17jun2009
A prostituta sagrada – A face eterna do Feminino
Nancy Qualls-Corbett (Editora Paulus, 1990)
O eterno feminino e sua relação com espiritualidade e sexualidade. Quando a deusa do amor ainda era honrada, a prostituta sagrada era virgem no sentido original do termo: pessoa íntegra que servia de mediadora para que a deusa chegasse até a humanidade. Este livro mostra como nossa vitalidade e alegria de viver dependem de restaurarmos a alma da prostituta sagrada, a fim de nos proporcionar uma nova compreensão da vida.
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RESGATANDO A SEXUALIDADE SAGRADA
Ricardo Kelmer, 2009
Em muitas culturas antigas a sexualidade convivia muito bem com a religiosidade, sem a ideia do pecado que mais tarde a religião cristã viria trazer, impregnando toda a cultura ocidental. Se hoje, para a maioria de nós, lugar de religião é na igreja e lugar de sexo é na cama, para essas antigas culturas as duas coisas podiam ser vivenciadas harmoniosamente no mesmo contexto, pois a percepção da sexualidade era também uma percepção do Mistério e do Sagrado.
Nos rituais do hierogamos (o casamento sagrado do feminino com o masculino) que existiram em culturas não patriarcais da Antiguidade, sacerdotes e sacerdotisas usavam o ato sexual como forma de reverenciar a Deusa do Amor e, assim, atrair sua simpatia e auxílio ao seu povo. Isso pode não fazer sentido para quem reverencia deuses masculinos e dissociados do sexo, mas naqueles tempos em que a Deusa do Amor era honrada (em suas diversas formas, como Afrodite, Inana, Ihstar…), os rituais em seu louvor iniciavam a mulher num novo nível de sua vida, preparando-a para as relações amorosas e equilibrando nela o masculino e o feminino, a força e a suavidade, tornando-a una em si mesma (o sentido original do termo “virgem” é justamente este). O mesmo ocorria aos homens que se entregavam aos mistérios sagrados.
Hoje já não veneramos a Deusa do Amor como os antigos faziam. Mas amamos. Porém, amaríamos de um modo mais sadio e nossa relação com a própria sexualidade seria melhor se nisso tudo tivéssemos a noção do Sagrado – que infelizmente perdemos nos descaminhos da civilização.
Não, não precisamos voltar a cultuar as antigas deusas e reeditar os rituais das prostitutas sagradas, até porque hoje sabemos que as deidades são representações personalizadas de aspectos do nosso próprio psiquismo. Mas podemos vivenciar os Mistérios a partir de nosso crescimento psíquico e servir ao Sagrado através de nossas relações amorosas. Cada homem e cada mulher pode ser o sacerdote e a sacerdotisa do Amor em sua própria vida.
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Ricardo Kelmer 2009 – blogdokelmer.com
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MAIS SOBRE SEXUALIDADE E RELIGIÃO
A noiva lésbica de Cristo – Se hoje a sexualidade feminina ainda apavora a mentalidade cristã, no século 17 ela era algo absolutamente demoníaco
Corpo e sociedade – O homem, a mulher e a renúncia sexual no início do cristianismo (Peter Brown, Jorge Zahar Editor, 1990)
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MAIS SOBRE LIBERDADE E O FEMININO SELVAGEM
A mulher selvagem – Ela anda enjaulada, é verdade. Mas continua viva na alma das mulheres
A mulher livre e eu – A liberdade dessa mulher reluz no seu jeito de ser o que é – e ela é o que todas as outras dizem ou buscam ser, mas só dizem e buscam, enquanto ela tranquilamente… é
Em busca da mulher selvagem – Era por ela que eu sempre me apaixonava, essa mulher que era quem ela mesma desejava ser e não a mulher que a família, religião e sociedade impunham que ela fosse
Amor em liberdade – O que você ama no outro? A pessoa em si? Ou o fato dela ser sua propriedade? E como pode saber que ela é só sua?
As fogueiras de Beltane – As fogueiras estão acesas, a filha da Deusa está pronta. O casamento sagrado vai começar
Medo de mulher – A mulher é um imenso mistério, que o homem jamais alcançará
Alma una – Eu faço amor com a Terra / Sou a amante eterna / Do fogo, da água e do ar / Sou irmã de tudo que vive / Ninfa que brinca com a vida / Alma una com tudo que há
Quem tem medo do desejo feminino? (1) – A maternidade, a castidade e a mansidão de Nossa Senhora como bom exemplo, e a força, a independência e a liberdade sexual da puta como exemplo contrário, a ser jamais seguido.
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DICAS DE LIVROS
Vocês terráqueas – Seduções e perdições do feminino – Livro de contos e crônicas sobre a mulher
Mulheres que correm com os lobos – Mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem (Clarissa Pinkola Estés – Editora Rocco, 1994)
As brumas de Avalon (Marion Zimmer Bradley – Editora Imago, 1979)
Atos impuros – A vida de uma freira lésbica na Itália da Renascença (Judith C Brown, Brasiliense, 1987)
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– Acesso aos Arquivos Secretos
– Descontos, promoções e sorteios exclusivos
Basta enviar e-mail pra rkelmer@gmail.com com seu nome e cidade e dizendo como conheceu o Blog do Kelmer (saiba mais)
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Sou sua fã…tasma! Beijos
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> Adorei a aparição… 🙂
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As mulheres que me desculpem, mas o feminino é fundamental! (muito mais que a beleza estética exigida por Vinícius)
O feminino é tão fundamental como o sol roçando a pele, o vento arrepiando o pelo
Como a lua movendo os hormônios
Cheia de idéias
Nova de quereres
Crescente de amores
Minguante de tristezas
Na poesia da mulher cabe tudo, todos
Inspiração e expiração
Todas a rimas e esgrimas
Todas as frentes (únicas)
Todos os versos (do universo)
O infinito repousa no colo da mulher
O seio da natureza alimenta os filhos que ela gera
E seu ventre se abre em tantas possibilidades
Em tantos gozos e volúpias
Como se pelas suas coxas fosse apriosionado o impulso do vir-a-ser
Do que escorre e transcorre
Em tantas mexidas e gemidas
Nas indas e vindas
Mas também no que pára e cria
No que gera e silencia
O feminino é fundamental
Mas é o masculino que acalenta, alimenta e sustenta este impulso vital
E é por isso que só funciona se fizermos juntos: homem e mulher, feminino e masculino!
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> Belo texto, Mirian! A respeito de seu comentário sobre Vinicius e seu poema Receita de Mulher, na verdade a beleza da qual o poeta fala é algo mais amplo que a mera beleza física. Caso deseje ler o poema na íntegra: http://www.viniciusdemoraes.com.br/site/article.php3?id_article=202
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