26nov2009
Trago em mim a chama e o perigo. Um calor na coxa. Quer tomar alguma coisa?
O CRIME
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Você logo vai perceber que eu não sou uma pessoa fácil. Vou me virando aí pelas avenidas, mudando de pensão e ideologias conforme a luz. Gosto dos venenos lentos e das bebidas mais fortes. Converso com sapos. Ouço boleros na madrugada e caminho nu pelo quarto. E nem sempre é santa a minha ira.
Mas é que explode em mim uma liberdade que te fascina: vodcas, olheiras, buscar nos bares todos os olhares… Trago em mim a chama e o perigo. Um calor na coxa. Quer tomar alguma coisa?
Creio no fascínio, nas doentias obstinações, as paixões mais absurdas. Sou desses que carregam sempre o lado oculto de um forte desejo. Cúmplice, louco e delirante, ah, você não me conhece. O limite, o crime, o desatino! Nada que me tente tanto.
Homem de opinião e nenhum caráter. Eu uso máscaras, garota, você não vai me entender a alma. Um ator na vida, meio canalha como todos são – à luz do dia acho tudo indecente. Palavras sem pudor, essa roupa rasgada que é preciso esconder… Olha, entre meu signo e o seu há uma possibilidade de veneno. Eu sei.
Quero tudo que é estilete, faca, lâmina, metal. Quero te dar um beijo na boca ou pelo menos dormir com você. Mas percebo sua resolução de não ceder, você é uma mulher séria. Olhe que se preciso fosse, eu te mataria a sangue-frio e com cuidado… Nem tanto pelo amor, mas pelo insólito. Ai, ai, eu sempre terminarei meus filmes como o bandido. Mas é isso mesmo o que sou, uma mistura dos cheiros da festa. E foda-se se você me detesta.
Confesso que mal te conheço, mas sei muito bem das tentações dos sortilégios. Você tentará se domar, disciplinar, pensará ser mais forte que os ciclos e a força dos mistérios. Tsc, tsc… Não, garota, não se doma o mar. Então nisso é que consistirá o meu crime: você não saberá o que fazer e acabará abrindo a blusa.
Como faria qualquer mulher confusa em seu lugar.
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Ricardo Kelmer 1992 – blogdokelmer.com
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Texto compilado e adaptado de poemas do livro O Perigo do Dragão (Ed. Record, 1984), de Bruna Lombardi.
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Dueto de poemas com Sandra Regina, no Eita Sarau, 2012
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Bruna Lombardi na Wikipedia
Página oficial de Bruna Lombardi no Facebook
Livros de Bruna Lombardi:
– O Signo da Cidade, roteiro do filme (Imprensa Oficial de SP, 2008)
– Meu Ódio Será Tua Herança, romance (Guanabara Koogan, 2004)
– Filmes Proibidos, romance (Companhia das Letras, 1990)
– Apenas Bons Amigos, infantil (Globo, 1987)
– Diário do Grande Sertão, registro poético das filmagens (Record, 1986)
– O Perigo do Dragão, poemas (Record, 1984)
– Gaia, poemas (Codecri, 1980)
– No Ritmo Dessa Festa, poemas (Editora Tres, 1976)
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LEIA NESTE BLOG
O íncubo – Íncubos eram demônios que invadiam o sono das mulheres para copular com elas – uma difundida crença medieval. Mas… e se ainda existirem?
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Kelmer Para Mulheres – Nesta seção do blog, homem fica de fora
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01- Nem tanto pelo amor mas pelo insólito… Legaaal… Juliana Galdino, São Paulo-SP – dez2005
02- bom texto do ricardo. ele tá se transformando num belo de um “boca maldita”! Paulo Nunes, São Paulo-SP – ago2013
Hummmmmmm…adoro essa presunção masculina…rsrs…(Brincadeira, Ricardo!)
Mas, eu não abro a blusa não…nesse caso sigo só e FELIZZZZZZZZZZZ!!!
😀
Gostei do texto, lógico!
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> Tsc, tsc… Não, garota, não se doma o mar.
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Sou uma “sereia” e respeito o mistério do mar…rsrs
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> Quer tomar alguma coisa?
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De Crime de ZORRO não há bandidas acanhadas onde o veneno não exale no fetiche da máscara ,,,,
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Taí..gostei…..vou mandar o e-mail para os arquivos secretos….
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