O conto é maravilhoso e, ao contrário da comentarista anterior, eu não diria ‘apesar de ser vadia’, mas justamente por sê-la. Engraçado como as pessoas sempre intepretam um sentido pejorativo nisto… Estou ansiosa pelo novo livro, e sempre estarei passando por aqui para conferir os novos escritos. Abraços. Mariana Melo, Maceió-AL – set2007

07- Talvez todas mulheres sejam Inspiración, não que sejam vadias, mas que seja mulher, que não sejam marrentas; mulheres que tem suas curvas, saliências e reentrâncias. Um bom conto. Abraços! Kelly Cristina, Fortaleza-CE – set2007

08- Correndo o risco de estar um pouco atrasada, mas gostaria de dizer que achei muito lindo o texto sobre a Inspiração, rsrs, uma vadia! a frase que mais gostei foi: “à minha maneira eu a amo. Com desprezo, doçura e paixão”. Essa mulher me lembra Lilith. Adoro Lilith. Um abraço, e que Inspiración te acompanhe! Fabiane Ponte, Curitiba-PR – set2007

09- Inspiración vadia é tão linda!!!!!! CIGANA DO IMPRVISÍVEL É DEMAIS!!!! Beeeijo calliente na tua Alma Cigana Na tua Bela e Perigosa Inspiración. Patrícia Lobo, Salvador-BA – jun2011

10- O texto “Inspiracion,essa vadia”,lido na faculdade, me despertou curiosidade para ler o Vocês Terráqueas. Rita Queiroz, Fortaleza-CE – jun2012

11- É incrível esse texto. O sentimento do personagem para com Inspiracion, é o que me chama mais atenção. É um desejo carnal que entrelaça com um sentimento que foge dos preconceitos e esteriótipos social. INSPIRACION, me faz recordar alguns episódios da vida cotidiana. Wescley Gomes, Fortaleza-CE – fev2014

12- Incrivelmente sensacional… Carla Falcão Bouth, São Paulo-SP – fev2014

13- Está bem romântico. Mais que o seu habitual. Luc Lic, São Paulo-SP – fev2014

14- Gostei… Erika Menezes, Fortaleza-CE – fev2014

15- Adoro este texto !!! Há uma ambiguidade no nome da personagem…Todo escritor, poeta para escrever/criar precisa de inspiração. Então nada melhor do que esse habilidade ser retratada como uma mulher cheia de mistérios, indomável…Lindo!!!Adoooooro. Michele Nagle, Fortaleza-CE – fev2014

16- adoooru. Sandra Xavier Amarantha, Poá-SP – fev2014

17- Huuuuuuum, obrigada pela homenagem Ricardo Kelmer. Esse poema deixa a gente suspirando, pois encontramos sempre um tanto de Inspiración dentro de nós. Essa alma de cigana dançante há sim em todas as mulheres, mas , infelizmente, nem todas a expressam, nem todas conseguem ser inspiração. Felizes aquelas que dançam a vida, encantam os corações dos seus espectadores e levam ao mundo a sua alegria! Sandra Xavier Amarantha, Fortaleza-CE – fev2014

18- Inspiración… Adoooooro! Renata Kelly, Fortaleza-CE – mai2014

19- E perfeito! Amei. Amanda Rangel Ryback Lobo, Carlópolis-PR – fev2017

20- Meu “signo é a urgência”… Adoro esse texto. Christiane Oliveira, Rio de Janeiro-RJ – fev2017

21- Nossa gostei de mais principalmente da parte que fala que o poeta e está ficando ordinario e você com certos escrúpulos rsrsrsrsrd parabéns lindas palavras e pensamentos bem certos gosto dos seus poemas são bastante inspiradores 😀 uma boa tarde querido amigo. Silvanna Carvalho – fev2017

22- Uau. Que texto esplêndido. Adorei. Ana Paula Mayer, Boa Vista-RR – fev2017

23- Maravilhoso amei. Anairda Dry Lima, Rio de Janeiro-RJ – fev2017

24- Adorei amigo parabéns e obrigado por compartilhar. Lili Liliane, Poços de Caldas-MG – fev2017

25- Uau! sim!! Maravilha de cigana que encanta e deslumbra a todos e aparece sem pedir e faz da vida a liberdade de seguir seus desejos e emoções irresistível e urgente, está sempre presente quando é preciso ser feliz e esquecer dos padrões e se deixar levar pelo seu pulso vibrante da paixão. Eu já vivi muitas vidas assim…faz parte de mim faz parte de nós. Gratidão pela fuga poética que me embriagou…bjos!!! Bya Blanco, Rio de Janeiro-RJ – mar2017

26- Maravilhoso me indentifiquei kkkk muito bom!!! Gostei da parte que ela não consegue ser previsível. Anabela Simões, Feira de Santana-BA – mar2017

27- Que lindo. Elizandria Vieiro, mar2017

28- Adorável cigana imprevisível… Muito bom texto! Neyane Macedo Infurna, Rio de Janeiro-RJ – mar2017

29- Encantada, amigo! Sarah Carvalho, Campo Maior-PI – mar2017

30- Inspiración o verdadeiro espelho de muitas mulheres… Que no qual eu me incluo. Perfeito! 👌💃 Vivi Oliveira, Seropédica-RJ – mar2017

31- mto bom. Aline Lira, São Caetano do Sul – mar2017

32- Lindo amei. Lucineia Seiberth Kamke, mar2017

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Cerejas ao meio-dia

28/02/2010

28fev2010

Linda e poética, ela dá a volta no carro e todas as buzinas se calam. Claro, um poema de cereja em plena avenida, não é todo dia

CEREJAS AO MEIO-DIA

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Alto meio-dia de sábado. Converso com um amigo, à porta de sua loja, os carros passando na avenida, quando de repente ela surge. Caminhando na calçada, devagar e tranquila, aquele jeitinho avoado dela. Cabelinho solto. Sandalinha. E o vestidinho vermelho. Hummm, o vestidinho… Sabe cereja de bolo? Dessa cor. Quando vejo, a cereja sorri pra mim, aquele olharzinho sapeca que já desconcentrou muita estátua importante. Aquele sorrisinho doce que eu conheço e que me faz ficar derretido. Que nem chantili na boca.

Mas para o mundo um pouquinho, por favor, para. Devo estar vendo coisas. Aceno pra ver se é verdade. É verdade, ela dá com a mãozinha assim, meio torto, cereja é adoravelmente desajeitadinha. A brusca poesia da cereja que passa, diria o poeta. Mas talvez seja miragem, digo eu. Nunca se sabe, esse sol forte na moleira, melhor conferir. Num impulso, deixo o amigo falando sozinho, entro no carro e acelero. Anteontem ela estava na fila do cinema, o mesmo vestidinho, e eu fiquei louco pra puxar papo, mas fico tímido quando me interesso por uma mulher, é uma desgraça. E agora ela de novo, o destino dando uma forcinha, convém não rejeitar. Se por causa de um grito se perde a boiada, imagine uma cereja.

Crau! Cem metros depois lá está a cereja caminhando. Encosto devagarinho pra ela não assustar, os carros buzinando atrás: A dama de vermelho quer carona? Ela para, sorri chantili e ajeita o cabelinho que o vento despenteia, ajeita de novo, despenteia, ô vento chato, né? Ela imediatamente faz piada com o fato de estar com o mesmo vestido da noite do cinema. Deixe disso, cereja, por mim você pode usar esse vestido todos os dias, viu, usar e tirar, usar e tirar… Não, eu não digo isso, claro, só penso. Minha canalhice não vai a tanto. Lembre-se, sou um sujeito tímido.

Linda e poética, ela dá a volta no carro e todas as buzinas se calam. Claro, um poema de cereja em plena avenida, não é todo dia. Não era pra estar ali, é uma falha na Matrix. Ela entra e senta, perninhas juntas. Tento não olhar, juro, mas não dá. De perto é ainda mais suculenta. Ai, ai, somos dois desajeitados num momento crucial da vida. Como são ridículos os terráqueos… Procuro algo pra dizer, mas tenho a mais absoluta certeza que direi bobagem. Penso em coisas triviais, mas subitamente me toco que tudo que penso tem conotações sexuais, que coisa impressionante a minha mente. De carro é mais gostoso, né? Ou: se quiser reclinar o banco…

As opções são péssimas. Decido então falar do tempo. Mas quando abro a boca… ela pede pra eu parar, havíamos chegado. Já?! Que pena, eu ainda tentava sintonizar uma FM. Ela agradece, beijinho no rosto e desce. O lobo mau fica no carro, tristonho, olhando Vestidinho Vermelho atravessar a rua, sem entender o sentido de tudo isso. Não, tem que haver algo mais, as deusas do destino têm muito o que fazer, elas não se dariam ao trabalho de promover esse reencontro e tudo terminar assim, não, não faz sentido…

Os impulsos, ah, os impulsos… Ei, tenho um presente pra ti!, grito de repente, é a primeira coisa que me vem. Ela se vira e vem até a porta. Entrego-lhe um exemplar de Indecências para o Fim de Tarde, digo que é presente de aniversário. Ainda está longe, ela responde, e eu contra-ataco: o tempo é relativo, beibe. Hummm, que idiotice. Ela sorri sem jeito, e diz um obrigado daqueles que entra por um ouvido e não sai mais. Aí acontece algo incrível, algo que nem mesmo minha mente pecaminosa ousaria prever: cereja se inclina… aproxima seu rosto e… me beija levemente… no cantinho… da boca. E vai-se embora, faceira e cruel como só as aparições do meio-dia podem ser. Não. Isso não se faz com o cidadão trabalhador e pagador dos seus impostos. Não se faz.

Babando chantili. Ainda estou lá, sentado dentro do carro, babando chantili. E séculos se passam. Nascem e morrem os impérios… Eras glaciais… O sol se apaga… Quando dou por mim, ela já sumiu. Cerejinha se foi. Dessa vez, pra sempre. Ou pelo menos até o nunca mais do quem sabe quando. Mas quando? Eu sei. Quando ela, súbita falha na Matrix, surgirá atrapalhando o trânsito, vindo novamente suculenta em seu vestido vermelho. Sim, o vestidinho vermelho, que ela não sabe, e nem vocês vão dizer, é segredo, mas ela veste especialmente pra mim.

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Ricardo Kelmer 2004 – blogdokelmer.com

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Esta crônica integra o livro
Vocês Terráqueas
Seduções e perdições do feminino

Com que propriedade um homem pode falar sobre o universo feminino? Neste livro RK ousou fazer isso, reunindo 36 contos e crônicas escritos entre 1989 e 2007, selecionados em suas colunas de sites e jornais, além dos textos inéditos. Com humor e erotismo, eles celebram a Mulher em suas diversas e irresistíveis encarnações. Ciganas, lolitas, santas, prostitutas, espiãs, sacerdotisas pagãs, entidades do além, mulheres selvagens – em todas as personagens, o reflexo do olhar masculino fascinado, amedrontado, seduzido. Em cada história, o brilho numinoso dos arquétipos femininos que fazem da mulher um ícone eterno de beleza, sensualidade, mistério… e inspiração.

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LEIA NESTE BLOG

Insights e calcinhas – Uma calcinha rasgada pode mudar a vida de uma mulher? Ruth descobriu que sim

Mulheres que adoram – Dar prazer a uma mulher. O que pode haver de mais recompensador na vida?

Kelmer Para Mulheres – Nesta seção do blog, homem fica de fora

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Comentarios01COMENTÁRIOS
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01 – Muito fofo!!!! Christina, Rio de Janeiro-RJ – mai2006

02- adoreeeii. Danielle Freire Milfont, Fortaleza-CE – mar2011

03- Gostei tbm… rsrsrsrss. Michelle Costa, Fortaleza-CE – mar2011

04- Adoro todo vestido vermelho… Já li este conto p um grupo de internos de uma casa de saúde mental. Só uma louca p levar a obra de um louco p os outros. Paula Izabela, Juazeiro do Norte-CE – mar2011

05- adorei a ‘cereja’. Gloria Sousa, Fortaleza-CE – mar2011

06- Uma delícia, adorei!! 🙂 Mabel Amorim, Campina Grande-PB – mar2011

07- Essa história aconteceu de verdade? Lindalva Barbosa, Fortaleza-CE – nov2013

08- Sempre trabalho esse texto em sala. Eles adoram! Dalu Menezes, Fortaleza-CE – nov2013

09- Adorei! Hummmm… porque o texto tem aquele flerte meio sapeca nele, o tipo que deixa o dia da gente mais feliz, sabe? Não aquela coisa forçada de pegação, mas só aquele gostinho, que faz a gente querer mais. Só que não pode, muita cereja doce de uma vez só da dor de barriga… Marina LF, Porto Alegre-RS – nov2013

10- Será que realmente os homens reparam em mulheres na rua assim? Ou só reparam em cerejinhas mesmo? Marina LF, Porto Alegre-RS – nov2013

11- Rsss…. imaginação fértil. Claudia Maria Crivellente, São Paulo-SP – nov2013

12- amei demais!!! Luciene Maia, Fortaleza-CE – nov2013

13- Nesse, como em outros contos RK Eu sempre fico vendo a cena, imaginando as pessoas exatamente com cada palavra, respiração… Enfim dou bastante risada com o desastrado sedutor da história… E tem códigos embutidos é? kkkkk Cereja má mesmo, mas quem manda ele ser lento? Ivonesete Zete, Fortaleza-CE – nov2013

14- Hummmm bom. Sandra Allegreti, Fortaleza-CE – nov2013

15- Continuas sonhando, nem Freud explica. A gente continua o mesmo, so o tempo passa hehehe. Roberto Studart Soares, Fortaleza-CE – nov2013

16- Ricardo meu parabéns adorei, vestidinho cereja e sorriso chantili… Grazy Ribeiro, Orlândia-SP – jan2017

17- Viagei …Ricardo rs muito Lindoooo. Jeane Russo, Praia Grande-SP – jan2017


CerejasAoMeioDia-07a


Mariana quer noivar

24/01/2010

24jan2010

Você abdicaria das relações amorosas em sua vida em troca de dinheiro ou sucesso na carreira?

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MARIANA QUER NOIVAR
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Em 1991, quando eu morava em Manaus, conheci uma entidade da Umbanda que me causou forte impressão: a cabocla Mariana. Anos depois, escrevi um conto sobre ela, O Presente de Mariana, que está em meu livro Guia de Sobrevivência para o Fim dos Tempos, publicado originalmente em 1997. É um dos contos de que mais gosto.

A crença em Mariana adquire nuances diversas dependendo da região do país, mas a versão à qual fui apresentado conta que Mariana foi encantada aos dezessete anos e meio, tem a pele branquinha, olhos azuis e cabelo ruivo cor de telha, é bonita, graciosa e brincalhona, e dá conselhos gerais aos que a procuram ‒ mas sua especialidade, digamos assim, é noivar com os homens. Noivar com Mariana significa fazer um pacto com a entidade: ela ensina ao homem a ter sucesso nos negócios, mas, em troca, exige exclusividade em sua vida. Isso significa que o noivo jamais poderá ter qualquer outra mulher, pois Mariana simplesmente não permitirá.

Há vários aspectos interessantes envolvidos na crença. O tema faustiano da venda da alma, por exemplo, está imediatamente visível. É aquela velha história, bem conhecida de nós pobres mortais: que preço estamos dispostos a pagar pelo que desejamos conquistar? Você abdicaria das relações amorosas em sua vida em troca de dinheiro ou sucesso na carreira? Num mundo onde o que importa é ser alguém, mas que seja alguém rico e famoso, muitas pessoas vendem suas almas nesse sentido, priorizando os negócios e a carreira em detrimento de suas relações amorosas, o que as leva a errar por um sem-fim de relacionamentos insatisfatórios. Vencedor nos negócios, infeliz no amor.

Fazendo uso agora da psicologia arquetípica, vemos em Mariana uma versão curiosa do arquétipo da menina-mulher, aquela que, com sua irresistível mistura de inocência, encanto e malícia, nos seduz e nos arrasta pelos redemoinhos das loucas paixões inconsequentes. Seduzido por Mariana, o noivo é guiado por um tipo de sabedoria de ordem racional e prática, e tem sua energia criativa direcionada para o sucesso profissional com tal intensidade que, de fato, ele o consegue, ou seja, Mariana cumpriu sua parte. O pacto funcionou.

Porém, se por um lado Mariana tem essa sabedoria para ofertar, por outro lado ela é uma adolescente geniosa, ciumenta e possessiva. O noivo de Mariana não escapará de seus caprichos. Focado no reino dos negócios, ele adquire a sabedoria racional necessária para se realizar profissionalmente, sim, mas no reino dos relacionamentos ele possui a idade de sua noiva, dezessete anos e meio, uma espécie de limbo evolutivo, um nem lá nem cá da maturidade psicológica em que a ingenuidade, a possessividade e os caprichos infantis não dão espaço a uma relação adulta e sadia. Preso num estágio infantilizado dos sentimentos, o noivo de Mariana inconscientemente boicota seus relacionamentos amorosos com a sua visão ingênua das relações, sua insegurança e seus joguinhos de controle e poder, e ao fim sempre põe tudo a perder. Ele sofre com isso, mas não consegue escapar desse padrão de comportamento, pois jurou ser fiel à sua noiva.

Mariana seria, assim, um complexo autônomo que se instala na psique masculina e desenvolve intensamente a função racional (pensamento), levando o ego a direcionar a atenção aos negócios e conduzindo o indivíduo ao sucesso profissional, ao mesmo tempo que mantém subdesenvolvida a função oposta (sentimento). O noivado com Mariana é, então, um pacto interno e inconsciente que o indivíduo faz consigo mesmo em nome da realização profissional, mas que provoca um perigoso desequilíbrio psíquico. O noivo de Mariana é um indivíduo racionalmente desenvolvido, capacitado para o mundo dos negócios, mas sentimentalmente imaturo. Dê uma olhada nos homens financeiramente muito bem-sucedidos e certamente encontrará entre eles alguns noivos da caprichosa entidade.

E as mulheres? No contexto ritualístico da Umbanda, pelo menos até onde sei, a cabocla Mariana não noiva com mulheres. Entretanto, o fato dela possuir tais habilidades para os negócios, um dom mais ligado ao princípio yang, sugere que ela também possui em sua constituição algum componente masculino. Isso significa que ela é um complexo psíquico dual, dotado de elementos femininos e masculinos, yin e yang. Assim sendo, a mesma dinâmica do processo também ocorre na psique feminina, ainda mais nos tempos atuais em que a mulher já está bem inserida no ardiloso mundo dos negócios. Talvez haja alguma diferença, mas, a rigor, mulheres também assimilam a mesma sabedoria racional encontrada em Mariana para ganhar dinheiro, ao mesmo tempo que também incorporam sua ingenuidade infantil nos relacionamentos, inviabilizando a todos, um atrás do outro.

Mas deixemos de teorizações, vamos ao conto. Espero que você goste e, se quiser comentar, fique à vontade. Com você, a encantadora Mariana…

 

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Ricardo Kelmer 2010 – blogdokelmer.com

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A cabocla Mariana, entidade da Umbanda, propõe noivado ao moço Dedé. Noivar com ela significa conseguir estabilidade financeira, mas em troca ela exige fidelidade absoluta

Conto: O presente de Mariana

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LEIA NESTE BLOG

ilha03aA ilha – Uma fábula sobre o autoconhecimento

Livros: He, She, We – Os rios de nossas vidas correm, na verdade, por leitos muito, muito antigos – os mesmos leitos que outras águas, ou outras pessoas, também percorreram

Mulheres na jornada do herói – As mulheres sempre foram, mais que os homens, historicamente reprimidas na busca pela essência mais legítima de suas vidas

Carma de mãe para filha – Os filhos sempre pagam caro pelos pais que não se realizam em suas vidas

Vade retro Satanás – O Mal pode ter mudado de nome e de estratégias. Mas sua morada ainda é a mesma, o nosso próprio interior

Blade Runner – Deuses, humanos e androides na berlinda – Como todo ser, o criador busca sempre transcender a sua própria condição e é criando que ele faz isso

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DICA DE LIVRO

MatrixEODespertarDoHeroiCapaEdicaoDoAutor-01Matrix e o Despertar do Herói
A jornada mítica de autorrealização em Matrix e em nossas vidas

Usando a mitologia e a psicologia do inconsciente numa linguagem descontraída, Kelmer nos revela a estrutura mitológica do enredo do filme Matrix, mostrando-o como uma reedição moderna do antigo mito da jornada do herói, e o compara ao processo individual de autorrealização, do qual fazem parte as crises do despertar, o autoconhecer-se, os conflitos internos, as autossabotagens, a experiência do amor, a morte e o renascer.

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 COMENTÁRIOS
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01- Muito bom! – Marcos André Borges, Fortaleza-CE – 2010

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Medo de mulher

16/01/2010

16jan2010

Como não temer algo que tem o poder de gerar e nutrir a vida? E, caramba, como não temer um bicho que sangra durante dias e não morre?

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MEDO DE MULHER

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Homens que agridem mulheres… Homens que atacam prostitutas, saem na rua atirando em travestis… O que leva um homem a tais selvagerias? Diversos fatores podem estar envolvidos. Mas há um fator mais profundo que todos, mais antigo… É o medo da mulher.

Instintivamente, todo homem teme a mulher. É claro que a maioria dos homens, se perguntado, certamente negará, ou levando a coisa para o lado da piada jocosa ou se irritando com o que ele pensa ser um questionamento de sua masculinidade, oh, a sagrada masculinidade. Calma, meu amigo macho. Esse medo nada tem a ver com homossexualidade. Trata-se do velho temor do feminino, um sentimento arquetípico, que sempre esteve em nossa psique, tão natural quanto o desejo sexual que sentimos pela mulher.

Esse temor existe, sim, e se não o reconhecemos, o danado nos acompanha vida afora, se refletindo em nossa relação com as mulheres. Pior que isso: o medo do feminino faz surgir religiões e sociedades machistas, que reprimem violentamente as mulheres, negando-lhes direitos básicos, tornando-as propriedade dos homens e até mesmo queimando-as em fogueiras. Mas… por que esse temor?

A mulher é um imenso mistério, que o homem jamais alcançará. É o mistério sagrado da própria vida. É através do corpo feminino que a vida se concretiza no plano físico. A mulher é a Natureza humanamente representada em suas curvas, saliências e reentrâncias: ela é o rio sinuoso que hipnotiza o olhar, montes que se elevam graciosos da superfície, cavernas escuras que guardam segredos… É feita de ciclos a mulher, renovando-se a cada lua para em seguida oferecer-se novamente fértil e receptiva. Como não temer algo que tem o poder de gerar e nutrir a vida? E, caramba, como não temer um bicho que sangra durante dias e não morre?

É bem antigo o medo da mulher. Milhões de anos atrás, percebemos que viemos todos de dentro dela – e até hoje isso nos maravilha e assusta. Percebemos também que ela se comporta como a Natureza em suas estações, alternando ciclos, e isso nos fez entender que o masculino é Sol enquanto o feminino é Lua. Se aquele é o mesmo todos os dias, esta não cansa nunca de se experimentar em sua natureza mutante. Se elas são naturalmente iniciadas pela vida, eles não, eles precisam inventar iniciações.

Ao menstruar, a mulher está a repetir, mesmo sem consciência disso, seu íntimo ritual sagrado de fertilidade. Isso tem o poder de conectá-la com a sabedoria instintiva de seu corpo e com os ciclos naturais do planeta. O sangue é o fluxo da vida, que vem da caverna escura, lá onde se guarda o feminino misterioso e profundo. E são poucos, bem poucos, os homens que têm coragem de ir lá. Fisicamente eles vão, sim, mas apenas tocam o feminino, nunca dançam com seu mistério. Homens fazem guerra porque a guerra vem do Sol. Mas poucos, bem poucos, são homens o suficiente para fazer amor com a Lua.

E, no entanto… a Lua sempre esteve dentro deles!, desde o momento em que os princípios masculino e feminino se uniram para gerá-los. São homens simplesmente porque neles a porção masculina é a dominante, e é isso que os faz mais agressividade e razão e menos suavidade e sentimento – mas se não houvesse também em sua alma a porção feminina, seriam uma inconcebível aberração psicológica. Ao negar o feminino em si, esses pobres homens negam também, sem perceber, sua própria totalidade, e assim buscarão inutilmente mil coisas pela vida, sem que nada os possa completar, e morrerão frustrados, sem sequer entender o que lhes faltou. E o que lhes faltou foi sua própria alma inteira.

Homens agridem mulheres porque elas são o próprio princípio feminino encarnado diante de seus olhos fascinados e temerosos. Sua presença os faz lembrar, inconscientemente, do que eles temem admitir. Sim, temer o feminino é normal, é humano. Mas negá-lo, não. O homem que nega o feminino, meu amigo macho, declara guerra contra si próprio. Bem melhor, mas muuuito melhor, é fazer amor com o feminino.
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Ricardo Kelmer 2007 – blogdokelmer.com

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Este e outros textos
integram o livro Vocês Terráqueas – Seduções e perdições do feminino

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MEDO DE MULHER
Esta crônica foi lida pelo autor no encerramento do 21o Encontro da Nova Consciência (Campina Grande-PB, fev2012) e dedicada às mulheres violentadas e mortas em Queimadas-PB (12.02.12)

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MAIS SOBRE LIBERDADE E O FEMININO SELVAGEM

EmBuscaDaMulherSelvagem-02base1aA mulher selvagem – Ela anda enjaulada, é verdade. Mas continua viva na alma das mulheres

A mulher livre e eu – A liberdade dessa mulher reluz no seu jeito de ser o que é – e ela é o que todas as outras dizem ou buscam ser, mas só dizem e buscam, enquanto ela tranquilamente… é

Em busca da mulher selvagem – Era por ela que eu sempre me apaixonava, essa mulher que era quem ela mesma desejava ser e não a mulher que a família, religião e sociedade impunham que ela fosse

Amor em liberdade – O que você ama no outro? A pessoa em si? Ou o fato dela ser sua propriedade? E como pode saber que ela é só sua?

As fogueiras de Beltane – As fogueiras estão acesas, a filha da Deusa está pronta. O casamento sagrado vai começar

Alma una – Eu faço amor com a Terra / Sou a amante eterna / Do fogo, da água e do ar / Sou irmã de tudo que vive / Ninfa que brinca com a vida / Alma una com tudo que há

Quem tem medo do desejo feminino? (1) – A maternidade, a castidade e a mansidão de Nossa Senhora como bom exemplo, e a força, a independência e a liberdade sexual da puta como exemplo contrário, a ser jamais seguido

Marchando com as vadias – Se ser vadia é ser livre para exercer a própria sexualidade, então todas as mulheres precisam urgentemente assumir sua vadiagem, para o seu próprio bem e o de suas filhas

LIVROS

LivroMulheresQueCorremComOsLobos-01Mulheres que correm com os lobos – Mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem (Clarissa Pinkola Estés –  Editora Rocco, 1994)

A prostituta sagrada – A face eterna do feminino (Nancy Qualls-Corbert – Editora Paulus, 1990)

As brumas de Avalon (Marion Zimmer Bradley – Editora Imago, 1979)

Mulheres na jornada do herói (Beatriz Del Picchia e Cristina Balieiro – Editora Ágora, 2010)

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Comentarios01COMENTÁRIOS
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01- achei muito linda! Andrea Boni, Brasília-DF – jul2007

02- Ai, Rica… o cerrado te deu muita inspiracao hein? Discutir o principio feminino… se saiu bem na escolha do tema. Vai atrair o maior publico, de mulheres, todas querendo ser desvendadas pelas palavras do escritor. Vai dar pano pra muita manga histerica 😉 Beijo. Fabiana Vasconcelos, Boston-EUA – ago2007

03- Belíssimo texto. Como só vc sabe escrever. Ah, agora que vc parou pra respirar, quero ver as nossas fotinhas!!!!!! Beijos e saudades. Patrícia Meireles, Fortaleza-CE – ago2007

04- bacana rick… André Monteiro, Campinas-SP – ago2007

05 – Adorei o texto. Inspiradíssimo Ricardo. Poucos são os homens que conseguem esta sintonia vibratória conosco, por nos conhecer tão bem. Bom saber que existem! Um bj grande. Helga Lima, Rio de Janeiro-RJ – ago2007

06- Rapá, por causa das chatices e duns quilinhos a mais (dela e… meus tb!), eu já tava aqui na peinha de nada pra plantar a mãozada na muié — q me prometeu ser sempre linda, com aquele corpinho enxuto, como era qdo eu a conheci — qdo chegou esse seu email e me livrou de tirar umas férias vendo o sol nascer quadrado… Isso é q é amigo, viu! Wander Frota, Fortaleza-CE – ago2007

07- Kelmerrr! Amei seu texto! E puxa vida…tava com saudades de ler suas crônicas. Marisa Vieira, Rio de Janeiro-RJ – ago2007

08- Ainda mais quando essa mulher é cearense! Aí o homem tem é que correr de medo! Bjs. Gatalôca, Rio de Janeiro-RJ – ago2007

09- Lindo, como sempre. O texto, e você, claro! Fabiana Polotto Figueira, São José do Rio Preto-SP – ago2007

10- Parabéns pelo blog, pelo belo texto e também pela sua intensidade! Gosto do jeito que vc fala do feminino… ajuda-me a fazer as pazes com a minha própria feminilidade e também com os princípios do Sol. Quando eu te dei aquele Sol e fiquei com uma Lua, eu não pensei -ao menos conscientemente- na união entre o masculino e o feminino…rsrs. Kátia, João Pessoa-PB – ago2007

11- Ricardo. Achei maravilhoso este texto que você escreveu e me tocou profundamente. Beatris Rocha, Campinas-SP – ago2007

12- A sua cronica mais linda ate hj…. Christina Alecrim, Rio de Janeiro-RJ – ago2007

13- Rapá, por causa das chatices e duns quilinhos a mais (dela e… meus tb!), eu já tava aqui na peinha de nada pra plantar a mãozada na muié — q me prometeu ser sempre linda, com aquele corpinho enxuto, como era qdo eu a conheci — qdo chegou esse seu email e me livrou de tirar umas férias vendo o sol nascer quadrado… Isso é q é amigo, viu! Desleixo é falta de amor, é o contrário ou são os dois na mesma medida, pergunto eu? Vale! Wander Nunes Frota, Fortaleza-CE – ago2007

14- tambem tenho tenho medo!! e tu?? ainda lembro quando rosalia berrava, cesarinhooooooooo pra dentro!!!cara, corria p não apanhar!! (risos) concordo com a cronica!! +, e se no àpice do sexoroller (sexo no skate) mui bom, camarada!!! ela, olha na tua cara e ordena, bate porra!! quero gozar apanhando, +, bate devagar, que fazes??? hem, hem??? (risos) César de Cesário, Campina Grande-PB – ago2007

15- Olá Ricardo…tudo em Paz? Li e amei esta cronica…afinal como não temer o que nunca se tentou aprender? Como não fugir daquilo que nunca se transparece por inteiro…que nunca se desnuda do sabor de se ver tão diferente? Parabens e bom te ler novamente…um abraço carinhoso!!!! Sandra Abou Dehn, Cuiabá -MT – ago2007

16- Olá Ricardo. tudo bem? Parabéns, adorei sua crônica, muito inteligente e profunda. Todos nos temos nosso lado feminino hibernado. Poucos são aqueles que vivem em paz. Com sua permissão vou passar essa crônica para meus amigos interautas. Obrigado pela lembrança. Abs. Liano Silva Veríssimo, Fortaleza-CE – ago2007

17- QUER CASAR COMIGO??? Isso é tudo que tenho a dizer sobre sua crônica, linda de morrer… melhor, linda de viver. Vc já leu Cartas do caminho sagrado, que fala do xamanismo e da “carta da lua” (a “função” da menstruação no “eu” da mulher)? Outro livro que eu achei interessante, cujo autor é um homem que pensa como nós, é “A corrida do membro”. Saiu no Jô, mas não lembro o nome do jornalista. Ainda não li mas deve ser interessante. Sempre me disseram que todos os homens que amei (e amo) só falta um chip para gay. Não sou chegada a aberrações psicológicas que me jogariam na parede e chamariam (se tivessem chance) de lagartixa! Tô fora! Beijim daquela que está se viciando nas suas crônicas. No meu próximo curso sobre crônica, onde quer que seja, vou apresentar à turma um autor que desmente categoriacamente essa história dos estudiosos de literatura que dizem que a crônica morreu: Ricardo Kelmer é o nome dele. Ana Karla Dubiela, Fortaleza-CE – ago2007

18- Dear Ricardo, Fico a imaginar como consegues escrever com tanta clareza sobre um assunto tao dificil pra muitos que e’ essa relacao de homem e mulher. Quase todos os meus clientes estao completamente perdidos , e’ um trabalho arduo mostrar-lhes alguma outra visao das coisas vividas por eles. Adorei o seu texto , sou sua tiete e por isso suspeita mas acredito ser Super!!! Raquel Araújo, Los Angeles-EUA – ago2007

19- Posso incluir este artigo no meu blog? http://poderosamentemulher.blogspot.com. Izilda, Salvador-BA – ago2007

20- depende kelmer , kkkkkkkkkkkkk. Alyson Amâncio, Fortaleza-CE – ago2007

21- Esse texto tá bom demais,Ricardo.Adorei! Mônica Burkle Ward, Recife-PE – ago2007

22- É as vezes tm homens que sõa muito machões mais na hora que tem que ser homem mesmo não é digo iso num termo geral. E os homens principalmente falam que nós mulheres somos frageis e é ao contrario, vcs homens que são frageis por ex: vcs não tão a luz e gera uma criança durante nove meses ae nos mulheres temos essa benção e a graça divina. Bom quero ler mais coisas que vc escreve e se quizer mandar pra mim eu leu pode ter certeza ah!! fiz um blog para colocar as minhas histórias se quizer dar uma lida e uma opinião é sempre bom saber mais. Olha o endereço do meu blog: http//amandareisgomes .arteblog.com.br. Amanda Reis, Osório-RS – ago2007

23- Oi, Ricardo… Crônica pouco poética. São Paulo, às vezes, nem é Sol nem Lua… é assim, digamos… quase sempre nublada. Será que percebes a influência na (ou falta) de poesia? Que tal escrever uma crônica biológica para “eles” informando a partir da fecundação até aquele momento em que por definição génetica os órgãos sexuais determinantes se desenvolvem e se atrofiam simultaneamente… mas, com poesia. Beijos. Marly Rodrigues, São Paulo-SP – ago2007

24- Olá Ricardo! Recebi seu e-mail com a sua crânica sobre o Medo que os homens têm das mulheres, e achei uma obra de arte, achei que você falou tudo sem fiucar cansativo e monótono… na minha humilde opinião de leitora hehe! Além de ser um assunto que me chama muita atenção, essa coisa toda do machismo que perdura até hoje em uma sociedade tão moderna como é a que vivemos, fico boquiaberta com esse tipo de coisa que ainda acontece no mundo! Não há como entender!! Eu li, e adorei seu texto, achei que não podia deixar passar em branco no meu e-mail, não resisti em responder, embora não à altura do seu texto! Achei magnífica a forma como vc trata o corpo da mulher em constante ligação com a natureza (o que não deixa de ser verdade em nada), ficou sensacional! Vc escreve por hobby ou por profissão mesmo? No mais, seguem meus singelos elogios… achei que você tem um grande futuro (se é que já não o tem)! Caso haja mais alguma coisa que tenha em mãos, mande-me, é sempre bom ler esse tipo de coisa e saber que a situação também incomoda a outrs pessoas!Abraços! Pamela Bathory, Juiz de Fora-MG – set2007

25- adorei a crônica, vc sempre escreve o que gosto de ler sou sua fa bj. Lu Resende, Fortaleza-CE – set2007

26- MOCINHO COMO VC ESCREVE GOSTOSO!!! LIVRE, LEVE E SOLTO RSRS ADOREI. E VOU REPASSAR… UM OTIMO FIM DE SEMANA BEIJO Junia Drummond, Brasília-DF – set2007

27- caraaaaaaaaa !!!!!!!!!!!!!!!!! eu não me engano. Apasar de ter conversado muito pouco com vc tive a carteza de q vc é um cara muito sensível . e esse texto so vema confirmar . beijos. Júnia Turturro, Brasília-DF – set2007

28- Crônica interessante… Vc gosta muito de falar sobre as mulheres, não? Um abraço. Fernanda da Silva Xavier, Rio de Janeiro-RJ – set2007

29- amei, obrigada ….. bjs. Marysol Rosso, Cocal do Sul-SC – set2007

30- Parabéns menino! Só quem tem sua porção feminina bem resolvida pode ser o super homem que tão bem cantou Gil. Abraço carinho procê! Regina Coeli Carvalho, Rio de Janeiro-RJ – set2007

31- Tá bom vou começar. Recém cheguei da ópera Carmem de Bizet, apresentada ao ar livre pelo bobão do Silvio Barbato… o espetáculo foi lindo, os comentários dele, absolutamente desnecessários. Mas, não é isso para agora. Uma sugestão: que tal o título ser: Medo do Homem: Mulheres. Pq o medo? o medo é o pai de todas as dores e essencialmente nasce da necessidade de proteção diante da ameaça da morte…O nascimento é, se não o primeiro, um dos mais importantes eventos ameaçadores à vida, visto q apresenta de cara o desconhecido. Ao nascer, homens e mulheres CAEM no desconhecido absoluto… entretanto, a mulher traz consigo o potencial de parir, de continuar o ciclo… o homem nasce com o vazio do sentido da existência. Será? Este medo é primitivo, e inerente ao ser humano, mas segue se desenvolvendo no macho, será? este ódio, este repúdio, esta resistência de entrega do macho – confiar… não sei, tudo isso está me ocorrendo agora… vou sentir mais um pouco depois escrevo mais. Obrigada pela oportunidade. Não houve ritual da Lua. Eu me empaturrei de macarrão e dormi. Um beijo. Suely Andrade, Brasília-DF – set2007

32- Kra, muito legal essa crônica!!! Axu muita coisa legal na mitologia pagã tb. Daniel Gargas, Fortaleza-CE – set2007

33- muito bom! pena q apenas uma parcela mínima de homens se toca disso… Luciana, São José dos Campos-SP – set2007

34- Linda, sábia e profunda sua crônica Medo de Mulher. Parabéns por mais esta pérola! Gilvanilde Oliveira Falcão, Fortaleza-CE – set2007

35- Muito bacana, primo. Parabéns ! Beijos. Virgínia Galvão, Brasília-DF – set2007

36- Olá Kelmer, Muito interessante o seu texto. A Mãe Natureza é grandiosa, mas também esconde muito tesouros. Acho que a mulher tem um pouco disso, claro, dessa coisa incomensurável que nos faz tremer nas bases. E talvez Freud quisesse também dizer que o Complexo de Édipo é, para o menino, a grande ameaça que ele precisa passar para descobrir que sua mãe é uma caverna oculta aos seus propósitos libidinais. O primeiro obstáculo que vai precisar remover sem nunca conseguir transpor o mistério, talvez por isto, como você mesmo escreve, surja o medo. É realmente surpreendente. Um grande abraço e parabéns pelo texto. Felipe Moreno, São Paulo-SP – set2007

37- Graaaaaaaaaaaaaande verdade!!! Disse tudo meu Guru!!! Marcos André Borges, Fortaleza-CE – set2007

38- Oi bom dia !!! adorei essa crônica sua, linda !! adorei o uso dos conceitos do sol e da lua , do sagrado feminino, da fertilidade !! lindo!! por isso que eu sou sua fã!! Se puder me mandar de novo mulher selvagem(que eu adoro) e estou louca pra mandar pras minhas amigas eu agradeço!! Como sempre vc é como o vinho: a cada dia que passa fica melhor !!! beijos. Josylene, São Paulo-SP – set2007

39- Oi Ricardo..obrigada por agraciarnos com estas pérolas…adorei a palestra e mais ainda, adorei saber que ainda existem homens assim…deste jeitinho…da forma que deve ser…vc percorreu o caminho p/ o feminino que existe dentro de todos os homens… Li ” Para GAIA com Amor” …adorei tb…vc pensa muito parecido comigo…só que não consigo traduzir em “letrinhas”…meus sentimentos…Bjs e até a próxima!!!!! Mônica Rivera, Brasília-DF – set2007

40- OI, Kelmer! Muito legal a cronica sobre Medo de mulher! Adorei! Fabrícia Viana, Fortaleza-CE – set2007

41- Muito bom Morga, já estou copiando e mandando pra alguém especial. Ainda n tinha lido nada de Ricardo Kelmer, fiquei encantada… Angélica Belchote Trocoli, Salvador-BA – Comun. Orkut Mulheres Repensando Conceitos – set2007

42- lindo! vai de encontro a tudo que acredito sobre a natureza da mulher. Devíamos enviar este artigo para todos os homens que conhecemos. Obrigada pela oportunidade de tomar conhecimento deste autor.Cadê o endereço do blog dele?beijo. Kátia G, Belo Horizonte-MG – Comun. Orkut Mulheres Repensando Conceitos – set2007

43- Lindo! Cris, Florianópolis-SC – Comun. Orkut Mulheres Repensando Conceitos – set2007

44- o cara é simplesmente demais cada vez que o lei ele me surpreende e anima… lindo demais Ricardo Kelmer ! Parabéns! Andréa Magnoni, São Paulo-SP – Comun. Orkut Mulheres Repensando Conceitos – set2007

45- Adorei a cronica Ricardo!!! eh a pura verdade! beijao. Carmen Rangel, Barcelona-Espanha – set2007

46- Se as mulheres ainda se sentem oprimidas e agredidas, depois de tudo o que conquistaram, é porque elas permitem, mtas vezes até escolhem. Pois, perante todos estes problemas mtas ainda insistem em igualar-se aos machos, fazendo o que eles fazem, falando como eles falam, vestindo-se como eles se vestem, brigando como eles brigam. São verdadeiros homens debaixo de belas roupas, maquiagem e salto alto. E se há sensibilidade é puramente interesseira e vítima. Giovana Milozo, São Carlos-SP – set2007

47- Você é muito talentoso e escreve muito bem. Considere isso mesmo um elogio, porque eu já li à beça e tenho faro pra essas coisas. abraço forte. Deco, Rio de Janeiro-RJ – set2007

48- Já divulguei para minha lista de amigos. abraços. Regina Coeli, Rio de Janeiro-RJ – set2007

49- Kélmer, gostei muito desse texto, parabéns!! Só você consegue nos fazer pensar em assuntos importantes de maneira irônica e divertida. Sheryda Lopes, Fortaleza-CE – set2007

50- Obrigada pelo texto com interessantes reflexões!!! Parabéns!!! Aproveito a oportunidade e compartilho com você a indicação de um livro que acabei de ler. Chama-se “A Ciranda das Mulheres Sábias”. Dê-se a oportunidade de ler este livro. É da Clarissa, mesma autora do livro “Mulheres que Correm com os Lobos”. Abraço. Iolanda Santos, Fortaleza-CE – set2007

51- Lendo seu texto, lembrei-me menininho, escondendo-me quando a prima bonitinha entrava lá em casa. Como um bichinho que se esconde do predador na mata, mas fica observando-o da penumbra, envolto naquele sentimento novo, inexplicável naquele primeiro momento, de medo e fascínio. Enquanto não aprendermos a conviver com esse sentimento, o que você tão bem descreve e ensina, estaremos sempre no meio termo entre algoz e vítima, julgando-as santas ou profanas, causadoras de nossa tragédia ou fortuna, nossa salvação ou desgraça. Por isso quando eu nasci, veio um anjo e disse: – Vai, Paulo, vai ser voyeur na vida… Paulo Marcelo, Brasília-DF – set2007

52- Ricardo, como é bom sentir vc se superar cada vez mais!Esta crônica nos anima e acalenta em um mundo tão desconectado com nossos princípios naturais. Muitos beijus das “Rosas do Cariri” para nosso cearense querido. Lisiene Bezerra, Juazeiro do Norte-CE – out2007

53- já tinha gostado do livro que me enviaste, o “Blues da vida crônica”, mas esse texto gosto de reler, principalmente nos tais meandros cíclicos em que até nós mesmas tememos o dito “feminino”, rs. Um abraço! Jamile Mileipe, Recife-PE – dez2007

54- Gostaria de lhe parabenizar pela grandiozidade dos textos que compõe o leu livro “Vocês Terráqueas”. Mas, em particular, gostaria de lhe parabenizar pela crônica “Medo de Mulher”. Poucos homens seriam tão capazes de reconhecer esse medo de forma tão explícita. Menos ainda seriam capazes de assumi-lo publicamente editando em um livro. Isso mostra, no mínimo, a segurança que você tem quanto a sua masculinidade, não tendo medo de expor o que pra muitos seria um “fraqueza”. Mostra também a cumplicidade que você tem com nós mulheres, nos orientando e esclarecendo os motivos pelos quais muitos homem não desceram da árvore. Talvez os “ETs” tenham maior domínio desse medo e por isso as mulheres brasileiras se deixam abduzir. Parabéns: pelo grande escritor, pelo grande homem e pela grande pessoa que você é. Maria do Carmo, São Paulo-SP – ago2010

55- lindo,lindo lindo…vc diz o que eu gostaria de ter dito. KELMER querido, em sua homenagem vou soltar a minha loba…rsrs mudar minha fotinha… Maria Sá Xavier, Niterói-RJ – fev2011

56- Puta merda!!!! Tão seguro da sua masculinidade foi muito profundo. Rsrsrsrsr… Rsrsrsrsrsrsr… Rsrsrsrsrs… Essa eu vou contar na próxima rodada de pôquer. Rsrsrsrsr…. Mardonio Veras, São Luís-MA – fev2011

57- Ah, vai, Mardonio, ele sabe das qualidades dele, não precisa de incentivo. Mas como lider da ALK – Associação das Leitorinhas Kelméricas, faço qualquer coisa pra ele continuar enchendo nossos olhos com suas hitórias deliciosas. Kel, bota a imaginação pra funcionar! Maria do Carmo, São Paulo-SP – ago2010

58- Lindo texto, Kelmer… Lílian Rocha, Fortaleza-CE – fev2012

59- Que texto lindo, Ricardo Kelmer! Sempre percebi esse medo dos homens em relação às mulheres. Alguns mais, outros menos. Um homem que tem medo de mulher, nunca vai amá-la plenamente, porque não se entrega, não confia, não relaxa. Amor e medo são antagônicos.Que bom que vc tocou nesse assunto, pois é a causa de muita desgraça entre homens e mulheres! Vanessa Martins de Souza, Curitiba-PR – fev2012

60- veja o exemplo na idade media, depois joana dárc… as mulheres q faziam parto, sabiam o segredo das ervas… e estoria eh lon ga… sempre o medo da caverna escura dos ancestrais… a mulhr eh yin eh ternura e força… nao devemos querer parecer homem. Dhara Bastos, Fortaleza-CE – fev2012

61- achei tão fantástico, que joguei lá no V&P, prá modo daqueles brucutos ignaros aprenderem alguma coisa… – rsrsrsrsrsrs. Eduardo Ramos, Rio de Janeiro-RJ – fev2012

62- Maravilha! Não lembro de ter lido algo tão profundo sobre nossas ‘diferenças’ (prosapoética da melhor qualidade!); grata por compartilhar, e vamos compartilhar! : ) Mônica Mello, São Paulo-SP – fev2012

63- eu li. É TDO DE BOM. Renata Regina, São Paulo-SP – fev2012

64- Parabéns pelo texto e pela sensibilidade. Mob Cranb, Campina Grande-PB – fev2012

65- Rios sinuosos que hipnotizam o olhar… Se todos fossem iguais a você,q maravilha seria. Izabel Castro, São Paulo-SP – dez2013

66- Risos…até eu tenho medo de mulher, mulher é muito perigosa, se não te pega acordado, te pega dormindo. Mas lhe vinga! Por isso, bato em homem, espanco até…mas não relo o dedo numa mulher. Regina Zamora, São Paulo-SP – dez2013

67- (…) a mulher é a natureza humanamente representada em suas curvas, saliências e reentrâncias (…) aaaaadorei Kelmer brilhante como sempre. Cynthia Martins, Fortaleza-CE – dez2013

68- Como diz um ditado antigo “Falou e disse ” ou seja falou tuuuuuuuuuuudo. Marcos Felix, Ceilândia-DF – dez2013

69- Belíssimo, Ricardão. Sergio Nogueira, Fortaleza-CE – dez2013

70- “Se elas são naturalmente iniciadas pela vida, eles não, eles precisam inventar iniciações.” Absolutamente genial!!! Meu amigo Ricardo Kelmer, apesar de eu ter ido a esse ENC, não ouvi o texto lá. Estou lendo pela primeira vez e não encontro palavras para comentá-lo. Talvez o melhor texto seu que eu já li, e com certeza está dentre os melhores sobre esse tema. Minhas reverências, meu querido! Rógeres Bessoni, Recife-PE – dez2013

71- Estupro é a prova de não saber nada sobre conquistas é uma condição de reprovar a si mesmo na condição de ser comunicável é retirar a capacidade de inteligência nas entrelinhas! Resumindo: __ FALTA DE COMPREENSÃO !!!!!!!! Hyara Ougez, São Paulo-SP – dez2013

72- Lindo texto Ricardo! O mais triste é ver mulheres negando também a sua ligação com a natureza, sentindo nojo e vergonha de seus corpos e dos seus ciclos, e colaborando para que uma visão sexista seja mantida. O machismo não tolhe apenas as mulheres, mas também os homens que passam a ter que se mutilar emocionalmente e espiritualmente para se encaixar em uma visão limitada do masculino. O masculino e o feminino são lindos, cada um da sua forma. Marina LF, Porto Alegre-RS – dez2013

73- Bravo! Reflexão consistente, sincera, densa, verdadeira, profunda, ampla, EM SINTONIA COM A REALIDADE NACIONAL. PARABÉNS!! ASSINO EMBAIXO. EM COMUNHÃO. Luca Vianni, Fortaleza-CE – dez2013

74- Gratidão Ricardo!! Sou fã de teus escritos, sabes. Clordana Aquino, Campina Grande-PB – abr2014

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Em busca da mulher selvagem

19/10/2009

19out2009

Era por ela que eu sempre me apaixonava, essa mulher que era quem ela mesma desejava ser, e não a mulher que a família, religião e sociedade impunham que ela fosse

EM BUSCA DA MULHER SELVAGEM
Ou: Homens que correm com elas

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Em minha vida, sempre me atraíram mulheres de iniciativa. Desde menino, elas me fascinaram, as desafiadoras da cultura machista, as que recusavam o modelito cristão de mulher virtuosa. Desde cedo, foi para elas o meu olhar, as que se rebelavam contra regras sociais idiotas, convenções sexuais sem sentido, modelos de relação baseados na posse do outro e tudo que queria a mulher submissa e sob controle. Era por ela que eu sempre me apaixonava, essa mulher que era quem ela mesma desejava ser, e não a mulher que família, religião e sociedade impunham que ela fosse.

Mas me faltava a exata consciência disso. Eu queria uma mulher liberta, sim, mas não sabia que queria.

Então, li Mulheres que Correm com os Lobos, de Clarissa Pinkola Estés. E tudo fez sentido. Lá estava o que eu intuía sobre a mulher e a relação entre os gêneros, mas ainda não sabia verbalizar. O livro me veio quando eu já lidava melhor com meus aspectos femininos e, por isso, me identifiquei profundamente com ele e com a histórica questão da domesticação da mulher.

Por meio de mitos e lendas coletados pelo mundo, a autora mostra como sobreviveu, mesmo escondida sob muitas formas simbólicas, o arquétipo do feminino selvagem, o modelo da mulher conectada com os ritmos e valores da Natureza e de sua própria natureza, o modelo da mulher livre. Um belo livro, que tem ajudado muitas mulheres a resgatar o que séculos de repressão lhes usurparam: o direito de serem o que quiserem. Um livro que fala essencialmente do feminino, mas também fala de homens e deveria ser lido por todos.

Esse livro me fez entender o que eu apenas intuía: a mulher da minha vida é e sempre foi a mulher livre. E que foi essa mulher que, mesmo sem saber, eu sempre busquei em minhas relações, ainda que às vezes a temesse. E que foi por ela que a muitas eu deixei, ao perceber, mesmo sem saber explicar, que eu jamais poderia ser totalmente eu ao lado de uma mulher domesticada.

Mas como aceitar e amar essa mulher liberta sem, antes, eu mesmo me libertar do que também me limitava? Para merecê-la, era preciso me livrar de qualquer pretensão de controlá-la, esse resquício maldito de minha herança cultural-religiosa.

A ficha caiu após ler o livro de Clarissa. Ele me ajudou a assimilar o feminino em meu ser e foi exatamente isso que me fez deixar de temê-lo, me fez mais selvagem no sentido psicológico-arquetípico, me fez mais livre. O efeito prático disso tudo é que eu finalmente me abri para relações mais igualitárias e, principalmente, para receber a mulher livre que eu tanto procurava em minhas relações. Primeiro, eu a libertei em mim. Aí ela veio de fato, enfim ela pôde vir. Veio linda, plena e radiante, e eu vi em seus olhos o reflexo dela própria em mim. E desde então continua vindo, e eu e ela somos lobos que cruzam florestas, atraindo-se pela fome louca que temos um do outro.

E eu sei que ela sempre virá. Pois esse amor que trazemos em nós, incompreendido por simplesmente não erguer cercas de posse e jaulas de controle, é o amor que aprendemos a respeitar em nossa própria natureza e que nos alimenta de alegria e liberdade a alma selvagem.

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Ricardo Kelmer 2009 – blogdokelmer.com

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Mais sobre liberdade e o feminino selvagem:

AMulherSelvagem-11aA mulher selvagem – Ela anda enjaulada, é verdade. Mas continua viva na alma das mulheres

A mulher livre e eu – A liberdade dessa mulher reluz no seu jeito de ser o que é – e ela é o que todas as outras dizem ou buscam ser, mas só dizem e buscam, enquanto ela tranquilamente… é

Amor em liberdade – O que você ama no outro? A pessoa em si? Ou o fato dela ser sua propriedade? E como pode saber que ela é só sua?

As fogueiras de Beltane – As fogueiras estão acesas, a filha da Deusa está pronta. O casamento sagrado vai começar

Medo de mulher – A mulher é um imenso mistério, que o homem jamais alcançará

Alma una – Eu faço amor com a Terra / Sou a amante eterna / Do fogo, da água e do ar / Sou irmã de tudo que vive / Ninfa que brinca com a vida / Alma una com tudo que há

Quem tem medo do desejo feminino? (1) – A maternidade, a castidade e a mansidão de Nossa Senhora como bom exemplo, e a força, a independência e a liberdade sexual da puta como exemplo contrário, a ser jamais seguido

LIVROS

vtcapa21x308-01Vocês Terráqueas – Seduções e perdições do feminino
Ricardo Kelmer – contos e crônicas

Ciganas, lolitas, santas, prostitutas, espiãs, sacerdotisas pagãs, entidades do além, mulheres selvagens – em todas as personagens, o reflexo do olhar masculino fascinado, amedrontado, seduzido… Em cada história, o brilho numinoso dos arquétipos femininos que fazem da mulher um ícone eterno de beleza, sensualidade, mistério… e inspiração.

Mulheres que correm com os lobos – Mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem (Clarissa Pinkola Estés – Editora Rocco, 1994)

A prostituta sagrada – A face eterna do feminino (Nancy Qualls-Corbert – Editora Paulus, 1990)

As brumas de Avalon (Marion Zimmer Bradley – Editora Imago, 1979)

Mulheres na jornada do herói (Beatriz Del Picchia e Cristina Balieiro – Editora Ágora, 2010) – É ainda mais interessante ver o relato das mulheres pois elas sempre foram, mais que os homens, historicamente reprimidas na busca pela essência mais legítima de suas vidas

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en español

EN BÚSQUEDA DE LA MUJER SALVAJE
Ricardo Kelmer

EmBuscaDaMulherSelvagem-02base1aFue Marilia quien me prestó ese libro en el 2002, cuando yo ya andaba con curiosidad por leerlo. Después Rafaela me lo regaló. Y después conseguí la versión digital. O sea, ese libro quería que yo lo leyera, y fueron las mujeres quienes me lo trajeron. Lo leí y me encantó. En las páginas de Mujeres que Corren con Lobos estaba lo que yo intuía sobre las mujeres y la relación entre los géneros, pero que aún no sabía verbalizar. Leí el libro en una etapa de mi vida en la cual yo lidiaba mejor con mis aspectos femeninos, y por eso me identifiqué profundamente con él y con el tema histórico de la domesticación de la mujer.

Terminé la lectura sintiendo en mi alma una avalancha de ideas y sensaciones, y sintiendo también que llevaría un buen tiempo hasta que todo aquello asentase y yo consiguiera organizar mis pensamientos y reagrupar las verdades que, aunque no eran tan nuevas para mí, ahora eran evidentemente claras. Usando mitos y leyendas recolectados en varias partes del mundo, la autora muestra como sobrevivió, escondido bajo muchas formas simbólicas, el arquetipo del femenino salvaje, el modelo de la mujer conectada con los ritmos y valores de la naturaleza y de su propia naturaleza, el modelo de la mujer libre. Un libro bellísimo que ha ayudado a muchas mujeres a rescatar lo que siglos de represión les usurparon: el derecho de ser lo que quisieran. Un libro que habla esencialmente del femenino, pero también habla de los hombres y debería ser leído por ellos igualmente.

A mí, el libro de Clarissa me hizo especialmente entender que, en mi vida, desde temprano, me fascinó el arquetipo del femenino salvaje. A causa de eso siempre me atraían las mujeres con iniciativa, las desafiadoras de la cultura machista y las que rehusaban el modelito cristiano de mujer virtuosa, las que se rebelaban contra las normas sociales idiotas, convenciones sexuales sin sentido, modelos de relación basados en poseer al otro y todo lo que hacía mantener a la mujer sometida y bajo control. Era por ella que yo siempre me enamoraba, por esa mujer que era quien ella misma deseaba ser y no la mujer que la familia, religión o sociedad imponían que ella fuera.

Ese libro me trajo una de las más importantes revelaciones que he tenido, que la mujer de mi vida es y siempre será una sola: una mujer libre. Y que fue esa mujer, aún sin saberlo, la que yo siempre busqué en mis relaciones, aunque la temiera. Y que fué por ella que abandoné a muchas mujeres al intuir, sin saber explicar, porque yo jamás podría convivir al lado de una mujer domesticada.

Sin embargo, ¿cómo aceptar y amar a esa mujer libre sin liberarme antes yo mismo de lo que también me limitaba? Para merecerla, yo también necesitaba liberarme de cualquier pretensión de controlarla, de ese resquicio maldito de mi herencia cultural y religiosa.

Tomé consciência después de leer Mujeres que Corren con Lobos: ese libro me ayudó a asimilar la parte femenina de mi ser, y fue exactamente eso lo que me hizo dejar de temerlo, me hizo más salvaje en el sentido de los arquetipos psicológicos, me hizo más libre. El efecto práctico es que ahora finalmente estoy abierto para relaciones más igualitarias y principalmente para recibir a la mujer libre que tanto buscaba en mis relaciones. Entonces ella vino, al fin pudo venir. Vino hermosa, plena y radiante, y vi en sus ojos el reflejo de sí misma en mí. Y desde entonces sigue llegando, y ella y yo somos lobos que cruzan bosques atraídos por el hambre salvaje que tenemos el uno del otro.

Y sé que ella siempre va a venir, porque este amor que llevamos en nosotros, por lo general incomprendido por no tener alambrados de posesión y jaulas de control, es el amor que aprende a respetar a nuestra propia naturaleza, y que nos alimenta con alegría y libertad el alma salvaje.

(Traducción: Silvia Polo. Revisón: Felipe Ubrer)

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Comentarios01COMENTÁRIOS
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01- Não tenho a menor dúvida, RK, que é pelas mulheres Lilith – mulheres serpentes, que tu é fascinado e arriadinho. Tua alma é Lilithiana, criatura de Deus e do Diabo, de Abraxas!!!! Tava com saudade de tu. Rauariú, sacerdote do Grande Mistério Andrógino? Onde mora o perigo, querido, também mora a salvação, a conjunção. Pat Maria, Salvador-BA – out2009

02- Gostei do que vc escreveu. Ando relendo de novo o livro e vejo quantas coisas se assemelham a mim. Parabens. Um abraço. Christina Costa, Brasília-DF – out2009

03- Li há pouco tempo a biografia de Leyla Diniz.Essa sim é a personificação do feminino selvagem. Bjs. Mônica Burkleward, Recife-PE – out2009

04- Nossa adorei o trecho. Síntese do que venho exercitando na minha vida. Jamille Abdalah, São Paulo-SP – out2009

05- Grande Kelmer, você, como sempre, produzindo textos bacanas e bem bolados. Esse do feminino, então, show de bola, a foto foi por demais bem feita. parabéns!!! Forte abraço. Luís Olímpio Ferraz Melo, Fortaleza-CE – out2009

06- Kelmer, vou correndo ler o livro Mulheres que correm com os lobos. Essa mulher, livre, que dá banana pro machismo, que vive plenamente todos os prazeres hedonistas que lhe interessam, que toma iniciativa (mesmo sabendo do preço que paga por isso), essa mulher, sou eu! Beijão e.. valeu o toque. Vou xeretar teu blog pra saber mais. Meire Viana, Fortaleza-CE – out2009

07- Meninas, vale entrar no blog e dar uma conferida… Beijos. Ana Zanelli, Rio de Janeiro-RJ – out2009

08- Kelmer, até que enfim um homem entendeu o livro da Clarisse… (!) Claudia Santiago de Abreu, Rio de Janeiro-RJ – out2009

09- Que crônica ótima,gostei,só nÂo sei se me encaixo ‘100% nesse modelo de MULHER SELVAGEM viu. bjo parabéns pelo o trabalho fantástico. Eunyce Fragoso, Campina Grande-PB – out2009

10- Ei amigo,que bom que você descobriu as mulheres que correm com lobos… Que elas sempre estejam presentes no seu mundo! Se cuida tá! Lua, Fortaleza-CE – out2009

11- vc é especial, realmente quer e gosta de conhecer a alma feminina. faz de um tudo para compreender!!! Uma tarefa um tanto complicada,,,, Haja paciência!!! rs. Vânia Farah, São Paulo-SP – out2009

12- Quem tem medo da mulher livre?? O homem preso, oras (risos) Beijos ternurentos Tô adorando o livro…pena estar na correria e estar com tempo reduzido a zero…. mas logo termino… Beijos, outros. Clau Assi, São Paulo-SP – out2009

13– Ricardo, eu sou tua fã demais!!!! Vc é http://www.tudodebom.com.br/quehomeéesse!!!!! O sonho de consumo de toda mulher selvagem, incluindo eu mesma, claro! Bjs;. Karla K, Fortaleza-CE – out2009

14- Hoje tive oportunidade de entrar no seu blog, por indicação de uma amiga. Fizemos parte de um grupo de vivências apoiadas na leitura do Mulheres que correm com lobos e ela me recomendou a leitura da sua crônica Em busca da mulher selvagem. Fiquei encantada. Acabei lendo também os contos As fogueiras de Beltrane, que amei, Um ano na seca e a crônica Homens perfeitos também alopram. Interessante como você circula com competência rara entre o sagrado/mítico/profano/humor… Será com prazer que voltarei à sua página. Parabéns belos belos textos e por suas múltiplas artes. Elvira, Brasília-DF – out2009

15- Adoro esse teu texto. Um bj e saudades. Ana Cristina Souto, Fortaleza-CE – jan2011

16 – Adorei seu texto… amei.. ahahha. Della Kopf, Fortaleza-CE – jan2011

17- Eita que coincidencia nao existe! Peguei mulheres que correm com os lobos para re-ler ONTEM e vi o seu post hoje. ‘A selvagem’ esta no ar… Marília Bezerra, Nova York-EUA – jan2011

18- adoro mulheres q correm com lobos! a minha está resgatando…. Maria Sá Xavier, Niterói-RJ – jan2011

19- Parabéns pela resenha! Muito bem produzia! Tecendo um pequeno comentário sobre a obra eu diria que de fato, Clarissa consegue em “Mulheres que correm com os lobos”, retratar aspectos do ser mulher, em seu sentido – eu diria mais primitivo do SER, antes de tudo do ser humana, em sua forma primeira, inacabada e cheia de conflitos, de forma rica, cativante e única. Uma boa leitura para quem quer se descobrir mulher ou mesmo se redescobrir enquanto tal. PARABÉNS! Alda Batista, Mossoró-RN – ago2011

20- Uiiiii, isto é forte, grande lobo!!! Muito bom!!! Carmem Mouzo, Rio de Janeiro-RJ – jan2013

21- Também estou lendo esse livro! Amando! Dri Flores, São Paulo-SP – jan2013

22- Um dia vou criar coragem e ler esse livro 🙂 Chacomcreme, São Paulo-SP – jun2013

23- Amei sua resenha. Tenho o livro já faz 3 anos. Preciso começar a leitura. Mais uma vez, parabéns pela resenha. Greice Araras-SP – jul2013

24- Um dia vou criar coragem e ler esse livro 🙂 Chacomcreme (skoob.com.br), São Paulo-SP – jun2013

25- Amei sua resenha. Tenho o livro já faz 3 anos. Preciso começar a leitura. Mais uma vez, parabéns pela resenha. Greice (skoob.com.br), Araras-SP – jul2013

26- Parabéns pela resenha! Muito bem produzia! Tecendo um pequeno comentário sobre a obra eu diria que de fato, Clarissa consegue em “Mulheres que correm com os lobos”, retratar aspectos do ser mulher, em seu sentido – eu diria mais primitivo do SER, antes de tudo do ser humana, em sua forma primeira, inacabada e cheia de conflitos, de forma rica, cativante e única. Uma boa leitura para quem quer se descobrir mulher ou mesmo se redescobrir enquanto tal. PARABÉNS! Alda (skoob.com.br), Mossoró-RN – mai2014

27- Amei seu comentário sobre a visão a respeito não somente dessa obra,mas a sua sensibilidade perceptíva da sociedade.e te digo pensamos iguais sério.em relação com os dois universos feminino e masculino devem ter respeito antes de tudo. Barbie Wolf (skoob.com.br), São Paulo-SP – set2020

28- sério, esse foi a melhor resenha referente à está obra que já li.Concordo com tudo que foi escrito. Aline (skoob.com.br), Recife-PE – out2020

29- Cara, nem li o livro, mas depois dessa resenha, serei obrigada a ler. Monique Costa (skoob.com.br), São Luís-MA – dez2020

30- Obrigada por ter escrito essa resenha… enxe a alma de esperança e a certeza de q nada esta perdido. O livro é explendido, estou terminando, e cada página é uma lição e força para continuar a busca da Mulher Selvagem adormecida. Renata Prandini (skoob.com.br), São Paulo-SP – jan2021

31- Comentário sensacional. Fabrícia Leal (skoob.com.br), Teresina-PI – jan2021

32- apenas uma palavra descreve essa resenha: “uau”. Nathalia Nadesko (skoob.com.br), Brasília-DF – mar2021

33- Que resenha mais linda e recheada de emoção e compreensão do universo feminino. Estou começando o livro agora e a sua resenha me encheu de energia… Muito obrigada !!🙏 Tati (skoob.com.br), Vinhedo-SP – abr2021

34- No Tantra, chamamos de “masculino curado”, quando o homem reverencia o feminino em pé de igualdade, respeito e amorosidade. Miguel Costa, Rio de Janeiro-RJ – jul2021

35- Show. Clea Fragoso, Fortaleza-CE – jul2021

36- Para encontrar precisa ter certeza…jamais será o mesmo..! Lucivanea De Souza Borges, Beberibe-CE – jul2021

37- Adoro esse livro. Luiza Perdigão, Fortaleza-CE – jul2021

38- Amo esse livro, transformador. Valéria Rosa Pinto, Rio de Janeiro-RJ – jul2021

39- Próxima leitura. Francisco Antonio Mota, Fortaleza-CE – jul2021

40- Ahh que maravilhosa!! Esse livro é incrível, Ricardo. Vc é o primeiro homem que sei que o leu. Ahh como seria bom se tantos mais o lessem. Vc certamente é um Manawe. Obrigada pela partilha de sua experiência com a Mulher Selvagem! Aline Matias, Fortaleza-CE – jul2021


Mulheres que correm com os lobos

17/10/2009

LivroMulheresQueCorremComOsLobos-01Mulheres que correm com os lobos
Clarissa Pinkola Estés (Editora Rocco)
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Os lobos foram pintados com um pincel negro nos contos de fada e até hoje assustam meninas indefesas. Mas nem sempre eles foram vistos como criaturas terríveis e violentas. Na Grécia antiga e em Roma, o animal era o consorte de Artemis, a caçadora, e carinhosamente amamentava os heróis. A analista junguiana Clarissa Pinkola Estés acredita que na nossa sociedade as mulheres vêm sendo tratadas de uma forma semelhante. Ao investigar o esmagamento da natureza instintiva feminina, Clarissa descobriu a chave da sensação de impotência da mulher moderna. Seu livro, Mulheres que Correm com os Lobos, ficou durante um ano na lista de mais vendidos nos Estados Unidos.

Abordando 19 mitos, lendas e contos de fada, como a história do patinho feio e do Barba-Azul, Estés mostra como a natureza instintiva da mulher foi sendo domesticada ao longo dos tempos, num processo que punia todas aquelas que se rebelavam. Segundo a analista, a exemplo das florestas virgens e dos animais silvestres, os instintos foram devastados e os ciclos naturais femininos transformados à força em ritmos artificiais para agradar aos outros. Mas sua energia vital, segundo ela, pode ser restaurada por escavações “psíquico-arqueológicas” nas ruínas do mundo subterrâneo. Até o ponto em que, emergindo das grossas camadas de condicionamento cultural, apareça a corajosa loba que vive em cada mulher.

(Sinopse extraída do site da Editora Rocco)

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RK COMENTA
trecho da crônica Em busca da mulher selvagem

Então li Mulheres que Correm com os Lobos, de Clarissa Pinkola Estés. E tudo fez sentido. Lá estava o que eu intuía sobre a mulher e a relação entre os gêneros mas ainda não sabia verbalizar. O livro me veio quando eu já lidava melhor com meus aspectos femininos e, por isso, me identifiquei profundamente com ele e com a histórica questão da domesticação da mulher.

Através de mitos e lendas coletados pelo mundo, a autora mostra como sobreviveu, mesmo escondida sob muitas formas simbólicas, o arquétipo do feminino selvagem, o modelo da mulher conectada com os ritmos e valores da Natureza e de sua própria natureza, o modelo da mulher livre. Um belo livro, que tem ajudado muitas mulheres a resgatar o que séculos de repressão lhes usurparam: o direito de serem o que quiserem. Um livro que fala essencialmente do feminino mas também fala de homens e deveria ser lido pelos dois. (RK 2009)
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Ricardo Kelmer 2009 – blogdokelmer.com

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> Para ler na íntegra a crônica Em busca da mulher selvagem

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Este e outros textos
integram o livro Vocês Terráqueas – Seduções e perdições do feminino

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MAIS SOBRE SEXUALIDADE FEMININA

OIncubo-06O íncubo – Íncubos eram demônios que invadiam o sono das mulheres para copular com elas – uma difundida crença medieval. Mas… e se ainda existirem?

Lolita, Lolita – Ela é uma garotinha encantadora. E eu poderia ser seu pai. Mas não sou

A gota dágua – A tarde chuvosa e a força urgente do desejo. Ela deveria resistir mas…

A torta de chocolate – Sexo e chocolate. Para muita gente as duas coisas têm tudo a ver. Para Celina era bem mais que isso…

O mistério da cearense pornô da California – Uma artista linda e gostosa, intelectual e transgressora, que adora perversões e, entre uma e outra orgia, luta pela liberação feminina

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MAIS SOBRE LIBERDADE E O FEMININO SELVAGEM

AMulherSelvagem-11aA mulher selvagem – Ela anda enjaulada, é verdade, mas continua viva na alma das mulheres

A mulher livre e eu – A liberdade dessa mulher reluz no seu jeito de ser o que é – e ela é o que todas as outras dizem ou buscam ser, mas só dizem e buscam, enquanto ela tranquilamente… é

Em busca da mulher selvagem – Era por ela que eu sempre me apaixonava, essa mulher que era quem ela mesma desejava ser e não a mulher que a família, religião e sociedade impunham que ela fosse

Amor em liberdade – O que você ama no outro? A pessoa em si? Ou o fato dela ser sua propriedade? E como pode saber que ela é só sua?

As fogueiras de Beltane – As fogueiras estão acesas, a filha da Deusa está pronta. O casamento sagrado vai começar

Alma una – Eu faço amor com a Terra / Sou a amante eterna / Do fogo, da água e do ar / Sou irmã de tudo que vive / Ninfa que brinca com a vida / Alma una com tudo que há

Quem tem medo do desejo feminino? (1) – A maternidade, a castidade e a mansidão de Nossa Senhora como bom exemplo, e a força, a independência e a liberdade sexual da puta como exemplo contrário, a ser jamais seguido

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LIVROS

vtcapa21x308-01Vocês Terráqueas – Seduções e perdições do feminino – Contos e crônicas sobre a mulher (Ricardo Kelmer, 1998)

Mulheres que correm com os lobos – Mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem (Clarissa Pinkola Estés –  Editora Rocco, 1994)

A prostituta sagrada – A face eterna do feminino (Nancy Qualls-Corbert – Editora Paulus, 1990)

As brumas de Avalon (Marion Zimmer Bradley – Editora Imago, 1979)

O feminino e o sagrado – Mulheres na jornada do herói (Beatriz Del Picchia e Cristina Balieiro – Editora Ágora, 2010) – É ainda mais interessante ver o relato das mulheres pois elas sempre foram, mais que os homens, historicamente reprimidas na busca pela essência mais legítima de suas vidas

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COMENTÁRIOS
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Dois morros

01/10/2009

01out2009

Quando o seio dela finalmente surgiu, meio à mostra na blusa entreaberta, minha mão vacilou. Ela então disse: Fecha os olhos

DoisMorros-04

DOIS MORROS

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Minha mão vacilou quando o seio dela surgiu, meio à mostra… Não, não, melhor começar pelo morro, o outro. Vamos lá. No início, era o simples, o natural. Não era chique nem tinha futuro. No alto do morro, só umas casinhas pequenas e um espaço de grama e areia, uns arbustos, um pé de pau acolá. Era 1984 e eu garoto fuçador de recantos descobria o mirante natural do Morro Santa Terezinha, e subia lá para tocar violão com os amigos, luarada, namorar, fogueirinha de papel…

A gente sentava na grama, o litrão de rum no centro da roda. Os namorados iam para o carro, mais afastado, economizar o motel. Quem se apertava, fazia xixi na ribanceira. Ir aonde ninguém havia ido, era excitante. Sem medo de assalto, sem pensar no tempo, a vida era agora.

Um dia, agora sim, um dia os seios dela surgiram. Aonde você tá me levando?, Isabella perguntou, provocante. O fusca véi subia o morro, se peidando todo, serpenteando pelas ruazinhas, as casinhas simples, o povo na calçada, o charme suburbano. Pro céu, minha linda… Não, falei isso não, só tive vontade. Mas na última curva, pedi: Fecha o olho. Quando ela abriu, era o postal noturno da cidade, encima o céu piscante de estrelas, e lá embaixo os prédios, as luzes, o neon dos letreiros coloridos. Ela boba: Como você descobriu isso? Eu mais bobo: E você, como eu descobri você?

Aí a tiazinha botou umas cervejas na geladeira de sua casinha, uns refrigerantes. A gente ia lá no portão e batia palma. Ela levantava do sofá onde via tevê e, sonolenta, trazia uma cerva e uns copinhos. Quanto é, tia? É só tanto. Tem mais gelada não? Tem não, meu fi, a geladeira tá desmantelada. A gente pagava e ela dizia: Pode deixar os cascos lá que depois eu pego. E aconselhava as meninas: Quando vier de novo, traz um agasalho, mode o vento frio.

Um dia, a cerveja veio com isopor. Estava melhorando. Outra noite cheguei lá e tomei um susto: a tia espalhara umas mesinhas, umas cadeiras de reclinar. Mode as menina não sujar o vestido, né, meu fi? Aí o vizinho começou a vender cerveja também. Já dava para escolher se ficava na tia ou no tio. Depois já dava para tomar caipirinha, beliscar um peixinho frito com tomate e cebola. O movimento aumentou e a filharada da tia veio ajudar. O mirante lotava, às vezes nem lugar para sentar, um imenso bar ao ar livre, gente interessante, sempre aparecia um violão, um Pink Floyd no toca-fita… Tudo ainda simples e delicioso. O tempo ainda era agora.

Perdida entre beijos incontidos e abraços descontrolados, minha mão percorreu as curvas do corpo dela, serpenteando, errando aqui, acertando mais na frente. Quando o seio dela finalmente surgiu, meio à mostra na blusa entreaberta, minha mão vacilou. Ela então disse: Fecha os olhos. Quando abri, a paisagem nua de seus seios reluzia à minha frente, dois morros a conquistar. E lá fui eu, garoto fuçador de recantos, legítimo ocupador do morro.

Nos anos 90 os moradores venderam suas casas para os empresários, tudo de olho no bolo que crescia. Todo mês abria bar, pastelaria, restaurante. Virou chique subir o morro. Gente bacana bem vestida, turista tirando foto. Tinha restaurante limpinho, peixe na telha, música ao vivo, artesanato. O progresso invadiu o morro com alvará. Mas… havia algo estranho. Pescadores e rendeiras agora eram comerciantes. Não havia lugar para tanto automóvel. O barulho incomodava os moradores. Menina nova alugava o corpo magrinho nas quebradas da noite. Garoto trazia cocaína para o motorista. E a tal da urbanização asfaltou as ruazinhas e jogou uma praça feia por cima da grama.

Reivindicando seu pedaço do bolo, a violência também subiu o morro, claro. Roubos, assaltos, mortes. Os empresários resistiram, se organizaram, clamaram por segurança. Mas ela, mouca, não escutou. E, assim, a gente bacana desceu o morro e não voltou mais. O bolo murchou. E o futuro se foi, deixando o gosto bom do que devia ter ficado só no agora.

O morro não é mais chique, Isabella, mas ainda está lá. E eu queria que você soubesse que aquela noite também, continua no mesmo lugar, sem amanhecer, seus seios em minhas mãos, dois morros conquistados, eu turista já pensando em voltar. Tudo está lá ainda, meu nome gemido em sua boca, eu errando e acertando as ruas de seu corpo, indo aonde ninguém fora. Nossa história ainda se conta lá encima, na grama, suburbana, pegando cerveja na tiazinha. Nossa história, juvenil, desmantelada e urgente, mode a hora. Com tomate e cebola. No mirante perfeito do nós dois agora.

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Ricardo Kelmer 2004 – blogdokelmer.com

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> Esta crônica integra o o livro Blues da Vida Crônica
> Esta crônica integra o o livro Vocês Terráqueas – Seduções e perdições do feminino

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PS 1: Embaixo é junto. Em cima é separado. Por que então não escrever “encima”? Esta crônica é uma das primeiras em que assumi o encima. 🙂

PS 2: Dois Morros é um conto? Ou uma crônica? Por anos, convivi com esta dúvida. Até que entendi que era uma coisa e outra ao mesmo tempo. Eu escrevera um croniconto. E ainda tinha elementos de carta. Um croniconto missivístico.

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LolitaLolita-04Lolita, Lolita – Ela é uma garotinha encantadora. E eu poderia ser seu pai. Mas não sou…

O íncubo – Íncubos eram demônios que invadiam o sono das mulheres para copular com elas – uma difundida crença medieval. Mas… e se ainda existirem?

A gota dágua – A tarde chuvosa e a força urgente do desejo. Ela deveria resistir mas…

O mistério da cearense pornô da California – Uma artista linda e gostosa, intelectual e transgressora, que adora perversões e, entre uma e outra orgia, luta pela liberação feminina

O mistério da morena turbinada – Aí um dia ela, inocentemente, leva o computador numa loja pra consertar. Algum tempo depois dezenas de fotos suas estão na rede, inclusive fotos íntimas

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Comentarios01COMENTÁRIOS
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01- Caro primo, Nunca vi tão bem “retratado”, apesar de escrito, nossas noitadas no antigo mirante. Recordei ao ler, várias passagens inusitadas e até folclóricas que aconteceram por lá. Ai também vêm lembranças de outros lugares como o antigo “Rasgo de Lua”, “Ponto de luz” (que ainda resiste ao tempo), Tinha um ali na Rui barbosa que não me lembro o nome. Era quase na esquina da Torres Câmara, “tinha um andar de cima ao ar livre bem legal e reservado”. Para não falar do “Canto verde”, “Madelon” e outros que permearam a nossa juventude. Sinto saudades de um passado muito bem vivivo por nós e por vários amigos. Será que estamos ficando velhos? Carlos Marcos Severo de Oliveira, Fortaleza-CE – dez2004

02- Rica, você é um homem de muitas histórias… E continua paradoxal. Bjs. Lêka, Fortaleza-CE – dez2004

03- espetacular. Tonico Caminha, São Paulo-SP – dez2004

04- Oi Rika!!!! Que saudade…. saudade de você, saudade do Morro de Santa Terezinha, saudade de ouvir Pink Floyd, um violãozinho com os amigos…. Ler a sua crônica me fez relembrar exatamente tudo isso que você descreveu, tudo isso que eu também tive a sorte de viver… Parabéns, Rika! Amei… muito bem escrito, como sempre!!! E o natal, vai passar aqui? Precisamos nos ver,hein? Se vier, nos avisa,tá? Beijos…. Anabela Alcântara, Fortaleza-CE – dez2004

05- Putz!!! voltei no tempo. Otros abrazos. Roberto Maciel, Fortaleza-CE – dez2004

06- Lindo, adorei! Clícia Karine, Crateús-CE – dez2004

07- Eh Ricardo, essa deu saudade mesmo! Bons tempos aquele do Mirante – anos 80. Valeu a leitura. Abraços. Mauro Sérgio, Fortaleza-CE – dez2004

08- Kelmer, meu amigo querido… você me redimiu! Fiquei maravilhado! Obrigado por esta crônica, ela me resgata a antiga Fortaleza. Abraço e tudo de bom. Ronald de Paula, Fortaleza-CE – dez2004

09- Caro Ricardo, Saudade… do mirante, do morro, de 1984, dos seios. Com todo res”peito”, Eu preciso dum seio assim, mágico!?. Surgiu como? Me explique… Eli Miranda, Fortaleza-CE – dez2004

10- vi uma cronica sua sobre o morro do Mirante….achei-a linda! Como voce, tambem na minha juventude costumava ir àquele lugar olhar a lua e beber uns copos com os amigos….tambe dei muitos “amassos” nos meus gatinhos, amores que pensava durariam uma eternidade mas depois de 1 semana era passado(coisas da vida) bem, lhe escrevi apenas para agredece-lo pela bela recordaçao e dizer-lhe que suas palavras me fizeram retornar ao tempo e me fez bem, a cidade cresceu e mudou muito, o morro ficou perigoso ,as ainda me arrisco a frequentar o restaurante do Osmar e comer uma bela lagosta…sempre que vou ali lembro das minhas aventuras, uma patricinha que adorava se apaixonar por caras “perigosos”….tempos bons! Tenha um otimo dia e mais uma vez obrigada. Cacia Linhares, Fortaleza-CE – dez2004

11- Tb tive um morro durante minha adolescência…íamos todas as sextas feiras…ouvir os amigos tocando violão, os beijos e amassos também decoravam o ambiente ;em noite de lua cheia, a beleza era completa pois do alto víamos além da bela lua olhando aqui em baixo para nós; podíamos contemplá-la …através de sua imagem espelhada nas águas do Rio Tocantins…quantas lembranças!!!! lembranças maravilhosas “seu” morro trouxe do “meu morro”…Por favor nunca pare de escrever sua palavras resgatam minha alma…e me tornam mais sensível…que poder vc tem! morei em Tucuruí no interior do Pará durante a construção de barragem hidrelétrica, foi a melhor fase deminha vida…bjs… Diva, Macapá-AP – abr2007

12- Parabéns pelo texto DOIS MORROS, ele é de uma beleza e singularidade fantástica. Li com muito cuidado para encontrar as suas nuances de poesia e de realidade. Confesso ter achado simplismente belo, real, nu e cru, porém belo. P.S.: A partir desta descoberta prometo procurar outros textos teus para que através dele venha deliciar-me com tuas letras e com teu estilo. FS Garcia, Fortaleza-CE – ago2008

13- Oi, Ricardo. Tô sem net em casa , mas vim numa lan so pra te falar umas coisas…. Desde ontem eu tava toda depre( nao sei por que/ na verdade, sei, mas nao vou falar aqui…rsrsrsr), acordei e tirei o “vocês Terráqueas” da estante e fui ver os textos que ainda nao havia lido….Fiquei encantada com aquele que você fala do mirante…. poxa! quanta sensibilidade e romantismo… queria ter uns 15 anos a mais e ser aquela menina….  nao lembro quanto paguei nesse livro, mas valeu a pena!!!! Irlane Alves, Fortaleza-CE – jul2011

14- Confesso que li e me apaixonei no ato! Rosângela Aguiar, Fortaleza-CE – ago2011

15- Morro dos Mamilos!!!rsrsrs. Hotojunior Hoto, Fortaleza-CE – jan2013

16- Eita, o velho Morro do Mirante, vc me relembrar a comemoração do meu primeiro mês de namoro com a mulher q está casada comigo a 23 anos e que nós namoramos 04 anos. Lembro da felicidade vivida em cada subida e da paz que sentíamos estando a ima da cidade. Lembro da tia e das conversas regadas a muita birita.. Amigo, como é bom voltar no tempo através de palavras que nos fazem flutuar nas emoções. Obrigado por suas palavras me fazerem relembrar dos prazer de se divertir solado de grandes amigos com vc, Paulo Márcio, Nelsinho, Valmir, Amaury e outros tantos .. Não acho q estamos velhos, apenas o passado correu demais… Paulo Helmut B Simões, Fortaleza-CE – jan2013

17- vc é muito bom no que escolheu fazer, Ricardo Kelmer: teus contos (cronicontos): têm ‘alma’… ‘são vivos’, ‘conversam’ – dialogam – com o leitor. Maria Gama, Serra-ES – ago2015

18- Eu me entendo por gente quando vivi o fim dos anos 80 e o início da punjança dos anos 90, ainda quando o bolo estava crescendo. Que saudade daquele lugar tão tranquilo de tantas madrugadas insones e alegres! Regadas a caipirinhas e cervejas nas mesinhas ao lado da ribanceira. Tempo bom que a violência levou! José Epifanio, Fortaleza-CE – ago2015


Cristal

22/07/2009

22jul2009

Ele quer falar sobre tudo que viveu ali dentro, todos aqueles anos, os amores e desamores, o quanto sofreu e fez sofrer, perdeu e se encontrou… Mas não precisa, ela já sabe

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CRISTAL
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Ele pensa enquanto a pergunta da Mestra ainda ecoa: Que tal passar o aniversário com sete namoradas? Ele olha para trás, para frente, o corredor infinito, portas de um lado e outro. Que estranho presente de aniversário…. A Mestra abre a porta. Ele pensa. Pode recusar? Não, ele sabe que não pode. E entra, devagar, desconfiado.

Silêncio. Uma sala enorme, toda branca. À esquerda ele vê dois olhos verdes. Chega mais perto e reconhece: é ela. Uma dor repentina o entristece. O que acontece com os sentimentos que desprezamos em nós mesmos? Ele se desculpa: Eu era só um garoto estúpido, mas amei você mesmo assim, acredite…

Rejuvenescido. É como ele se sente no ambiente seguinte onde a bailarina faz piruetas sobre uma nuvem. Ela sorri um sorriso tão juvenil que imediatamente ele se sente mais jovem do que é, do que era. Quer sentar para admirar, mas não há tempo. Resta-lhe dizer: Tudo valeu, as alegrias, as brigas, tudo, mas o tempo, infelizmente não houve tempo, você já estava de partida, fui apenas sua despedida deste mundo…

Beleza e loucura… beleza e loucura… De algum lugar escuta alguém sussurrar. Lá em cima, no alto da torre. A linda princesa. Ela o chama, implora que a liberte de sua prisão. E joga duas enormes tranças. Que caem a seus pés. Bela e irresistível como o diamante da insanidade… E ele foi, subiu agarrado às suas tranças até o alto. E lá no alto teve medo do que ele era. Horrorizado, despencou. E morreu sua primeira morte, rígido de dor. Obrigado por ter me matado, princesa, eu a amarei para sempre por isso, obrigado…

Vazio. O aposento vazio. Ele escuta um piano… Um som doce, tão doce que o sente na boca, se desmanchando sob a língua. Depois que se desmancha é que percebe que o doce… é ela. Tenta provar o som mais uma vez… porém tudo volta a ser o imenso vazio. Sente-se tão incomodado que se apressa para sair… mas uma ideia súbita o faz voltar. E então compreende. O vazio é ele, ele todo o imenso vazio, sem nada para oferecer além da própria busca alucinada por si mesmo. Ela ao piano, os seios generosos, ela e a doçura que sempre se desmancha antes que ele a alcance… Desculpa, por favor, que era eu um vaso vazio?…

Fantasias. Mil fantasias nos espelhos ao redor. Qual delas será ele? Experimenta todas e nenhuma lhe cabe. Sente-se perdido em meio a tudo aquilo que não é ele, e se angustia ainda mais. Então surge a mão dela, amorosa e compreensiva a acariciá-lo. Ele leva a mão ao peito e se acalma. No meio do caleidoscópio de tantos eus ele sussurra: Você me vê, mais do que eu mesmo, e isso me faz existir…

Girando e girando e girando… Ele agora gira no escuro, sem saber onde se encontra. Está úmido e abafado. Enquanto gira, sente a excitação lhe subir pela virilha, mais, mais… Um segundo antes de gozar, percebe que está na caverna e então compreende que está dentro dela, ela o comeu, viúva negra. Entorpecido, deita-se para morrer, finalmente descansar na escuridão total. Mas no último segundo desperta aterrorizado e, com as forças que restam, levanta, e as luzes se acendem. Fomos fundo, meu bem, fomos tão fundo em nós…

Karma. O último ambiente é o ônibus que o levará ao inferno. Quer desistir, mas o olhar providencial de sua irmã lhe diz que não há outro caminho para o céu. Ele entra, fecha os olhos e chora indefeso, pressentindo o que virá. A rodomoça oferece o cálice, e quando o bebe, vê que é sangue. Não há palavras para descrever o gosto, a dor, o inferno, a morte. Dias sem noites e noites sem dias sem poder dormir. Rendido, permite que demônios devorem sua carne. Sem mais qualquer orgulho, abre os braços e oferece a alma à Terra. Na última noite escuta pombas brincarem no teto… e percebe que renascerá. E tudo se esclarece: Você é o que eu precisava viver para que o Cosmos se reequilibrasse em mim, não há palavras para agradecer…

A porta se abre e ele cai de joelhos, chorando de gratidão. A Mestra o abraça, compreensiva. Ele quer falar sobre tudo que viveu ali dentro, todos aqueles anos, os amores e desamores, o quanto sofreu e fez sofrer, perdeu e se encontrou… Mas não precisa, ela já sabe. Ela pede que ele abra a mão… e lá estão sete pedrinhas de cristal, em todas o reflexo de seu próprio rosto. Extasiado, ele pega os cristais com cuidado, admirando seu brilho. Então, de repente, não são mais sete, são apenas um, o mais belo. Ele aperta o cristal ao peito e respira fundo. Quer dizer algo, mas, pensando bem, não há nada para dizer. Nem pensar. Apenas sentir.

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Ricardo Kelmer 2005 – blogdokelmer.com

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vtcapa21x308-01Este conto integra o livro
Vocês Terráqueas – Seduções e perdições do feminino
contos/crônicas

Ciganas, lolitas, santas, prostitutas, espiãs, sacerdotisas pagãs, entidades do além, mulheres selvagens – em todas as personagens, o reflexo do olhar masculino fascinado, amedrontado, seduzido… Em cada história, o brilho numinoso dos arquétipos femininos que fazem da mulher um ícone eterno de beleza, sensualidade, mistério… e inspiração.

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DesconstruindoKelmer-04aDesconstruindo Kelmer (por Wanessa, inspirado no conto Cristal) – Totalmente metida e curiosa, eu me debrucei sobre o conto e fiz minha própria interpretação. Bem, a presença da Mestra, a vida, a Deusa, o Tao, o fluxo irrevogável de tudo, não me espanta que seja uma figura feminina…

Inculta e bela, dengosa e cruel – Então arrumei de novo a mochila, me despedi com muitos beijos, seu hálito de vodca me soprando toda a sorte do mundo, eu barquinho de papel rio abaixo, louco para ir, doido para ficar

Maior que meu horizonte (por Wanessa, inspirado na crônica Inculta e Bela, Dengosa e Cruel) – E quando eu penso que ele já está de novo envolvido em meus contornos, hipnotizado pelo balanço dos meus quadris e minha maré, ele foge

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