Uma resposta para lavar a nossa alma antifascista
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NÃO TENTE CONTROLAR O VENTO
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Esta semana vi o filme 2020 nunca mais (Death do 2020), encomendado pela Netflix aos criadores da série Black mirror. Com roteiro de Annabel Jones e Charlie Brooker e direção de Alice Mathias e Al Campbell, o filme é um divertido pseudodocumentário sobre alguns dos acontecimentos que fizeram de 2020 um ano tão bizarro.
Ri muito. Adoro aquele típico humor inglês. Com o foco direcionado para o trio covid, Donald Trump e Boris Johnson, ficaram de fora as imbecilidades de Jair Bolsonaro. Compreensível. Foram tantas que precisariam de um filme só para elas.
O filme terminou e eu pensei: poderá 2021 ser tão bizarro quanto foi 2020? Difícil? Pois eu, sinceramente, acho que a coisa vai piorar. A febre só retrocede após atingir seu ápice. O neofascismo, a ganância capitalista e o fanatismo religioso só cederão se forem seriamente confrontados, e ainda não foram.
Sabe a Elba Ramalho, aquela cantora que já afirmou ter sido chipada por extraterrestres? Pois mal entrou 2021 e a peçoa umana abre o bico para dizer que a pandemia de covid é uma maligna estratégia dos comunistas para destruir os cristãos. Gente… Isso a Netflix não mostra. O que deduzir de tamanho absurdo? Que o chip dos etês veio com defeito, só pode.
Parafraseando Manuel Bandeira em seu poema Na boca, felizmente existe o uísque na vida. Vou tomar uma, porque a aberração tá de um jeito que só vai bebendo. Um brinde aos comunistas malvados, que raptarão Elba e a levarão ao alto daquele serrote em Quixadá, para que o Comandante Asthar, da Confederação Intergalática, troque seu chip.
E, felizmente, existe também Chico César, ufa, para mostrar que a Paraíba não produz apenas cristãos com lamentável deficiência cognitiva. Em resposta a um admirador, que lhe pediu para não fazer músicas de cunho político, Chico falou o óbvio, que toda arte tem um cunho político, que não lhe peçam para silenciar e morrer calado, que ou respeite ou saia, que não tente controlar o vento, e que não veio botar ninguém para dormir, mas está aqui para acordar os dormentes.
Putz, que resposta! Lavou a nossa alma! Foi tão bonita que fui ler atentamente e antevi nela uma música. E já convidei meus parceiros musicais a botar uma melodia nesse trecho e enviar para o Chico. Acho que ele vai gostar.
Não tente controlar o vento
Não pense que a fúria
Da luta contra as opressões
Pode ser controlada
Eu sou parte dessa fúria
Não sou seu entretenimento
Não vim botar ninguém pra dormir
Vim acordar os dormentes
Sou o fio da história feito música
No pescoço dos fascistas
E dos neutros
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Ricardo Kelmer 2021 – blogdokelmer.com
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NÃO TENTE CONTROLAR O VENTO
Texto original de Chico César – Adaptação: Ricardo Kelmer
Música: Joaquim Ernesto – Arranjo: Leandro Cavalcante
Vozes: Itauana Ciribeli e Leandro Cavalcante
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