Ricardo Kelmer 2009
Um barzinho legal em Pinheiros. E Paulete de calcinha e camiseta
Conheci o Bar de Ontem através de Marcello e Diego, que me convidaram pra ir ao Sarau de Ontem, que ambos estavam começando a produzir e que rolaria quinzenalmente aos domingos lá, nesse tal de Bar de Ontem.
Ops, um sarau. Eu gosto de sarau, principalmente quando não é formal e careta. Aquela coisa de literatura misturada com música, teatro, dança, todos participando, aquele clima de suruba artística, acho muito gostoso. Falando nisso, nessa última temporada em Fortaleza criei o Bordel Poesia, um sarau mensal cujos temas são paixão e erotismo. Minha amiga Paola Benevides ficou como produtora do evento, junto com a Linda Mascarenhas. Vida longa ao Bordel Poesia.
Poisbem, o Sarau de Ontem. Fui e gostei. Funciona no mezanino do Bar de Ontem, que fica ali em Pinheiros, na Cardeal Arcoverde, entre Fradique e Mourato. Quem foi comigo foi o Moacir Bedê, mais conhecido no submundo do crime desorganizado como Zé di Bedis, junto com Sofia Binoche, Gabriel Barruan e Magnata. Foi divertido, conhecemos gente bacana e eu desenterrei uns poemas do Bandeira do fundo empoeirado do meu passado recitador. E o Zé di Bedis, quando perdeu a vergonha, interpretou Listen, a obra-prima do seu cancioneiro sem-noção. Ninguém entendeu nada, é claro, mas riram bastante.
E eu, depois que me animei, puxei da mochila o Vocês Terráqueas e li Queremos mulher carnuda. Como sempre, aplausos e calorosas manifestações de apoio à Samuca (Sociedade Amparadora da Mulher Carnuda). E no fim li Loiras ou morenas, com acompanhamento musical do Marcello. Acho que gostaram pois acabei vendendo dois livros, ô maravirilha.
Lu e Gilson são os donos do bar, casal ótimo, simples e a fim de fazer do lugar um reduto artístico, com o apoio dos filhos Ciça e Edu. Que bom. Gostei deles, do ambiente descontraído da casa e dos preços que se não empolgam, também não assustam – tanto que voltei lá na semana seguinte, depois voltei no sarau, depois outra vez… Ufa, eu realmente tava carecendo de ser adotado por um bar aqui na Pauliceia. E tem mais, acabamos fechando uma parceria: o Bar de Ontem é o primeiro a integrar o circuito do Letra de Bar (letradebar.wordpress.com), meu projeto literário que estreia em agosto. E em breve farei uma noite de autógrafos lá, você já tá convidado.
Corta pra cozinha da Paulete. Ela fazendo um capuccino. Só de calcinha e camiseta (comprada na feirinha da Benedito Calixto). Como que ela sabe que eu adoro mulher de calcinha e camiseta? E, putz, como ela descobriu que adoro as frequentadoras da Benedito Calixto?
– Um barzinho legal e um sarau pro meu escritor ler seus textos maluquinhos. Gostou do presente?
– Você é demais.
– E, de quebra, duas novas leitoras.
– Assim eu me apaixono.
– Foi o que a cigana disse.
Visto um agasalho, hoje tá frio. Em algum lugar toca um blues. Engraçado, nunca sei de onde vem mas sempre toca um blues.
– Treze graus, Paulete, e você de calcinha. Comé que pode?
– É o teu tesão que me veste assim, ainda não sacou? Quando ele acabar, você me verá diferente.
– Meu tesão por você não vai acabar.
– Mas vai se transformar, como tudo, seu moço. Você, por exemplo, não é mais aquele que me apareceu três anos atrás, tão perdido, coitado, fugindo de um Rio de Janeiro que não te curtiu.
– Você também não me deu bola.
– Claro. Vocês artistas e escritores precisam primeiro provar que me merecem. Por que eu te trataria diferente dos tantos outros que me procuram? Só porque você é um pobre coitado ingênuo e romântico?
– Eu?
– E que nessa altura do campeonato, o mundo se acabando, ainda insiste em ver tudo pelo olho da poesia.
– Eu??
– Mas eu gosto. Sem isso você não me veria assim, de calcinha e camiseta, toda poética nesse frio.
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