Rômero Barbosa, 2012
Cara, essa tal de Cibele queria era te dar. Queria ler sacanagens escritas por você pra depois tu comer ela todinha
CANALHA KELMER
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Por: Rômero Barbosa, 2012
Escrevia Contos, contos sobre minha vida interiorana; andar de bicicleta no final do dia, pescar com papai de canoa a remo, etc. Porém os conteúdos predominantes nessas curtas estórias vinham recheados de dilemas éticos, repúdio às injustiças humanas e falta de respeito ao meio ambiente.
Após escrevê-los, compartilhava via e-mail com meus amigos. Cibele, colega de curso, encostou em mim quando criava um desses contos. Fitou-me sensualmente:
– Tá escrevendo o quê?
– Só mais um conto enquanto a aula não acaba – respondi.
Ela permaneceu me olhando diferente, sorrindo maliciosa. Eu, ingênuo (ou idiota mesmo), levei na esportiva. Cibele continuou, direta:
– Você não escreve nada erótico?
Espontaneamente sorri, refutei espantado:
– Não. Meus Contos geralmente falam de conceitos morais, éticos. Sobre como viver bem em sociedade.
A moça fechou o viso, se encolheu no canto. Antes soltou um murmúrio:
– Vou voltar a assistir aula.
Sentido culpado, buscando me redimir, toquei no ombro dela e salientei (provavelmente o maior erro que cometi):
– Eu sei de um cara que escreve sacanagem de maneira legal, até…
– É, e quem é? – Perguntou ela ansiosa.
– Um tal de Ricardo Kelmer, ele tem um blog, mora em São Paulo eu acho. Entre lá e dê uma olhada.
Anotei num papel o endereço eletrônico pra ela.
Semanas depois conversando com amigos na mesa de bar, relatei o ocorrido. Os filhos da puta riram da minha cara, e pior, com razão. Ainda falaram “cara, essa tal de Cibele queria era te dar. Queria ler sacanagens escritas por você pra depois tu comer ela todinha.” Desesperado, corri ao telefone e liguei para Cibele. O celular deu fora de área. Lembrei do número residencial, liguei. Logo sua mãe atendeu e me relatou sua ausência, havia saído de férias para São Paulo. Foi o fim. Tenho certeza, Cibele foi dar ao tal Ricardo Kelmer. Que merda!
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> Rômero Barbosa mora em Porto Nacional, Tocantins
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Cara, é uma honra pra mim ter um texto publicado no blog do Kelmer, após visitá-lo constantemente durante algum tempo.
Sua escrita polêmica, jovem e brasileira nos fascina Ricardo. Ainda estarei aqui sempre por um bom tempo, abraços rapaz.
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> Também me senti honrado pelo teu texto, Rômero. Valeu!
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