A mística daquelas camisas

14jun2014

Eu, ainda menino, sem entender bem o que acontecia, já estava preso, para a vida inteira, à tal mística daquelas camisas

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A MÍSTICA DAQUELAS CAMISAS

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Eu era um menino de nove anos quando a magia daquelas camisas invadiu minha vida. Os radialistas falavam sobre a tal mística das camisas do Fortaleza Esporte Clube, mas eu ainda não podia entender o que era. No entanto, o azul-vermelho-e-branco já seduzia meus olhos de criança, e me fascinavam as histórias sobre as vitórias impossíveis. Corria o campeonato de 1974 e o aguerrido Leão do Pici mais uma vez realizava o improvável: vencia três vezes seguidas seu grande rival local e conquistava o bicampeonato estadual.

Pronto, eu estava fisgado, já não havia como voltar. Quando eu via o time entrando em campo, meu coração de criança batia tão forte, minha alma era tomada por um frisson tão grande… Naqueles momentos eu pressentia que algo muito importante estava acontecendo em minha vida. Hoje eu sei: através do Tricolor de Aço, a maravilhosa paixão pelo futebol entrava definitivamente em minha vida e eu, ainda menino, sem entender bem o que acontecia, já estava preso, para a vida inteira, à tal mística daquelas camisas.

O romantismo charmoso do uniforme, a torcida reconhecidamente mais vibrante e criativa, a garra histórica do time… Tudo me fascinava e eu não disfarçava o imenso orgulho que sentia. Torcer por um clube de futebol é levar sempre na alma o frescor da esperança, e no coração a chama de uma paixão imortal. Nesses longos anos de futebol, vivi todos os clichês dessa paixão: pulei de alegria, vibrei com cada gol, engoli o grito na garganta, ergui a bandeira para que todo o estádio visse, fui a carreatas, xinguei o centroavante, quebrei o radinho, chorei de tristeza e de felicidade…

Hoje, após tantos anos e emoções tantas, meu coração ainda se aperta quando vejo aquelas camisas entrarem em campo. Eu cresci, conheci outros lugares, vivi muita coisa. Aprendi o jogo duro da vida, treinei meu coração para suportar emoções e até esconder sentimentos. E sei que os tempos são outros, o futebol mudou e parece não mais haver espaço para certos romantismos… Mas não tem jeito. Posso até ficar algum tempo afastado ‒ porém, quando os primeiros jogadores surgem na saída do túnel a velha magia retorna com toda a força, invade minha alma e é como se fosse a primeira vez: a pele se arrepia… os olhos marejam… e em meu peito volta a bater o coração daquele menino que olhava para tudo encantado. O mesmo coração tricolor que bate no peito de tantos meninos e meninas que hoje, encantados, são também seduzidos por ela, a mística daquelas camisas.
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Ricardo Kelmer 1999 – blogdokelmer.com

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> Esta crônica integra o livro Blues da Vida Crônica

> Aquelas camisas mp3 – Ouça e baixe a versão áudio da crônica, na interpretação do autor
> Site oficial do Fortaleza Esporte Clube
> Fortaleza Esporte Clube na Wikipedia

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FEC1974-02O time bicampeão de 1974, que me fez ser tricolor. O artilheiro do campeonato foi Beijoca, com 26 gols.

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O HINO O primeiro hino do Fortaleza foi composto em 1959, por José Jatahy. Em 1967 é composto o hino oficial pelo poeta Jackson de Carvalho, sendo sua gravação em outubro do mesmo ano, tendo como arranjador o maestro Manuel Ferreira e como intérprete o cantor Manoel Paiva. Em entrevista à revista Veja, o cantor e compositor Chico Buarque afirma que considera o hino do Fortaleza o segundo hino mais belo do futebol brasileiro, sendo o primeiro o do seu clube, o Fluminense.

Fortaleza, clube de glória e tradição
Fortaleza, quantas vezes campeão
Fortaleza, querido idolatrado
Estás sempre guardado
Dentro do meu coração

Altivo, tua vida sempre foi um marco
Tua glória é lutar e vencer também
Salve o Tricolor de Aço
No campo, provaste mesmo que não tens rival
Tua turma valente é sensacional
Salve o Tricolor de aço

Soberbo, tua fibra representa um norte
Combativo, aguerrido, vibrante e forte
Sem demonstrar cansaço
Receba um sincero abraço da torcida tão leal
Meu Tricolor de Aço

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> Hino oficial do Fortaleza Esporte Clube
> Hino oficial (Fagner)
> Hino oficial, versão lírica (Ayla Maria e Raimundo Arraes)
> Hino oficial, versão forró (Neo Pi Neo)
> Hino oficial, versão rock (Voz: Alexandre Carvalho. Instrumentos: André Carvalho)
> Hino oficial em francês (Voz: Giselle Café)

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OImprovavel,OImpossivelEOInacreditavel-01aO improvável, o impossível e o inacreditável
Numa hora dessa, como ainda ter forças pra superar um rival que virou o jogo no fim com um jogador a menos, que já conseguiu o impossível? (Leia a crônica e veja o vídeo)

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HINO DO FORTALEZA EM DEZ VERSÕES

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LOUCOS DE FUTEBOL
documentário de Halder Gomes

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HINO DO FORTALEZA, POR NONATO LUIZ
(no fim, a surpresa…)

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