Blues pra esquentar ninfeta (Blues de luz neon)

29/04/2010

Ricardo Kelmer 2010

E a ninfeta maluquete acabou inspirando um blues bem quentinho, ideal pra suas noites frias, já que minhas mãos nem sempre estarão por perto

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Eu morava em Fortaleza quando fiz a letra de Blues de Luz Neon. Foi numa noite de 2001, eu sozinho em meu quarto, secando uma vodca e pensando numa ninfeta maluquete com quem eu tinha um rolo. Carente, atazanada, rueira e olhar levado – vixe, a outra era um perigo. A gente na boate, ela dizia que tava com frio, coitadinha, e aí pegava minha mão e botava discretamente por baixo de sua blusa, pra esquentá-la, enquanto todos passavam pertinho sem perceber nada. Era cheia desses fetiches, a ninfeta. Ela nunca soube que foi ela a inspiração da letra, qualquer dia eu digo.

No ano seguinte mostrei a letra pra minha amiga Lily Alcalay, uma cantora incrível, que todo sábado rasgava o blues naqueles poéticos entardeceres praianos da barraca Opção Futuro promovidos pela Cristina Cabral. Convidei-a a participar da trilha sonora do meu romance O Irresistível Charme da Insanidade e dei-lhe um exemplar do livro. Ela leu, gostou e topou musicar a letra. Mas infelizmente o câncer em minha amiga seguia acelerado e a irmã morte a chamou algumas semanas depois. Lily até chegou a cantarolar pra mim a melodia que fizera, ela deitada em seu leito no hospital, mas sua voz tava tão fraca que não consegui escutar. Deixei o hospital triste, sem querer crer que Lily em breve nos deixaria, e deduzi que nosso blues, que eu jamais conheceria, partiria com ela pra sempre.

Aí entra em cena meu amigo Joaquim Ernesto, que foi proprietário do Cais Bar, o bar inesquecível. Ele também gostou da letra e pediu pra musicá-la. Pensei: se eu aceitar, estarei traindo Lily? Entendi que não pois, na verdade, aquele blues precisava mesmo sair, e seria uma homenagem a ela, a bluseira venezuelana-cearense arretada. Toma, Ernesto, a letra agora é tua, manda ver – eu disse. E tomamos uma pra comemorar o início da parceria. E outra por Lily.

Joaquim Ernesto musicou e em 2004 chamou Lúcio Ricardo pra gravar. Putz, que sábia escolha. Lúcio é um dos melhores intérpretes que já conheci. Sua voz rouca e seu jeitão rasgado de cantar incorporam maravilhosamente bem a alma do soul e do blues, é uma diliça. Pra mim é uma grande honra ter um blues gravado por esse cara. E acho que Lily foi devidamente homenageada. E a ninfeta maluquete acabou inspirando um blues bem quentinho, ideal pra suas noites frias, já que minhas mãos nem sempre estarão por perto.

O Irresistível Charme da Insanidade é a história de Luca e Isadora, o músico que conhece a mochileira taoísta e vive com ela uma louca aventura amorosa que os faz viajarem no tempo pra entender porque é tão complicado o amor deles. Esse blues que Lúcio Ricardo canta integra a trilha sonora do romance e, se você quiser baixar a música, é só clicar aqui.
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BLUES DE LUZ NEON
(Ricardo Kelmer e Joaquim Ernesto)

Quando esse blues
Tocar no sonho do seu coração
Devagar você vai despertar
Na madrugada
Bem de mansinho, assim
Vai lembrar de mim
Abra a janela do quarto
Lá fora no meio da rua brilha um letreiro
O luminoso do nosso amor é vermelho
Então sinta, viaje
Voe nesse tom
Foi pra você, meu bem, que eu compus
Esse blues de luz neon

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Ricardo Kelmer 2010 – blogdokelmer.com

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Clipe: Blues de Luz Neon

> Baixe o mp3 desta música

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Mais sobre Lúcio Ricardo (matéria)
– Jornal Diário do Nordeste, fev2009

Lúcio Ricardo canta Ray Charles (vídeo)
– TV O Povo, Música de A a Z (2009)

Lúcio Ricardo canta Eu vou rifar meu coração, de Lindomar Castilho, em versão blues – mp3

Lúcio Ricardo – Em cada tela uma história
(do histórico disco Massafeira, de 1980 – mp3)

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ICI2011Capa-01dO Irresistível Charme da Insanidade
Ricardo Kelmer, Editora Arte Paubrasil, 2011

Um músico obcecado pelo controle da vida. Uma viajante taoísta em busca da reencarnação de seu mestre-amante do século 16. O amor que desafia a lógica do tempo e descortina as mais loucas possibilidades do ser.

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> Mais músicas kelméricas

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Comentarios01COMENTÁRIOS
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01- Adoro esta música! Lígia Eloy, Lisboa-Portugal – fev2011

02- virei sua leitorinha e sua ouvintezinha rsrsrs. Renata Regina, São Paulo-SP – fev2011

03- A musica é tão gostosa e tão fascinante quanto o livro. Parabéns Kelmer por tanta criatividade! Maria do Carmo Antunes, São Paulo-SP – fev2011

04- Blues de Luz Neon é bárbaro, muy sensual. A tua fêmea de dentro não é moleza não – uma demônia linda, ninfeta, erótica, sexy, sedutora e muuuuy perigosa. Com este tipo de demônia quem é que pode? Até o diabo enlouquece. 😉 Patrícia Lobo, Salvador-BA – fev2011


Inspiración, essa vadia

12/04/2010

12abr2010

E não adianta argumentar, seu signo é a urgência. Desejo não é coisa que se adie, ela sempre diz

InspiracionEssaVadia-02

INSPIRACIÓN, ESSA VADIA

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Inspiración… Os poetas de todos os tempos, eles sabem: não há nada, absolutamente nada igual a uma noite com ela. Por isso é que, apesar de não estar quente, achei necessário um bom banho. Troquei as calças e a camisa, mas mantive o cabelo molhado e sem pentear, do jeito que ela gosta. Pus lençóis novos na cama e até pedi a uma das meninas da taberna, a Ruiva, que me emprestasse a escova de cabelos, uma do cabo de osso trabalhado, bem bonita, que ela ganhou do marroquino.

Eu empresto, mas só se o poeta fizer um verso pra mim – a Ruiva negociou. As meninas adoram poesia. Sorri, fingindo que não esperava por aquilo. Mas era uma troca justa, uma escova por um verso. Então improvisei quatro linhas, a dona da escova sentada em meu colo, e, ao fim, ganhei um beijo e a escova. E deixei a taberna, levando uma garrafa de vinho debaixo do braço e uma alegria mal disfarçada no canto da boca. Que ficassem e se divertissem eles, os amigos lascivos e as amigas embriagadas. Eu iria para casa, esperar por Inspiración. Nada como uma boa isca para atrair a cigana do imprevisível, os poetas sabem.

Maria de la Inspiración… Foram as meninas que me contaram que ela andava pelas ruas do povoado hoje de manhã. Que bela notícia…, pensei enquanto o som de seu nome me remetia às tantas alegrias que essa cigana desatinada me proporcionou durante a vida. Quantos versos lhe dediquei, cavalgando-a com paixão noites adentro? Poemas de saliva, rimas de sêmen, sonetos de suor…

É uma vadia, eu sei, eu sei, não precisa repetir. Todos sabem, e não há poeta que não o saiba deveras. O povoado inteiro a conhece, e as nossas pudicas mulheres a evitam quando ela, para alegria dos homens daqui, resolve aparecer. Mas isso certamente se trata de uma inassumida inveja por parte dessas respeitáveis senhoras recatadas e sem graça. Por não terem os homens na mão como os tem a cigana adorável. Tão bonita que nem precisava tanto. Ardente como nenhuma delas jamais poderá ser, de tão preocupadas com a vida alheia. E o vinho mais forte, creia, não embriaga tanto quanto a visão de seu corpo nu.

Mas, vadia. Dona de uma inconstância irritante. Como adivinhar o que pensa, saber o que realmente quer? Costumo dizer-lhe que ela é como são todos os felinos: aparecem quando não se espera, e se os chamamos, não vêm. Ela? Apenas ri, vaidosa da própria crueldade. Sim, ela é muito cruel. Usa e abusa de decotes generosos, servindo os seios em bandeja para a fome da noite. E se realiza, sim, como se realiza, sob os olhares dos homens. Então creio mesmo que deva se alimentar dos desejos alheios, a danada.

É fácil percebê-la numa festa: duas ou três canecas de vinho e lá está Inspiración a caminhar por entre as mesas, toda faceira e provocante, aceitando de bom grado tragos e elogios. Claro, desnecessário dizer que sua simples presença deixa enlouquecidos os árabes: da última vez presenciei meia dúzia de confusões. Os mais velados arregalam os olhos e coçam os bigodes – mas lhes transparece na cara o que lhes passa pela cabeça. Não creia, no entanto, ser possível subjugá-la. Ouse dominá-la e verá que escapole feito água entre os dedos. Submete-se apenas se lhe for vantajoso. Inspiración é tão fugaz quanto o brilho daquela estrela cadente.

E quando tenho a certeza de que homem nenhum a fará abrir as pernas dessa vez, eu inclusive, eis que vejo a vadia deixar a taberna de braços com o embriagado catalão, tão deslumbrado com a sorte que pagou bebida a meio mundo.

Eu a amo. Com desprezo, doçura e paixão, não nego. Mas essa sua volubilidade eterna nunca me dá tempo de me preparar. Aparece de surpresa em lugares ou situações que eu jamais esperaria. Surge de repente e eu, desprevenido, sinto-a insinuar-se lânguida pela minha virilha, as costas, o pescoço. E não adianta argumentar, seu signo é a urgência. Desejo não é coisa que se adie, ela sempre diz. E não é mesmo, não é mesmo, descobre a cada vez meu corpo vertido em beijos, minha alma convertida em versos.

Às vezes me enche de ciúmes, a diaba. Vejo-a na mesa de outros homens, sorridente, generosa. Mas não me permito levá-la tão a sério. Sorrio e entendo sua alma alegre e infantil. E quando inventa de dançar? Aí sim, é a própria expressão da felicidade. Solta os cabelos negros e com eles chicoteia o ar. Joga longe os sapatos e vai, rodopiando ao ritmo das palmas, tão cheia de graça e tão exata que penso se realmente não terá sido a dança inventada para ela. Seus movimentos aprisionam os olhares, e os homens se deliciam com a mais remota possibilidade de possuírem-na, e babam e gesticulam e se ensurdecem de tantos gritos e exclamações desvairadas. As meninas da casa são suas amigas, e ela sempre lhes traz roupas e enfeites e faz revelações pelas cartas sem cobrar. É uma dádiva essa cigana.

Marca encontros e me faz esperar em vão. Outras vezes acha de aparecer na pior hora possível. Rejeita meus versos em noites sem lua e em outras noites se deleita com eles e os deposita carinhosa em seu decote enluarado. Não tem jeito, previsível é coisa que Inspiración jamais conseguirá ser.

Mas certas iscas costumam dar resultado, sim. Por isso é que vim para casa mais cedo, deixei para trás a festa na taberna. A noite agradável, o vinho, o azeite da candeia renovado, meu corpo de banho tomado… Mel de atrair abelha.

“Armadilha”…, Inspiración dirá, já posso ouvir, o sorriso que eu bem sei nos lábios vermelhos. Então servirei mais vinho, apaixonado pelo seu pentear-se ao espelho, o cabelo negro dengosamente acariciado pela escova bonita a que ela não resiste. O corpo inflamável sob o vestido de pano fino… Candeia acesa em monte de feno seco… – eu já me vejo escrevendo depois sobre suas costas nuas, inspirado.

“O poeta está ficando ordinário” – ela sussurrará, virando-se na cama e me roubando um beijo. E eu, que certos escrúpulos já perdi:

“A gente se merece…”

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Ricardo Kelmer 1989 – blogdokelmer.com

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Este conto integra os livros:

> Vocês Terráqueas – Seduções e perdições do feminino
> Indecências para o Fim de Tarde

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MAIS SOBRE LIBERDADE E O FEMININO SELVAGEM

AMulherSelvagem-11aA mulher selvagem – Ela anda enjaulada, é verdade. Mas continua viva na alma das mulheres

Sexo tinto – Palmas para a musa dos inebriados

A mulher livre e eu – A liberdade dessa mulher reluz no seu jeito de ser o que é – e ela é o que todas as outras dizem ou buscam ser, mas só dizem e buscam, enquanto ela tranquilamente… é

Em busca da mulher selvagem – Era por ela que eu sempre me apaixonava, essa mulher que era quem ela mesma desejava ser e não a mulher que a família, religião e sociedade impunham que ela fosse

Amor em liberdade – O que você ama no outro? A pessoa em si? Ou o fato dela ser sua propriedade? E como pode saber que ela é só sua?

As fogueiras de Beltane – As fogueiras estão acesas, a filha da Deusa está pronta. O casamento sagrado vai começar

Medo de mulher – A mulher é um imenso mistério, que o homem jamais alcançará

Alma una – Eu faço amor com a Terra / Sou a amante eterna / Do fogo, da água e do ar / Sou irmã de tudo que vive / Ninfa que brinca com a vida / Alma una com tudo que há

Quem tem medo do desejo feminino? (1) – A maternidade, a castidade e a mansidão de Nossa Senhora como bom exemplo, e a força, a independência e a liberdade sexual da puta como exemplo contrário, a ser jamais seguido
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MAIS SOBRE INSPIRAÇÃO

O chamado da caverna – Mas talvez não, talvez se decida por entregá-la ao mundo, mãe que não pode criar o filho porque sua missão termina em parir

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DICA DE LIVROS

vtcapa21x308-01Vocês Terráqueas – Seduções e perdições do feminino
Ricardo Kelmer – contos/crônicas

Com que propriedade um homem pode falar sobre o universo feminino? Neste livro RK ousou fazer isso, reunindo 36 contos e crônicas escritos entre 1989 e 2007, selecionados em suas colunas de sites e jornais, além dos textos inéditos. Usando o humor e o erotismo, eles celebram a Mulher em suas diversas e irresistíveis encarnações, seja através de instigantes personagens femininos ou através do olhar e do discurso masculinos.

Ciganas, lolitas, santas, prostitutas, espiãs, sacerdotisas pagãs, entidades do além, mulheres selvagens – em todas as personagens, o reflexo do olhar masculino fascinado, amedrontado, seduzido… Em cada história, o brilho numinoso dos arquétipos femininos que fazem da mulher um ícone eterno de beleza, sensualidade, mistério… e inspiração.

Mulheres que correm com os lobos – Mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem (Clarissa Pinkola Estés –  Editora Rocco, 1994)

A prostituta sagrada – A face eterna do feminino (Nancy Qualls-Corbert – Editora Paulus, 1990)

As brumas de Avalon (Marion Zimmer Bradley – Editora Imago, 1979)

Mulheres na jornada do herói (Beatriz Del Picchia e Cristina Balieiro – Editora Ágora, 2010) – É ainda mais interessante ver o relato das mulheres pois elas sempre foram, mais que os homens, historicamente reprimidas na busca pela essência mais legítima de suas vidas

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01– Achei lindo o conto da cigana. Como diria Oswaldo Montenegro em sua musica, “Virtuosa e profana Pra cantar o sol. Dança, dança, dança pra cantar o sol Todo ao amor que emanar, pra cantar o sol Fiz do meu corpo cabana Pra cantar o sol…” e por aí vai. Acho que essa coisa de mistério que envolve os nômades é que faz tudo ficar ainda mais encantador, lindo!! Marcia Morozoff, Brasília-DF – jan2006

02- Viva a você, caro amigo. Nos delicia com tuas linhas sempre sinuosas como uma bela e incomível cigana. Viva o Phoder da palavras bem ditas e mal ditas idem Só para te passar um grande abraço. Maninho (Aluisio Martins), Fortaleza-CE – jan2007

03- costumo fugir do mundo real ás madrugadas no bate papo do meu estado…meu personagem é esssa mulher sobre quem ecreveu…assim me visto assim me imponho. sou conhecida como “vadia”. meus devaneios ficam apenas alimentando ou atormentando espíritos inocentes me sinto gostosa faço meus parceiros delirarem…é tudo virtual, não permito encontros mas eles só descobrem isso quando já estão envolvidos enebriados, seduzidos…e eu me vou deixando-os livres…para sonharem comigo. bjs amigo. Diva, Macapá-AP – abr2007

04- Curioso. Será a musa, sempre feminina? Se pensarmos nela como “Inspiracion”, sim. Sempre sim. Alma, fada, algo diáfano que se deixa penetrar pelo espírito masculino. Mas quem (ou o quê) inspira as mulheres a escrever? Levanto a peteca porque o Ricardo nos dá uma imagem feminina da inspiração assim como fizeram os escritores de todo o Mundo. Digamos então que existe a ECLOSÃO. E que esta, apesar de substantivo feminino, é notoriamente masculina. Assim se chama meu “muso”. E ele chega como um Cavaleiro do Fogo, um Príncipe de Bastões me obrigando a fazer sua vontade. E escrever que nem uma louca, num astral de emergência. Por falar nisso, por onde andará meu cavaleiro? Monica Berger, Curitiba-PR – ago2007

05- A colocação da mulher, que mesmo sendo vadia, tem todo o encantamento do homem… lindo! Será que todas nós temos um pouco de Inspiración? Mulheres masculinizadas… isso no sexo masculino agora tem até nome, e é: metrossexualismo! Concordo no ponto em que mulheres devem exigir direitos iguais, mas não perder o jeito feminino! Talvez isso pareça contraditório para algumas pessoas… Pamela Bathory, Juiz de Fora-MG – set2007

06- O texto da Inspiración é um de meus favoritos. Aprecio a Espanha (que duplo sentido! rs) e, como danço Salão, já me arrisquei no flamenco…Enfim. O conto é maravilhoso e, ao contrário da comentarista anterior, eu não diria ‘apesar de ser vadia’, mas justamente por sê-la. Engraçado como as pessoas sempre intepretam um sentido pejorativo nisto… Estou ansiosa pelo novo livro, e sempre estarei passando por aqui para conferir os novos escritos. Abraços. Mariana Melo, Maceió-AL – set2007

07- Talvez todas mulheres sejam Inspiración, não que sejam vadias, mas que seja mulher, que não sejam marrentas; mulheres que tem suas curvas, saliências e reentrâncias. Um bom conto. Abraços! Kelly Cristina, Fortaleza-CE – set2007

08- Correndo o risco de estar um pouco atrasada, mas gostaria de dizer que achei muito lindo o texto sobre a Inspiração, rsrs, uma vadia! a frase que mais gostei foi: “à minha maneira eu a amo. Com desprezo, doçura e paixão”. Essa mulher me lembra Lilith. Adoro Lilith. Um abraço, e que Inspiración te acompanhe! Fabiane Ponte, Curitiba-PR – set2007

09- Inspiración vadia é tão linda!!!!!! CIGANA DO IMPRVISÍVEL É DEMAIS!!!! Beeeijo calliente na tua Alma Cigana Na tua Bela e Perigosa Inspiración. Patrícia Lobo, Salvador-BA – jun2011

10- O texto “Inspiracion,essa vadia”,lido na faculdade, me despertou curiosidade para ler o Vocês Terráqueas. Rita Queiroz, Fortaleza-CE – jun2012

11- É incrível esse texto. O sentimento do personagem para com Inspiracion, é o que me chama mais atenção. É um desejo carnal que entrelaça com um sentimento que foge dos preconceitos e esteriótipos social. INSPIRACION, me faz recordar alguns episódios da vida cotidiana. Wescley Gomes, Fortaleza-CE – fev2014

12- Incrivelmente sensacional… Carla Falcão Bouth, São Paulo-SP – fev2014

13- Está bem romântico. Mais que o seu habitual. Luc Lic, São Paulo-SP – fev2014

14- Gostei… Erika Menezes, Fortaleza-CE – fev2014

15- Adoro este texto !!! Há uma ambiguidade no nome da personagem…Todo escritor, poeta para escrever/criar precisa de inspiração. Então nada melhor do que esse habilidade ser retratada como uma mulher cheia de mistérios, indomável…Lindo!!!Adoooooro. Michele Nagle, Fortaleza-CE – fev2014

16- adoooru. Sandra Xavier Amarantha, Poá-SP – fev2014

17- Huuuuuuum, obrigada pela homenagem Ricardo Kelmer. Esse poema deixa a gente suspirando, pois encontramos sempre um tanto de Inspiración dentro de nós. Essa alma de cigana dançante há sim em todas as mulheres, mas , infelizmente, nem todas a expressam, nem todas conseguem ser inspiração. Felizes aquelas que dançam a vida, encantam os corações dos seus espectadores e levam ao mundo a sua alegria! Sandra Xavier Amarantha, Fortaleza-CE – fev2014

18- Inspiración… Adoooooro! Renata Kelly, Fortaleza-CE – mai2014

19- E perfeito! Amei. Amanda Rangel Ryback Lobo, Carlópolis-PR – fev2017

20- Meu “signo é a urgência”… Adoro esse texto. Christiane Oliveira, Rio de Janeiro-RJ – fev2017

21- Nossa gostei de mais principalmente da parte que fala que o poeta e está ficando ordinario e você com certos escrúpulos rsrsrsrsrd parabéns lindas palavras e pensamentos bem certos gosto dos seus poemas são bastante inspiradores 😀 uma boa tarde querido amigo. Silvanna Carvalho – fev2017

22- Uau. Que texto esplêndido. Adorei. Ana Paula Mayer, Boa Vista-RR – fev2017

23- Maravilhoso amei. Anairda Dry Lima, Rio de Janeiro-RJ – fev2017

24- Adorei amigo parabéns e obrigado por compartilhar. Lili Liliane, Poços de Caldas-MG – fev2017

25- Uau! sim!! Maravilha de cigana que encanta e deslumbra a todos e aparece sem pedir e faz da vida a liberdade de seguir seus desejos e emoções irresistível e urgente, está sempre presente quando é preciso ser feliz e esquecer dos padrões e se deixar levar pelo seu pulso vibrante da paixão. Eu já vivi muitas vidas assim…faz parte de mim faz parte de nós. Gratidão pela fuga poética que me embriagou…bjos!!! Bya Blanco, Rio de Janeiro-RJ – mar2017

26- Maravilhoso me indentifiquei kkkk muito bom!!! Gostei da parte que ela não consegue ser previsível. Anabela Simões, Feira de Santana-BA – mar2017

27- Que lindo. Elizandria Vieiro, mar2017

28- Adorável cigana imprevisível… Muito bom texto! Neyane Macedo Infurna, Rio de Janeiro-RJ – mar2017

29- Encantada, amigo! Sarah Carvalho, Campo Maior-PI – mar2017

30- Inspiración o verdadeiro espelho de muitas mulheres… Que no qual eu me incluo. Perfeito! 👌💃 Vivi Oliveira, Seropédica-RJ – mar2017

31- mto bom. Aline Lira, São Caetano do Sul – mar2017

32- Lindo amei. Lucineia Seiberth Kamke, mar2017

InspiracionEssaVadia-02a



VINICIARTE – Cenas do espetáculo

05/04/2010

Ricardo Kelmer 2010

Oba! Tá no ar mais um vídeo do VINICIARTE. Este novo vídeo tem duração de 7m46 e contém trechos de algumas apresentações realizadas em 2010. Pra quem ainda não conhece o espetáculo, dá pra ter uma boa ideia. Acho que nesse vídeo conseguimos passar um pouco do clima de poesia, romantismo e humor que rola no Viniciarte, as músicas e os poemas, a interação com a plateia, o charme do improviso, as brincadeiras com o Bedê… E, é claro, o encanto da voz e da beleza de nossa cantora Vanessa Moreno.

VINICIARTE – Vida, música e poesia de Vinicius de Moraes

ENREDO: Três amigos ensaiam o espetáculo sobre Vinicius de Moraes que apresentarão em 2013, no ano de seu centenário, mostrando poemas, músicas e fatos curiosos sobre a vida do poeta. No clima descontraído do ensaio, entre erros e acertos, eles descobrem as variadas facetas de Vinicius e sua real dimensão na cultura brasileira.

TEXTO E DIREÇÃO: Ricardo Kelmer
COM o escritor Ricardo Kelmer e os músicos Vanessa Moreno e Moacir Bedê

APRESENTAÇÕES MENSAIS no Esp Cult Alberico Rodrigues (Pça Benedito Calixto, 159 – Pinheiros – SP-SP)
> PROX. APRESENTAÇÕES

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Leve o Viniciarte até SUA CIDADE!
Celia Terpins – 11-9129.1530 – celiaterpins@gmail.com

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01- To contando os dias pra isso! beijos! e divulgarei bastante entre meus amigos! Bruna Barreto, Fortaleza-CE – abr2010

02- Tomara que um dia vocês e o Poeta da Paixão baixem aqui neste Terreiro de todos os Deuses, Demônios e bruxarias! Beeeeijo ser de mil e uns… talentos!!!! Que as Musas estejam sempre contigo!!!! Elas cataram todos os pedaços de Orfeu da Paixão despedaçado. Por que será que as mulheres dionisíacas dilaceraram Ele todinho? Por que, RK? Se tu tiveres uma pista diz pra mim, ok? ORFEU DA PAIXÃO SEMPRE ME ATAZANOU TAAAANTO!!!! NEI SEI A RAZÃO, MAS TU, VINÍCIUS E ORFEU CHEGARAM AGORA NO MESMO PACOTE. SERÁ O PACOTE DOS MARCADOS/FERRADOS COMA A MARCA DA PAIXÃO? MISTÉÉÉRIO….! Patrícia Lobo, Salvador-BA – abr2010

03- queria ver…vem para os USA…haha – Tatiane Falcon, Lake Ozark-EUA – abr2010

04- Sinto-me orgulhoso por ter na programação do Espaço Cultural Alberico Rodrigues o espetáculo VINICIARTE, um dos mais bonitos eventos que já se apresentaram na casa. A atuação dos artistas Ricardo Kelmer, Vanessa Moreno e Moacir Bedê encanta a todos. Alberico Rodrigues, São Paulo-SP – abr2010

05- Acabei de ver no blog o vídeo do viniciarte!!!!está muito bom !!!!! Será que posso começar a me animar em vc por aqui?me conta seus planos!!!!!!!!!!!!!!!!bjss saudades!!! Ana Maria Alcântara, Rio de Janeiro-RJ – abr2010

06- Meu querido e genial amigo Ricardo! Que espetaculo Maravilhoso! Vem para o Canada!!!!!!! Andrea – Windsor-Canadá – abr2010

07- vc sempre envolvido em projetos, q massa! Maria do Rosário Araújo, Campina Grande-PB – abr2010

08- Super bacana, Ricardo! Traz esse evento pra terrinha, traz!! Quero ser uma das primeiras a sentar à mesa com o poetinha e … poetar! Meire Viana, Fortaleza-CE – abr2010

09- vi o video do Viniciarte. Tao bonitoooo e, mais ainda, de paletò! Vou trazer uma gravata italiana pra voce. 😛 Aluska, Campina Grande-PB – mai2010

10- Estive no espetáculo em homenagem a Vinicius de Morais e parabenizo o elenco, músicos , cantores e poétas pela maravilhosa atuação! Grande Abraço! Marcia Villela, São Paulo-SP – jun2010


Flor púrpura

10/03/2010

10mar2010

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FLOR PÚRPURA

A história deste tango começa com Índio, que era a alcunha de Cândido das Neves (24.07.1899 – 04.11.1934), que foi um violonista, compositor e intérprete que muito animou as noites cariocas fazendo serestas com Henrique de Melo Moraes, tio de Vinicius de Moraes. Pois bem. Índio compôs o tango-canção Rasguei o Teu Retrato, que Vicente Celestino e Lindomar Castilho, entre outros, gravaram.

A versão que primeiro conheci, adolescente, foi a de Ednardo, que a gravou em seu disco Cauim, de 1978. Essa música desde o início me causou forte impressão, a letra, a melodia, o arranjo, a interpretação marcante de Ednardo. Quando pari a letra de Flor Púrpura, foi lembrando dela. Meu parceiro Joaquim Ernesto conheceu a letra em 2003, musicou e gravou no ano seguinte. Quem canta é Edmar Gonçalves. Ficou um tango daqueles bem dramáticos, ideal pra se ouvir antes de cortar os pulsos da recordação. Do jeito que eu queria.

> Baixe o mp3 de Flor Púrpura aqui

> Conheça as versões de Rasguei o Teu Retrato

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FLOR PÚRPURA
Ricardo Kelmer e Joaquim Ernesto


Se eu te fiz sofrer no passado
Se eu te fiz chorar, perdoa, amor
Hoje sei como dói o amor negado
E desesperado te peço por favor

Se soubesses a dor que sinto
Te ver com alguém que não sou eu
Eu finjo, eu dissimulo, eu minto
O peito a arder pelo beijo teu

Volta pro cantinho que é nosso
Concede a chance que não te dei
Genuflexado nos grãos desse remorso
Eu choro o dia em que te desprezei

Eu falo mas não queres nem saber
Eu choro mas tu não escutas não
Quero apenas que venhas me ver
Quem pede não sou eu, é a compaixão

Uma vez só, por favor, é a última
Prometo não te pedir mais não
Vem e não esqueças da flor púrpura
Para enfeitares meu caixão

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Ricardo Kelmer 2003 – blogdokelmer.com

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MAIS MÚSICAS KELMÉRICAS

Os The Breg Brothers, Intocáveis Putz Band, parcerias kelméricas…

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Clipe: Viniciarte 2009

09/12/2009

Ricardo Kelmer 2009

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Tá no ar o vídeo-clipe do Viniciarte. As fotos foram feitas em apresentações no Esp Cult Alberico Rodrigues e as cenas numa apresentação no Acre Clube (out2009). Pra ver em tela maior e melhor definição, acesse o YouTube.

Próximas apresentações em São Paulo:
> 19dez
, sab, 20h – R$ 15
> 31jan, dom, 19h – R$ 20 (meia: R$ 10)
Esp Cult Alberico Rodrigues (Pça Benedito Calixto, 159 – Pinheiros)
RESERVAS: 11-3064.3920
Ver Agenda

VINICIARTE – Vida, música e poesia de Vinicius de Moraes

Três amigos ensaiam o espetáculo sobre Vinicius de Moraes que apresentarão em 2013, no ano de seu centenário, mostrando poemas, músicas e fatos curiosos sobre a vida do poeta. No clima descontraído do ensaio, entre erros e acertos, eles descobrem as variadas facetas de Vinicius e sua real dimensão na cultura brasileira. Com Ricardo Kelmer, Vanessa Moreno e Moacir Bedê.

TEXTOS E DIREÇÃO: Ricardo Kelmer
COM o escritor Ricardo Kelmer e os músicos Vanessa Moreno e Moacir Bedê
VENDAS: Celia Terpins, 11-9129.1530 (celiaterpins@gmail.com). Para empresas, escolas, clubes, hotéis, congressos e espaços culturais.
IMAGENS: Bia Rocha (cartaz), Ricardo Ravache (filmagem), Gilberto Vieira, Thais Polimeni, Marcio José March e Maíra Soares (fotos)
EDIÇÃO: Ricardo Kelmer
APOIO: Letra de Bar e Esp Cult Alberico Rodrigues

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> Agenda de apresentações do Viniciarte

> Vídeo-clipe do Viniciarte (2009)

> Câmara aprova promoção de Vinicius de Moraes, morto em 1980, a ministro de primeira classe (O Globo, 10.02.10)

VINICIUS DE MORAES – SITE OFICIAL: viniciusdemoraes.com.br

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Ricardo Kelmer – blogdokelmer.wordpress.com

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01- Traga o espetáculo para o sul!! Estevan Bombonatto, Passo Fundo-RS – nov2009

02- Viniciarte é show!!! Marcio José March, São Paulo-SP – dez2009

03- Algo inédito, íntimo, faz a gente se sentir parte do show. Pelo texto, interpretação do Ricardo, voz afinadíssima da Vanessa e o talento incrível do Bedê, nota 1000. Merece ir adiante em maiores plateias. Já recomendei e recomendo a meus amigos, porque vale muito assistir Viniciarte. Marcix, Grupo Uva Passa, São Paulo-SP – mar2010

04- Parabens pelo seu blog..è maravilhoso , adorei nunca tinha visto um blog tao lindo.Parabens pelo conteudo, pelo nosso V.morais. Rossana Koepf, Fortaleza-CE – mar2010

05- É um presente assistirmos ao Viniciarte,pois existe uma química muito forte entre os artistas,a platéia e à tudo o que representa Vinícius de Moraes. Bia Rocha, São Paulo-SP – mar2010

06- Bem que vc poderia trazer esse evento: VINICIARTE – Vida, música e poesia de Vinicius de Moraes pra Fortaleza! rsrsrs aguardo ansiosa! abraços!!!!! Bruna Barreto, Fortaleza-CE – mar2010

07- Sinto-me orgulhoso por ter na programação do Espaço Cultural Alberico Rodrigues o espetáculo VINICIARTE, um dos mais bonitos eventos que já se apresentaram na casa. A atuação dos artistas Ricardo Kelmer, Vanessa Moreno e Moacir Bedê encantam a todos. Alberico Rodrigues, São Paulo-SP – abr2010


Viver como Vinicius viveu

14/11/2009

Ricardo Kelmer 2009

Viver outra vez aquele frio na barriga que antecede cada subida ao palco, recitar seus poemas por aí e mostrar a grandeza do Vinicius homem e artista – putz, tem sido tão gratificante fazer isso!
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Vinicius voltou pra mim, ô maravilha. Na verdade, o poetinha nunca se foi eu é que, em face de outros encantos, esqueci o quanto dele se encanta meu pensamento. Curioso como a gente consegue se afastar dos nossos valores mais essenciais. Um dia, plim!, a ficha cai e a gente se assusta por ter vivido tanto tempo sem viver as nossas mais belas verdades, aquelas que fazem a gente se sentir vivo em cada vão momento.

Invoco agora as lembranças pra tentar entender. Lá vai eu, menino bobo de dez anos, dar de presente pra professora uns versinhos que meu pai me ajudava a fazer. Depois o adolescente a descobrir a força das erupções: da poesia e das espinhas no rosto. E nos poemas, sempre ela, a Mulher, primeiro nas rimas ingênuas das paixonites não correspondidas e, depois, nos versos livres dos amores juvenis pelas mesas dos botecos. E, pairando sobre aqueles dias, Vinicius a espalhar seu canto.

Nas rodas de violão da década de 80, eu sempre pedia Vinicius, pra rir meu riso e derramar meu pranto. Nas viagens de ônibus pelo país, seus livros pra passar o tempo. Na inauguração do bar do amigo, olha eu, solene e copo na mão, recitando Receita de mulher. No festival de vídeo, olha lá eu de novo, no palco a agradecer o prêmio e o vídeo era uma homenagem ao velho Vina. E nos ouvidos rendidos da mulher amada, é minha boca que pousa suave a lhe sussurrar os versos do poetinha. Poesia, música e amores, e o fascínio quase religioso pelo Feminino era só isso que importava. Viver não era preciso. Necessário apenas viver como poeta, seja com pesar ou contentamento. Como Vinicius viveu.

Invadindo meus dias sem pedir licença, eis porém que chegam outros tempos, vestidos de anos 90, e com eles outros bares, outras viagens, outros livros e músicas, outras mulheres, uma outra vida. E um casamento difícil, com a carreira de escritor, em nome da qual eu ganharia e também abdicaria da própria vida. Meus discos do Vinicius, nem gosto de lembrar, se perderam nas tantas mudanças e seus livros eu precisei vender no sebo pra pagar o aluguel, essa mensal angústia de quem vive. Na memória, os poemas deram lugar a fórmulas de sobrevivência como escritor. E o viver como ele viveu, ah, isso foi ficando cada vez mais espremido num cantinho da vida.

Ela quer um poema agora, Vina, exclusivo pra ela. Como você fazia nessas horas? (1993)

Casadão com a carreira, mudo pro Rio de Janeiro em 1995 e no ano seguinte pra São Paulo. Porém, sem conseguir me manter como escritor, volto pra Fortaleza. Sete anos depois tento novamente o Rio, viro roteirista de TV, e em 2006 aporto mais uma vez na Pauliceia, viro palestrante e professor de roteiro, tudo pra sustentar esse casamento. Uma noite vem a ideia de montar uma palestra nova e é então que a ficha cai: uma palestra sobre Vinicius. Plim! Como não pensei nisso antes? A ideia rapidamente evolui: montar não uma palestra, mas um espetáculo sobre o poetinha. Viniciarte. Pliiimmm!!!

Imediatamente tratei de reler suas obras e reuni novamente suas músicas, faminto desse amor que um dia eu tive. Mergulhei em biografias, vi filmes e conversei com pessoas que o conheceram pessoalmente. Em busca de algo que bem representasse o espírito de sua vida e obra, criei um roteiro que simula o ensaio do espetáculo que um grupo de amigos fará sobre ele: amigos reunidos, uísque na mesa, clima descontraído, os erros e acertos de um ensaio e, entre poemas e canções, eles descobrindo as diversas facetas de Vinicius e o encanto do mundo por sua arte. É uma montagem simples, que espero que reflita a alma leve e despojada de Vinicius, assim como também a singeleza, a emoção e a devoção à Vida que tão bem marcaram sua obra e seu viver.

De Pitú pra Chivas. Pelo menos nisso, poetinha, eu evoluí. (2009)

Uau… Eu consegui ressuscitar a velha chama que vinte anos atrás aquecia de imortalidade os meus dias, minha vida andava precisada disso. Viver outra vez aquele frio na barriga que antecede cada subida ao palco, recitar seus poemas por aí e mostrar a grandeza do Vinicius homem e artista putz, tem sido tão gratificante fazer isso! Espero que eu realmente seja digno dessa tarefa a que me incubi e que, pensando bem, é antes de tudo um resgate de mim mesmo. Que ironia isso… Enquanto despendia toda minha energia pra manter meu casamento com a escrita, esqueci de viver como poeta. Bem, meu casamento continua firme mas agora sou um escritor que sabe de algo valioso: maior que a sina da escrita, é ela, a poesia da vida, que faz tudo ser infinito enquanto dura.

Saravá, Vininha, saravá.

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Ricardo Kelmer – blogdokelmer.wordpress.com

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LEIA MAIS

> Vinicius, embaixador da arte e do amorA promoção póstuma do nosso mais querido diplomata faz a sociedade brasileira se livrar de um peso moral que carregava havia quatro décadas

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VINICIARTE

> Seção Viniciarte, agenda de apresentações

> Trechos do espetáculo

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01- Onde já se viu, criatura, casar com a carreira e abandonar a tua belíssima FÊMEA DE DENTRO? Tá dooooido? Lembra do que tu escreveu sobre fascínio religioso pelo feminino? Pois é… Andastes des-ligado DELA? Entonces, se re-ligue. De fascínio ao religamento, já imaginou RK? FODAS RELIGADORAS BÁRBARAS! GOZOS TRANSBORDANTES! Patrícia Lobo, Salvador-BA – nov2009

02- Oi Ricardo, Tudo bem? Adoro ler o que escreve, pena não poder entrar no seu blog aqui do computador do meu trabalho. Torço por vc e que a inspiração seja sua eterna companheira. Parabéns!! Abraços. P.S.: Lembrando: Sou aquela moça do bolo de choclate que vc não comeu…rsrsrsrs. Fátima, Brasília-DF – nov2009

03cara, vc realmente escreve muuuuito bem! aproveitar frases dele, encaixar tão bem nas suas… PARABÉNS!!!! me emocionou, assim como os poemas do poeta… bjão. Celia Terpins, São Paulo-SP – nov2009

04- Vinícius bom é Vinícius poeta… o “poetinha” é machista e duro do ouvido! Emblemática é a correspondência entre Chico e ele (Chico, o ouvido perfeito….). Em Valsinha, Vinícius sugere q mude “vestido decotado” para “vestido dourado”. Chico responde q com “dourado” a tônica fica na sílaba errada… É verdade: qtas pessoas vc conhece q compõem letras e não se ligam nisso? Ficaria “douradú”… em vez de “dourádo”, ou, como ficou, “decotádo”. bjs. Betty, São Paulo-SP – nov2009

05- Olá Ricardo, gostei muito da sua crônica. O mais engraçado foi a leitura desse texto justamente hoje, quando deixei de fazer umas coisas super-chatas e decidi vir para casa fazer algo mais bacana… Um abraço. Glauber Moura, Brasília-DF – nov2009

06So good Kelmer. Juliana Guedes, Fortaleza-CE – nov2009

07- RK, é por estas e outras que vc será meu eterno Guru!!! Marcos André Borges, Fortaleza-CE – nov2009

08- Legal conhecer gente do bem, do bom, da boa…embriagado da mais pura poesia e boemia. 2013 promete! Q suba o país, viniciando com K. Muito bom ouvi-lo! Repassei aos amigos q não desistem de navegar pela vida, apesar de tantos desencontros. Parabéns! Marcia Matos Barbosa, Fortaleza-CE – nov2009

09- Bom ver você assim, entusiasmado. Quem já passou por essa vida e não viveu, pode ser mais, mas sabe menos que você…. Danielle Fernandes, Fortaleza-CE – nov2009

10- Que texto lindo!!! Adorei!!! Gosto muito do seu jeito de escrever….jeito que encanta, que dá vontade de quero mais……. rs Abração aí!!! Biah Carfig, São Paulo-SP – nov2009

11- Kelmer com K, este teu momento de retorno às fontes é muito bonito! A vida é espiral. Beijo, e boas inspirações! Fabiane Ponte, Curitiba-PR – nov2009

12- ameiiiiiiiiiiiii,muitooooooooooo lindo!!!Sampa está te fazendo muitoooooooooo bem meu amigo queridoooooooooooo!!!estou te achando mais forte,maduro,sensível,escrevendo melhor ainda,enfim tudo de bommmmmmmmm. Beijossssssssssss mil. obs:bjssssssss no Bedê. Cristina Cabral, Fortaleza-CE  – nov2009

13-Saravá, Ricardo! Saravá Vininha! Continue, continue… Ana Gilli, São Paulo-SP – nov2009

Bom ver você assim, entusiasmado. Quem já passou por essa vida e não viveu, pode ser mais, mas sabe menos que você….

Viniciarte em Pinheiros 30out

22/10/2009

 

Ricardo Kelmer 2009

Viniciarte200910AlbericoCartaz-03a.

E prossegue a temporada do espetáculo Viniciarte que eu, o músico Moacir Bedê e a cantora Vanessa Moreno estamos fazendo no Espaço Cultural Alberico Rodrigues, em Pinheiros. É a nossa segunda apresentação lá. As próximas estão agendadas pra 21nov e 19dez.

O miniteatro do Espaço Alberico Rodrigues possibilita que ambientemos o espetáculo num clima intimista parecido com os famosos pocket shows que Vinicius fazia no Rio na década de 1960, nas boates de Copacabana. O público assiste ao espetáculo em mesas, próximo ao palco, e pode fazer pedidos ao bar.

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Viniciarte – Vida, música e poesia de Vinicius de Moraes

Três amigos ensaiam o espetáculo sobre Vinicius de Moraes que apresentarão em 2013, no ano de seu centenário, mostrando poemas, músicas e fatos curiosos sobre a vida do poeta. No clima descontraído do ensaio, entre erros e acertos, eles descobrem as variadas facetas de Vinicius e sua real dimensão na cultura brasileira.

ViniciarteCartazRK-202a.
Dia:
30out – sexta-feira – 20h

Local:
Esp Cult Alberico Rodrigues – Pça Benedito Calixto, 159 – Pinheiros
– SP-SP
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Textos, direção e poemas:
Ricardo Kelmer
Músicas: Moacir Bedê e Vanessa Moreno
Duração: 1h30

Ingresso:
R$ 15
Reservas: 11-3064.3920 e 3064.9737
Apoio:
Letra de Bar e TV da Praça

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ViniciarteCartazVanessaMoreno-202dViniciarteCartazMoacirBede-202e

COMPONENTES

Ricardo Kelmer: escritor, roteirista, palestrante e produtor cultural.
Vanessa Moreno: cantora e instrumentista, integrante do quarteto feminino Julietas.
Moacir Bedê: instrumentista e compositor, lançou em 2009 seu primeiro CD.

VENDAS
Celia Terpins, 11-9129.1530 – celiaterpins(arroba)gmail.com.br

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> Agenda de apresentações do Viniciarte

> Vídeo-clipe do Viniciarte (2009)

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As Terráqueas caíram no Bardo

07/10/2009

Ricardo Kelmer 2009

VTLancamento20910-01a

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E as minhas Terráqueas, coitadas, seguem dando duro pra me sustentar, eu, gigolô de minhas próprias personagens. Agora elas darão o ar da graça no Bardo Batata, nos Jardins, onde o Proyecto Sur Paulista (das produtoras Dora Dimolitsas e Lucia Gonczy) e o Letra de Bar promoverão um lançamento do Vocês Terráqueas, junto com um show do falomenal Moacir Bedê Trio, com participação da cantora Silvia Nicolatto.

Como nessa noite estarei comemorando meu aniversário de 45 primaveras (mas o corpinho continua de 27…), aviso logo que não me responsabilizarei pelos meus atos. Isso significa que vai ser novamente aquele infame roteiro kelmérico, com agravantes: na segunda dose pegarei o microfone e falarei minhas velhas bobagens e gracinhas de sempre. Na quarta dose lerei umas crônicas picantes pra esquentar a piriquita da noite. Lá pela sexta dose, invadirei o show de meu amigo Zé di Bedis e, crente que tô arrasando, obrigarei o desgraçado a fazer comigo uns números musicais com poemas de Vinicius. Na oitava subirei na mesa e imitarei o Sidney Magal e na décima dose, alguém por favor chame os seguranças.

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17outsab, 20h a meia-noite- São Paulo-SP
Lançamento Vocês Terráqueas + show Moacir Bedê e banda

Lançamento do livro Vocês Terráqueas – Seduções e perdições do Feminino, com leituras de textos do livro pelo autor. Em seguida, show de Moacir Bedê e banda, que tocarão música instrumental brasileira, com participação da cantora Silvia Nicolatto e do escritor Ricardo Kelmer (poemas e músicas de Vinicius de Moraes). Realização: Proyecto Sur e Letra de Bar. Local:  Bardo Batata. Rua Bela Cintra, 1333, Jardins. Inf.: 3068.9852 e 3086.2111. Couvert artístico: R$ 10.

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Ricardo Kelmer – blogdokelmer.wordpress.com

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vtlivropapelcapa1b3 .

Vocês Terráqueas
Seduções e perdições do Feminino

> Mais sobre o livro

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Ela no espelho

03/08/2009

03ago2009

ElaNoEspelho-09

ELA NO ESPELHO

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No espelho ela se olha
De um outro tempo ela se vê
E no reflexo a que se olha
Não é quem pensa ser

Ela vê que ainda é
Aquela que um dia não se foi
Uma não se reconhece
A outra espera no depois

Elas se olham e se escondem
E se perguntam outra vez
Mas o espelho não responde
Ao olhar dos seus porquês

Quem é a aquela que se olha?
Quem olha a outra e não se vê?
E o seu olhar só lhe devolve
O mistério de crescer

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Ricardo Kelmer 2009 – blogdokelmer.com

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MÚSICAS
Músicas de RK e parceiros. Com letras e links pra ouvir e baixar.

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COMENTÁRIOS
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01- não foi para mim, mas eu me identifiquei demais! Marcellee Sousa, Fortaleza-CE – dez2011

02- Adoro tudo! Tem que escolher um? Poema então, Ela no espelho, que por sinal está grudado no meu! Paulinha Koppe, Guarapuava-SC – jun2012

03- Que lindinho! Crescer, ooooooh bicho esquisito! rs! Quando a gente se olha no espelho ama muito o que se vê agora que cresceu. É uma imagem bela, cheia de curvas, expressa todas as experiências e as vezes tem alguma coisa daquele sorriso infantil, mas se foi aquela criança que se via suada e corada de tanto brincar e que se olhava esperançosa em crescer tendo um lindo futuro. É lindo e confuso crescer e muitas vezes podemos enxergar isso no espelho. Renata Kelly, Fortaleza-CE – fev2014

04- Muito correto e lindo! Ligia Eloy, Lisboa-Portugal – fev2014

05- Show! Celia R Domingos, São Paulo-SP – fev2014

06- Show de bola, Xará! Pega melodia… Ricardo Alcântara, Fortaleza-CE – fev2014

07- Lindo, lindo!!! Perfeito!!! Ana Luiza Cappellano, Jundiaí-SP – fev2014

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0 gozo de ser bem lido

23/07/2009

Ricardo Kelmer 2009

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No namoro do olhar com a palavra
Faz-se coito o literato sentido
Quem lê bebe o doce prazer do texto
Que escorre do gozo de ser bem lido

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25 de julho, dia do escritor
Uma homenagem a você que me lê

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Trem dos sonhos

19/07/2009

TremDosSonhos-01d

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TREM DOS SONHOS
Ricardo Kelmer
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Ela levantou cedo e se mandou
Foi atrás de um sonho maior
Deixou um beijo de saudade
E essa cidade ao meu redor
Esses prédios que abafam
Todo sonho de crescer
E ela se foi no trem do amanhecer

Porque os sonhos, meu amor
São um trem que não virá
Se a gente ficar esperando acontecer

A cidade se acende
Em luzes de neon lilás
Manchetes sedutoras, paraísos irreais
No fim de tarde o horizonte
Traz notícias de você
E os meus sonhos morrem de fome
Sem a cidade perceber

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> Esta é a letra de Trem dos Sonhos, um rock-balada que eu e Flávia Cavaca compusemos pra trilha sonora de meu romance O Irresistível Charme da Insanidade. Luca arrasado porque Isadora se mandou, deixando-o sozinho e perdido. A letra é de 2000 e Flávia musicou em 2005.

Baixe a música

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Iassim vamos – Bar de Ontem

22/06/2009

Ricardo Kelmer 2009

Um barzinho legal em Pinheiros. E Paulete de calcinha e camiseta

EleLetraCaminha-01Conheci o Bar de Ontem através de Marcello e Diego, que me convidaram pra ir ao Sarau de Ontem, que ambos estavam começando a produzir e que rolaria quinzenalmente aos domingos lá, nesse tal de Bar de Ontem.

Ops, um sarau. Eu gosto de sarau, principalmente quando não é formal e careta. Aquela coisa de literatura misturada com música, teatro, dança, todos participando, aquele clima de suruba artística, acho muito gostoso. Falando nisso, nessa última temporada em Fortaleza criei o Bordel Poesia, um sarau mensal cujos temas são paixão e erotismo. Minha amiga Paola Benevides ficou como produtora do evento, junto com a Linda Mascarenhas. Vida longa ao Bordel Poesia.

Poisbem, o Sarau de Ontem. Fui e gostei. Funciona no mezanino do Bar de Ontem, que fica ali em Pinheiros, na Cardeal Arcoverde, entre Fradique e Mourato. Quem foi comigo foi o Moacir Bedê, mais conhecido no submundo do crime desorganizado como Zé di Bedis, junto com Sofia Binoche, Gabriel Barruan e Magnata. Foi divertido, conhecemos gente bacana e eu desenterrei uns poemas do Bandeira do fundo empoeirado do meu passado recitador. E o Zé di Bedis, quando perdeu a vergonha, interpretou Listen, a obra-prima do seu cancioneiro sem-noção. Ninguém entendeu nada, é claro, mas riram bastante.

E eu, depois que me animei, puxei da mochila o Vocês Terráqueas e li Queremos mulher carnuda. Como sempre, aplausos e calorosas manifestações de apoio à Samuca (Sociedade Amparadora da Mulher Carnuda). E no fim li Loiras ou morenas, com acompanhamento musical do Marcello. Acho que gostaram pois acabei vendendo dois livros, ô maravirilha.

Lu e Gilson são os donos do bar, casal ótimo, simples e a fim de fazer do lugar um reduto artístico, com o apoio dos filhos Ciça e Edu. Que bom. Gostei deles, do ambiente descontraído da casa e dos preços que se não empolgam, também não assustam – tanto que voltei lá na semana seguinte, depois voltei no sarau, depois outra vez… Ufa, eu realmente tava carecendo de ser adotado por um bar aqui na Pauliceia. E tem mais, acabamos fechando uma parceria: o Bar de Ontem é o primeiro a integrar o circuito do Letra de Bar (letradebar.wordpress.com), meu projeto literário que estreia em agosto. E em breve farei uma noite de autógrafos lá, você já tá convidado.

Corta pra cozinha da Paulete. Ela fazendo um capuccino. Só de calcinha e camiseta (comprada na feirinha da Benedito Calixto). Como que ela sabe que eu adoro mulher de calcinha e camiseta? E, putz, como ela descobriu que adoro as frequentadoras da Benedito Calixto?

– Um barzinho legal e um sarau pro meu escritor ler seus textos maluquinhos. Gostou do presente?

– Você é demais.

– E, de quebra, duas novas leitoras.

– Assim eu me apaixono.

– Foi o que a cigana disse.

Visto um agasalho, hoje tá frio. Em algum lugar toca um blues. Engraçado, nunca sei de onde vem mas sempre toca um blues.

– Treze graus, Paulete, e você de calcinha. Comé que pode?

– É o teu tesão que me veste assim, ainda não sacou? Quando ele acabar, você me verá diferente.

– Meu tesão por você não vai acabar.

– Mas vai se transformar, como tudo, seu moço. Você, por exemplo, não é mais aquele que me apareceu três anos atrás, tão perdido, coitado, fugindo de um Rio de Janeiro que não te curtiu.

– Você também não me deu bola.

– Claro. Vocês artistas e escritores precisam primeiro provar que me merecem. Por que eu te trataria diferente dos tantos outros que me procuram? Só porque você é um pobre coitado ingênuo e romântico?

– Eu?

– E que nessa altura do campeonato, o mundo se acabando, ainda insiste em ver tudo pelo olho da poesia.

– Eu??

– Mas eu gosto. Sem isso você não me veria assim, de calcinha e camiseta, toda poética nesse frio.

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Alma una (clipe musical)

01/06/2009

01jun2009

Fiz esta música em 2006 com Flávia Cavaca. Quem canta é Lila Shakti. Os instrumentos e a programação ficaram a cargo do Rodrigo Larese, um fera. Em algumas cidades há grupos que usam esta música em rituais xamânicos ou de celebração do Feminino Sagrado. Ótimo! É pra isso mesmo, fiquem à vontade.

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ALMA UNA
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Celebrar o milagre de ser
O assombro de viver
Na doce magia da noite
Minha alma é noiva desse ritual

O fogo me aquece num abraço amigo
As fagulhas são reflexos do infinito
Eu danço o mistério da Lua
Linda, nua e natural

Eu faço amor com a Terra
Sou a amante eterna
Do fogo, da água e do ar

Sou irmã de tudo que vive
Ninfa que brinca com a vida
Alma una com tudo que há

Salamandras brincam na fogueira…
Guerreiras aladas trazem oferendas…
Se aproximam os animais de poder…
Planta-mestra, eu quero aprender…
Guardiães, abençoem meu caminho…
Tambores do xamã, toquem para mim…
Grande Mãe, estou aqui…

(música de Ricardo Kelmer e Flávia Cavaca)

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Ricardo Kelmer 2006 – blogdokelmer.com

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> Baixe a música (mp3, 4mb)
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ElaLua002

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Mais sobre liberdade e o feminino selvagem

A mulher selvagem – Ela anda enjaulada, é verdade. Mas continua viva na alma das mulheres

A mulher livre e eu – A liberdade dessa mulher reluz no seu jeito de ser o que é – e ela é o que todas as outras dizem ou buscam ser, mas só dizem e buscam, enquanto ela tranquilamente… é

Em busca da mulher selvagem – Era por ela que eu sempre me apaixonava, essa mulher que era quem ela mesma desejava ser e não a mulher que a família, religião e sociedade impunham que ela fosse

Amor em liberdade – O que você ama no outro? A pessoa em si? Ou o fato dela ser sua propriedade? E como pode saber que ela é só sua?

As fogueiras de Beltane – As fogueiras estão acesas, a filha da Deusa está pronta. O casamento sagrado vai começar

Medo de mulher – A mulher é um imenso mistério, que o homem jamais alcançará

Alma una – Eu faço amor com a Terra / Sou a amante eterna / Do fogo, da água e do ar / Sou irmã de tudo que vive / Ninfa que brinca com a vida / Alma una com tudo que há

Quem tem medo do desejo feminino? (1) – A maternidade, a castidade e a mansidão de Nossa Senhora como bom exemplo, e a força, a independência e a liberdade sexual da puta como exemplo contrário, a ser jamais seguido

LIVROS

Mulheres que correm com os lobos – Mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem (Clarissa Pinkola Estés –  Editora Rocco, 1994)

A prostituta sagrada – A face eterna do feminino (Nancy Qualls-Corbert – Editora Paulus, 1990)

As brumas de Avalon (Marion Zimmer Bradley – Editora Imago, 1979) – A saga arturiana pela ótica das mulheres

Mulheres na jornada do herói (Beatriz Del Picchia e Cristina Balieiro – Editora Ágora, 2010) – É ainda mais interessante ver o relato das mulheres pois elas sempre foram, mais que os homens, historicamente reprimidas na busca pela essência mais legítima de suas vidas

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COMENTÁRIOS
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01- OBRIGADA, OBRIGADA, OBRIGADAAAAAAAAAAAAAAAA… Me emocionei… demais… Espero poder usá-la em meus trabalhos… A sensibilidade das palavras somadas ao ritmo é de fazer com que, nos esqueçamos, por alguns momentos, de onde estamos…Parabéns! Abraço carregado de Boas vibrações e gratidão, também, por suas palavras. Carinhos. Stella Petra, Curitiba-PR – dez2010

02- Sem palavras! É absolutamente estonteante. D´nara Rocco, Montevidéu, Uruguai – nov2012

03- O poeta arrasa na mitologia… 🙂 Muito bom! Ninfas… Sempre elas, hein…? 🙂 Dalu Menezes, Fortaleza-CE – dez2012

04- 20.12.12 Belo dia para transcender o óbvio! As palavras não se prestam ao que realmente se propõem! Incompletas, indefinidas, elas se esquivam dos meus sentimentos, do meu SENTIR. Ah! essa vontade de escrever pra ninguém. Esse desejo de mostrar a ALMA NUA pra quem?
Espanto! Sonhos! Desejos! Vontade quase eufórica de embrenhar-me na mata, subir montanhas, atravessar riachos e mangues. Bruxaria! As palavras escritas, desenhadas com se fora uma serpente me enroscando, tragando-me para o interior de um universo particular, paralelo, (sei lá)! Mostrar quem sempre SOU e não tenho ESTADO!
Magia! Bruxaria! Letras, palavras, histórias, crônicas, contos….. coisas de bruxo?????? Alma de Bruxo travestido de escritor, insano, devasso e ateísta????? E essa vontade de correr rios, matas, montanhas… e ao mesmo tempo SER tudo isso!? Alma Desnuda, Fortaleza-CE – dez2012

05- Adorei ……………………………….. Vou levar Alma Una…………. sensacional! Amanda Pontes, Florianópolis-SC – mar2014

06- Mágico. Parabéns ao autor. Felipe Nobrega, Florianópolis-SC – mar2014

07- Tchê, musica e composição de imagens lindas. Do carayyyy…… Isadora Meirelles, Porto Alegre-RS – mar2014

08- Que lindo Ricardo Kelmer! Amei o presente. Tudo a ver!E adoro a voz da Lila Shakti, tenho um cd dela. Vou usar! Valéria Rosa Pinto, Rio de Janeiro-RJ – mar2014

09- muito brigada Ricardo Kelmer por saber captar nossa escencia. Sandra Buongarzini, Buenos Aires-Argentina – mar2014

10- Quando eu li esse poema e vi o vídeo.. então parte de mim pegou o caminho de volta à floresta que já havia esquecido.. rsrsrs. Adoro! Ivonesete Rodrigues, Fortaleza-CE – jul2014

11- Na veia F.C.&R.K. Dedé Calixto, Fortaleza-CE – jul2014

12- amei! Socorro Sousa, Fortaleza-CE – jul2014

13- Para curtir com una mujer do lado como a Syl. Dedé Calixto, Fortaleza-CE – jul2014

14- LindoDorah Andrade, São Paulo-SP – jul2014

15-  Eu danço o mistério da lua linda, nua e natural / Sou amante eterna do fogo, da água e do ar… / Sou irmã de tudo que vive / Salamandra na fogueira / Algo diz que essa canção foi feita para mim / Alma una. Edy Paiva, Valparaíso de Goiás-GO – set2017


TEATRO – O Fingidor

20/05/2009

Ricardo Kelmer 2009


teatroofingidor1

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O Fingidor

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PROMOÇÃO: R$ 20 para grupos

Entre em contato: rkelmer(arroba)gmail.com
Venda seu espetáculo com Celia Terpins: 11-9129.1530

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Temporada comemorativa dos seus 10 anos em cartaz
(Prêmio Shell/99 de melhor autor)

No enredo, Fernando Pessoa, vivendo seus últimos dias, disfarçado como o datilógrafo Madeira, pretende conhecer José Américo, o crítico literário que, como incentivador do poeta, prepara uma conferência sobre sua obra. A partir daí, uma história de muitas surpresas; as situações se desenrolam com personagens reais e fictícios, tais como a governanta Amália, de quem Pessoa sente-se enamorado, a irmã do poeta, o editor de uma revista literária, um jovem estudante de literatura e os principais heterônimos de Pessoa, resultando numa parábola sobre papel do artista na sociedade contemporânea.

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SITE DO TUCA

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Ficha técnica:

Texto e direção: Samir Yazbek
Elenco: Álvaro Augusto Motta, Antônio Duran, Duda Mattos, Eduardo Semerjian, Helio Cicero, Laerte Mello, Regina Remencius, Rubia Reame e Wagner Mollina.
Dramaturgista: Maucir Campanholi
Direção original de movimento: Dani Hu
Cenário: Marisa Rebolo
Figurino: Elena Toscano
Concepção de luz: Celso Marques
Operação de luz: Henrique Zanoni
Sonoplastia: Raul Teixeira
Operação de som: João Blumenschein
Direção de Palco: Bernardo Perri Galegale
Design gráfico: Agência ATCK / Diego Spino
Fotografia: Arnaldo Torres
Produção executiva: Mecenato Moderno / Silvia Marcondes Machado
Logística de produção: Geondes Antônio
Assistente de produção: Larissa Orlow
Administração: Silvia Marcondes Machado
Realização: Companhia Teatral Arnesto nos Convidou
Apoio: Teatro TUCA

Onde: TUCA – Rua Monte Alegre, 1024 – Perdizes – SP-SP
Temporada: abr a 28jun de 2009
Horários: Sex e sab 21h30; dom 19h
Recomendação: 14 anos
Duração: 1h40m
Ingresso: R$ 40 (inteira); R$ 20 (meia)
PUC-SP: R$ 10 (estudantes, professores e funcionários)
Televendas de Ingressos: (11) 2198-7726. Aceita todos os cartões de crédito.
Estacionamento conveniado: Riti Estacionamentos – Rua Monte Alegre, 835 – R$10,00 – 3167-7111

PROMOÇÃO: R$ 20 para grupos

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Sonhos urbanos

27/04/2009

27abr2009

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SONHOS URBANOS
Ricardo Kelmer
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O sonho nasce na esquina
Sob a sina do sobreviver
O nome do sonho é desafio
Ele tem frio e quer comer

O sonho cresce no concreto
É discreto e ninguém vê
O nome do sonho é paciência
É ardência, é tesão, é viver

Sonhos urbanos
Escreve-se com dor neon
Leva cano mas não perde o tom
Sonhos urbanos
Suba no palco e diga sim
Mas não baixe o pano antes do fim

O sonho vive no futuro
No escuro do que vai haver
Ele só quer seu direito
Só um jeito de acontecer

O sonho morre de madrugada
Na estrada que não pôde ser
Mas de manhã acorda com fome
Porque seu nome é renascer

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Ricardo Kelmer 2005 – blogdokelmer.com

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sonhosurbanoslogo7bEsta é a letra da música Sonhos Urbanos, que compus com Flávia Cavaca pro seriado Sonhos Urbanos, que começou a ser produzido e gravado no Rio de Janeiro em 2005 mas não chegou a ser exibido. Quem sabe em São Paulo os Sonhos Urbanos se tornem realidade… 

> Clique pra baixar e escutar
> Mais músicas kelméricas

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Viajando com Marsicano

27/12/2008

Ricardo Kelmer 2008

Gostei do cara: artista genial, visionário lisérgico, maluco da paz

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Meu primeiro contato com Alberto Marsicano foi pelo livro Jim Morrison por Ele Mesmo, que li no começo dos anos 90. Marsicano foi o organizador da obra, que integra uma coleção da Martin Claret sobre ídolos do rock.

Alguns anos depois dou de cara com o cara em Campina Grande, no Encontro da Nova Consciência, um festival multicultural mucholoco que rola lá durante o Carnaval desde 1992. Marsicano foi um dos convidados e tocou sua cítara, encantando a plateia do evento. Gostei do cara: artista genial, visionário lisérgico, maluco da paz. A partir daí passamos a nos encontrar lá, renovando anualmente a celebração da amizade, da vida e da poesia, eu, ele e outro poeta-músico maluco, o jornalista André de Sena. Longos papos sobre Rimbaud, Doors, Blake, Baudelaire, rock, drogas, deusas e diabas… E Marsicano sempre surpreendendo, tocando cítara até com os roqueiros do evento, com os forrozeiros, os emboladores…

Marsicano formou-se em Filosofia pela USP e é um grande conhecedor e tradutor de poesia inglesa. Morou em Londres, onde estudou cítara com o maestro indiano Ravi Shankar. Na Índia, graduou-se em Música Clássica pela Benares Hindu University da Índia e hoje é considerado o maior citarista do Brasil. Seu disco Sitar Hendrix, que foi indicado ao Grammy 2009, é uma releitura de Jimi Hendrix sobre a cítara, misturando rock, blues e baião sensacional! Pra quem não sabe, Hendrix era aluno de cítara (confira a faixa Cherokee Mist de seu disco Axis Bold as Love) e tinha um projeto de gravar um disco tocando o instrumento. Marsicano realizou o sonho do guitarrista. Valeu, cumpade!

Quando escuto esse disco, a imagem de Marsicano aparece no holograma esfumaçado da minha memória: ele no palco, sentado no chão, abraçado à sua cítara, os longos cabelos loiros, o corpo sacudindo com a música, a expressão de êxtase… Adoraria saber o que ele sente nesses momentos em que viaja por sua música louca, por onde vai sua alma andarilha na carona das melodias estranhas e belas que borbulham de seu instrumento. Mas isso só ele sabe. A mim, me compete apenas escutar. E fazer minha própria viagem, claro.

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Ricardo Kelmer 2008 – blogdokelmer.com

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> Para baixar o disco Sitar Hendrix (zip, 68 mb)

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São Paulo, 19.08.13 – O domingo de São Paulo nublou para se despedir de Alberto Marsicano. E eu aqui continuo nublado, chorando a partida do meu amigo amado. Obrigado, Marsica, por termos caminhado juntos, pela sua música, pelas cachaças, pelos momentos incríveis. Vou sentir tantas saudades suas, cara…
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Pra mim, não é fácil usar este espaço pra falar da morte de Alberto Marsicano, meu amigo querido que partiu no domingo 18.08.13. Mas vai me servir pra dividir e aliviar a dor.

Marsicano era a arte em divino estado de possessão demoníaca. A música e a literatura brilhavam nele a todo momento como explosões psicodélicas de insanas estrelas multicoloridas. Como aguentar um cara possuído vinte e quatro horas por dia pelos demônios criativos da arte? Nem todo mundo aguentava. Mas eu o amava assim mesmo como ele era, tresloucado, verborrágico, viajandão, inconformado, aquele infalível figurino em cor branca, e o humor, ah, o humor marsicânico, aquelas tiradas impagáveis que ele de repente sacava do bolso de sua mente sempre em ebulição e fazia a alegria de quem estivesse em volta.

Nunca mais isso. Nunca mais Marsicano de repente surgindo na Augusta que nem uma entidade cósmica a reclamar do preço da cerveja. Nunca mais vê-lo em êxtase a voar no tapete mágico de sua cítara. Nunca mais suas piadas sobre eu ser afilhado de Padre Cícero e protegido de Virgulino Lampião. Nunca mais aquele caminhar balançante, a gargalhada contagiosa, o olhar infantil de quem sempre fora velho.

Tchau, amigo. Escrevo essas coisas ainda chorando mas logo voltarei a rir. Como eu e você sempre rimos, como sempre ri muito de você. O riso que se fez música, é isso que você é. O som-riso marsicânico.

Ricardo Kelmer, 20.08.13

(Foto: com Marsicano e Mathew, num boteco de Campina Grande-PB, durante o Encontro da Nova Consciência de 2012)

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O VOO ETERNO DO PÁSSARO PSICODÉLICO
Ricardo Kelmer 2014
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Feito um satélite desorbitado
Nos céus da nova consciência
Lá se vai o pássaro psicodélico
Com seu bêbado voar poético
E sua alva cabeleira

Mas na cantiga certeira da cítara alucinante
A vida é um sonho andante que não segue planos…

Ouçam! Estão ouvindo? Vocês viram?
O pássaro psicodélico passou por perto
Ouçam! Nas asas do transe o som se chama Alberto

E sobre as mentes da plateia consciente
Seu voo sagrado flutua eternamente
E a música estremece de prazer insano
O gozo do voo se chama Alberto Marsicano

(Poema criado no camarim, antes do número em homenagem a Alberto Marsican0, com a banda Cabruêra e os músicos Waldemar Falcão, Baixinho do Pandeiro e Vitor Harres, em Campina Grande, fev2014, no 23o Encontro da Nova Consciência. Vídeo abaixo, feito por Antonio Carlos Harres, o Bola.)

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Cítara, tabla e pandeiro
Encontro da Nova Consciência, 2013

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Alberto Marsicano no programa Provocações (2012)

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Comentarios01COMENTÁRIOS

01- Dor profunda, Ricardo Kelmer, ficamos todos órfãos. Já falei com André, e ele está desolado, como todos. Eu fiquei literalmente tonto quando soube, sem chão, atônito. Me encontrarei com André na sexta, faremos isso, sim, e sintonizaremos com vc, meu querido, assim como manteremos em mente esse querido e único Profeta que tivemos a honra de conhecer – e digo, sem medo de errar: conhecemos o Marsicano “de camarote”, de perto, com um acesso privilegiadíssimo, como poucos. Forte abraço, meu brother Kelmer. Rógeres Bessoni, Recife-PE – nov2013

02- Lindo texto, Ricardo! À altura do homenageado. Bração saudoso. Waldemar Falcão, Rio de Janeiro-RJ – nov2013

03- Puxa, Ricardo, eu aqui, sem saber o que dizer e você deitando memória e carinho com o seu melhor lado, louvando o que vai e confortando quem fica. Valeu mesmo, querido amigo. Pedro Camargo, Rio de Janeiro-RJ – nov2013

04- Há pessoas que passam na vida e deixam um rasto de pura luz. Alberto Marsicano era um desses. Tento encarar a morte como uma passagem natural, e há muito não choro quando alguém querido vai pro lado de lá. Mas hoje, aqui em Paris, não deu pra segurar. Um beijo querido Marsicano. Levou a cítara com você? Luis Pellegrini, São Paulo-SP – nov2013

05- Hoje fez um lindo amanhecer que me surpreendeu diante do frio. Um lindo ceu azul com nuvens redondinhas e cheinhas brincando no ceu e uma cor rosa salmon liiinndaaaa de se ver..Tinha tanta alegria no ceu que imaginei Marcinano Chegando e sendo recepcionado-tocando a sua citara, claro….Faz parte do Show,…Serve apenas pare lembrar que fisica ou virtualmente devemos ser verdadeiros, apaixonantes e intensos no aqui agora e amorosos e gentis nos relacionamentos. Porque depois não existe! Paz e Luz! Anosha Prema, São Paulo-SP – nov2013

06- fiquei de cara, muito triste perder uma pessoa tao proxima. Felipe Maia, São Paulo-SP – nov2013