A alma selvagem de Juliana

01.07.2025

A partir de agora, a figura de Juliana se une à mística do feminino sagrado

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A ALMA SELVAGEM DE JULIANA

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Essa história da Juliana Marins e sua desventura num vulcão na Indonésia me tocou fundo. Faz dias que penso nela e em tudo que precisou enfrentar antes de, finalmente, deixar-se ir nos braços da dama de branco. Dores, sede, fome, frio, solidão, medo… E, mesmo morta, ela segue sendo vítima de estupidez e de abomináveis violências. Que a família e os amigos encontrem forças para lidar com esse momento difícil.

“Fazer uma viagem longa sozinha significa que o sentir vai sempre ser mais intenso e imprevisível do que a gente tá acostumado. e tá tudo bem. Nunca me senti tão viva.” Trecho da penúltima postagem de Juliana em seu perfil no Instagram.

Dedico a Juliana este poema, escrito anos atrás. Acho que combina com ela, e com todas as mulheres selvagens, elas que ousam ser livres num mundo em que as ideologias machistas e fascistas as oprimem e, diariamente, as encurralam nos precipícios da vida. A partir de agora, a figura de Juliana se une à mística do feminino sagrado.

ALMA SELVAGEM

Ela tem a alma selvagem
E o vento sopra liberdade
Na mecha do cabelo
Brinca de beijo, pede afago
Mas cuidado
Ela gosta de arranhar

Ela segue seu destino
No fluxo feminino
Deita com a lua nova
E o seu corpo se renova
À noite chora por amor
Sonhos que ainda não realizou

Ela celebra a vida em rituais
Bendiz os ciclos naturais
Ela sabe, o ser não cabe na definição
Abraça o mundo com carinho
Mas só vai pelo caminho
Onde tem um coração

Alma selvagem, liberdade de ser
Alma selvagem, coragem de viver

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Ricardo Kelmer 2025 – blogdokelmer.com

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MAIS SOBRE O FEMININO SELVAGEM

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DICA DE LIVROS

vtcapa21x308-01Vocês Terráqueas – Seduções e perdições do feminino
Ricardo Kelmer – contos e crônicas

Ciganas, lolitas, santas, prostitutas, espiãs, sacerdotisas pagãs, entidades do além, mulheres selvagens – em todas as personagens, o reflexo do olhar masculino fascinado, amedrontado, seduzido… Em cada história, o brilho numinoso dos arquétipos femininos que fazem da mulher um ícone eterno de beleza, sensualidade, mistério… e inspiração.

Mulheres que correm com os lobos – Mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem (Clarissa Pinkola Estés –  Editora Rocco, 1994)

A prostituta sagrada – A face eterna do feminino (Nancy Qualls-Corbert – Editora Paulus, 1990)

As brumas de Avalon (Marion Zimmer Bradley – Editora Imago, 1979)

Mulheres na jornada do herói (Beatriz Del Picchia e Cristina Balieiro – Editora Ágora, 2010) – É ainda mais interessante ver o relato das mulheres pois elas sempre foram, mais que os homens, historicamente reprimidas

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Alma Una
(clipe da música de Ricardo Kelmer e Flávia Cavaca)

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Comentarios01COMENTÁRIOS
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01- Boa Ricardo Kelmer. Em um mundo de julgamentos é necessário dobrar a esquina. Artur Robinson, Campina Grande-PB – jul2025

02- Também fiquei muito triste com o desfecho dessa história da Juliana. Tão linda, tão jovem, tão livre…livre…livre…pra sempre livre. Dri Flores, São Paulo-SP – jul2025

03- Amigooooooo… Que sublime! Te Amo!!!! (Emocionada aqui) ❤️ Andrea Dal Castel, Rio de Janeiro-RJ – jul2025

04- Estive recentemente na Ásia e um dos passeios era subir a montanha de um vulcão para tirar fotos da vista, lá de cima. O caminho nem era tão íngreme como esse que ela foi, mesmo assim na metade do caminho eu e mais duas pessoas desistimos e voltamos, porque era muito alto e estávamos já muito cansadas na metade, as pernas tremendo. Quando vi o caso dessa menina, e o perigo que era a trilha desse vulcão que ela foi, fiquei impactada. Passei a madrugada e dia todo acompanhando as notícias da equipe de resgate, orando para que ela tivesse resistido (mas achando bem difícil pelos dias sem água principalmente). Mesmo assim fiquei arrasada quando a família confirmou o óbito. E aí, a empatia foi com a dor da família, corri para ligar pro meu filho, que mora em outro Estado e vive viajando pelo mundo com a mulher. Chorei no dia que falaram da morte dela e chorei agora de novo lendo seu texto. Lisieux Beviláqua, Fortaleza-CE – jul2025 

05- Realmente! Ela me lembrou essa filosofia dita de um um chefe indígena: “Quando chegar a hora de morrer, não seja como aqueles cujos corações são preenchidos com o medo da morte, que choram e rezam por um pouco mais de tempo para viver suas vidas de novo de uma forma diferente. Cante sua música da morte e morra como um herói indo pra casa.” Creio que foi assim que ela fez, morreu livre, fazendo o que bem queria, sem arrependimentos. Morreu como um herói que volta para casa. Lígia Eloy, Lisboa-Portugal – jul2025

06- Essa vida contada e vivida dela me tocou tanto, também… tira um pedaço da gente… Maria Pimentel, São Paulo-SP – jul2025

07- Gostei do poema, com a LIBERDADE, nas rimas, que, assim rima com a JULIANA! Régis Aragão, Fortaleza-CE – jul2025

08- Senti igualzinho a você! 😢 Patrícia Ramos, Natal-RN – jul2025

09- Juliana Marins presente❤️ Lana Arrais, Fortaleza-CE – jul2025

10- É bem isso, a gente não pode viajar sozinha que tá se colocando pro perigo, a gente não pode escolher viver sozinha que tá frustrada ou deve “tá querendo comer da outra fruta”, a gente não pode nem ser alegre que tá querendo aparecer, não temos o direito nem de sermos bonitas porque ofendemos as outras ou somos violentadas por isso. Que nós, as selvagens, não permitamos ser aprisionadas pelas opiniões alheias e possamos continuar dançando livres pela vida.❤️ Renata Kelly, Fortaleza-CE – jul2025

11- 😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍 Marcus Dias Sampaio, Fortaleza-CE – jul2025

12- Necessário. Marcia Matos, Fortaleza-CE – jul2025

13- Belíssima homenagem vou usar seu poema nas minhas rodas de Mulheres que Correm com os Lobos, mulheres selvagens posso? Beth Castro, Belo Horizonte-MG – jul2025

14- Que bom a gente ler uma coisa tão linda como essa que nos enche de paz. As pessoas foram horríveis desde o começo com esse episódio. Foram momentos de negligência e descaso com a vida dela. Depois a violência aqui na internet questionando essa viagem e o fato dela estar sozinha como se isso fosse um crime. Gratidão amado! Meire Moreira, São Paulo-SP – jul2025

15- Que lindo ❤️ Betânia Sá, São Paulo-SP – jul2025

16- Linda homenagem,pra essa menina corajosa,nossos sentimentos. Deuza Carvalho, Fortaleza-CE – jul2025

17- Linda homenagem, Kelmer. E que dor nos toca com essa tragédia. Total desrespeito. Carlos Mattos, São Paulo-SP – jul2025

18- Muito bonito o poema, Ricardo. Clara Seiblitz, Rio de Janeiro-RJ – jul2025

19- Boa noite, caro Ricardo! Quanta sensibilidade em suas palavras. Realmente todos nós somos um pouco de Juliana, quando decidimos seguir por caminhos inexplorados apenas para viver. Belo Poema e muito pertinente ao momento. Abraços. Celina Bezerra, Salvador-BA – jul2025

20- Lindo poema ❤️👏👏👏 Clea Fragoso, Fortaleza-CE – jul2025

21- Linda homenagem! Que sensibilidade! Belíssima poesia! Francisco Tabosa, Fortaleza-CE – jul2025

23- Nesse mundo virtual de muitos julgamentos , desrespeitos e frieza é oportuno uma poesia que fale de amor como essa,linda! Parabéns por esse coração empático! Vilma Torres, Fortaleza-CE – jul2025

 

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