Plágios e vícios verissimos

01.09.2025

Escrevi uma frase e, pufff, desconfiei que Luis Fernando Verissimo já a havia escrito

PLÁGIOS E VÍCIOS VERISSIMOS

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Dia desses, olha que horror, fui acusado de plágio. O acusador, dedo em riste na minha cara, era… eu mesmo. Esquisito, né? Mas é o tipo de coisa que às vezes me acontece quando escrevo algum texto novo. Súbito, tenho a impressão que alguém em algum tempo já escreveu aquilo, e aí fico na dúvida se apago ou prossigo.

Poizentão. Dia desses aconteceu novamente. Escrevi uma frase e, pufff, desconfiei que Luis Fernando Verissimo já a havia escrito. Deu vontade de pesquisar, mas desisti e mantive a frase, que era algo sobre champanhe fazer cócegas no nariz.

Não foi a primeira vez que me senti imitando meu querido e genial LFV. E, provavelmente, não será a última. Escritores e artistas se inspiram em outros escritores e artistas, é natural, e o estilo de cada um é desenvolvido na bebedura (esta palavra existe?) de muitas fontes. LFV foi pra mim uma fonte da melhor água, que comecei a beber com avidez ainda adolescente, encantado com seu jeitinho de contar histórias, os diálogos de simplicidade perfeita, os personagens tão caricatos e verdadeiros, aquele humor irônico finíssimo…

Nas viagens de ônibus, suas saborosas crônicas me faziam companhia, e eu ria tanto, era tão bom, que fechava o livro pra que o prazer não acabasse logo, eu querendo domar o vício. Mas cadê que eu me controlava? E assim, logo me punha de volta à leitura, minha alma implorando por mais uma dose de LFV.

Benditos sejam os escritores que nos seduzem e depois nos deixam jogados na lama do vício.


Ricardo Kelmer 2025 – blogdokelmer.com

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OGozoDaLingua-1

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DICA DE LIVRO

VIAJANDO NA MAIONESE ASTRAL
Memórias exóticas de um escritor sem a mínima vocação para salvar o mundo

Miragem Editorial, 2020

Enquanto relembra as pitorescas histórias de quando largou uma banda de rock para liderar um aloprado grupo esotérico e lançou-se como escritor com um livro espiritualista de sucesso (Quem Apagou a Luz? – Certas coisas que você deve saber sobre a morte para não dar vexame do lado de lá) que depois renegou, o autor fala, com bom humor, sobre sua suposta vida no século 14, carreira literária, amores, sexo, drogas ilegais, prostituição e crises existenciais, reflete sobre sua relação com o feminino, o xamanismo, a filosofia taoista e a psicologia junguiana e narra sua transformação de líder de jovens católicos em falso guru da nova era e, por fim, em ateu combatente do fanatismo religioso e militante antifascista.

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Comentarios01COMENTÁRIOS
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01- Muito bom 👏👏👏 Clea Fragoso, Fortaleza-CE – ago2025

02- 😉👏👏 Carlos Vazconcelos, Fortaleza-CE – ago2025

03- E lá se foi ele, tornar-se eterno….🌹😔 Obs: “bebedura” existe sim, é uma palavra da língua galega (vinda da região entre Espanha e Portugal), uma coirmã da nossa língua portuguesa/brasileira. Lisieux Bevilaqua, Fortaleza-CE – ago2025

04- 😍😍😍 Marcus Dias Sampaio, Fortaleza-CE – ago2025

05- Ele partiu mas sua obra genial irá permanecer conosco, aquecendo os nossos corações e protegendo da mediocridade reinante. Carol Suletroni, São Paulo-SP – ago2025

06- Muito bom! Lorna Branco, Fortaleza-CE – ago2025

07- Que bela homenagem 👏👏👏 Giovana Lorna Lopes Nogueira, Fortaleza-CE – ago2025

 

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