A vez dos que não bebem

28jun2008

Você é um desses seres estranhos que não bebem? Com a Lei Seca você pode se dar bem…

Já dirigi bêbado muitas vezes, nos velhos tempos das homéricas noitadas. E já bati o carro por dirigir bêbado, beijoquinhas na traseira alheia, raspadas no portão – nada sério, ainda bem que nunca gostei de correr.

As noitadas homéricas ficaram pra trás. E já não curto beber como antes (voz do meu fígado: ELE não curte, não, EU não deixo). E por estar cada vez mais interessado em leveza, mobilidade e desapego e, por isso, me livrando cada vez mais de impostos, obrigações burocráticas e pesos inúteis, não faço a mínima questão de voltar a possuir um automóvel, ao que, aliás, o planeta agradece. Somando tudo isso, sou um improvável candidato a ser pego pela nova lei seca do trânsito.

É claro que a imensa maioria das pessoas que bebem, têm carro e gostam da balada já dirigiu bêbado. E é claro que existem os bebedores profissionais, aqueles que conseguem conciliar álcool e direção e chegar em casa na boa, repetindo esse comportamento durante anos e anos sem acidentes de percurso. Mas é obviamente um comportamento de risco. E a sociedade tem pagado caro por esse risco. Talvez a lei seca seja injusta em alguns casos, mas ela é necessária. Assim como também é necessária uma lei seca pros cigarros em ambientes públicos, pois se a mistura de álcool e direção é prejudicial à sociedade, a mistura de fumo e não fumantes também é.

Sabe aquele seu amigo ou amiga que não bebe, que sempre foi visto meio assim como alguém diferente, esquisito, quase um ser de outro planeta? Agora será a pessoa mais bem vinda das rodas de bar, todo mundo vai querer lhe pagar a conta. Em compensação, terá de dirigir muito carro alheio, deixar muita gente em casa depois da balada… Ganhará uma promoção em seu status: em vez de ser estranho, será agora um ser estranho de utilidade pública, quem diria. Terráqueos, ô povo interesseiro.

Você é um desses seres estranhos que não bebem? Desculpa, eu não quis te magoar. Mas veja a coisa pelo lado positivo, ou melhor, veja a coisa pela fechadura da sacanagem. Os abstêmios poderão sair lucrando mais do que apenas na mudança de status. Se forem espertos, tratarão de ficar sempre próximo daquele fulano ou daquela fulana em quem há tempos estão de olho. Sim, claro, pois vai que o fulano ou a fulana bebeu e não quer arriscar dirigir e aí só tem o amigo ou a amiga abstêmia que pode salvar a situação e aí o amigo/amiga leva o fulano/fulana em casa e aí, chegando lá…

– Puxa, obrigado por ter dirigido pra mim.

– Imagina, não foi nada.

– Mas… e agora? Como você vai pra casa?

– Bem… acho que vou chamar um táxi.

– Claro que não. Hoje você dorme aqui. Vem, entra que tá frio.

– Já que você insiste…

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Ricardo Kelmer 2008 – blogdokelmer.com

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Comentarios01 COMENTÁRIOS
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2 Responses to A vez dos que não bebem

  1. Gisela disse:

    Cada dia leio algo teu. Estou analisando e gostando. Vou ajeitar minha bike já!!!
    beeijooo :*
    Gi

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  2. ricardokelmer disse:

    > Deixa a bike pra lá, menina! Fica aqui que eu também tô gostando.

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