Pimbando e discutindo a relação em 50 tons

26dez2012

Talvez seja exatamente esse o pulo do gato da trilogia: sexo e DR, sexo e DR, e nos intervalos o glamour de uma vida bilionária

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PIMBANDO E DISCUTINDO A RELAÇÃO EM 50 TONS
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Uma jovem e virgem estudante de literatura, que vive uma história de amor com um bilionário lindo que curte fantasias sexuais de dominação e submissão. Ao saber da trilogia 50 Tons de Cinza, eu, pervertido que sou, fiquei curioso. Um romance pornográfico, fenômeno de vendas, escrito por uma mulher, milhões de mulheres no mundo inteiro lendo e comentando… É, eu teria mesmo que ler.

E li. E não gostei. De fato, é literatura ruim. A linguagem, simplória e açucarada, lembra romance barato de banca de revista. Por sua autora não ser escritora profissional, a história tem falhas estruturais básicas e não finaliza bem as expectativas criadas, típico de quando não se tem um roteiro com o arco narrativo bem definido a guiar a história. Em 50 Tons, percebe-se uma espontaneidade ingênua e meio adolescente, o que confirma o que autora diz sobre ter escrito apenas com o intuito de extravasar suas próprias fantasias eróticas.

No começo, até que a história me capturou a atenção, pois, além da promessa de cenas BDSM, o suspense estava bem dosado pelos capítulos. As trepadas do casal Anastasia e Christian, no entanto, mesmo sendo detalhistas, não me empolgaram. No segundo livro, o sexo se tornou repetitivo, e cada vez mais baunilha e melodramático, e no terceiro eu bocejava enquanto os dois faziam amorzinho. E terminei a leitura entediado pelo amor possessivo e ciumento do casal, e lamentando que as perversões BDSM não tenham sido melhor exploradas.

A autora Erika Leonard James criou um conto de fadas moderninho, onde a heroína luta bravamente por seu príncipe encantado, corre mil perigos e, no fim, é recompensada com um belo casamento e uma prole maravilhosa – com a diferença que rola muito sexo e situações que representam bem certos fetiches femininos. Então, temos a cinderela a escovar os dentes com a escova do príncipe, usando sua cueca, fazendo sua barba… Ela chega a ser disputada pelos homens num leilão de dança e quase é estuprada pelo chefe malvado. Ela brilha em roupas de grife, degusta vinho em restaurantes chiques, abala em festas glamourosas, passeia de iate e helicóptero e é presenteada com joias e automóveis de luxo. E não faltam clichês de filmes de ação, como perseguição de carros, espionagem e vilões que querem a infelicidade da mocinha. E tome orgasmos incrivelmente sincronizados, entre litros de lágrimas e toneladas de declarações de amor eterno.

Em 50 Tons, porém, há algo que tem tão ou mais poder de sedução sobre o público feminino que o sexo: a DR. Putz, como Anastasia e Christian discutem a relação! Metade da história se passa com a mocinha a pensar, ponderar, refletir, analisar e conjecturar sobre seu lance com o mocinho. Bem, talvez seja exatamente esse o pulo do gato da trilogia: sexo e DR, sexo e DR, e nos intervalos o glamour de uma vida bilionária.

Não me passou despercebido que o texto, ao menos na versão brasileira, não cita o nome do órgão sexual feminino. Temos pau, bunda, cu e até clitóris, mas não temos buceta, xoxota, nem sequer vagina. No máximo, temos “sexo” ou “ali”. Por que essa desfeita para com a perseguida? De todo modo, espero que 50 Tons contribua para que mais mulheres se interessem por literatura erótica e também, é claro, por mais sacanagem em suas vidas. Nós, pervertidos, agradecemos.

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Ricardo Kelmer 2012 – blogdokelmer.com

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SAIBA MAIS

Entrevista com E.L. James, Revista Veja, 08.08.12

 Sexo, sexo, sexo, do começo ao fim, no livro mais falado do momento – e o mais vendido no mundo, blog do Ricardo Setti, 24.06.12

BDSM – Os fetiches sexuais que envolvem bondage, dominação, submissão e sadomasoquismo.

A História de O – Um clássico da literatura erótica sobre uma jovem parisiense que se deixa escravizar por seu amante

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FILME (legendado)

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DICA DE LIVRO

IFTCapa-04aIndecências para o fim de tarde
Ricardo Kelmer – contos eróticos

Uma advogada que adora fazer sexo por dinheiro… Um ser misterioso e sensual que invade o sono das mulheres… Os fetiches de um casal e sua devotada e canina escrava sexual… Uma sacerdotisa pagã e seu cavaleiro num ritual de fertilidade na floresta… A adolescente que consegue um encontro especial com seu ídolo maior, o próprio pai… Seja provocando risos e reflexões, chocando nossa moralidade ou instigando nossas fantasias, inclusive as que nem sabíamos possuir, as indecências destes 23 contos querem isso mesmo: lambuzar, agredir, provocar e surpreender a sua imaginação.

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COMENTÁRIOS
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01- Adorei a crítica sobre os 50 tons de putaria! Não li na íntegra, mas o pouco que li achei logo a cara de Bianca! Não entendo tanto frisson em cima deste livro…aaarrghhh. Kathia Albuquerque, Porto Seguro-BA – dez2012

02- Pra mim funciona tão diferente…quando vejo muita gente em cima, falando, discutindo demais, acaba não me interessando. Não li e dificilmente vou ler. Dri Flores, São Paulo-SP – dez2012

03- mais açúcar senhor? muito meloso argh. Elaine Christina, Campina Grande-PB – dez2012

04- Tem uma linguagem adolescente e poderia ter umas 100 paginas a menos. Eh bonzinho, distrai, mas nem de longe faz jus ao disse-me-disse que a midia fez… Marta Lima, Rio de Janeiro-RJ – dez2012

05- li e descobri q o meu love sabe mais coisas…. se aquilo e sadismo nao acho…. livrinho bobo… tao bobo quanto a garota da estoria…. Dhara Bastos, Fortaleza-CE – dez2012

10 Responses to Pimbando e discutindo a relação em 50 tons

  1. acho ótimo que as mulheres estejam lendo e assumindo que gostam de ler sobre sexo. pode ser que assim, as editoras e produtoras de filmes eróticos e pornográficos invistam mais em lançamentos voltados pro público feminino. comecei a ler Cinquenta Tons, mas logo vi que é cheio de falhas e desisti da leitura. quando tô a fim de ler uma safadicezinhas, venho aqui no seu blog que tá cheio delas. aliás, cadê a Ninfa Jessi? cadê textos novos com aquelas aventuras excitantes que me fazem, ai, suspirar, hein? 🙂

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  2. Amei a tua crônica. Interessante é que eu tava conversando com a minha irmã sobre este livro e na ocasião eu dizia a ela que não tinha o menor interesse em lê-lo, pois não gosto do que tá na moda, mas é como vc disse, pelo menos as mulheres estão assumindo que gostam de literatura erótica. Só espero que os próximos livros sejam mais apimentados e emplgantes 😉

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  3. Ivonesete disse:

    Lendo agora sua crônica confirmo o que já imaginava sobre o tão afamado “50 Tons”. Como comentou Luciana, tbem não me atraio por modismos, mas para quem gosta de um conto erótico interessante sugiro de Alina Reyes: Lilith. Faz anos que li e na minha opinião é bem escrito, forte e inteligente.

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  4. dhara disse:

    oi ricardo meu amigo … sua bruxinha preferida nao esta entendendo porque o livro 50 tons faz tanto sucesso…. sera q a vida das mulheres deste pais e tao pobre assim? minha irma a monica me deu de presente porque sabe das minhas estrepolias… aquele libvro e fichinha p mim…. resolvi escrever um tbm supererotico s uma mulher madura e um jovem de 25 anos…. sera q vai dar certo ou tem que ser americano?

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    • ricardokelmer disse:

      > O estrondoso sucesso de 50 Tons talvez revele exatamente isso, o baixo nível de sacanagem da média das brasileiras. Mas também revela que elas se interessam pela putaria, o que deve ser festejado. E sobre o livro, Dhara querida, escreva que depois te dou as dicas para publicação.

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  5. Taisa disse:

    Realmente esse livro não tem nada demais, é assunto para um livro somente. Acho que a população feminina é tão reprimida sexualmente, que pegaram ” 50 Tons” como tábua de salvação pra se assumirem. Toda mulher gosta de putaria sim, e quem diz que ñ ta mentindo!!!!!!!!!!

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