19jul2013
Se você é religioso e crê na democracia, deve defender o Estado laico, pois somente ele garante que você sempre terá total liberdade de exercer suas crenças ou, se for o caso, sua não crença
POR QUE DEFENDER O ESTADO LAICO
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No atual momento do processo de amadurecimento da democracia no Brasil, uma questão importante chama cada vez mais a atenção da sociedade: a laicidade do Estado. Afinal, quem ganha e quem perde com um Estado laico?
Para o bem da democracia, um Estado laico sempre será a melhor opção em relação a um Estado religioso (que possui uma religião oficial) ou ao seu oposto, um Estado ateu (que reprime todas as religiões). Sendo neutro e imparcial, o Estado laico permite e respeita igualmente todas as crenças religiosas e a não crença, desde que não atentem contra a ordem pública. Ele não privilegia este ou aquele credo e não apoia nem dificulta a difusão das ideias religiosas ou antirreligiosas, assim como não sofre interferência de nenhum dos lados na vida política.
A ideia da separação entre Estado e religião foi implementada pela primeira vez na Revolução Francesa, no fim do século 18, e desde então muitos países a adotaram, em variados graus. No Brasil, desde a independência em 1822, tivemos avanços e retrocessos nessa questão, e hoje vemos que o Estado brasileiro não é totalmente laico, mas vive um crescente processo de laicização, apesar dos permanentes perigos que rondam esse processo. A Constituição de 1988 não traz o termo “Estado laico”, mas defende a laicidade em vários pontos. Na prática, ainda temos muito que avançar. Num Estado laico, por exemplo, não faz sentido citar deuses nas cédulas ou haver símbolos religiosos nas repartições ou privilegiar esse ou aquele credo no ensino público.
Numa democracia, é saudável que as representações religiosas expressem suas opiniões, porém é péssimo quando se intrometem nos assuntos de Estado, buscando privilégios na vida política ou forçando seus dogmas nas áreas de educação e ciência, por exemplo. Se isso ocorre, o Estado fica refém da guerra das religiões que, na ânsia de arrebanhar fieis, fazem da esfera estatal seu campo de batalha. É legítimo que as entidades religiosas lutem por fieis na sociedade, mas não no ambiente político.
No Brasil, as entidades religiosas possuem vários privilégios que não deveriam existir num Estado laico, como a concessão de veículos de comunicação e a isenção de impostos (de renda, IPTU, IPVA, ISS), o que faz das igrejas um negócio perfeito para lavagem de dinheiro. Aliás, por que as religiões não pagam impostos e as escolas pagam? Alguns projetos de lei tramitam com a intenção de aumentar ainda mais esses privilégios, como um que livra de multa os carros dos fieis estacionados próximos de uma igreja ou outro que quer impedir que os bens de uma igreja sejam tomados por falta de pagamento ou por qualquer outro motivo.
Se você é religioso e crê na democracia, deve defender o Estado laico, pois somente ele garante que você sempre terá total liberdade de exercer suas crenças, ou, se for o caso, sua não crença. Muitos religiosos sonham com um Estado onde sua religião seja a oficial, mas isso é um grande perigo para a democracia, pois nos Estados religiosos os credos não oficiais costumam ser perseguidos e os direitos humanos e as liberdades individuais tendem a ser muito mais desrespeitados.
Com a laicização do Estado brasileiro, perdem as entidades religiosas que gozam de privilégios descabidos e os fanáticos religiosos que não sabem conviver com a diferença. E ganham a democracia e o bom convívio social.
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Ricardo Kelmer 2013 – blogdokelmer.com
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HUMOR CONTRA O FANATISMO
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Observatório da Laicidade na Educação – Excelente trabalho a favor da laicidade no ensino público, com noções sobre Estado laico, religioso e ateu
A Caça às Bruxas na Europa Moderna – Brian P. Levack (Campus, 1988) – O estranho e terrível fenômeno da caça às bruxas é uma mancha de vergonha não só para a Igreja Católica como também para toda a cultura ocidental. Neste livro, o autor analisa as razões que levaram os tribunais eclesiásticos a julgar e matar milhares de pessoas pela suposta prática de magia maléfica e adoração ao Diabo. Por que tal fenômeno teve lugar justamente nessa época específica da História? Quem eram os acusados e seus acusadores? E por que motivo os julgamentos chegaram ao fim?
A Caminho da Fogueira – Michael Kunze (Campus, 1989) – Este é o impressionante relato de todo o processo de julgamento e condenação de uma família inteira de camponeses alemães do século XVII. O autor nos põe no interior de toda a trama e, com competência, nos leva a conhecer os meandros escuros dos processos inquisitórios da Idade Média
Inquisição: Prisioneiros do Brasil (Séculos XVI a XIX) – Anita Novinsky (Perspectiva, 2009) – A autora pesquisou arquivos em Portugal e, através da análise dos processos que a Inquisição moveu sobre mais de mil brasileiros, nos oferece um painel sobre a realidade das atividades do Tribunal do Santo Ofício no Brasil entre os séculos 16 e 19
Perseguição Religiosa – A história dos que morreram e mataram porque acreditavam em Deus – Revista publicada pela Mythos Editora
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Arquivos Secretos da Inquisição – Documentário. Produção: Canadá, 2006. Direção: Lauren Drewery. Foi exibido em formato de minissérie no canal The History Channel. Baseado em documentos inéditos e pesquisas que revelam inúmeros segredos do Vaticano, a minissérie tem intervenções de especialistas e retrata passagens obscuras da Santa Inquisição católica
Sombras de Goya – Longa-metragem de ficção histórica. Produção: EUA/Espanha, 2006. Direção: Milos Forman. Conta a história do grande pintor espanhol Francisco Goya dentro do contexto da Inquisição Espanhola do século 18
As Bruxas de Salem – Longa-metragem de ficção histórica. Produção: EUA, 1996. Diretor: Nicholas Hytner. Apesar de não ser sobre a Inquisição, este longametragem mostra como o fanatismo religioso pode facilmente promover uma histeria coletiva e levar a condenações injustas. O filme conta a história de um episódio real ocorrido no povoado estadunidense de Salem, Massachusetts, em 1692, que foi o último caso de condenação por bruxaria nos Estados Unidos. O filme é baseado em uma peça teatral, escrita em 1953 por Arthur Miller, que também fez a adaptação pro cinema
Giordano Bruno – Longa-metragem de ficção histórica. Produção: Itália/França, 1973. Direção: Giuliano Montaldo. O processo e a execução do astrônomo, matemático e filósofo italiano Giordano Bruno (1548-1600), queimado na fogueira pela Inquisição por causa de suas teorias contrárias aos dogmas da Igreja Católica
O Nome da Rosa – Longa-metragem de ficção. Produção: França/Itália/Alemanha, 1986. Direção: Jean-Jacques Annaud. Baseado no romance homônimo de Umberto Eco. Num mosteiro beneditino italiano do sec. 14, que guarda uma imensa e preciosa biblioteca, estranhas mortes começam a ocorrer, levando a Igreja a investigar. Nesse cenário instala-se a luta entre os valores da Santa Inquisição, representados pelo Inquisidor Geral Bernardo Gui, e a nova mentalidade renascentista, com sua postura humanista, representada pelo monge franciscano intelectual William de Baskerville
Para baixar estes filmes: filmesepicos.com
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Quantas pessoas Deus já matou? – A grande maioria dos cristãos jamais se perguntou isso
Postagens sobre ateísmo/religião
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01- Ótimo texto ! Luce Galvão, Fortaleza-CE – jul2013
02- To tirando cidadania italiana. Nao de mora vamos ter um governo evangelico fundamentralista por aqui. Alberto Marsicano Rodrigues, São Paulo-SP – jul2013
03- muito bom! Ana Erika Oliveira Galvao, Fortaleza-CE – jul2013
04- o pobre do adolescente não pode tomar uma cervejinha nem no aniversario, nem compra-la no supermercado, graças a lei da bancada evangelica. Alberto Marsicano Rodrigues, São Paulo-SP – jul2013
05- muy bueno, Ricardo, perdona si me he metido en tu muro… pero esto lo tenía que leer… y es que no hay casualidades…si no te importa…lo comparto en mi muro… y si te importa,ya no tendrá remedio porque ya lo habré echo… jajaja… Blanca Yo, Barcelona-Espanha – jul2013