A pouca vergonha do escritor peladão

16jan2009

Foi minha vizinha louca de Botafogo, a Brigite, quem me deu a ideia: Por que você não faz um ensaio fotográfico peladão pra comemorar seus 40 anos?

Comecei a tirar a roupa e de repente me senti nu antes mesmo de estar. O que é que tu tá olhando, Brigite?, olha pra lá. Ela riu e virou o rosto. Pronto, agora pode olhar. Ela se virou e mais uma vez foi de um profissionalismo impecável, apontando pro dito cujo e exclamando: Só isso?!

Depois de voltarmos de nosso acesso de riso expliquei que era o clima chuvoso, o frio, sacomué. Lei física: frio encolhe, calor estica.

Botei pra tocar minha coletânea de mp3 Mistureba 2, servi mais um domecq e finalmente começamos.

Eu ia tirando umas fotos e ela outras. Jamais havia ficado nu diante de Brigite, mas isso não foi realmente problema pra nenhum dos dois. Ela embarcou na onda e de repente éramos os dois vivendo uma experiência meio absurda, meio surreal. Às vezes parecia que aquilo não estava acontecendo, que era uma viagem minha, como se eu fosse um personagem de um dos meus contos, e aí eu dava por mim e, putz, Brigite havia feito seis fotos.

Pensamos em fotografar na sacada, eu peladão pro mundo, o auge do mau gosto da arquitetura carioca contemporânea. Mas desisti, eu não queria mais problema com os vizinhos, já bastavam as festinhas que rolavam no apê, o rock’n’roll troando, o converseiro solto na alta madrugada. Talvez fosse melhor manter minha fama de escritor excêntrico do que me transformar no tarado do terceiro andar. Ou não? Agora fiquei na dúvida.

Em minha turma particular de amigos, a idade dos anos fechados (30, 40, 50…) tem de ser comemorada em alto estilo, mas em alto estilo mesmo, algo que seja não apenas marcante mas que entre definitivamente pro rol das grandes histórias da turma. E, se possível, da humanidade.

A última grande comemoração havia sido do intocável Toinho Martan, que comemorou seus 40 anos durante um mês, saindo, fazendo festa, reunindo amigos, tocando e endoidando diariamente. E noturnamente. No final ele mais parecia um zumbi a se arrastar pelos cantos – mas conseguiu. Uma façanha memorável, vamos aplaudir, por favor.

Então, em 2004, chegou a minha vez. O que eu poderia fazer pra comemorar os meus 40 anos que fosse ainda mais marcante que a proeza do meu amigo? Foi minha vizinha louca de Botafogo, a Brigite, quem me deu a ideia: Por que você não faz um ensaio fotográfico peladão? Poizeu, homem-cacimba que sou, peguei corda e fiz. Íntima Idade é o nome do ensaio, que é composto de 15 fotos bem fuleragens e um texto acompanhante mais fuleragem ainda. O melhor de tudo são os comentários dos leitores, cada um mais gargalhante que o outro.

Hoje, 5 anos depois, posso dizer que alcancei meu objetivo pois meu ensaio peladão entrou pra lista de temas folclóricos da turma. Alguns amigos comentam rindo, outros constrangidos, mas sempre fazem questão de dizer que sim, eles me perdoam por tamanho ridículo. Entre as mulheres a recepção foi beeem melhor – elas elogiaram minha destemida atitude artística de vanguarda e algumas até deixaram o telefone, sacomué, caso eu precisasse de uma máquina fotográfica melhor. Ainda existem pessoas generosas, que bom.

Provocar o mundo – tenho que admitir que eu gosto.

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Ricardo Kelmer 2009 – blogdokelmer.com

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RKPrazerEPoesia-29Cio das Letras – Ensaio erótico 1 – Tá no ar a primeira parte do Cio das Letras, um ensaio erótico que fiz sobre amor, paixão e desejo. Utilizei poemas meus e letras de músicas que fiz com parceiros, além de montagens com imagens de mulheres muuuito especiais.

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IFTCapa-04aIndecências para o fim de tarde (Ricardo Kelmer, Arte Paubrasil) – Contos eróticos

A entrega – Memórias eróticas (Toni Bentley, editora Objetiva) – A bailarina filosofa sobre sua profunda experiência de amor e salvação por meio da submissão no sexo anal

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Comentarios01 .COMENTÁRIOS
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01- Senhas de arquivos secretos maravilhosamente maravilhosas! Deliciando-me nessa brincadeira sadia… Nunca pensei que ia rir mais e ficar ainda mais “cheia de perna” por ser leitora Vip. (e eu sou é? ). =) Botando a leitura em dia e as retinas da Rosa fazendo a festa! Beijo, meu escritor dileto! Rosa, Fortaleza-CE – mar2010

02- uau! rrss. Kyoto Freire, Campina Grande-PB – jul2011

03- nem, vou nem me atrever a clicar nesse link… garantia de pesadelos por muito tempo…. kkkkk. Francisco Jr., Fortaleza-CE – jul2011

04- Eu adorei. Eugenia Nogueira, Fortaleza-CE – jul2011

3 Responses to A pouca vergonha do escritor peladão

  1. Pândego Endiabrado disse:

    não, obrigado.

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  2. Camila disse:

    Ei, RK, não sou mais VIP não e´? Fui com os olhinhos brilhando te ver peladão e nada… Buááá!

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  3. Chris disse:

    RK, que egotrip hein, querido??Tá certo, suas leitoras apreciaram. Bjo

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